Broken - Emison escrita por Anna LittleLiar


Capítulo 34
Capítulo 34




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POV ALISON

Xx: Ali, posso entrar? – minha mãe bate na porta enquanto deitada na cama, lendo ‘A Menina que Roubava Livros’... que aliás, foi indicação da Emily.

Alison: Pode. – marquei a página e fechei o livro, colocando-o na mesinha de cabeceira.

Minha mãe entrou, exibindo a mesma expressão de sempre quando ela quer falar comigo... cautela misturada com receio. Puxou a cadeira da escrivaninha e sentou-se de frente pra minha cama. Raramente ela fazia isso, quer dizer... ela sempre vinha ao meu quarto, perguntar como eu estava, se tinha fome, ou se queria sair com ela pra um passeio e etc, mas como minhas respostas eram sempre ‘não, obrigada’ ou ‘outro dia’, ela nem entrava no cômodo. Bem, pelo menos antes era assim... nas últimas semanas até que as coisas estavam melhorando... gradativamente.

Alison: Algum problema? – me ajeitei na cama, ficando sentada.

Ella: Acabamos de receber uma ligação do seu tio Michael... seu avô... – falou devagar. – Faleceu há duas horas. Ele sofreu um derrame. – completou.

Esse avô era o pai do meu pai, seu nome era Kenneth. Sinceramente, mal me lembro dele... o vi apenas duas vezes, e da última vez eu só tinha 11 anos. Ele sempre morou em Washington, e naquele ano todos nós fomos pra lá, já que vovô Kenneth e a vovó Jessica ainda não conheciam Aria, que tinha apenas oito meses de vida.

Alison: Papai deve estar desolado. – comentei tristemente. – Ele vai ao enterro?

Ella: É sobre isso que eu vim conversar com você. Byron está muito mal sim... e já disse que irá até Washington despedir-se de seu avô. Mas não é uma viagem simples, você sabe. Ele está agora conversando com Michael e acertando alguns detalhes, provavelmente o velório será amanhã, e o enterro no dia seguinte, para dar tempo do seu pai chegar lá. – explicou.

Alison: Entendi. E você vai com ele, certo?

Ella: Ali, eu preciso estar ao lado do seu pai, mas não sei se vai ser bom pra você ir conosco, muito menos ficar sozinha aqui, porque se eu for Aria também irá. Então eu estou num dilema, e precisamos resolver isso o mais breve possível.

Alison: Mamãe, não tem o que pensar... você deve ir com ele, dar-lhe apoio e tudo mais. Não se preocupe comigo, vou ficar bem... eu tenho a Emily. – tentei tranquilizá-la.

Ella: Você tem certeza que vai ficar bem? Eu sinceramente não quero te deixar sozinha aqui, mas não sei o que fazer... – suspirou derrotada.

Alison: Sim, mamãe. Você sabe que as coisas estão melhorando comigo... eu vou ficar bem, eu prometo. – Tentei passar segurança em minhas palavras, porém minha mãe continuava confusa, com um olhar triste e amedrontado.

– Vem aqui... – puxei-a para um abraço.

O corpo dela endureceu, claramente estranhando minha atitude, porém ela cedeu, envolvendo-me em seus braços, afagando meus cabelos.

Ella: Ah, Alison... – fungou. Ela estava chorando... e eu também. – Você não sabe há quanto tempo eu espero por isso. – beijou o topo da minha cabeça.

Quando falam sobre o abraço de mãe, que é o mais protetor... o mais seguro... o melhor do mundo... É realmente verdade! E agora, sentindo isso de novo eu não consigo acreditar como fiquei tanto tempo sem.

Alison: Me desculpe... por tanta demora.

Ella: Não se desculpe por isso. Não se desculpe por nada. – pôs as duas mãos em meu rosto, secando algumas lágrimas. – Apesar de tudo eu estou feliz. – sorriu. – Minha Ali está voltando.

Apenas sorri e puxei-a novamente para os meus braços. Fechei os olhos e me deixei levar por aquela sensação maravilhosa. Ao abri-los notei que meu pai estava na porta, nos observando e também com lágrimas nos olhos.

Desfiz o abraço com minha mãe e levantei da cama. Abri os braços e olhei em direção ao meu pai. Ele entendeu e prontamente me envolveu num abraço cheio de emoção. Meu pai que sempre foi forte, agora estava frágil... mas não pra menos... seu pai, seu herói havia morrido.
A dor dessa perda deve ser… não consigo nem descrever um sentimento desses.

Alison: Sinto muito papai. – murmurei contra seu peito.

Byron: Obrigado, meu amor. – respondeu com a voz embargada.

Alison: Já garanti a mama que eu vou ficar bem... Não se preocupe com mais nada. Pode ir se despedir do seu pai.

Quatro horas depois meus pais e Aria pegaram um táxi rumo ao aeroporto. Mas não antes da minha mãe passar quarenta minutos ao telefone com o Sr. Fields. Eles já haviam se encontrado duas ou três vezes, e se davam muito bem. Ela pediu que ele ficasse de olho em mim, que não deixasse eu comer besteira e todo aquele bla bla bla de mãe. Ele prontamente pediu que eu passasse esses dias em sua casa, e prometeu para Mamãe que eu seria muito bem cuidada, como se fosse sua própria filha.

Assim que eles saíram eu liguei pra Emily e pedi que ela viesse me buscar. Ela já sabia de tudo, pois estava em casa quando minha mãe ligou pro seu pai. Enquanto ela não chegava, tomei um banho e coloquei algumas roupas numa mochila. Apesar de tudo eu não iria mentir que estava um pouco animada em passar mais tempo com Emily... dormir juntas, abraçadas... era uma das coisas que eu mais gostava no mundo, e não fazíamos há algum tempo.

Emily: Meu amor! Você está bem? – estávamos abraçadas na varanda de casa.

Alison: Estou mal pelo meu pai, ele estava muito desolado. – Comentei saindo do abraço, já andando em direção ao seu carro.

Emily: Entendo. – comentou passando o braço ao redor dos meus ombros. – pegou tudo o que precisa?

Alison: Sim, peguei roupas pros próximos dois dias. Se precisar de mais, a gente volta aqui. Tá todo mundo na sua casa? – perguntei já entrando no carro.

Emily: Só meu pai. Mas a gente não tá indo pra lá. – sorriu

Alison: Não? E a gente vai pra onde?

Emily: Vamos passear. – disse simplesmente

Eu nem me dei ao trabalho de perguntar mais nada, porque pela expressão divertida e misteriosa da Emily, ela não iria me contar nada. Apenas coloquei o cinto e fiquei olhando pela janela, na tentativa de reconhecer os lugares por onde ela iria passar.

Emily: Você está calada. – comentou durante a viagem... e, eu não fazia ideia de onde estávamos.

Alison: Só estou curiosa... e sei que você não vai me contar pra onde estamos indo.

Emily: Calma... estamos quase lá... segura essa ansiedade. – sorriu, o que me fez sorrir também.

Algum tempo depois Emily para o carro num grande estacionamento. De início não reconheço, mas depois me dou conta que é uma escola.

Alison: O que fazemos aqui?

Emily: Eu estudei aqui. – Disse simplesmente - Quero te mostrar uma coisa. – destravou o carro. – Vamos. – saiu do estacionamento

Caminhamos de mãos dadas pelo campus. Poucas pessoas circulavam, já que era horário de aula... e mesmo assim nosso comportamento não insinuava romance. Éramos apenas duas garotas andando pela escola.

A cada prédio, Emily me explicava o que havia dentre as paredes. Alguns minutos depois entramos em um deles... um auditório extremamente grande. Observava todos os pequenos detalhes e ficava cada vez mais maravilhada. Emily caminhou diretamente à uma parede do lado esquerdo... depois de sair do meu transe, resolvi seguí-la.

Emily estava parada, encarando a parede repleta de fotos e quadros com vários nomes. Sobre um móvel havia flores... velas e alguns papéis. Sua expressão estava calma, serena... com o olhar distante.

Emily: Minha mãe. – apontou para uma das fotos. – Ela também estudou aqui.

E lá estava a foto. A mulher era realmente a mãe de Emily... a semelhança era absurda. Os mesmos olhos expressivos, o nariz delicado... a mesma expressão forte.

Emily: Eu quase estive nesse memorial também. – quebrou o silêncio, fazendo meu queixo despencar.

Alison: O... o que...? Como? – a fiz olhar nos meus olhos. – Senta aqui. – apontei para um dos bancos do auditório. – Agora me conta... o que você quis dizer com isso?

Emily: Ali, quando minha mãe morreu eu sofri de depressão. Durante várias semanas... meses até. Uma depressão profunda. Não conseguia comer... nem conseguia dormir... exceto quando tomava os remédios que haviam me receitado. No começo funcionava, eu conseguia dormir por cinco ou seis horas. Mas depois não fazia mais efeito. Como eu era muito nova não podia tomar um remédio mais forte, então os médicos me indicaram terapia... ou algo que eu fizesse para ajudar a liberar o estresse, que segundo eles, provocava a ineficiência da medicação.

– Mas eu não quis esperar... não consegui esperar. Um dia qualquer eu tomei 3 comprimidos de uma vez. O certo era tomar apenas um, mas eu não aguentava mais... a culpa… a dor estava me consumindo... – fungou, as lágrimas aparecendo timidamente. – E acabou funcionando... eu fiquei dormente… não sentia nada... e finalmente a dor e principalmente a culpa que eu sentia passava.

– Durante um tempo funcionou. Mas meu pai acabou desconfiando, pois os remédios obviamente acabavam muito rapidamente. Então ele ficou com os frascos e me entregava apenas um, antes de dormir. E eu já estava dependente daquelas 3 pílulas... – suspirou. –

Eu já não enxergava nada, pois meus olhos estavam banhados por lágrimas. Meu coração pulsava dolorosamente só de imaginar o sofrimento que ela passou durante todo aquele tempo.

– Acabei descobrindo onde meu pai escondia as pílulas, e assim que ele saiu pro trabalho eu tomei 3 de uma vez, sem nem precisar de água. Quatro horas depois o efeito havia acabado... e sempre que o efeito passava, quando a dormência passava, os sentimentos caíam feito uma bomba. Cada vez mais fortes, cada vez mais intensos. Então eu fui lá e peguei o frasco, despejando todas as pílulas em minha boca. A sorte é que meu pai chegou poucos minutos depois, e ao ver o frasco vazio me levou imediatamente ao hospital. Eles fizeram uma lavagem estomacal e depois de passar a noite em observação eu fui pra casa.

– Eu não sabia o que estava fazendo... eu não quis me matar. Eu só queria que a dor passasse, eu só queria não sentir mais nada. – desabou em lágrimas.

Imediatamente puxei seu corpo para próximo do meu, num abraço desesperado. Meu maior desejo era poder fazer com que sua dor passasse, fazer o que ela fez comigo desde que nos conhecemos, mas eu não sabia como. Então fiz o que eu podia, a apertei contra mim, afagando seus cabelos.

Alison: Eu sei, eu sei... você não fez por mal. – sussurrei em seu ouvido. – Mas você está aqui agora... e está bem. Você está bem. – repeti.

Emily: Quando você apareceu na minha vida eu ainda estava em processo de desintoxicação. A necessidade das pílulas era cada vez menor. Mas eu continuava tomada por sofrimento, sem rumo… sem perspectiva. Apenas focada nos estudos e no grupo de apoio. Mas era algo mecanizado... algo que não me fazia feliz completamente... não como eu sou agora. Então, Alison. – me encarou. – Você me salvou sim! E eu te agradeço por isso. – beijou minha testa.

– Eu te amo. Eu te amo muito!

Alison: Te amo demasiadamente, meu amor. – Emily deu um sorriso de canto fofo. Sempre fazia isso quando eu a chamava de meu amor.

Emily: Venha. Vamos pra casa. Uma surpresa aguarda por você. – sorriu, estendendo-me sua mão.

Alison: Uma surpresa boa ou ruim? – perguntei divertida.

Emily: apenas uma palavra...

– Deliciosa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado
XOXO



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