POV EMILY

Alison está febril, não é uma boa ideia receber visitas.

Emily: Como assim? Mas ela está bem? – perguntei aflita levantando-me do confortável sofá dos Motgomery DiLaurentis.

Ella: Ela só está indisposta, Emily... ela vai ficar bem. E... – limpou a garganta. - já está meio tarde, é melhor você ir pra casa.

Emily: Eu entendo... mas se acontecer algo, por favor me avise. – pedi. – e me desculpe o incomodo.

…

Saí da casa de Alison frustrada e preocupada… estava com tanta saudade. Queria tanto poder vê-la, tocá-la... beijá-la. Dirigi pela cidade que agora estava deserta e silenciosa... em busca de algo que me distraísse, que tirasse meus pensamentos dela… mas o que rondava em minha cabeça era só e somente uma pergunta: o que será que aconteceu?!

Não nos vimos essa semana, mas parecia tudo bem. Quer dizer... ela respondeu minhas mensagens, nos falamos por telefone uma vez... e sinceramente não senti nada de anormal. Era a primeira vez que ela se recusava a me ver. Tá, não foi exatamente ela... mas mesmo assim ela sabia que eu estava em sua casa e não insistiu pra que eu ficasse. Ok Emily, para de pensar besteira... talvez fosse só uma indisposição mesmo... e realmente está muito tarde para se receber visitas. Isso! É só coisa da minha cabeça... está tudo bem! Amanhã ela vai estar melhor e eu poderei visitá-la.

Acabei indo pra casa mesmo. Estava cansada e sabia que nada iria tirar meus pensamentos dela. Então era melhor dormir pra que o tempo passasse logo.

…

5 horas depois ..

Rolando na cama, pensando e discutindo comigo mesma se devo enviar uma mensagem pra Alison. A ideia de dormir era ótima, mas não tinha funcionado. Meu cérebro está fervendo... meus batimentos acelerados... meu corpo simplesmente não relaxa! Parece que eu tomei uma dose altíssima de adrenalina.

‘’Vamos Emily, onde está seu autocontrole. Respira... relaxa e não force... não force! ‘’ – repeti pra mim mesma.

Usei essa última frase como um mantra e finalmente consegui relaxar um pouco... caindo no sono algum tempo depois..

…

Abri os olhos e senti minha cabeça rodar. Não dormi nem quatro horas... meus olhos estão pesados, meu corpo dói e provavelmente estou com olheiras maiores que meu próprio rosto. A parte boa é que pelo menos já havia amanhecido, e com isso eu estava mais perto de conseguir respostas. Eu acho. Espero. Rezo.

Levantei e fui direto tomar um banho frio, na tentativa de despertar e melhorar essa minha cara de enterro. Não deu muito certo, mas enfim...

Vesti uma roupa leve e desci pra tomar café. Coloquei leite e cereal numa tigela e comi tranquilamente na bancada da cozinha. A casa estava vazia... silenciosa... Não tinha nada que me distraísse... nada que mudasse o foco dos meus pensamentos. Terminei de comer e olhei no relógio: 9:24… acho que não faz mal ligar agora..

Peguei o celular e pressionei a tecla de discagem rápida número dois. Olhei para o visor e lembrei de que ainda não tinha uma foto da Alison salva como contato. Preciso providenciar isso o mais rápido possível.

1 toque... 2 toques… [...] 5 toques… [...] Caixa postal.

Desliguei o telefone, pois sabia que Alison nunca ouvia as mensagens de voz. Pronto, agora eu estou mais preocupada ainda. Não posso ficar ligando feito uma desesperada, apesar de estar assim.

Fui para o quintal brincar um pouco com o Snow, mas parece que nada iria me distrair até que eu soubesse que a Alison estava bem. Decidi partir pro tudo ou nada.

‘Alison, eu preciso saber como você está, mas não vou te ligar de novo... nem mandar outras mensagens. Disse que nunca iria te forçar a nada, mas eu estou preocupada! Então se você não der sinal de vida em uma hora, eu vou até sua casa... e se você não me receber de novo eu irei acampar no seu jardim até você me dizer com todas as letras que está bem. – Emily’

Apertei o botão ‘enviar’ e bufei, praguejando a mim mesma, pois que essa foi a mensagem mais ridícula que eu enviei na minha vida. Meu Deus, quem sou eu e o que fiz com a antiga Emily Fields?! Eu tinha virado um poço de insegurança e desespero. É assustador.

Vinte minutos se passaram e meu celular vibra. Desbloqueei rezando para que fosse uma resposta de Alison. E graças à Deus, era.

‘’Não precisa vir aqui. Eu vou ficar bem… só preciso de alguns dias de descanso. Te mando uma mensagem e a gente se vê. Fica bem... E me desculpe por isso. – Alison’

COMO ASSIM? ‘’vou ficar bem’’ então quer dizer que ela não está bem. ‘’alguns DIAS’’ eu quase não aguentei ficar algumas horas sem notícias e agora ela vem com isso de ‘’alguns dias’’.

Deitei em minha cama, sentindo-me derrotada... passiva... imprestável... me sentindo literalmente um nada. Nem sei quando começou, mas só notei que estava chorando quando solucei involuntariamente.

…

Emily: Mas Han, já faz três dias desde aquela mensagem. Eu estou a ponto de explodir. – quase gritei

Han: Emily, relaxa. – afagou meu ombro. - Ela não disse que precisava de uns dias...? Então... tudo no seu tempo. – ponderou.

Emily: Eu sei... mas não é tão fácil assim. Eu não consigo simplesmente ‘desligar’. – fiz aspas. - Eu penso nela a toda hora... fico imaginando se ela está bem, se tem alguém de olho nela... – suspirei. – Eu estou morrendo por dentro, mas sei que não posso pressioná-la.

Han: Cara, você tá muito apaixonada. – sorriu. Fechei a cara. Agora não era hora pra brincadeiras. – Não faz essa cara, é engraçado. – rolou os olhos. – Ai Emily, anda... desmancha esse bico da sua cara. Ela está bem... vai ficar tudo bem, eu tenho certeza.

Hanna mesmo com essas brincadeiras fora de hora vinha sendo uma ótima amiga. Contei quase tudo sobre eu e Alison. Não entrando em detalhes sobre o que a fez entrar para o grupo de apoio, claro. E durante esses dias ela sempre esteve disposta a me ajudar… conversando e tentando ao máximo me distrair.

Agora estávamos na varanda do seu apartamento. Ela foi até minha casa e praticamente me trouxe até aqui pelos cabelos. Não parava de repetir que eu iria acabar sendo abduzida por um daqueles livros de biomecânica. Mas nesses últimos dias, estudar era a única coisa que eu estava conseguindo fazer. E além de precisar reforçar bastante os conteúdos, já que a primeira fase da seleção de estágio está se aproximando, meter a cara nos livros me ajudava a tirar a Alison de foco. Mesmo que por pouco tempo.

Emily: Eu quero muito acreditar nisso. – falei olhando para fora. – Espero que você esteja certa.

Han: E seu pai, quando chega de viagem? – mudou o assunto.

Emily: Nos falamos hoje de manhã... um carregamento atrasou, e ele vai ficar lá por mais alguns dias. Talvez só volte no fim de semana.

Han: E seu irmão?

Emily: Ah, o Chris mal para em casa, e com o papai viajando ele passa o dia quase inteiro na loja, só aparece pra dormir. Enfim, - levantei. – Vou pra casa, preciso estudar mais um pouco. –Vero fez cara feia.

Han: Tá bom... só vou deixar porque você passou o dia inteiro aqui. – sorriu, me acompanhando até a porta. – Amanhã eu te ligo pra saber das novidades... se tiverem novidades. - Fuzilei-a com o olhar, e de novo ela estava rindo. Vadia.

…

Cheguei em casa e já tinha escurecido. Subi as escadas e vi que a porta do quarto do Chris estava entreaberta... abri-a completamente e ele estava lá, dormindo... ainda de sapatos e vestindo o macacão da oficina. Balancei a cabeça, mas fui pelo menos tirar seus sapatos. Ele dormia tranquilamente... mas sua expressão estava tão cansada. Beijei-lhe o topo da cabeça, murmurando um ‘boa noite’ e em seguida deixei seu quarto.

Entrei em meu quarto sem nem me dar o trabalho de acender a luz. Caminhei para o banheiro já me despindo... precisava de um bom banho quente.

Após o banho, voltei para o quarto e peguei no armário uma calcinha e uma camiseta larga. Finalmente acendi a luz, queria procurar meu carregador. Ao virar de costas quase tenho um ataque fulminante. Esfreguei os olhos pra ter a certeza de que era aquilo que eu estava vendo. Minhas mãos tremiam, minha boca secou... e a única coisa que eu consegui dizer foi o seu nome...

Alison!