Pov. Edward

Eu nunca tive sonhos tão belos como aqueles que tinha agora.

Era sempre o mesmo lugar

Um lugar tranquilo, verde. Uma clareira. Havia as mais diversas flores em volta e eu me sentia maravilhado com toda aquela beleza. O ar era puro e abundante e eu a cada segundo me sentia mais conectado com tudo aquilo.

Meu corpo parecia leve.

Mas o que me estranhava era a sensação de calor que eu sentia me envolvendo. O cheiro inebriante de morango, frésias e estupidamente, sol. Eu estava deitado na relva daquele lugar tão incrível e eu sentia um corpo embolado ao meu.

Era uma mulher.

Com adoração, cheirei seus cabelos de um tom engraçado de vermelho acastanhado e senti seu sorriso abaixo de mim.

Ergui um pouco meu corpo e vi que ambos estávamos nus e abraçados como dois amantes.

Meu coração se enchia de um sentimento tão forte que parecia que nada podia quebrar aquilo.

O corpo dela parecia ter sido esculpido de tão perfeito, com curvas sinuosas e milimétricamente distribuídas para o meu bel prazer. Era tentadora de um jeito quase insano.

Eu sentia meu desejo por ela e gemi desavergonhadamente quando ela me apertou mais de encontro ao seu corpo.

– Edward, pare com isso!- eu conhecia aquela voz. Era uma voz que me lembrava algo que eu não sabia, mas era incrivelmente familiar.

– O que posso fazer se meu corpo deseja tanto o seu?- murmurei embevecido e ela ainda com sua cabeça encostada em meu peito respondeu.

– O meu corpo também o deseja. Assim como o meu coração também.

– Você quer dizer MEU coração, não é? Afinal, você o roubou de mim.

– Ora, então este coração que pulsa em seu peito é o meu?- perguntou ela risonha e eu a envolvi mais forte em meus braços.

– Com certeza é, meu anjinho

Quando acordei mais uma vez daquela cena confusa, encarei a minha volta.

Eu vinha tendo sonhos como esse a algumas semanas desde que larguei o que eu julgava ser "meus amigos". Foi só me afastando deles que pude realmente perceber o quão idiota eu estava sendo. Pedi desculpas infinitas aos meus pais e a Emmett, meu melhor amigo. Este ultimo, me aceitou de uma forma que me fez entender o que era realmente ter alguém na vida que estava ali, pela gente na hora da confusão. Um verdadeiro amigo.

Levantei-me da cama e passei uma agua pelo meu rosto, no banheiro que havia ali em meu quarto.

Eu estava excitado.

Tremendamente excitado por uma mulher que habitava somente os meus sonhos.

Dizem que a gente sempre sonha com algo que quer. Porem, aquela mulher ia muito mais além do que eu almejava. Duvidava que minha mente tão deturbada fosse capaz de criar algo tão perfeito como a imagem daquela deusa-mulher.

Quando estava "mais calmo" resolvi descer para ir a casa de Emmett. Eu precisava da opinião dele. Será que eu estava ficando louco?

– Edward?- ele me olhou com o cenho franzido quando bati em sua porta- O que faz aqui tão cedo?

– Eu preciso de ajuda, amigo.

– Entre. - ele maneou a cabeça pra mim e eu entrei em sua casa.- e então?

– Acho que estou enlouquecendo.

– Por que você acha isso?

– É complicado... - disse passando a mão nervosamente por meus cabelos e Emmett bufou, uma coisa bem natural dele.

– Então descomplica. - ele então se jogou no sofá de sua casa que rangeu em protesto ao seu tamanho. Emmett tinha a mesma idade que eu, ou seja, quase dezenove, porem já tinha um corpo formado cheio de músculos, resultado das nossas idas a academia. Eu não tinha tanto "corpo" quanto ele. Aquele tamanho todo sempre faziam as pessoas impor a ele um respeito considerável.

– Bem... Eu ando tendo alguns sonhos...

– Sonhos eróticos?- ele falou com aquele sorriso maroto dele que somente Emmett McCarty tinha.

– Deixa de ser imbecil e me escuta!- disse batendo em sua cabeça e o ouvi dizendo um "Ai Eddie" me fazendo revirar os olhos. - Eu tenho sonhado com uma mulher a dias, desde que voltamos a nos falar- Emmett continuou me olhando, encorajando- ela é... Simplesmente perfeita. Sei que é estupido isso, mas quando acordo, eu sinto falta dela. Sinto saudade. Mas é confuso sentir saudade de algo que nunca foi meu, certo?

Emmett se levantou um momento, rodeando o sofá, me analisando

– Edward, não creio que isso seja... Saudável. Quer dizer, talvez seja alguém que você conheça, que viu na rua.

– Não Emm, eu nunca a vi. Tenho certeza. Se tivesse a visto eu saberia.

– Edward... - Emmett parecia nervoso também ao me ver daquele jeito. Confesso que eu soava realmente desesperado. - Façamos assim, vamos a alguns lugares novos... Vai que você encontra a sua musa...

– Anja- eu o interrompi- Minha anjinha- disse sonhador, me lembrando de como a chamava carinhosamente em meus sonhos.

– x -

Pov. Bella

Eu o observava de longe dentro do pub, tomando mais um copo de cerveja. Edward parecia entediado, diferente do amigo Emmett. Emmett era uma boa pessoa. Sua alma era caridosa, gentil, apesar do porte botar medo em alguns, Emmett era só um cara brincalhão por debaixo da "casca ameaçadora"

– E então Eddie? Se divertindo?

Edward olhava em volta, mas nada o fazia manter focado. Ele parecia estar atrás de algo, porem eu não sabia.

Desde a visita do arcanjo, minha ligação com Edward tinha sido reduzida a apenas cuidados. Não podia mais ouvir seus pensamentos e isso me massacrava. Quando os ouvia, entendia seu ponto de vista. Agora eu me sinto perdida a cada vez que o olho.

– Sinceramente?

– Ah Edward!- Emmett bufou- Vamos lá, levanta dai. Sei que você tem se tornado o cara certinho depois das merdas que fez, mas isso não te faz menos adolescente. Vamos lá, man!

Edward respirou contido e se levantou. Ele e Emmett circulavam pelo lugar e algumas garotas os barravam. Emmett é claro, aproveitava e mostrava todo o seu charme. Já Edward apenas sorria educado.

As horas iam se passando, já era quase 02h00min quando os dois saíram da boate/pub

– Emmett, se você quiser voltar...

– Eddie, ta numa boa. Eu também não encontrei nada que me agradasse essa noite- sorriu com covinhas e Edward revirou os olhos

– Emmett, você ficou com praticamente todas as garotas do pub. Sinto te dizer, mas acho melhor você chegar em casa e passar um enxaguante bocal, não, melhor, um desinfetante... Vai saber onde você colocou essa boca!- ambos riram andando em direção ao volvo de Edward.

Pov. Edward

Quase 15 dias se passaram e nada mudou.

Emmett queria de alguma forma me ajudar com a situação, mas nada, nada me fazia ser o mesmo.

Aquele corpo, os cabelos, o cheiro... Porque não via seu rosto? Seria tão angelical quanto penso?

Os sonhos não sumiam. Cada vez o sexo que fazíamos era mais intenso. Nos entregávamos de corpo e alma, sem culpas. Ainda consigo escutar os doces gemidos:

– Edward... Óh, céus...

– Diz amor, diz que me ama- eu dizia entre seu pescoço, cheirando o primoroso ar dos seus cabelos perfumados

Seu corpo cavalgava no meu enquanto eu estava sentado naquela relva da nossa clareira. Nosso paraíso.

– EU TE AMO... AMO MUITO!- ela ofegava e eu a apertava mais a mim, circulando meus braços em sua cintura.

– Você é minha vida... - então o prazer me atingia e eu acordava.

Eu não aguentava mais. Eu iria enlouquecer sem ela.

Abri meu caderno de desenho, minha segunda paixão depois do piano, alias, terceira. A primeira com certeza era a mulher que eu desenhava. A mulher dos meus sonhos.

Havia vários desenhos.

A maioria era nosso. Os corpos colados se fundindo em um, o cabelo majestoso balançando no ar... Desenhos de seu corpo delgado, enfim. Diversos desenhos estavam espalhados agora pela minha cama, porem, nenhum deles me levaria até ela. Queria eu poder tocar seu corpo com aqueles desenhos, mas só de fazê-los, já a sentia mais próxima de mim, como se eu pudesse tê-la. O que era uma tolice é claro.

– Edward?- minha mãe me chamou da porta e apressadamente eu guardei os desenhos- Filho, está tudo bem?

– Claro!- sorri de canto e ela me analisou

– Tem certeza querido? Você parece tão angustiado esses dias.

– Impressão sua mãe. - desconversei

– Edward, não esconda as coisas de mim.

– Não estou escondendo... É só... - passei a mão por meus cabelos- É complicado. Você não entenderia

– Por que você acha isso?

– É loucura mãe. Apenas... Não se preocupe, eu vou ficar melhor.

– Olhe amor, sei que às vezes, na vida, nos sentimos muitos confusos com nós mesmo, mais isso é só uma fase. Tenho certeza que tudo ficará bem. As respostas que você procura chegaram. A vida é um fio longo e tortuoso, muitas vezes, esse fio é retorcido, e nos leva a confusão e ao arrependimento, mas devemos ser fortes. Sei que você é um garoto corajoso, e está se tornando um homem cada dia mais firme. Não desista, filho. Lute pelo o que quer. Lute por você e pela sua felicidade.

– Obrigado Mãe- a abracei fortemente. Eu a amava muito

– Sempre que precisar, querido- então ela puxou minha cabeça e me deu um beijo na testa- Vai a casa de Emm?

– Provavelmente. Ele disse que uns parentes dele iriam passar uma temporada por aqui e quero ajuda-lo com isso

– Então vá. Logo que o almoço sair eu o chamarei.

– Obrigado. Te amo dona Esme.

– Também o amo muito, Eddie.

Sai de casa apressadamente e logo no começo do jardim da casa de Emmett pude o ver brigando com o cortador de grama.

– Mas que merda!

– Emm?

– Ah, é você!- me olhou e depois me mostrou o aparelho- Essa droga resolveu emperrar bem quando as visitas estão quase chegando. Minha mãe vai me matar.

Sorri para ele. Emmett tinha o péssimo habito de deixar tudo para a última hora, como por exemplo, o concerto do cortador de grama. Tentei ajuda-lo algumas vezes e milagrosamente conseguimos.

– Eddie, meu garoto. Obrigado- me deu um daqueles socos de agradecimento e eu sorri meio dolorido

– Quem virá aqui em sua casa, Emm?

– Minha tia e minha prima. Na verdade, elas vão chegar mais pro fim da tarde, lá pras 17h00min, mas você conhece minha mãe, não é? Ela quer tudo no lugar e bem, meu pai ainda esta trabalhando, então sobrou pro único homem da casa que estava cortar a grama. Isso é uma droga!- disse e então, em protesto, o aparelho parou. - Porra, não, por favor, volte. Não xingarei mais.

Ri de seu desespero. Depois de mais 3 tentativas o aparelho "voltou a vida" com um rugido estranho

– Eu até emprestaria o meu, mas creio que Carlisle o escondeu de mim!- disse me lembrando da peripécia que eu e Emmett havíamos feito no jardim da minha mãe e Emmett corou, também se lembrando

– Eu não queria cortar as florzinhas- disse arrependido e eu ri

– Bom, agora sabemos, depois do sermão da dona Esme- gargalhamos em uníssono.

– E você cara, como anda? Ainda tendo aqueles sonhos?- disse mudando de assunto

– Sim. É bem intenso pra mim. Não consigo esquecer.

– Sabe, pra mim você está precisando de uma garota!- disse e tacou um naco de grama em minha direção.

– EIII!

– É sério Edward. Vão começar a duvidar da sua masculinidade, amigo... - então ele mexeu as sobrancelhas sarcasticamente e dessa vez eu é quem lhe jogou terra, o fazendo rir

– Pra sua informação, eu sou muito homem, ok?

– Eu sei, não to dizendo o contrario... - disse irônico e eu bufei

– Emmett, para com isso ok? Suas saídas aos pubs de toda a cidade tem sido totalmente uma perca de tempo. Se eu quisesse uma prostituta igual as suas "amiguinhas' eu ligava pro disk sexo- Emmett revirou os olhos

– Na verdade, eu ia te apresentar minha prima.

– Sua prima?

– Sim. Ela é muito linda, sabia? Queria dar uns pegas nela, mas quando tentei minha mãe me deu todo um discurso sobre incesto- eu ri dele- ela até se parece com a garota dos seus sonhos, eu acho...

– Jura?- pensei animado e Emm sorriu. Será que era ela? Seria minha chance de encontra-la?

– Bom, ela tem o cabelo meio avermelhado, olhos verdes e tem um corpo muito bonito. Você podia tentar...

Sorri pra ele.

– Claro, a noite passarei aqui pra conhece-la.

Emmett sorriu acenando pra mim. Eu estava eufórico com a possibilidade de talvez ser meu anjo. E então aquele tormento iria acabar.