No fim de semana não tive sonhos com Dylan, mas meus pensamentos na maioria deles se voltavam para o nosso beijo. Aquilo estava me irritando.

Eu não o aturava e acabei tendo meu primeiro beijo com ele, já tive tantas oportunidades melhores e gastei um momento especial com ele. Droga!

Mantinha meus pensamentos aleatórios tomando café, preto, puro e forte do jeito que eu gosto. Minha irmã comia um mingau sem graça, segundo ela aquilo fazia parte de sua dieta e minha mãe tomava chá com pão de mel.

Confesso que o beijo dele era bom, mas não sei se era realmente bom afinal nunca experimentei algo diferente. Naquele dia eu senti vontade de ficar e viver um devaneio adolescente, malditos hormônios que controlam meu corpo!

Carrie me ligou no dia seguinte, disse que estava morrendo de dor de cabeça e eu como toda garota antiquada a repreendi por ter bebido tanto e ela confessou ter ido pra cama com Fred. Perguntei a ela se ela gostava dele e ela disse que sim, por isso desde muito tempo tentava ficar com ele, mas nunca acontecia e quando finalmente aconteceu ela não poderia deixar passar. Foi à primeira vez dela.

Me senti mal por aquilo afinal Dylan havia armado a aproximação dos dois, eu não fazia idéia de que aquilo ia acontecer, mas ela me disse que mesmo se não rolar nada pelo menos aconteceu com uma pessoa especial. Infelizmente sei que aquele sentimento pode não ser recíproco.

Ela me perguntou o porquê de eu ir embora e eu menti que havia bebido um copo de tequila e acabei passando muito mal por nunca beber, ela riu e disse que eu teria que aprender com ela. Revirei os olhos e disse que na escola nós conversávamos.

No domingo eu e mamãe fizemos uma grande reforma no jardim o deixando muito parecido com o quintal de nossa casa em Cavencity, porém não pude o aproveitar muito porque tinha muitos deveres pendentes, essa festa e os treinos diários de dança me deixavam ocupada e esgotada.

– Vamos Can. – eu disse me levantando da mesa e depositando a xícara de café na pia, minha irmã comeu o resto do mingau e me seguiu até a camionete com uma revista na mão. Ela ia a folheando até metade do caminho quando para o meu azar ela resolveu conversar.

– Como foi a festa? – ela perguntou curiosa – Eu queria muito ter ido, mas a mamãe não deixou. – ela bufou decepcionada.

– Você sabe, adolescentes pulando suados e esbarrando uns nos outros, álcool, drogas, sexo e gente trocando saliva sem medo de contrair herpes. – falei dando de ombros, sempre tinha essa sinceridade com ela, aquilo era a única coisa que nos unia de alguma maneira.

– Dá próxima vez você vai ter que me ajudar a ir. – ela falou séria comigo que assenti, mas por dentro eu agradecia a Deus por ela não ter ido imagina se ela me visse com Dylan?

– A Sam me disse que o Dylan sumiu da festa e não voltou mais. – quando ela me disse isso meu ventre gelou.

– Ele... – minha voz saiu fina e eu pigarreei a fim de reforçá-la – Ele sumiu da festa por alguns minutos ou sumiu mesmo?

– Sumiu mesmo. – ela falou suspirando – Acho que ele estava com outra garota.

– Estava é? – fingi-me de desentendida.

– Eddie o encontrou sozinho no quarto dormindo enquanto todo mundo fazia maior auê no andar de baixo. – O que? Ele foi dormir depois que nós... Não pode ser!

– Acho que ele bebeu demais. – falei mais para mim do que para ela, e se ele estivesse tão bêbado que não se lembrasse do que houve? Seria melhor do que ganhar na loteria.

Chegamos ao estacionamento da escola e nos direcionamos para o portão de entrada, percebi que dessa vez Candice permanecia ao meu lado.

– Que foi? – perguntei curiosa.

– Você quer se sentar comigo hoje? Tipo com todo mundo. – ela falou se referindo aos seus amiguinhos.

– Não obrigado.

– Você quem sabe. – ela saiu andando em minha frente e tratou de jogar o cabelo para o lado chamando a atenção de alguns garotos que entravam na escola juntos.

Eu nunca chamava a atenção de ninguém e o fato de eu ter me tornado cheerleader não interferiu em nada, eu continuava a magricela nerd que usava roupas mais sem graças que um palhaço infantil.

Encontrei Carrie em frente à porta da escola, ela veio ao meu encontro me abraçando, tinha um enorme sorriso no rosto.

– Olá senhorita Tunner. – brinquei.

– Gostei desse titulo. – ela riu e me puxou para um canto. – Ele quer falar comigo hoje... – ela deu um gritinho fino de entusiasmo enquanto eu descobria que “ele” era Fred.

– O que ele quer? – perguntei como se ela realmente soubesse a resposta.

– Não sei... Mas espero que seja coisa boa. – ela disse receosa.

Quando chegamos à sala e entramos Dylan e Fred estavam sentados um perto do outro. Dylan me olhou com um sorriso no rosto Droga ele lembra! Que merda! E eu diferente do que pensei o encarei, um olhar de fúria pelo que ele fez.

– Você viu? – Carrie sussurrou ao meu ouvido enquanto eu voltava o meu olhar para ela – Ele olhou para mim, ai meu coração!

– Isso não significa nada. – eu disse me sentando.

– Ou será que significa? – ela disse se sentando ao meu lado e no mesmo instante o senhor Davis que nos dava aula de inglês entrou naquela hora e eu me permiti esquecer o nervosismo que eu estava e concentrar-me na minha aula favorita.

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– Você vai comigo! – Carrie me implorava enquanto íamos para o refeitório.

– Não quero ficar de vela. – disse séria enquanto íamos nos sentar na mesa junto com os meninos.

– Por favor – ela me parou e se pôs na minha frente, com um olhar de cachorro pidão – Se nós formos demorar eu juro que você poderá sair de lá. – eu respirei fundo e murmurei um “Está bem”.

Depois de uns gritinhos finos dela nós chegamos à mesa onde Ned e Matt estavam discutindo sobre planetas o que de imediato eu me interessei.

– Existe vida fora da terra. – eu cheguei me intrometendo e contrariando Matt que me encarou irritado.

– Hahaha – Ned disse dando um leve cutucão no irmão.

– Nanda você deveria guardar suas opiniões pra você. – Matt falou emburrado enquanto tomava suco.

– Desculpe ruivo, mas não sou uma pessoa que se omite. – eu ri dele que me lançou uma piscadela.

Enquanto estávamos comendo a conversa esta muito interessante entre eu e Matt, falávamos sobre musica e me surpreendi em sabe que ele tocava violão.

Disse a ele que mandava bem no violino e tive que prometer um dia tocar para ele, a cada dia encontrava em Matt aquilo que eu nunca achei.

Só parei a conversa e me levantei quando Carrie quase deixou minha canela roxa de tantos chutes que me deu indicando que já era hora de ir para o encontro com Tunner.

– Vamos lá. – eu falei emburrada.

– Vela? – Matt me perguntou entendendo a minha cara de tédio.

– Vela. – o respondi.

Nos encontramos no ginásio de basquete onde Fred a esperava na porta, quando ele a viu abriu um sorriso de orelha a orelha. Será que aqueles dois realmente se gostavam?

– Oi. – ela falou meio ruborizada.

– Oi. – ele respondeu pegando em sua mão e a beijando na bochecha, os dois entraram e Carrie disse para mim esperar na arquibancada.

Quando eu entrei vi que havia mais alguém, e esse alguém também estava de vela.

– Dylan? – perguntei quando ele virou seu rosto para mim.

– Fernanda. – ele respondeu com um sorriso sinico.

– Espera ai – eu disse me sentando ao seu lado e esquecendo por um momento que eu o odeio – Quando você me disse que tinha planejado para os dois ficarem juntos... É porque o Fred gosta da Carrie?

– Não sou tão mal quanto você pensa senhorita Johan. – ele disse suavemente a mim que acabei lhe retribuindo com um sorriso.