Isso não pode simplesmente acabar?

E nós vamos chorar, chorar

Chorar até que tudo acabe

Estive segurando por muito tempo

É hora de nós seguirmos em frente

Cry (Jason Walker)

Buenos Aires, Argentina.

22/07/2015 23h e 45min

POV´S Violetta

Aqui estou novamente, fingindo ser forte por fora mas completamente quebrada por dentro. Estava fazendo frio naquele dia que para alguns parecia ser normal mas, para mim, era o dia que eu deveria dizer adeus à mais alguém importante. Automaticamente, lembranças tomaram conta de mim, desde quando estava a ensinar Alice dar seus primeiros passos até quando soube da terrível notícia.

– Vamos lá bebê você consegue!

Depois que mamãe, papai e Marco nos deixaram, mesmo com minha avó me apoiando nisso, eu sabia que devia ensinar tudo para Alice, desde seus primeiros passos até a hora de saber ao certo e errado das coisas. Desde que ela nasceu e até agora ela foi meu refúgio, mesmo tão inocente e pequena ela parecia saber sempre quando eu não estava bem e com seu jeitinho fofo de ser, me fazia se sentir melhor.

Eu nunca pensei em perde-la pois se isso um dia acontecesse, eu não iria conseguir viver sem seu sorriso banguela, suas brincadeiras ou até suas palavras que pareciam ser ditas por gente grande.

– Você tem que manter a calma, senhorita- era notável que era em vão o pedido da enfermeira.

– Manter a calma? Minha irmã sofreu um acidente e eu não sei a situação dela e você ainda me pede uma besteira dessas?! – quem passava pela sala de espera ouvia meus gritos e via as lágrimas incessantes que não paravam de rolar nem um segundo.

León nem por um minuto saiu do meu lado, já estava anoitecendo e pela forma que ele tentava me consolar e me abraçava, ele não sairia dali tão cedo. Francesca chegou no instante que soube por intermédio de Angélica, que estava ali do meu lado tentando me acalmar também.

–Eu te amo Bilu!

A cada instante, momentos com Alice dominavam minha mente, parecia que ela estava me dizendo aquelas coisas como há uns anos atrás, antes de ela aprender a pronunciar meu apelido da forma que era. Eu não pensava em mais nada que não era relacionado à ela, eu apenas queria acordar e perceber que era mais um pesadelo de uma vida conturbada como a minha.

– Ela vai ficar bem Vilu, se acalma – León disse me abraçando enquanto afagava meus cabelos.

Enquanto molhava completamente a camiseta xadrez de León eu percebi que o médico estava vindo em nossa direção com uma expressão triste estampada em seu rosto, a partir do que aquele homem dissesse, tudo poderia mudar.

– Nós tentamos ao máximo mas o acidente foi grave demais para ela aguentar, meus pêsames senhorita Castillo – as palavras do médico eram simples demais para serem ditas mas para mim foram as mais triste que já ouvira um dia.

– Não, não, eu não consigo. Isso dói, isso dói...faz parar por favor, faz parar- eu disse caindo de joelhos no chão, chorando e pedindo à qualquer um que tentasse parar aquilo em forma de súplica.

Depois que as pessoas conhecidas da família deram seu último adeus à minha pequena irmã que repousava sobre o pequeno caixão, sobrou apenas eu na cadeira ao lado e um pouco mais afastado dava para ver que León, Fran, Vovó e o resto de meus amigos não pensaram em sair dali um minuto sequer. Pois era assim que devia ser os verdadeiros amigos, ficar ao seu lado nos momentos mais difíceis.

POV´S LEÓN

Olhei para o lado e vi a expressão triste nos rostos dos meninos e as lágrimas nos rostos de Fran, Angélica e das garotas pois assim como todos, estavam vendo acontecer mais uma vez. Minha mente viajou para longe eu queria ao máximo saber quem era o culpado daquilo tudo e se ele tinha algo a ver com os outros fatos que arruinaram aquela família que um dia fora perfeita aos olhos de todos.

Olhar para Vilu debruçada sobre o caixão de sua irmã me dava vontade de que tudo aquilo tivesse acontecido comigo, a dor ser transferida para mim pois me doía ver a garota que eu amei e ainda amo sofrendo daquela forma. Depois de se despedirem de Alice e falarem coisas para confortar Violetta, Cami, Broduey, Federico e Ludmila foram para suas casas e cada um lidaria com aquilo à sua forma. Restando apenas eu, Fran, Diego e Angélica, fui até onde Vilu estava e toquei em seu ombro, foi a deixa para que ela olhasse para mim e novamente apoiar sua cabeça em meu ombro.

– Minha irmã León, ela se foi...- ela disse entre soluços e me deixando sem saber o que dizer- O problema é comigo, todos que eu amo morrem, é o que acontece com quem se aproxima de mim...

– Ei, isso não é verdade, eu estou aqui para o que você precisar – digo acariciando seu rosto- Tudo que você tem e o que perdeu irá fazer você ser mais forte do que já é Vilu...eu sei disso.

De relance olhei para o lado e vi que Diego estava abraçado com Francesca, tentando a consolar assim como eu estava fazendo com Violetta. Os segundos passaram e com eles, os minutos e as horas também, chegou a hora em que o adeus era definitivo, Violetta estava vestida de acordo com o que todos vestiam, a cor que representava o luto, o enterro da pequena Alice estava ocorrendo naquele instante e para mim e para todos ali presente, assim como todas as outras vezes, era uma das coisas mais tristes que já fora vista no mundo.

“Às vezes coisas horríveis acontecem com pessoas incríveis”