Os olhos de Ethan parecia ser algo amaldiçoado, dava medo olhar para ele. Se tornou um monstro. Parecia um demônio com semelhanças a corvos, os olhos em suas asas sugava nossa energia vital nos deixando fraco, Miguel com todo aquele poder se viu encurralado, pois a cada golpe trocado, mais a força dele era puxada para seu inimigo.

— Miguel, vamos recuar! — eu gritei vendo que o mesmo estava ficando fraca. Aquela forma inimiga era monstruosa e seus golpes de espadas cortavam todo o chão somente no encostar. Era incrivelmente poderoso, muito mais do que no dia que ele enfrentou meu pai. — Ele esta deixando você fraco!

— Acha mesmo que eu fiquei um mês na merda do inferno pra chegar aqui e simplesmente fugir? Não poso aceitar isso.

— E o que vai fazer? A cada golpe seu mais da sua energia é sugada!

— Eu dou um jeito! Eu não vim até aqui para correr com o rabo entre as pernas. Eu ganharei, eu dou um jeito. Eu prometo.

— Por favor Miguel, eu não sei as consequências que esse poder pode dar ao seu corpo. Recue!

— Cala a boca, eu falei que você ia correr pros meus braços gritando ‘’meu herói’’ e promessa é divida. Senta e observe o show!

Ele correu na direção do inimigo que revidou. Suas espadas se chocavam causando enormes explosões, todas a favor de Ethan que apenas avançada e avançava descontroladamente sem pensar nas consequências. Miguel parecia cansado, mas não recuava, sempre pensando em como achar uma abertura, porem mesmo assim dava pra ver o desgaste em seu rosto.

— Por que não ajuda ele? — perguntou Algol assistindo. — Ele precisa da sua ajuda Erika.

— O que diabos esta falando? Eu apenas atrapalharia.

— Você é burra ou o quê? — ele disse enquanto ria. — Você também foi com ele não foi? Você viu a entidade suprema do universo correto?

— Como sabe disso?

— Porque eu também fui escolhido. Eu, Miguel e você. Todos nós fomos escolhidos e todos nós conseguimos atingir o nível máximo que um humano pode. Você consegue, só precisa perder esse seu pensamento ridículo de inferioridade!

— O que esta dizendo? Por que esta me falando isso?

— Porque é divertido. Sou inimigo, mas sou apenas um peão nesse jogo, jogo no qual eu quero deixar mais divertido e preparar o palco para minha grande entrada.

— Você é louco — falou Fiora.

— Eu louco? É bem capaz.

Eu pensei nas palavras dele. Podia muito bem ser um blefe de um inimigo tentando me matar, mas as palavras dele faziam sentido. Eu pensei muito, olhei bem para a situação de Miguel que estava claramente sendo pressionado. Ele seria morto, sem falar que eu não sei o que acontece depois de usar todo esse poder, na ultima vez ele ficou em coma por nove meses e quando voltou seu poder tinha diminuído. Eu mirei meu arco na direção de Algol, mas novamente não consegui atirar, então mirei no Ethan e atirei o cegando de um olho.

— Erika? — falou Miguel assustado ao ver Ethan sangrando.

Ethan tinha seis olhos em seu rosto, três em cada lado. Além de centenas em suas asas, eu ceguei o do rosto dele onde o mesmo gritava de dor. Sua voz parecia ser composta por milhares, era horrendo.

— Eu não posso deixar você cuidar de tudo sozinho de novo! Não dessa vez!

— Saia daqui sua imbecil! Vai acabar morrendo.

— Posso ser imbecil, mas uma futura rainha não pode ser protegida, ela deve proteger o povo. Eu devo proteger não só você como todos aqui. É minha tarefa!

— Papo furado! — Ethan gritou lançando varias espadas em minha direção.

Eu me esquivei das espadas e atirei flechas na direção dele, que lançou mais espadas e com isso se protegeu. Miguel pegou espaço e começou a atacar a longa distancia arremessando suas espadas para tentar atingir o inimigo, sempre sem sucesso. Aventurei-me um pouco mais e tentei um golpe corpo a corpo com um soco, porem ao chegar perto perdi todas as minhas energias e me ajoelhei ali mesmo pelo cansaço levando um corte no ombro e um chute me arremessando contra uma pedra. Eu não conseguia escutar nada além de um forte ruído, senti que meu corpo balançava e tentei abrir meus olhos, estava com uma visão embaçada que aos poucos se ajustou.

— Você é idiota ou o quê? — falou Miguel, ele me pegou no colo e passou sua mão sobre o ferimento. — Vai acabar morrendo se ficar sendo uma suicida assim. É retardada ou o quê?

— Cala a boca, ficar falando igual um babaca não ajuda.

— Não sou eu que pulo pra morte igual uma doente mental.

Pensei que Miguel estava esse tempo todo próximo do inimigo e mesmo assim se mantinha de pé, lutando e protegendo a todos nós. Eu pensei o quão inútil e limitada eu sou, e percebi que não posso continuar assim.

— Eu preciso de um golpe — eu falei. — Se eu der um golpe nele a gente ganha.

— Você sequer pode ficar de pé perante a presença dele. Você não tem essa força por enquanto, então fica aqui e deixe que eu cuidarei disso.

— Eu sei que você pensa que eu ainda sou uma criança pequena e inocente, mas, por favor, confie em mim só dessa vez. Eu preciso de apenas um ataque, por favor.

Ele me encarou com seus olhos vermelhos, eram diferentes e pareciam os olhos de uma pessoa morta. Seu cabelo branco machado de sangue se movia ao vento, ele olhou para Ethan que começou a se aproximas de nós. Ele abaixou sua cabeça e parecia não querer aceitar, mas no fim aceitou.

— Tudo bem, qual é o plano? Não posso manter essa realidade alternativa por muito tempo, quando acabar provavelmente não terei mais chances.

— É uma magia secreta dos Saint-Claire, eu li em um livro, mas nunca a treinei ou tentei — eu falei me levantando sutilmente. — Mas provavelmente é nossa ultima chance.

— Esta dizendo que vai apostar tudo em uma magia que nunca usou ou sequer viu?

— Eu li no livro e consegui interpretar muito bem. Que se dane, Miguel, só façamos isso de uma vez!

— Que seja. Quem vai morrer vai ser você mesmo, não tem problema.

— Haha, vai fingir que não vai sentir minha falta? — eu falei em tom de ironia enquanto buscava um jeito de usar minha magia no inimigo. — Aquele papo de ‘’Me espere’’ e blablabla, vai fingir que não me ama?

— Fingir? Por que eu fingiria algo que é obvio?

— Obvio? Não foi o que me disse quando foi puxado pro submundo naquele dia.

— Então você ouviu? — ele falou, suspirou seguido de um leve sorriso. — Eu falei da boca pra fora, ignore.

— Eu não ouvi, eu apenas li sua boca e usei meu olho. Você disse ‘’Eu te amo’’, foi tão fofo... De qualquer jeito. Agora estamos aqui, depois disso vou pensar em correr pra você gritando meu herói.

— Já acabaram de conversar? Estou ficando entediado — disse Ethan com sua voz extremamente bizarra. — Vamos brincar mais um pouco...

— Desculpa Ethan, mas eu gosto de mulheres — respondeu Miguel.

Miguel respirou firme e atacou. Eu atirei minhas flechas para tentar abrir uma brecha na defesa inimiga. Ethan abria suas asas e sugava toda a magia do Miguel, mas não roubava, era como se ela deixa-se de existir depois de que Ethan a pegava. Não demorou muito para ver os sinais de exaustão no rosto de Miguel, e o mundo que ele havia criado estava começando a borrar e se desfazer. Eu precisava de um golpe, um único soco e eu poderia vencer a luta, tivemos paciência, cabeça no lugar e pé no chão. Com calma, Miguel fez o impossível.

Miguel desceu todas as espadas que estavam nas nuvens e jogou na direção de Ethan de uma só vez, eram milhares. Provavelmente aquilo acabaria com toda a magia dele, mas mesmo assim ele tentou. O corpo de Ethan começou a ser perfurado. Ele tentava impedir algumas, porem o numero de espadas era muito grande e seu corpo era perfurado várias e várias vezes. As espadas de Miguel acabaram e o corpo de Ethan estava deformado, porem começou a se regenerar, Miguel saltou na direção do inimigo procurando a chance de matar o inimigo que abriu suas asas todas rasgadas e começou a sugar toda a energia de Miguel que não se rendeu.

— Acha mesmo que pode me derrotar com isso? — Ethan falou levantando sua espada tentando a morte de seu rival. — É o fim!

— Não, isso esta longe de terminar! — Miguel respondeu. Ele esticou seus braços e chamou sua lança que estava longe e se chocou com Ethan. O impacto me fez cair, rapidamente me levantei a tempo de ver as espadas milenares atacando sozinho o inimigo enquanto Miguel usava a lança tentando perfurar o inimigo, e por fim ele conseguiu desarmar Ethan. — Agora Erika! — ele falou enquanto Ethan o chutava para longe.

Eu me aproximei pela frente vendo a baixa guarda de Ethan e focalizei toda minha magia em um único golpe. Ao ficar frente a frente acabei me ajoelhando no mesmo momento, minha força se esgotou. Ethan me olhou com seu sorriso malicioso, buscando minha morte, eu olhei para Miguel e percebi que ele havia depositado toda a sua confiança em mim, eu não podia decepcionar, eu devia fazer o correto. Rolei no chão para me esquivar do ataque dele, abriu uma pequena cratera e levantou muita areia. Rolei entre a areia e aproveitei um ponto cego o socando no estomago criando doze círculos mágicos sendo seis na frente dele e mais seis atrás. Os círculos rugiram ao entrar em contato com ele e uma espécie de cruz apareceu sobre a cabeça dele perfurando seu pescoço, porem não sangrou, ao invés disso, toda uma magia negra saiu dali, como se estivesse... Purificando.

— Saia daqui sua miserável! — Ethan gritou com sua voz agora normal enquanto me chutava. — O que você fez comigo sua puta?

— Nada que te importa! Agora Miguel! — eu gritei. Miguel se levantou no mesmo momento e ergueu seus braços.

— Grandes espadas que protegem esse mundo, espadas criadas pela luz. Apareçam perante a mim, quatro espadas celestiais! — Entre as nuvens, as quatro grandes espadas desciam devagar, eram gigantes, assim como Gabriel usou uma vez. Ele atirou em Ethan que agora estava sem sua regeneração e todas as quatros perfuraram o corpo dele enquanto a realidade de Miguel desaparecia.

Não mais estava chovendo. Quando voltamos eu olhei para o céu e vi que o sol tentava aparecer. Parecia um típico clima de vitória, para mim, parecia que poderíamos voltar para casa juntos novamente. Mas só parecia.

Uma espada perfurou o estomago de Tiago nesse momento o derrubando enquanto outra perfurava o ombro da Fiora que caiu no chão. Eu gritei em desespero, e vi que Ethan agora em sua forma humana ainda estava vivo. Com muitos ferimentos e ainda sangrando, mas se manteve de pé e sorrindo olhou para mim e lançou outra espada. Miguel tentou segurar a espada, no entanto passou por ele. Estava vindo em minha direção, eu não podia me defender, apenas fechei meus olhos e aceitei minha morte.

— Por que fechou os olhos princesa? — disse Elaine com um grande escudo a minha frente. — Demoraram muito pra voltar. Eu e Julie ficamos aqui sabiam?

— Julie... Elaine, que bom que vieram... — eu falei com minha voz tremula.

— Vá Miguel, termine a luta — falou Julie. — É com você.

O cabelo de Miguel novamente ficou loiro, seus olhos voltaram a ficar azuis e brilhantes. O clima nublado com pequenos raios de sol caia sobre o rosto dele, que olhou para cima enquanto sangue escorria em seu rosto.

— Deixem comigo — ele disse.

— Venha! Vamos terminar isso de uma vez por todas! — gritou Ethan pegando sua espada.

Miguel pegou a espada de meu pai e atacou Ethan. Ambos lutaram apenas com golpes físicos, é inegável que Ethan é um gênio na questão combate, mas Miguel não fica atrás, lutaram de igual para igual, lutaram com força e raça. Ethan sorria, mas dessa vez não era um sorriso de dar medo, era um sorriso bonito, parecia se divertir enquanto eu apenas via seriedade no rosto do Miguel. Golpes eram trocados enquanto pisavam em poças de agua, Ethan abriu um corte no ombro de Miguel que revidou fazendo o mesmo. Miguel pegou sua camisa que estava toda rasgada e a tirou ficando sem, Ethan fez o mesmo e ambos mostraram um corpo repleto de ferimentos. Miguel avançou novamente na tentativa de matar. Ethan usou as correntes para tentar segurar Miguel que rolou no chão e saltou onde várias espadas inimigas foram arremessadas na direção dele. Meu noivo pegou sua espada e se defendeu de algumas, porem algumas o acertou e assim como antes parecia que ele usou a mesma estratégia para se aproximar do Ethan.

Ele cortou o ombro do Ethan caindo logo atrás, eles trocaram golpes e trocaram de lado no campo de batalha, no entanto, ainda assim sem vencedor, eles rodaram seu corpo e por fim aconteceu o ultimo impacto. Ambas as espadas perfuraram o corpo do inimigo e ambos ali ficaram.

— Você é incrível Miguel, eu assumo que fui derrotado.

— Não direi algo diferente sobre você — Miguel disse enquanto puxava a espada do corpo de Ethan que soltou a sua e caiu no chão. — A vitória é nossa.

— Sim, a vitória é de vocês.

Eu olhei para Fiora e Tiago que estavam sendo ajudados pelas minhas amigas e vi o quão Ethan prejudicou não só a mim, como a todos ao meu redor. Minha raiva por ele falou mais alto, peguei meu arco e me aproximei dele, para matar ele e por fim vingar meu pai. Atirei no braço dele o fazendo gritar em dor. Miguel me olhou torto, mas não me impediu.

— Essa foi pelo meu pai! — atirei no braço direito. — Essa pelos duques. — atirei mais perna direita. — Essa por Tiago. — e atirei a quarta na perna esquerda, deixando apenas sua cabeça sem dano.

— Não vai adiantar, sou imortal. Se sua intenção é me fazer sofrer pode ir, mas saiba que não vai me matar — ele disse sorrindo e olhando para mim. — Vai! Me mata!

Uma lagrima de ódio escorreu em meu olho, eu puxei uma ultima flecha para atirar nele onde Miguel me impediu. Ele segurou meu braço e pegou o arco de mim me afastando dele logo em seguida.

— O que pensa que esta fazendo? — ele falou para mim. — Você é imbecil?

— Eu apenas vou vingar todos os próximos de mim que ele feriu!

— Qual é o seu problema? Você é uma garota, é bonita, uma princesa. Tem toda uma vida pela frente, teve uma vida simples e longe da batalha, você não é uma assassina! Agora o que vai mudar se você matar ele? Isso vai corromper você pelo resto de sua vida! Eu entendo seu ódio por ele, eu também quero fazer isso, mas Erika, você não é assim! Você inspira pessoas com sua bondade, seu amor e sua dedicação. Você não pode matar uma pessoa, não pode ser algo ruim, não pode ser como eu.

Eu me ajoelhei e chorei muito. Não sei o que passou pela minha cabeça, mas as palavras de Miguel me atingiram. Ele se ajoelhou a minha frente seguido de um abraço beijando minha cabeça. Ele cheirava a sangue, estava fedendo e cheio de ferimentos, mas estava bom. Eu queria ficar ali, com ele, mesmo diante da batalha fiquei feliz em poder ficar próximo dele.

— Obrigado, meu herói.

— Bravo, magnifico! — Algol disse. Ele se levantou e enquanto aplaudia, parecia encantado e vibrava bastante pela vitória do Miguel. — Acho que irei por hoje, obrigado pela diversão.

— Espera! Onde esta o Leônidas? — eu perguntei. — O que fez com ele?

— Fiz a mesma coisa que eu fiz com o Loki. Vocês verão quando chegar a hora. Eles são minhas obras primas.

— Você é insano.

— Sim Erika, eu sou. Miguel, tenha uma boa tarde, nos veremos em breve — ele falou desaparecendo em uma brisa de vento.

— Levaremos Ethan sobre custódia, é uma fonte rica de informação. Vamos voltar para Anya — eu falei dando minha mão a ele.

— Sim, vamos voltar— Miguel segurou minha mão.