Miguel encarava Rafael sem piscar utilizando a espada que meu pai antes usava, enquanto seu inimigo usava sua espada milenar, ambos com espadas milenares. A luta estava prestes a começar, ambas as magias emalava das duas pessoas ali que se encaravam, a de Rafael parecia maior do que antes, ela queimava tudo e deixava o clima bem mais quente, porem a Miguel tinha uma cor azulada, ela uivava como um lobo e quando eu olhava para os olhos de Miguel tudo que eu percebia era os olhos de um lobo avistando sua presa.

— Tem certeza que pretende lutar contra mim Rafael? Você ainda tem escolhas.

— É verdade que eu tenho medo de você Miguel, mas não importa o que aconteça eu devo seguir as ordens de meu pai.

Miguel deu um leve suspiro.

— Então mesmo segurando essa espada ainda não percebeu… Realmente um idiota.

Rafael saltou na direção de Miguel e ambas as espadas se chocaram, meu noivo sequer saiu do lugar, ele brandiu sua espada arremessando Rafael contra uma arvore a derrubando em cima dele. A floresta atrás de nosso inimigo começou a queimar pela poderosa magia que saia dele. Rafael se levantou e dessa vez Miguel saltou na direção dele não o deixando respirar, a batalha se estendeu destruindo e queimando toda a floresta.

Rafael viu uma brecha na defesa de Miguel e arranhou o rosto dele, onde o mesmo revidou fazendo o mesmo e por fim ambos se cortaram no ombro. Meu noivo atacou o inimigo que não ficou parado e atacou também, ambas as espadas se encostaram novamente só que dessa vez foi Miguel quem foi empurrado para trás.

— Por quê? — eu perguntei. — Por que Miguel esta sendo pressionado assim? Ele estava tão forte a pouco tempo atrás.

— Ele tem em posse a espada milenar. Rafael esta com um item forjado com o objetivo de impulsionar o máximo de seu poder para fora e em questão de magia, todos sabemos que um membro do clã do fogo é superior a todos — respondeu Tiago. — Mesmo que Miguel seja mais experiente, a espada milenar que ele entregou a Rafael o deixou em desvantagem, e mesmo assim ele esta enfrentando Rafael desse jeito — ele começou a rir. — Interessante.

Eu voltei a olhar para Miguel e o vi sendo perfurado no estomago, porem ele deu um soco no rosto de Rafael e o cortou no ombro. Ambos estavam cansados e mesmo que a luta tenha sido rápida, eles pareciam exaustos, Miguel estava com seu estomago perfurado, porem Rafael tinha uma grande quantidade de cortes em seu corpo.

— Já entendeu Rafael? — perguntou Miguel botando sua espada no chão.

— Entender o quê? — respondeu Rafael se preparando para atacar. — Pegue sua espada! Lutemos!

— Realmente você é muito burro para alguém que se diz nobre.

Rafael atacou Miguel que parou sua espada usando somente sua mão e seu sangue espirrou no chão. Miguel encarou novamente o inimigo que ficou assustado ao ver tamanha audácia.

— Como? — perguntou Rafael assustado.

— As espadas só podem ser portadas pelos fieis a Anya, não importa o que pense seu coração ainda pertence a Anya, ele ainda pertence a princesa e a nosso país — Miguel disse enquanto chutava o estomago do Rafael. — Seu corpo, alma, tudo em você tem apenas o objetivo de servir Anya, então Rafael quero que me responda: Por que seguir aquilo que seu coração não deseja? Por que deseja tanto servir sua família sendo que seu coração quer o contrario? Me responda! — ele socou o rosto de Rafael o fazendo cair e em seguida desferiu vários golpes no mesmo que não conseguiu revidar. — Entenda de uma vez por todas que seu lado é conosco em Anya!

Rafael dessa vez abriu seus olhos, ele percebeu que já havia perdido aquela batalha. Ele olhou para mim e fechou seus olhos sutilmente, respirava calmamente embora fosse derrotado novamente, não parecia triste.

— Você não entende…

— Eu entendo perfeitamente Rafael, só de olhar para você eu percebo que tem alguém que você deseja proteger, uma família, uma amante, uma esposa, talvez filhos, eu entendo que você almeja poder para proteger e que você só pode ganhar poder através de sua família… Estou correto? — Miguel guardou ambas as espadas e as colocou em sua cintura.

— O nome dela é Elise, ela foi apresentada como uma conselheira pessoal, não demorou muito para que eu me encantasse pela beleza dela, não consegui a primeira vista, mas também consegui conquistar ela, logo nos tornamos noivos, estávamos próximos de nos casar quando ela foi pega em uma doença na qual eu não consigo uma cura — começou a cair algumas lagrimas dele. — Não importa o que eu tente, o único jeito de conseguir uma cura é ir para o outro continente… E todos sabemos que é impossível derrotar Ethan, e eu testemunhei o poder de Algol, não tem como Anya vencer essa batalha.

— Ele esta certo — disse um homem com cabelos prateados encostado em uma arvore. — Não tem como Anya vencer essa guerra, então apenas desistam.

— Quem é você? — eu perguntei.

Eu fiquei assustada pelo fato de não sentir a presença dele, mesmo vendo toda aquela magia que saia do corpo dele, não conseguia sentir ele, era como se não existisse.

— Me chame de Algol vossa alteza — ele se curvou mostrando respeito. Vestia roupas simples, um casaco com pelagem nas mangas e no pescoço, uma calça e botas, não carregava nenhuma arma e eu não sentia nenhum sentido assassino vindo dele.

— É um inimigo então! — eu puxei meu arco e mirei nele.

— Basicamente sim, mas não lutarei hoje — ele olhou para Rafael. — Você nos decepcionou bastante Rafael, esperávamos mais de você.

— Então veio aqui me descartar, justo — Rafael respondeu. — Faça, eu não consigo proteger nem a mim mesmo, quanto mais aquela mulher.

— Não! — eu pulei na frente de Rafael abrindo meus braços. — Não deixarei que encoste um dedo nele.

— Entendo, se é o que deseja eu o deixarei vivo — ele simplesmente aceitou, me deixando surpresa. — Você me parece querer perguntar algo… Vá em frente pergunte.

— Por que esta aceitando tudo que eu digo? — fiz a primeira.

— Como poderia recusar as palavras de uma linda garota como você? — ele sorriu e se sentou próximo a uma arvore. — Continue, é divertido.

— Não pretende nos matar? O que veio fazer aqui?

— Não, não pretendo, eu vim aqui apenas com um objetivo — ele falou, ele sorriu e ergueu seu braço direito e criou uma especie de quadrado magico, não era circulo como o conhecido por nós, foi estranho ver aquilo.

— O que esta fazendo? — perguntou Miguel.

— Estou cumprindo minha única ordem — um enorme portão começou a descer do quadrado magico que se chocou ao chão, abrindo uma pequena cratera. O portão era preto, com um simbolo branco que parecia ser feito com ossos. — Abrirei um portão demoníaco bem aqui.

— Esta louco! — gritou Miguel. — Isso irá destruir tudo! Será pior que se Unya ressurgir.

— Sim, provavelmente, mas o que eu posso fazer? É minha única ordem, abrir o portão e deixar o inimigo em pânico. É uma ordem bem sem graça, mas é tudo que eu posso fazer — o portão começou a abrir.

Mikaela chegou correndo, ela estava machucada, ferida, com uma adaga quebrada e parte de sua roupa rasgada, sangrando acima de tudo.

— Droga, cheguei atrasada — ela falou suspirando. Ela lançou várias rosas na direção do portão tentando impedir que o mesmo abra.

— Não, nananinanão! — falou Algol enquanto movimentava seu dedo, ele se levantou e em um piscar de olhos apareceu ao lado de Mikaela e socou o estomago dela a fazendo cair. — Mikaela, vice-capitã da Anarquia, a mulher com a maior beleza humana, a maior estrategista viva e a mulher com a maior habilidade quando se trata de magias, a perfeição em pessoa — ele passou a mão no rosto dela que se ajoelhava. — Tentou me impedir de vir para cá, e agora quer tentar me impedir de abrir o portão? Eu não tenho ordens para mata-la, mas se continuar me incomodando farei sem pensar duas vezes — ele começou a erguer ela pelo pescoço, deixando Miguel irritado onde o mesmo saltou para tentar acertar Algol que com a outra mão o segurou pelo pescoço. Nosso inimigo demostrava grande força física assim como Mikaela nos disse anteriormente, porem eu imaginava um homem grande, musculoso e nada bonito, porem Algol era totalmente o contrario do que eu pensava. Nosso inimigo arremessou Miguel e Mikaela no chão e o portão se abriu.

— Miguel! Precisamos parar isso! — gritava Mikaela desesperada vendo o portão se abrir.

Genbu e Tiago se levantaram e tentaram impedir que o portão se abrisse jogando jogando sua magia, funcionou até que Algol impedisse e atacasse ambos, ele socou Genbu o nocauteando por completo e em seguida chutou Tiago, o mesmo tentou se defender, porem também acabou caindo.

— Eu já falei que deixarei o portão abrir, desistam — ele se sentou novamente. Eu atirei centenas de flechas na direção de Algol, ele levantou seu braço e criou uma especie de escudo parando todas, em seguida ele veio em minha frente em alta velocidade e quebrou ambos os meus braços, me fazendo gritar de dor. — Não pensei que seu corpo fosse tão macio Erika, me desculpe. Na próxima vez faremos algo diferente.

— Erika! — Miguel gritou e correu em minha direção. — Me deixe olhar isso.

— Não, eu estou bem então apenas pare o portão rápido!

Ele me deixou ali e atacou Algol que sorriu e o afastou, Mikaela jogou suas rosas na direção do inimigo que assim como fez comigo ergueu seu braço e criou uma barreira que bloqueou todo o ataque.

O portão se abriu ali atrás de Algol, o mesmo saiu da frente e tudo que eu vi foi uma fumaça negra e dentro do portão podia se ver o outro lado do portão, não era possível ver o submundo, tinha uma cor vermelha e o primeiro braço demoníaco foi visto, era gigante e deformado, começou a fazer força para poder sair, seu rosto apareceu, era estranho, eu não consigo descrever tamanha coisa, apenas diria do seu único olho vermelho e seus poucos cabelos brancos.

— Missão concluída, agora façam o que quiser — disse Algol sorrindo. — O que fará Miguel?

O primeiro demônio saiu pelo portão, tinha mais de cinco metros, perna tortas e cabeças por todo o corpo, porem sua cabeça original era horrenda, seus braços longos tinham grande comprimento e chegava até o chão. Um chicote flamejando apareceu na mão do demônio e ele o bateu no chão criando um forte estrondo.

Miguel pegou suas espadas e atacou o demônio que novamente bateu o chicote que o arremessou. Um outro monstro apareceu tentando sair do portão, apenas seus braços puderam ser visto, Mikaela jogava várias rosas que empurravam ambos os monstros de volta para o portão. Miguel levantou suas espadas.

— Eu não tive a chance de treinar essa habilidade, mas não custa tentar — ele as fincou no chão. — Batalhar, viver, sofrer e morrer, meu corpo é de raios — nesse momento era como se tudo ao nosso redor ficasse em preto e branco por um momento, era como se algo estivesse sendo alterado. — Minha alma é uma tempestade que batalha contra a luz — novamente tudo ficou em preto e branco por um momento, era como se nossa realidade estivesse sendo distorcida, era algo que eu já vi, porem não me recordava. — Acorde, Antares!

O chão se desfez, era incompleto, mas era a realidade alternativa que Gabriel fez uma vez, no entanto o mundo era diferente, tinham muitas nuvens porem não tinha espadas nelas, apenas caia raios no chão em consecutivamente. A magia era falha, conseguíamos ver o mundo real e a realidade alternada ao mesmo tempo, provando que ele não conseguiu trocar tudo.

— Mikaela, proteja todos, eu cuidarei disso — Miguel disse, ele pegou suas duas espadas e apontou para o monstro. — Eu cuidarei disso.

Um forte raio voou na direção do demônio que o fez recuar uns três passos para mais perto do portão, ele lançou mais raios no monstro que foi ficando cada vez mais perto. Miguel pulou na direção daquela criatura e com suas duas espadas cortou a cabeça dele, no entanto outra cresceu no lugar logo em seguida. O monstro soltou um forte rugido, e Miguel jogou novamente um raio na direção do demônio que caiu no portão levando consigo o outro que ainda não havia saído. A realidade se desfez e Miguel utilizou o restante de sua magia para fechar o portão que sutilmente começou a se fechar. Todos sorriamos, comemoramos e eu até pensei em abraçar ele se meus braços não estivessem quebrados.

— Conseguimos Miguel — eu sorri para ele.

— Parece que sim — ele começou a caminhar em minha direção, porem antes que o portão se fechasse dois chicotes o puxou pelos braços em direção ao portão.

— Miguel! — eu gritei desesperada. — Vamos Mikaela, precisamos tirar ele de lá.

— Não venham! — ele gritou de volta. — O pior pode acontecer se vocês vierem, preciso que confiem em mim nesse momento.

— Não diga bobagens, não posso deixar você ir — eu falei. — Preciso ajudar você.

— Garota idiota, eles podem tentar pegar você, fique onde esta.

— Mas…

Ele apontou para mim, e sorriu.

— Eu vou voltar, confie em mim, nosso casamento é em uma semana, eu voltarei para essa data, eu juro! — ele ficou no limite do portão nesse momento, e disse suas ultimas palavras enquanto um ultimo chicote o segurou pelo pescoço, seus lábios se mexeram, porem eu não consegui ouvir o que ele disse por ultimo, apenas entendi um ‘’eu’’, eu gritei em desespero ao mesmo tempo que Algol ria em cima da arvore.

— Impressionante, quem diria que o pequeno Miguel pudesse fazer uma magia desse nível.

— Por que não impediu Miguel de fechar o portão? — eu perguntei ainda de cabeça baixa.

— Minha ordem era para abrir o portão, eu abri, se o portão se fechou isso não é da minha culpa e sim do capitão por subestimar vocês.

— É só isso que tem a dizer? — eu falei.

— Sim, só isso por quê?

— Quero que saiba que eu matarei você, Ethan, Julio, tudo e todos que se meterem no meu caminho! — eu o encarei, eu estava sentindo uma raiva que nem mesmo quando meu pai foi morto eu senti, eu estava coberta pelo ódio e sede de vingança. Algol me encarava com seus olhos dourados e com um sorriso.

— Aceito seu desafio princesa — ele se retirou.

Se passou um mês desde então, Miguel não voltou, eu me apoiei nas palavras dele que ele voltaria, porem não aconteceu, Mikaela me disse que ele não estava morto, mas é difícil de acreditar nessas palavras depois de tanto tempo. Meu casamento? Não existiu. Mikaela novamente saiu em uma viagem, Tiago passou a viver comigo em Anya, Rafael esta preso no subsolo do castelo, eu tentei tirar ele de lá, mas as ações dele fizeram com que Margareth o punisse.

As tropas de Drunger estavam batalhando em Goldrach, porem continuava a avançar e também esta atacando nossa capital, Anya, e esta nos deixando encurralados. Eu estava liderando dez mil homens na linha de frente, a divisão zero cuidava do leste do portão, eu no norte, e Julie cuidava do oeste, nosso sul era guardada pelas minhas duas irmãs e seus respectivos maridos.

A tempestade ficava mais forte a medida que a guerra se estabelecia por todo o continente, não sei se podemos ganhar, não posso dizer se Miguel vai voltar… Eu realmente não sei.