YuuMika – Drabbles e Oneshots escrita por Sarahsensei


Capítulo 7
Parte VI


Notas iniciais do capítulo

Eu nunca imaginei que esta fanfiction ficaria tanto tempo sem uma atualização. Tá com mais de um ano. Peço desculpas, mas em 2016 aconteceram muitas coisas que me impediram de escrever. Espero que gostem do que escrevi. E, ah, informe importante, no inicio dessa fanfiction, dei os devidos créditos do que foi citado nesse capitulo.



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Como é aquele ditado? Há males que vem para ... ?
Prompt: “Meus pais me forçaram a frequentar as reuniões do grupo de jovens da igreja e nossa, você vem sempre aqui?” – UA

 

Segundo sua mãe, ele estava desconectado com as coisas sagradas do mundo. É natural passar por uma fase rebelde na adolescência, ela vive dizendo naquele tom de voz cheio de julgamentos, particularmente eu não me importo com suas birras e travessuras, mas te peço do fundo do coração que não siga essa tendência que os jovens de hoje tem de se rebelar contra Deus. O script é o mesmo toda vez que eles brigam, Yuuichirou já decorou cada maldita palavra! O pior de tudo é que as brigas com sua mãe são recorrentes, praticamente acontecem todo dia e sempre pelo mesmo motivo, ele se recusa a seguir qualquer religião existente no mundo e ela se recusa a aceitar esta decisão.

Detalhe, tendência dos jovens de hoje? DE HOJE? Pra casa do caralho com esse “de hoje”! Yuuichirou perdeu as contas de quantas vezes teve que explicar que o ateísmo e o agnosticismo não são “modinhas” do século XII. As irmãs da igreja insistem em afirmar que antigamente tudo era melhor, já que não existia adolescente rebelde blá-blá-blá não existia viado e sapatão blá-blá-blá não existia ateu do satanás (e até hoje não existe, só pra constar) blá-blá-blá não existia isso e aquilo blá-blá-blá, aaah, vão se foder, a única coisa que não existia antigamente era liberdade de expressão! Ele sente uma imensa vontade de gritar com as velhas quando as escuta vomitar tantas merdas sem-sentido, contudo, os códigos sociais escritos e não escritos impedem-no de realizar este desejo. Yuuichirou pode até ser malcriado, mas ele conhece os limites e gritar com velhinhas (ainda que com as mais estúpidas) não é do seu feitio.

Os tempos mudam, as pessoas mudam, as tradições mudam, já está mais do que na hora dessas múmias empoeiradas aceitarem essas mudanças. E sua mãe também. Sério, escutá-la se lamentando com as amigas é insuportável. “Meu filhinho era uma criança tão religiosa”, “Yuu costumava amar ir à igreja aos domingos”, “Esse menino só lê revista em quadrinhos, tenho saudades da época que ele lia todo dia umas dez páginas da bíblia”. Ela está muito enganada se acha que quando pirralho, ele tinha alguma ligação com Deus. Convenhamos, ele nunca foi apegado à religião. Escutar os sermões, ler a bíblia, orar antes de dormir, orar antes de jantar, ter que acordar cedo no domingo para ir à igreja, mesmo quando criança, isso soava como tortura. Aliás, só de pensar nisso já lhe causa tontura.

É engraçado observar que nas conversas com as amigas, sua mãe costuma esquecer de mencionar que ler dez páginas da bíblia era pré-requisito para assistir desenhos animados, que ele prometia se comportar durante a missa para ganhar sorvete e/ou algodão-doce, que fazer catecismo não foi uma escolha dele, sabe, esses pormenores insignificantes que são facilmente esquecíveis! Mesmo para uma mulher tão detalhista quanto sua mãe, talvez fosse a idade pregando peças em sua memória. Felizmente, para ambos, Yuuichirou faz questão de lembrá-la toda vez. Geralmente, em resposta aos encantadores lembretes, sua mãe dá um sorriso amarelo, murmura algo sobre “estar lidando com a pior fase da adolescência” e espera as visitas irem embora para soltar os cachorros em cima do filho.

Existem diversas maneiras de se iniciar uma discussão na casa dos Amane, uma das mais eficazes é se recusar a seguir os hábitos quase medievais da dona da casa. Hoje, por exemplo, Yuuichirou “desrespeitou” os hábitos religiosos da família ao dizer que não iria orar antes de jantar, sua mãe reclamou, ele rebateu que não era obrigado, ela usou sua melhor frase de efeito (uma arma pouco eficaz do arsenal emocional/psicológico/físico que toda mãe tem para controlar os filhos) “você vai ter que me obedecer enquanto viver sob esse teto” que não surtiu efeito nenhum, pelo contrário, serviu apenas como um ENORME incentivo para Yuuichirou continuar as buscas desesperadas por um emprego e um novo local para morar, e por ser pirracento, óbvio que ele fez questão de verbalizar seus pensamentos para enfurecer sua mãe. E isso deu MUITO certo, diga-se de passagem. Se existe uma coisa que faz com ela perca a paciência facilmente é tocar no assunto “eu vou sair dessa casa e você não vai me impedir!”. Daí, tudo começou a desandar.

Sua mãe estava fervendo de raiva por dentro, Yuuichirou podia sentir a hostilidade irradiando dela apesar da expressão vazia. Contou até cinco, sabendo que neste estado, ela era uma verdadeira bomba-relógio. Tic. Tac. Tic. Tac. Tic. Tac. Porém, ao invés de gritar, ela preferiu encará-lo com aquele olhar você-vai-se-arrepender-amargamente-de-ter-mexido-comigo-seu-pirralho-maldito! e o pior de tudo é que este olhar mortal é a única arma do arsenal que têm efeito contra ele (não que alguém precisasse saber disso). Sua mãe ficou olhando para ele por alguns segundos, talvez ponderando entre jogar uma bíblia em sua cabeça ou uma cadeira, antes de voltar a comer, mastigando devagar. Em todos esses anos, Yuu jamais viu sua mãe se calar diante de uma afronta. Ambos eram irritadiços e linguarudos, não costumam levar desaforo pra casa, impulsivos então, nem se fala, é muito estranho ver sua original (já que ele é a cópia, duuuh) fugindo dos padrões. Bem, talvez ela tenha caído em si e desistido de tentar transformá-lo em “um servo de Deus”. Suspirou, decidido a terminar de jantar o mais rápido possível para ir chocar uns ovos. Ele tinha três ovos de 2km, um de 5km e um de 10km para chocar.

— Se você pensa que isso vai ficar por isso mesmo, você está muito enganado! — Ah, ótimo, começou a merda do blá-blá-blá de novo! E ele pensando que seria diferente pela primeira vez na vida! Tava muito bom pra ser verdade, não é? — Você está passando dos limites, garoto, daqui a pouco estará planejando sacrificar a mim e a seu pai em um ritual satânico junto com aquele seu amigo delinquente de cabelo rosa! Só pode ser viado, aquele menino! Onde já se viu, cabelo rosa! Cabelo rosa num menino! E foi depois dele que você começou a ter essa atitude rebelde! Aquele menino é uma má influência! Cabelo rosa, cabelo rosa, tem que ser viado! — Pelos sagrados livros sobre alienígenas da Shinoa, sua mãe estava sendo mil vezes mais dramática do que o habitual! Essa bruxa velha com certeza teria um troço se soubesse que Kimizuki era mais heterossexual que ele! Ambos são bi, verdade seja dita, mas a parcela de mulheres com que Kimizuki havia ficado era maior do que a de Yuu, então... Ok, ok, deixa essa contagem para outro momento.

— Caramba, mãe, já deu dessa história por hoje! Por acaso na constituição deste país está escrito que é obrigatório orar antes de comer? Tá? Tá? Não tá! Então me deixa! Caralho, que coisa chata! — Não que ele obedeça a constituição à risca, mas seus pais também não obedecem a bíblia à risca, usando-a somente quando é conveniente, parece justo usar argumento infundado contra argumento infundado. No fundo, no fundo, ele sabia que não deveria estar rebatendo, contudo, seu autocontrole nunca foi dos melhores, fazer o quê? Yuuichirou tem um péssimo temperamento, por exemplo, ele não consegue conter suas reações de deboche quando escuta sua mãe falar besteira. Tipo, sério, eles já não tem uma boa relação, daí ela vem com essa história de xingar seus amigos? Olha, é forçar muito a barra, puta que pariu! — Além disso, a senhora tem que parar com esses estereótipos estúpidos! E Satanás nem existe, então desencana dessa ideia de sacrifício, tá bom? E mesmo se ele existisse, acho que ele iria querer sacrifícios melhores do que a senhora! Pode ficar tranquila, tá? Sei que é difícil compreender só que não querer ir à igreja não significa necessariamente que eu vendi ou quero vender a alma pro diabo!

— Não fale assim comigo, garoto! E não fale de Satanás como se fosse um amiguinho seu! Eu não passei nove meses parecendo uma bola de basquete pra você querer dar uma de ateu! Dê um jeito nessa sua língua afiada antes que eu arranque-a da sua boca!

— Bem, eu não andei 5km para chocar um ovo e ganhar uma eevee, mas aconteceu e só me resta aceitar. — Yuuichirou deu de ombros, suspirando resignado. Eeevee tem três evoluções, não é? Apesar de ter sido trolado, honraria seu time e seguiria os instintos, confiando na capacidade de seu pokémon. Tudo que ele necessitava era de um pouco de paciência, alguns candys e voilà, SeraphKing teria um mais um vaporeon! Ou um jolteon, pra ficar amarelo com amarelo! Nossa, como ele queria um jolteon! Hmm, até mesmo um flareon seria legal, apesar de já ter uns seis. — Decepções ocorrem o tempo todo, lide com elas, mamãe. Agora, se me der licença, eu vou -...

— Terminar de jantar, tomar um banho e se vestir para me acompanhar.

— Hein? E a senhora vai pra onde?


— Ministrar a reunião do grupo de jovens da igreja, é o que eu faço toda quinta-feira. Se você prestasse mais atenção ao seu redor em vez de perder tempo perambulando por aí com aquele seu amiguinho delinquente talvez você soubesse disso!

— Grupo de jovens? Tá de sacanagem, né? A senhora enlouqueceu de vez? Não vou, não vou, não vou, não vou, não vo-... — Suas reclamações foram cortadas por um calafrio que atravessou toda a sua coluna vertebral. Se possível, a atmosfera do ambiente ficou ainda mais tensa e fria do que antes graças ao olhar gelado de sua mãe. O adolescente engoliu em seco, agarrando a borda da mesa. Não que estivesse com medo, longe disso. Amane Yuuichirou? Com medo? Pffff, é só que, oh-oh, isso cheira a problemas! Discretamente, Yuu olhou para seu pai, encontrando o homem mais velho jogando angry birds, seu mais novo vício, ignorando (pra variar) a troca de farpas. Ele já havia deixado bem claro anos atrás que, na visão dele, todo aquele circo (e com circo, se referia ao constante bate-boca) era desnecessário, afinal, somente um milagre faria sua esposa conseguir mudar a mente rebelde do filho. O mais velho da família Amane aprendeu há muito tempo a não se meter no fogo cruzado dos dois, adotando a filosofia do “se não for comigo, eu não me importo”, aliás, mesmo quando forçado a tomar parte de algum dos lados na “guerra”, costuma se abster usando a velha tática do “eu estou saturado de trabalho, resolvam isso entre vocês”. Raramente intercede a favor de alguém e só o faz quando julga que um dos dois envolvidos tem um mínimo de razão na situação. Confiando na ideia de que seu pai o defenderia se recorresse a ele, afinal recusar orar antes do jantar não era uma malcriação tão malcriada (?) para ter como punição passar uma hora e meia cercado de adolescentes caretas. Yuu usou sua melhor e mais carinhosa versão da palavra pai (sem soar muito gay) para expressar seu desejo por ajuda. — Ô, paaaaaaaai!

— Nada de ô, paaaaai pra cima de mim, Yuuichirou! — O homem sequer teve a decência de olhar para o filho. O adolescente se sentiu particularmente ofendido por isso, se você vai ferrar com a vida de alguém, ao menos tenha a cara de pau de olhar pra ela antes! — Você foi muito desrespeitoso hoje, passou dos limites! Então pare de fazer birra que você não tem mais cinco anos e obedeça sua mãe! Se ela quer que você a acompanhe, você vai acompanhar! E se você disser que não vai de novo, eu tomo seu celular e seu notebook! Por uma semana!

— Mas...

— Já basta, Yuuichirou, você vai e pronto! Deixe de agir como uma criança mimada!

— Mas, pai, eu não quero ir!

— Mas vai e vai agora! — Sem sinal de qualquer intervenção positiva da parte de seu pai, ele sabia que estava ferrado. Empurrou o prato para frente, levantou-se da cadeira, empurrando-a para trás com tanta violência que ela quase caiu, e subiu as escadas praguejando alto para que soubessem o quanto ele estava puto. Escutou sua mãe zombar dele, preferiu ignorar para não gerar mais uma confusão, estava cansado. Uma hora e meia cercado por idiotas fanáticos, caretas e que provavelmente o condenariam ao inferno mentalmente umas 50 vezes por segundo só pela sua aparência, dava dor de cabeça até de imaginar. Aff, cu.

—_____________________________________

 

A ida até a igreja foi longa e insuportável por falta de palavras melhores. A satisfação de sua mãe o atingia em ondas. Por que diabos ela estava tão feliz? Por acaso ela achava que o trazendo A FORÇA para esse maldito grupo de jovens, ele magicamente iria pensar “oh, aqui é TÃOOOOO maravilhoso, como eu não pude ver isso antes? Acho que vou me tornar padre! Mãe, me inscreve no seminário?” ou algo assim? Pffff, ridículo! Se ele pudesse voltar no tempo, teria ficado calado. Estava de mau-humor, contou o que havia acontecido para Kimizuki, que como era de se esperar, não deu nenhum conselho que prestasse e ainda teve a ousadia de dizer que tinha avisado, aquele filho da puta! Estava tão zangado que nem mesmo os dois kabutos (raros na região) que ele capturou no caminho foram suficientes para melhorar seu humor.

— Guarde logo esse celular, Yuu, por acaso você quer ser assaltado? Já é a centésima vez que eu mando e você finge que não escuta! Se roubarem seu celular, não vou te dar outro! — Quase mordendo a língua para não manda-la procurar as botas de Judas lá casa do ... Do homenzinho torto daquela música cristã, o adolescente enfiou o celular no bolso. Se não fosse pelo fato da bateria do celular já está em 60%, ele não teria obedecido. Além disso, no radar só estavam aparecendo pidgeys, zubats e nidorans, não valia a pena ficar gastando pacote de internet e bateria para capturá-los. Tch, embora andar ao lado da traça de bíblia que se diz sua mãe fosse chato pra caralho, o caminho rendera uma boa quilometragem, suficiente para chocar seus três ovos de 2km, mais da metade do de 5km e um pouquinho dos de 10km.

— Ei, mãe, por que vir a pé?

— Sempre venho a pé. Sabe, Yuu, se você ficasse mais em casa em vez de sair sem rumo por aí com aquele seu amiguinho quase todo di -...

— Pra caçar pokémon, talvez você soubesse que eu sempre venho a pé. — Por puro hábito, usou um tom sarcástico para completar um dos bordões favoritos de sua mãe. Sabia que deveria ter ficado calado, só que às vezes sua língua age mais rápido do que seu cérebro. Sua mãe parou de andar, virando-se para ele com uma expressão irritada. A mulher cruzou os braços, pronta para repetir outro daqueles irritantes discursos padrões. Yuu revirou os olhos, pronto para escutar várias bobagens. Surpreendentemente, ela suspirou, desistindo da ideia sem mais nem menos, e voltou a andar sem repreendê-lo. Mano, mas que porra...? O que deu nela hoje? Ela nunca foi assim, provavelmente deve estar ponderando se vale a pena jogar uma bíblia na minha cabeça. Hm, não, não, ela deve estar escolhendo entre uma bíblia e uma cadeira, tentando imaginar o que faz um estrago maior. Urght, quer saber, foda-se! — Tch, vamos andar mais rápido que quanto mais cedo a senhora chegar pra ministrar a merda dessa reunião, mais cedo vamos voltar pra casa!

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Yuuichirou ficou surpreso ao dar de cara com tantos adolescentes, alguns até pareciam ter a mesma idade que ele. Haviam, pelo menos, umas vinte e tantas pessoas ali. Ele esperava uns seis ou sete gatos pingados, mas a julgar pela quantidade de cadeiras, ele errou feio no palpite. Bufou, jogando-se em uma cadeira no fundão. Sua mãe podia até tê-lo forçado a acompanha-la, mas não falou nada sobre prestar atenção no que seria dito. Cantarolando o tema de abertura de um anime antigo que assistiu a pouco tempo, puxou o celular do bolso, dando de cara com algo terrível em seu aplicativo favorito.

— Um ginário do time Mystic? Tá de brincadeira, né? Sério? Sério mesmo? Eu andei tudo isso pra me deparar com um ginásio nível sete do time Mystic? — A igreja em si não era o ginásio, o ginásio é o monumento que fica na praça ao lado, e que por sorte, se ficasse sentado onde estava dava pra alcançar tanto a pokéstop, que é a igreja, como o ginásio. — Parece que eu vou me divertir bastante durante essa reunião.  — Já estava escolhendo os pokémons que usaria quando escutou alguém ofegar. Virou-se em direção ao som, encontrando um garoto de cabelos loiros sentado ao seu lado. Puta que pariu, que menino lindo! Cacete, quando foi que ele...? Porra, como eu não notei a presença desse menino antes? Mano do céu, eu sou muito tapado! Calma, respira, 1, 2, 1, 2! Isso mesmo, calminha Yuu, respira devagarinho, não dá bandeira, pelo amor dos deuses! — Tem... Tem alguma coisa errada? — Os olhos azuis do desconhecido estavam grudados na tela do celular como se não conseguisse acreditar no que estava vendo. — Ei, cara, aconteceu alguma coisa?

— Tem um dragonite aqui! — O loiro respondeu no automático, ou simplesmente estava falando sozinho, já que não pareceu registrar que alguém tentou interagir com ele. Não que Yuuichirou tenha se importado com isso, ele estava em choque. O adolescente de olhos verdes sentiu seu coração parar por um instante. Era um sonho, né? Abandonou a luta no ginásio sem pensar duas vezes, quem diabos se importava com batalhas quando se tinha um dragonite bem à sua frente? Assim que aquela coisa enorme e laranja apareceu, Yuu quase grita em êxtase. Ele estava desejando um dragonite há séculos!

— Puta merda, realmente tem um... Porra, logo aqui! Oh, meu santo ... — E continuou a balbuciar enquanto gastava todas as suas ultraballs. Quem imaginaria que esse dragão gorducho era tão difícil de capturar? Discretamente, muito discretamente, olhou para o pretty boy ao seu lado. Hmmm, parece que ele também está com dificuldades para captu-... — Puta que me pariu, consegui! — Novamente, reprimiu um grito de êxtase, fazendo com que sua voz saísse de todas as formas, menos masculina. Ficou um tempinho encarando sua recente captura. Meu dia de sorte, certeza, dois kabutos, um dragonite, mano, se eu achar uma Jinx hoje, eu jogo na loteria!

— Também. — Murmurou o outro adolescente. — O meu tem quase 1700 de CP e um IV mais ou menos e o seu?

— Hum? Aaaah, o meu tem quase 1700 de CP também, mas não vi o IV ainda,  por que tava curtindo ver meu primeiro dragonite ser registrado na pokedex.

— É o meu primeiro também. — Ele tá sorrindo pra mim? PRA MIM? Aff, se eu não tivesse conhecido esse garoto aqui, eu daria em cima dele! Por que eu tinha que encontrar com ele logo aqui onde as chances dele ser hetero são de 100%?! Se fosse um barzinho qualquer, talvez eu até tivesse uma chance! Kimizuki vai me zoar tanto quando eu disser que arranjei um crush beato. — Meu nome é Mikaela, meu time é o Mystic, e o seu?

— Yuu. — Pausa. — Pera, você perguntou meu nome ou o time? Meu nome é Yuuichirou, pode me chamar de Yuu, e meu time é o Instinct.

— Perguntei os dois, relaxa. — Riu. — Ah, ei, gostei da blusa, onde você comprou? Quando eu te vi com ela, fiquei surpreso, afinal pensei que só eu conhecia esse anime. — Ei, Mikaela, já que estamos na igreja, você aceita casar comigo?

— Nossa, então eu não fui o único que achou que esse anime era desconhecido por ser da época dos dinossauros! E sobre a blusa, comprei no evento de animes e mangás que teve em abril. — Lembra da história da língua ser mais rápida que o cérebro? Então, aconteceu de novo. Yuuichirou soube que iria ser zoado pelo resto da vida tão logo as palavras saíram de sua boca. — Pode parecer uma pergunta ridícula, mas você vem sempre aqui?

Esse ginásio é meu!
Prompt: “Pokémon Go” – UA

Naquela noite, Yuu não conseguiu sua preciosa Jinx, portanto, não jogou na loteria, mas em compensação, ele conseguiu o número do garoto bonitinho que fez com que ele gastasse todo o seu arsenal de cantadas bostas, digo, boas. Nem é preciso dizer que isso equivaleu a sensação de capturar umas dez Jinx seguidas. E correção, pro escambau com bonitinho! Bonitinho é um garoto feio que se vestiu mais ou menos, filosofia da vovó. Mikaela é a personificação da beleza, bonitinho é uma ofensa terrível. Toda vez que o moreno olha para a foto do outro garoto, ele se pergunta como diabos é possível existir alguém tão bonito!

A medalha de ouro para melhor situação da noite foi entregue para a quase cena de novela que foi tentar convencer sua mãe que ele NÃO estava radiante por causa da palavra de Deus em seu coração. Sua mãe se surpreendeu com seu bom humor, e doida do jeito que é, assumiu ERRONEAMENTE que toda aquela felicidade tinha algo a ver com o que foi dito na reunião do grupo de jovens. Tá, claro, como se ele tivesse prestado atenção em outra coisa que não fosse a boca d-... Esquece.  Enfim, até que aquela noite não foi tão ruim. E nem o dia seguinte, já que ele saiu com Kimizuki e, contrariando as expectativas, o cara de cabelos rosas não debochou dele quando contou do novo crush.

Quase três semanas depois de conversarem todo dia, o dia todo, Yuu tomou vergonha na cara e convidou Mikaela para sair. Ou melhor, para caçar pokémon. Se bem que para caçar pokémon, era necessário sair... Bem, tanto faz! Para a alegria do clubinho dos YuuMika shippers (que consiste em três componentes, ele, por motivos pessoais, Ferid, que é amigo de Guren e primo de Mikaela, e Shinoa, a idiota), Mikaela aceitou o convite sem pensar duas vezes. Animados, planejaram como seria o encontr-... Caçada. É, é, caçada. Não é um encontro, é uma caçada. Eles iriam andar pela cidade, chocar alguns ovos, derrubar ginásios, talvez usassem lures, e quando desse fome, iriam tomar um milk-shake ou comer um hambúrguer e, nossa, quem sabe o que aconteceria depois, né? 

—_____________________________________

— A cidade é do time Mystic! — Declarou o adolescente de olhos azuis com um sorriso arrogante. — Esse é o quarto ginásio que eu tomo do seu time. 

— Isso não vai ficar assim! — Yuu rosnou. — Esse ginásio vai ser meu nem que eu passe a tarde toda aqui! Aaah, maldita hora que eu fui convidar alguém do time Mystic para sair! Que droga, Mikaela, quanto de stamina tem essa Chansey?

— Você me chamou pra sair, Yuu? Nossa, eu jurava que era pra caçar pokémons, se eu soubesse que era um encontro, teria vindo mais arrumado.

— ‘Cê tá lindo assim, Mika, agora cala a boca que eu tô tentando derrubar esse gin-... — Arregalou os olhos. — Eeeer...

— Você está tão vermelho agora, Yuu, por acaso vai mudar de time?

 

Por acaso seu pai é padeiro?
Prompt: “Cantadas Ruins” – UA

A melhor coisa de namorar alguém com um senso de humor tão terrível quanto o seu é que a escrotisse é quase a mesma. Jogado na cama, morrendo de tédio, o que é um estado de espirito bem normal para um domingo, Yuu decidiu encher o saco de alguém. É como dizem, mente vazia, oficina do diabo. Desconectou o celular do carregador, ignorando as notificações dos aplicativos. Olhando a lista de contatos, viu que Mikaela estava online.


— Aaaaah, mas ele não deveria está dando aula para as crianças da igreja? — Já haviam conversado sobre isso, enquanto o loiro estivesse em suas atividades religiosas, Yuu não deveria dar as caras. — Bem, se ele está online é por que não está lecionando. Prontíssimo, achei minha vítima.


De: Yuuichirou   Para: Mika

Assunto: Gato, eu não sou a baleia do conto de Jonas, mas se você quiser, eu engulo ~

De: Mika    Para: Yuuichirou

Assunto: Que bosta, Yuu! Você não tem nada melhor pra fazer não? Vai dormir, vai jogar algum daqueles seus jogos que só servem pra ocupar espaço no seu HD, vai perturbar outra pessoa, sei lá. Vai assistir aquele documentário sobre aliens que você baixou ontem.

De: Yuuichirou   Para: Mika

Assunto: Gato, busquei no universo a existência de vida alienígena, mas acabei percebendo que a única vida que me interessa é a sua. ~

 

De: Mika    Para: Yuuichirou

Assunto: Outra cantada terrível, SOS. Deixa eu te mostrar como é que se faz! Gato, seu pai é o diabo? Por que você é quente como o inferno.

De: Yuuichirou   Para: Mika

Assunto: Depois eu tenho as cantadas terríveis, né? Que porra foi essa, Mika? Tô rindo alto pra caralho aqui! Você já conquistou alguém da igreja usando essa aí?

De: Mika    Para: Yuuichirou

Assunto: Gato, minha playlist é enorme, mas o que eu mais gosto de ouvir é o som da tua risada.

De: Yuuichirou   Para: Mika

Assunto:  ... Você venceu.

 

Fim.


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Notas finais do capítulo

E foi isso ♥



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