YuuMika – Drabbles e Oneshots escrita por Sarahsensei


Capítulo 6
Parte V


Notas iniciais do capítulo

Sei que prometi coisas darks e os prompts eram darks, mas não consegui escrever dark... Olha, não faço ideia, sério. EU SOU ACOSTUMADA A ESCREVER COISAS DARKS, CARA! Desculpem a enorme demora (eu estava atualizando por semana, pelo amor dos OTPs que nunca serão canon), mas, infelizmente, o estágio, a escola, os vestibulares, os concursos e os problemas pessoais, não só me arrancaram da internet, como me deixaram sem tempo para escrever. Espero que gostem do que consegui "rascunhar".



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17. Dia de folga
Prompt: Yuuichirou e Mikaela em um ambiente pós-guerra – Semi-UA


A poeira baixou aos poucos. Corpos mutilados jaziam no chão formando um tapete xadrez mórbido, branco dos vampiros, preto dos humanos. Alguém gritou seu nome à distância. Caiu de joelhos na terra embebida em sangue. A guerra finalmente acabou. Os sanguessugas que haviam invadido o Japão foram derrotados. As profecias cumpriram-se de uma forma ou de outra. A dor possuía cada célula de seu ser.

Ao longe, Hiiragi Kureto, tomado pela loucura, comemorava a morte da rainha dos vampiros, tendo em mãos sua cabeça; Guren estava longe de ser visto, assim como Shinya, o agente duplo; O esquadrão de Shinoa, sua nova família, também não estava por perto, mas ele não se importou, conhecia-os suficiente para saber que estavam bem e Mikaela...

Sua visão escureceu, sentia a consciência escorrer para fora de si. Tombou para frente, no entanto, em vez de encontrar o solo, seu corpo repousou em algo macio que cheirava a casa.

Quatro anos depois

— Tenente-Coronel Amane! Tenente-Coronel Amane! — Que tipo de estraga-prazeres bate tão cedo na porta de alguém que quer curtir seu dia de folga dormindo até tarde?, resmungou mentalmente, fala sério, não vou sair dessa cama de jeito nenhum! Decidido a ignorar o chamado, enrolou-se no edredom, enfiando o rosto no travesseiro. Ao seu lado, ouviu um leve farfalhar de lençóis seguido por um gemido baixo de descontentamento. Uma mão encontrou a sua por debaixo dos panos, entrelaçou seus dedos com os da outra pessoa.

— Bom dia, Yuu-chan! — A voz grogue de seu parceiro o cumprimentou exalando preguiça. Ele respondeu com um “hummmm” sem desenterrar o rosto do travesseiro. É muito cedo para se ter um bom dia, concluiu, sentindo o sono rastejar de volta a suas pálpebras, lacrando-as com o peso da procrastinação, o meu “bom” só vem depois do meio-dia nas minhas folgas.

Hyak– ... Shindou Mikaela não ficou satisfeito com a resposta monossilábica do namorado, rolando para cima dele, roçando as presas pontudas no ombro do moreno antes de mordê-lo. Yuu grunhiu baixo com a dor da picada apesar do costume. As batidas em sua porta continuaram. Puta merda, que pessoa persistente! O mundo ‘tava acabando (de novo) por acaso?

— Acorde, Yuu-chan, aparentemente você tem trabalho ~ — O loiro sussurrou em seu ouvido. — E parece importante ~

— Estou de folga! Deixa esse infeliz desgastar a garganta me chamando! — Resmungou. — Tô nem aí.

— Você reclama da preguiça do seu pai, mas é igual a ele. — A declaração serviu para despertar Amane. Levantou-se, sentando na cama, afastando o vampiro no processo.

— EU NÃO SOU PARECIDO COM O GUREN! E EU NÃO SOU FILHO DELE! EU NÃO O CONSIDERO NEM COMO AMIGO, AQUELE FILHO DA PUTA! — Mikaela revirou os olhos, bufando. Você presenteou o Guren no dia dos pais, Yuu-chan, queria esfregar na cara do outro, tentar fingir que nunca aconteceu não apaga o acontecimento. O homem de olhos verde-esmeralda abriu a boca para reclamar sobre a zombaria silenciosa do outro, mas foi interrompido por batidas fortes na porta e uma voz mais grossa do que a anterior. — Puta merda, não vou atender a porta!

— Eu faço isso por você, então. — O ex-humano levantou-se da cama, deixando a luz da manhã banhar seu corpo nu cheio de chupões e marcas de mordida. O Tenente-Coronel do Exército Imperial Japonês corou, ele não se dera conta do quão ficara empolgado na noite passada. Percebendo a vergonha do companheiro, o adolescente de orbes escarlates* encarou-o por cima do ombro, sorrindo maliciosamente. — Vendo alguma coisa que gosta, Yuu-chan? Seu rosto está tão... vermelho.

— Você não vai atender a porta assim, vai? — Foi a vez de Shindou corar. Abaixou-se, recolhendo a camisa social branca do humano.

— Ó-Óbvio que não! — Vestiu a camisa, abotoando-a rapidamente. Yuu observou-o com um sorriso pertinente no rosto, deliciando-se com cada marca na carne branca (diferente dele, que estava ficando cada vez mais bronzeado, Mika, não importando a quantidade de exposição ao sol, nunca mudava de tom de pele). Tudo era tão caseiro, doce até, que quase parecia um sonho... Mas não era. A gargantilha encantada no pescoço do melhor amigo provava isso.

(O pau no) Kureto pediu” ao loiro que usasse-a “como medida de precaução”. Utilizando-se da mesma natureza das armas encantadas – menos mortais do que as amaldiçoadas – as gargantilhas mantinham parte da força dos vampiros (em torno de 70%) contida, deixando-os ao mesmo nível dos seres humanos. O condecorado herói de guerra achou ridículo a exigência (por que foi uma exigência), o vampiro já havia provado mil e quinhentas vezes que estava do lado do amigo de infância, então não existia necessidade de porcaria de medida de precaução nenhuma!


Porém, o Hiiragi foi inflexível em sua decisão. Inflexível em sua decisão e filho da puta. O nojento não explicou que era impossível tirar a gargantilha uma vez que ela fosse colocada no pescoço de um vampiro. Na verdade, ele explicou... Ele explicou depois de colocá-la no jovem de cabelos dourados. E ainda “cedeu” outras “maravilhosas” informações, por exemplo, se alguém tentasse tirar o dispositivo de Mikaela, ele morreria; aquela merda era um dispositivo de rastreamento e monitoramento; se Mikaela ficasse violento contra um humano, sofreria uma dor terrível, entre outras coisas que só poderiam ter sido imaginadas por aquele doente.

Balançou a cabeça para afastar as lembranças azedas, já bastavam os desgraçados que vieram encher seu saco no seu dia de folga, não precisava daquele demônio encarnado em ser humano também. Falando nisso... Seu namorado fora atender a porta e até agora não voltara. Será que aquelas pessoas desconhecidas atacaram o adolescente? Levantou-se da cama em um pulo, ia checar. Não dando a mínima para roupas, enrolou-se no lençol e correu para a sala de estar.


— Bom dia, Yuu-ku-...! — Yoichi arregalou os olhos, corando até os fios de cabelo. O jovem de cabelos castanhos continuava (na superfície) o mesmo de sempre. Seu acompanhante, um homem alto de cabelos cor-de-rosa rosnou.

— Vista uma roupa, seu imbecil! — Kimizuki cruzou os braços, olhando-o com desprezo. — Ninguém é obrigado a te ver pelado de manhã tão cedo! Já não basta o vampirinho aí indo atender a porta ... Desse jeito aí que ele tá. Tsk, vocês perderam a vergonha na cara ou algo assim? — O vampiro citado sorriu inocentemente como se não visse nada de errado em andar por aí coberto de sinais que gritavam sexo selvagem. Que evolução! Quatro anos e uma guerra mudavam uma pessoa da ponta do pé a raiz do cabelo. O Tenente-Coronel soltou um “humph” sarcástico.

—Nossa, você tem um puta moral pra falar vergonha na cara, hein?! Hoje é meu dia de folga, que ‘cês tão fazendo aqui? Não é falta de vergonha na cara vir perturbar seu superior justo no único dia que ele pode descansar?

— Babaquinha Júnior, você ‘tá falando como seu pai! Primeiro de tudo, lembr-...

— Guren não é meu pai! E nem quero que seja! Por que todo mundo parece pensar que aquele maldito e eu temos esse tipo de relação?

— Yuu-kun, você sempre presenteia o Guren-san no dia dos pais. E ele sempre te dá presente no dia das crianças. Apesar de você já ser adulto. Acho que ele faz por zombaria. — Mikaela engasgou com uma risada. Satoch-... Saotome não só expressara em alto e bom som seus pensamentos de mais cedo, como, também, acrescentou algo que havia esquecido. — No entanto, nós não viemos aqui para discutir sobre parentalidade.

— Não, vocês vieram aqui para encher meu saco.

— Não, Yuu-kun, não viemos encher o saco de ninguém. Na verdade, viemos aqui te lembrar de algumas coisas que podem te fazer evitar uma dor de cabeça no futuro.

— Tipo...?

— Me deixe refrescar a memória do irritadinho, Yoichi. Primeiro de tudo, nada de falar “tipo” neste tom de zombaria, se estamos aqui às oito horas da manhã em pleno domingo é por que o assunto do qual trataremos é importante pra caralho, entendeu? Segundo, vamos direto ao nosso assunto importante, detesto ficar enrolando. Hoje é o dia em que Shinoa vai pedir a mão da Mitsuba em casamento.

— Puta. Merda. — O moreno arregalou os olhos. — Puta. Merda.

— Isso mesmo, Yuu-chan, puta merda. — O loiro coçou o colar. Porcariazinha irritante. — Eu também não lembrava.

— Arrumem-se rápido, temos pouco tempo para deixar tudo pronto como o planejado. — Yoichi apressou-os com um gesto. — Shinoa ficará uma fera se estragarmos esse momento.

18. ...
Prompt: Para sustentar a família, Mikaela vende seu corpo e Yuuichirou rouba comida/dinheiro. – UA


Quente.

Estava quente.

Estava extremamente quente.

Estava extremamente quente naquela noite.

O verão é uma boa temporada para “os negócios”, segundo Ferid, e ele não pode ou consegue discordar disso. Turistas de vários países enchem o clube, deixando-o ao ponto de parecer um formigueiro. Um verdadeiro congresso da ONU, porém, formado apenas por pessoas inconsequentes, que buscam sanar a carência em uma rede de prostituição. Não, talvez seja poético demais expressar-se assim, afinal, os turistas só procuram o local por um único e exclusivo motivo: livrar-se da frustração sexual usando menores de idade.

Ah, o turismo sexual é tão... lucrativo.

Óbvio que existem outros lugares que oferecem os mesmos serviços, possibilidades e preços (até mais baixos), entretanto, Sanguinem* é ponto de referência no submundo. Não é um puteiro qualquer com mercadorias quaisquer administradas por um chefe qualquer. Krul Tepes* possui um humor sanguinário, um sobrenome medonho e uma natureza sádica. Sua aparência é tão enganosa quanto o sorriso do homem de cabelos prateados que ela tanto detesta, mas que ainda não conseguiu livrar-se. O lugar projetado por ela é incrível, as mercadorias são bem cuidadas, postas em um regime rigoroso, tudo perfeito, administração impecável.

Apelidada de rainha, a mulher de cabelos róseos alcançou o topo derrubando os concorrentes e os fazendo de degraus.

— Mikaela? Mikaela, você já vai? — A voz de Akane o despertou dos devaneios. Olhou-se no espelho uma última vez, ajeitou a roupa (provocante, curta), subiu os zíperes das botas cano-longo, bagunçou de leve os cabelos e levantou-se da cadeira. É hora de trabalhar, não de ficar narrando mentalmente o histórico daquele bordel maldito, reprendeu-se, é hora de trabalhar! Evitou o olhar da garota, a vergonha não o permitia encarar aqueles orbes castanhos cheios de preocupação. A menina afastou-se, deixando-o passar pela porta. — A-até logo, Mika. Cuide-se.

Mordeu o lábio para não responder. Ele não merecia tanto carinho.

XxXxXxX

É uma das épocas mais movimentadas do ano. O entra e sai de pedófilos em Sanguinem é torrencial. O forte cheiro de álcool empesta o ar, embriagando até os sóbrios; a música alta, agitada, causa dor de cabeça; há fumaça de cigarro em algum canto; os baristas correm de um lado para o outro do balcão atendendo pedidos; dois seguranças escoltam um homem para fora. O clube está entupido de gente. E ainda não são nem dez horas da noite.

Pessoas sociais como Lacus Welt, costumam “pegar” de quatro a cinco clientes em um único “turno” no meio da movimentação (bom, dependendo dos serviços prestados, claro). E sociais, no dicionário não-oficial feito pelo loiro, significa “oferecidos”. Se bem que é aconselhável ser assim, ninguém vai tomar interesse se você agir como uma sombra, esgueirando-se na escuridão, tentando fundir-se com as paredes escuras.

Exceto na situação em que Sanguinem está agora.

(Na situação em que Sanguinem está agora, o importante é trepar, não importa com quem).

Hyakuya Mikaela gemeu baixo no ouvido de um homem, pelo menos, vinte anos mais velho, quando este agarrou suas coxas, abrindo-as, acariciando-as. Mesmo sendo nojento admitir, quanto mais jovem, mais clientela disposta a pagar pelos serviços. Apesar de ter quatorze anos, seu rosto aparenta 12, dando-lhe vantagem sobre alguns dos seus colegas. Tentou manter a mente longe enquanto fingia escutar as safadezas que o outro murmurava contra seu pescoço.

(Sua única obrigação ali era gemer e abrir as pernas. Ninguém disse nada sobre prestar atenção ou estar no plano terreno durante o processo. Mesmo o vago prazer não era suficiente para fazê-lo dar 100% de sua atenção àquilo).

XxXxXxX

Ele já deveria ter se acostumado a expor o corpo de maneira tão vulgar. Hmm, pensando bem, ele já estava acostumado a expor o corpo de maneira tão vulgar. Ele já deveria ter se acostumado aos olhares analíticos das pessoas. É, ele já deveria ter se acostumado aos olhares analíticos das pessoas, então, por que sentia o rosto em chamas sob o olhar de Yuuichirou?!

— Yuu-chan... — Você não deveria estar dormindo? O que você está fazendo acordado às quatro da manhã? Eu acordei você? Por que está todo machucado? Esses ferimentos são graves? Tantas perguntas a serem feitas, não sabia qual delas seria a primeira. Fechou a porta, escorando-se contra ela. — Bom dia...? — Cumprimentou de maneira hesitante, mantendo a vontade de fazer perguntas no fundo da garganta.

— Você chegou mais tarde do que o normal, ocorreu alguma coisa errada lá... lá naquele inferno?

— Não. — Mikaela não poderia negar que ficou feliz ao notar uma extrema preocupação na voz do moreno. — É verão... — Seu amigo não pareceu perceber a ligação entre a estação do ano e o horário. — Hoje... Hoje foi muito movimentado...

— Ah.

Silêncio.

Silêncio constrangedor.
Silêncio desconfortável.

— Como se machucou?

— Roubeiacarteiradeumpolicial. — O adolescente de olhos verde-esmeralda murmurou, fazendo careta. O loiro arqueou a sobrancelha.

— Você o quê?

— Roubei a carteira de um policial.

— Yuu-chan!

— Ei, não me olhe como se eu fosse um idiota! Só pra constar, ele ‘tava sem uniforme, ok?

— Ele te bateu?

— Não. Ele não conseguiu nem encostar um dedo em mim. Velho babaaaaca. ~ — O ladrão pôs as mãos na cintura, fazendo pose de triunfo. — Fiz ele correr uns três quarteirões. HAHAHAAHAHAHA.

— Então como você se machucou? Você ‘tá todo ralado!

— Tropeceieroleinumascaixasporaí.

— Hã?

— Tropecei numas caixas por aí. Não foi nada demais. ‘Tava muito escuro. Bom, o importante é que eu consegui dinheiro suficiente para essa semana! Nada de roubar os restos de comida do restaurante da esquina por sete dias!

— As crianças vão ficar felizes com essa notícia. — O garoto de olhos azuis sorriu. Ambos riram. O estômago do recém-chegado roncou. — Eeer...

— Eu trouxe um pouco de curry. Já deve ‘tá frio, maaaas, bom, nós nunca reclamamos do estado da comida, né?

Fim da Parte V


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Notas finais do capítulo

Vocabulário:

1. O sobrenome TEPES quer dizer "empalador(a)". Remota a época do Conde Vladimir, ou, para os íntimos, Conde Drácula. Para quem conhece a história, sabe como ele agia e o quão cruel era... O engraçado é que Krul Tepes, traduzindo literalmente, é algo como "Empalador(a) cruel". Bem bolado. OKEOKEOKEOE

2. Sanguinem é o nome da cidade subterrânea dos vampiros em Owari no Seraph.

Enjoy It



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