Vollfeit - Interativa escrita por N Spar


Capítulo 18
Capítulo 17: abertura de festival


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal (: Vocês verão um formato de episódio que não costumo usar, mas tudo bem. Espero que curtam esse pedacinho de festival. Boa leitura, c:



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— CAPÍTULO 17 –

Abertura de festival



— Não acredita em mim! – Carolina dizia impacientemente.

— Precisamos de todos os detalhes antes de fechar uma conclusão que pode ser precipitada, Lina – rebatia Dunno. – A flecha é nossa, não é?

— É claro que é. Eles devem ter pegado de algum caçador que encontraram!

— Existem quantos caçadores no reino todo? Talvez você só não os conheça – referia-se aos possíveis intrusos que a prima vira mais cedo.

— Mas eles falavam alto! Existem quantos caçadores no reino todo, no mundo todo, que falam alto?!

O rosto do garoto, de repente, mostrou surpresa.

— Na floresta, após baterem a palanca? – ergueu a sobrancelha direita. – Por que não me disse isso primeiro? – suspirou e, encarando a fita amarela da flecha que Lina trouxera, continuou. – Vamos voltar e contar a Hitch. É melhor deixar com os superiores – olhou para a dupla sentada na grama. – Emme e Gaut, escondam nossas palancas de hoje, voltarei daqui a pouco com Lina para ajudá-los.

Dito isso, guiou a garota para fora da floresta, em direção ao castelo de Diellor, contando com o olfato e audição de Oro para qualquer possível encontro com os intrusos. Próximo ao pátio de treinamento, viraram à direita, ganhando visão de uma construção de andar único acima de uma escada de madeira. Subiram-na e entraram num corredor repleto de portas, batendo em uma das últimas. Um homem alto, sem cabelos e carrancudo os atenderam. Era a figura que comandava a elite de caçadores do reino.

— Entrem e sejam rápidos – ordenou.

Contaram o ocorrido detalhadamente, esperando que Hitch soubesse o que fazer, e entregaram a flecha usada pelos caçadores.

— Esqueçam isso – disse após um tempo mirando o lenço amarelo, símbolo de Diellor, preso no objeto. – O reino não precisa de mais confusão, ouviram? – comentou rudemente.

Assentindo, assistiram o homem abandonar, com pressa, o cômodo. Após tempo suficiente para ele sumir da construção, fizeram o mesmo. Desceram as escadas e perceberam algo que não tinham visto antes devido a pressa: soldados, guardas e mensageiros iam e vinham do pátio energeticamente. Sem entender, ignoraram e, prestes a retornarem a floresta, pararam.

— Ele não está, Az – Dunno disse, referindo-se a Hitch, para o garoto que parava em sua frente, saindo da área de treinamento.

— Ah, voltaram agora também? – sorriu em cumprimento e apontou para uma sacola vazia em seu ombro. – Queria pedir minha dispensa do dia e aproveitar o festival – contou um tanto melancólico.

— Parece que ele saiu quase agora – Dunno sorriu, tentando consolá-lo. – E qual a causa dessa bagunça aqui?

— Bem, quando voltei mais cedo para entregar minha caça, perguntei ao Joore. Disse que uns moradores quiseram arrumar briga na rua e foram presos – deu de ombros e sorriu, divertindo-se.

— Entendo – balançou a cabeça e acenou, despedindo-se.

Enquanto caminhava, percebeu o olhar fixo de Lina no chão. Estava intrigada. Percebendo o primo, comentou:

— Bem estranho, não é? Não costumamos ver brigas, ainda mais na época do festival.

Dunno deu de ombros ligeiramente.

— Agora entendo o que Hitch estava falando sobre mais confusão.

(...)

 Era o primeiro dia de festival e a plateia era enorme. Luna percorria com os olhos a multidão que se criara para assistir as batalhas de abertura do Torneio de Verão. Junto a Asfield, esperava a vez de sua irmã lutar contra um homem mais velho e musculoso, conhecido por seus ataques desengonçados, mas demasiadamente pesados. Violet participaria somente da categoria espadachim, mas os irmãos costumavam assistir a todas sem exceção.

Após o discurso de abertura e os tambores ao fundo, Violet Volkov entrou na arena, circundada por arquibancadas de madeira, acompanhada por Art, seu adversário. Posicionou-se do outro lado, a cinco metros dele. Distante, viu-o se curvar em respeito e, em passos grandes, aproximar-se. Violet segurou sua espada na frente do tórax enquanto também começava a caminhar. O primeiro ataque veio de Art, em direção à cintura, fazendo-a dar uma cambalhota para a direita. As pessoas que assistiam gritavam animadas e algumas assobiavam, pedindo por ação. O homem tentava acertar sua oponente a cada quatro segundos, dando-lhe tempo suficiente para desviar. Após alguns ataques, quando a princesa parecia entediada e ciente de seu modo de ataque, Art alternou o mesmo, incluindo rasteiras e golpes mais ligeiros. Confusa, Violet se viu caindo na areia, que voou em seu rosto após um chute rápido do oponente.  Apesar de pouco, a quantidade de grãos dentro de seus olhos foi suficiente para irritá-la. Enquanto parte do público vaiava, Violet se colocou em pé. Sua espada fora parar a centímetros de si, mas longe o bastante para recolhê-la sem ser atingida pelo homem. Desarmada, esperou Art ir correndo em sua direção para terminar a luta. Para anular sua falta de força física para encará-lo naquela situação, jogou-se para baixo das pernas altas masculinas quando ele parou para atacar, passando pelo espaço livre entre as mesmas. Levantou-se com agilidade e chutou as dobras do joelho com força, fazendo-o perder o equilíbrio. Recuperou sua arma antes de Art se erguer e, com mira precisa, arremessou a espada pelas costas do homem. Tudo o que este sentiu foi a lâmina fria raspar sua orelha direita, parando no solo arenoso milésimos de segundos depois.

A multidão de espectadores gritou ainda mais, agora em meio a aplausos eufóricos. Luna e Asfield se levantaram após verem os dois oponentes se retirarem do campo e correram até as tendas dos participantes, onde sabiam que encontrariam a irmã.

— Uma batalha de espadachins onde apenas um realmente utiliza a espada – Asfield falou assim que viu Violet descansando dentro de uma tenda cor de vinho.

— Se eu tentasse usar a minha... – começou a resposta.

— Ah, não dê ouvidos a ele! – Luna disse, rindo. – Sabemos que aquele senhor quebraria sua espada em poucos golpes.

Violet sorriu, deixando o copo vazio, antes repleto de água, em um banco ao lado.

— Parabéns, irmã – Asfield disse gentilmente. – Está evoluindo rapidamente.

— Logo não terá mais ninguém para batalhar – Luna disse divertidamente.

— É isso que chamam de apoio moral? – disse chateada, mas logo sorriu. – E o que ainda fazem aqui? Acredito que a categoria livre já tenha se iniciado – gesticulou para fora, onde a multidão voltara a gritar com animação.

— Ah, droga! – a irmã do meio se apressou para fora, puxando o irmão consigo. – Até depois, Viol!

(...)

Belchior se aproximara da arena tentando encontrar um espaço livre para se sentar. Apesar de possuir um tamanho surpreendente, feito para acolher pessoas de ambos os reinos, o lugar parecia encolher a cada ano.

Finalmente achou uma vaga, posicionando-se para assistir a luta que se iniciara segundos atrás. Nos extremos da arena, duas mulheres se encaravam de longe. Uma delas usava um extenso manto laranja, enquanto a outra possuía um modelo parecido, diferenciando com uma cor escura e um símbolo de lua cheia bordado com linha prateada em suas costas. O manto de Ihene se agitou quando a primeira mulher correu até a outra, mantendo uma esfera feita de água acima de sua palma esquerda. O público logo caiu no riso quando diversos jatos do líquido passavam pela oponente, que não parecia o verdadeiro alvo. As risadas se fortaleceram quando esta revidou, lançando raios tortos com o aparente objetivo de acertar os golpes inimigos e, talvez, eletrocutar sua dona.

A batalha não se alongara muito. A participante de Diellor finalmente acertara alguns ataques na confusa adversária, que saíra com leves machucados. Belchior suspirou mentalmente e se levantou. As lutas da categoria livre não seriam as mesmas este ano, desanimando-o a ficar como espectador. Caminhou de volta até um ponto mais ao norte, onde Aldith cuidava de uma colorida banca repleta de doces. No percurso, notou uma quantidade incomum de guardas espalhados.

— Já voltou, garoto?! – disse, surpresa ao vê-lo.

Belchior deu de ombros e fitou um pedaço de pão de batata posto mais atrás da tábua usada como balcão.

— Nem ouse – advertiu-o, fazendo-o sorrir. – Ah, olá! – mudou sua postura quando um grupo de crianças se aproximou. Os olhos juvenis brilhavam ao analisar cada doce presente no balcão de madeira clara.

— Tia, tia! – um garotinho dizia feliz. – Pode me dar um desse? – apontava pra um prato com torta de uva.

O amontoado de crianças, desde pequenas até, aparentemente, maiores de dozes anos, formava um coro suplicando por açúcar. Aldith ria enquanto ela e Belchior tentavam entender cada pedido.

— Ah, vocês irão ver! – um rapaz de cabelos castanhos se aproximava, encarando as crianças que se viravam em sua direção. – Eu já não disse que vocês não devem sair pedindo sem mim?! Quem é que paga, hein? – chegando ao balcão, diminuiu o tom de sua voz. – Peço desculpas, senhora, não consigo controlá-los durante o festival – suspirou.

— São crianças, meu querido – Aldith riu. – Nós nunca conseguimos controlá-los.

— Está faltando um, mas ele é mais velho e já não está na idade de ligar para doces – contou um tanto desconfortável.

— Conheço uma garota de dezoito anos que não compreenderia isso – esboçou um sorriso. – Então, o que realmente devo embrulhar para esses pequenos?

Uma enxurrada de respostas aleatoriamente atiradas voltou a preencher o ar. O rapaz negava todos os pedidos, apontando para algumas tortas alternadas entre morango, uva e maçã.

— Ah, Sebastian! – choramingavam as crianças que sugeriram bolo de chocolate. – Você não sabe fazer bolo!

— Ei, ei! – rebatia enquanto oferecia o pagamento a Belchior. – Só não tenho tempo para treinar, ouviram?! Agora levem os pacotes, garotos – gesticulava em direção aos pacotes que Aldith ia empilhando. – Sem moleza!

No meio do barulho causado pelas crianças, Sebastian agradeceu e se retirou, liderando o grupo mirim. Aldith sorria.

— Mas quanta energia deles todos... Ah! – olhou para Belchior, lembrando-se de algo. – Não são eles daquele orfanato que Neri ajudou?

— Vendo agora, faz sentido – assentiu com a cabeça.

A mulher bufou. Mesmo sem aparecer por dias, Neri conseguia aparecer em suas vidas.

— Vá aproveitar o festival, garoto! – encarou-o. – Não conseguirá isso me ajudando.

— Você sabe... – respondeu, sentindo-se desconfortável com a conversa que, sabia, Aldith forçaria.

— O que, garoto?! – arqueou as sobrancelhas, fazendo-o suspirar cansado.

— Só vinha nos festivais porque me puxavam até aqui...

Aldith caiu na gargalhada.

— Eu pagaria para te ver falando isso na frente dela – provocou-o. – E por que está aqui agora?

— Apenas costume.

— Parece verdade – encarou-o com evidente satisfação.


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