Minhas malas já estavam arrumadas e eu sentia uma triste nostalgia, afinal New York era uma parte de mim desde que eu me conheço por gente, fui até meu armário que estava praticamente vazio, peguei meu short de corrida uma blusa de manga comprida, meu tênis, meu óculos e Ipod, fiz um rabo de cavalo e resolvi sair pra correr, afinal faltava algum tempo para a minha partida. eu olhei mais uma vez meu quarto, o que me acolheu em tantas noites de tristeza, passei a mão lentamente sob a colcha de minha sentindo a textura da seda sob minha pele, eu ia sentir muita falta de tudo isso.
Desci os três lances de escada indo para o luxuoso hall de nossa casa, vi as empregadas limpando alguma coisa, o jardineiro cuidando das rosas da mamãe, berta estressada com a cozinheira, fui em direção a porta até que alguém me interrompeu.
- Senhorita, precisará que eu a leve em algum lugar?
Eu olhei para Alfred, até dele e da sua voz assombrosa eu sentiria saudades.
- Não Alfred, vou correr e me despedir da minha cidade – sorri fracamente – Mas mesmo assim obrigado.
Ele assentiu e saiu, provavelmente já sabia da minha partida... Eu me perguntava se Berta sabia, se ela achava aquilo certo.
Caminhei em direção ao central park, hoje eu parecia estar mais fora da minha bolha do que o habitual, eu observava de perto as pessoas daqui, a cidade, as ruas, todas as lojas que eu sou acostumada a comprar, New York tinha tudo, absolutamente tudo que alguém precisa, aqui era a cidade que nunca dormia, a tão sonhada cidade de um sonho americano, aqui tudo era permitido não há nada que você não possa fazer.
Liguei meu Ipod em minha musica favorita. [n/a: a musica é Empire State of Mind - Jay-Z ft Alicia Keys]

In New York,
Em Nova York,
Concrete jungle where dreams are made of,
Selva de pedra onde são feitos os sonhos,
There's nothing you can’t do,
Não há nada que você não possa fazer,
Now you’re in New York,
Agora você está em Nova York,
These streets will make you feel brand new,
Essas ruas vão fazer você se sentir novo em folha,
The lights will inspire you,
Grandes luzes vão inspirar você,
Lets here it for New York, New York, New York.
Gritem Nova York, Nova York, Nova York.

Quanto mais eu ouvia a Alicia cantar o seu refrão, mas meus passoas aceleravam na pista de corrida, vi que a primavera estava chegando e as flores daqui já começavam a se abrir deixando a famosa Selva de pedra mais enfeitada, tantas pessoas corriam por aqui agora, todos pareciam mal notar a beleza em volta deles, a cidade mais bela do mundo, com os holofotes mais brilhantes e a noite mais agitada. New York não tem tempo ruim, ela não para. Eu ia sentir falta de cada pedaço disso aqui.
A princesinha de New York, foi como o reles jornal me intitulou. Eu amava cada parte desse gigantesco reino, dos prédios, até o ar daqui é diferente. Mas eu precisava mostrar para todos que eu não era apenas uma socialite desmiolada, que eu não era só pernas e sem cérebro, que eu podia passar de ano e cursar uma grande faculdade e ser alguém um dia.
Eu precisava de uma reviravolta daquelas em minha vida, mesmo amando as noitadas com as garotas, mesmo amando Nova York e todos seus atrativos, eu sabia que o melhor era ir pra lá até eu me recuperar. Eu não era tão burra assim, eu estava ciente dos erros que cometi, mas eu poderia mudar não poderia?
Meu celular tocou tirando-me dos meus devaneios, eu diminui meu ritmo para uma caminhada enquanto pegava o aparelho.
- Alô?
- Bella! – disse Rose desesperada – Como assim você vai se mudar? Meu deus! Isso é impossível! Como você pode deixar Nova York? Como você pode me deixar?
Ela começou a falar sem parar em um daqueles seus ataques histéricos, eu ia morrer de saudades dela e de Ângela, minhas duas melhores amigas.
- Rose, Rose! – eu gritei – Me ouve!
- Como você vai deixar eu e a Ang aqui? Hein? E por que vc só me mandou uma mensagem?
- É uma história grande! Você pode me encontrar na Starbucks aqui perto do Central Park?
- Claro!
- Vou estar ali e te conto tudo!
- Tudo bem, amo você BFF.
- Eu também.
Despedidas, Argh, eu não sou nem um pouco boa com elas. Eu não era de chorar, nunca fui. Eu era orgulhosa demais para isso, mas por dentro só eu sabia os horrores que eu sofria, já fui mandada para inúmeras psicólogas e todas falavam a mesma coisa, que eu construí esse muro em volta de mim, transparecendo uma garota forte, decidida e sedutora quando no fundo eu era como qualquer garota, indecisa, confusa e cheia de medos. É claro que depois de elas falarem isso eu sai do consultório completamente ofendida.
Mas no fundo eu sabia que tudo isso era verdade, mas o que eu realmente podia fazer? Desde cedo eu me virei sozinha, minha mãe estava sempre ocupada demais com algum desfile ou festa para dar atenção para mim e meu pai não era muito diferente, ambos traiam um ao outro. E sim, foi um choque para mim descobrir isso, só que o que eu posso fazer? Eu tive que amadurecer cedo demais, procurando consolo nas minhas intermináveis noitadas regadas a muito álcool e sexo.
Desse jeito eu venho levando minha vida até hoje, me importando somente comigo mesma e os outros que se fodam. Mas eu sentia que estava na hora de mudar. Eu iria usar essa ida para Port Angeles para estudar realmente e fazer meu pai engolir seu discurso e mais que isso, eu iria mostrar pra todas essas pessoas que acham que me conhecem, que eu podia ser muito mais que um rostinho bonito.
Estava quase saindo do Central Park quando eu vejo quatro paparazzis ali, puxei a toca de meu casaco e tentei não me estressar.
- O que você tem a declarar sobre ter sido considerada a nova Amy Winehouse?
- Alguém já mandou você se fuder hoje? – eu sorri e tirei meus óculos – Acho que sim.
Os outros paparazzis tiravam fotos loucamente e esse carinha que tava com a câmera estava vermelho.
- Então quer dizer que você concorda comigo?
- A única coisa que eu concordo é que você é um puta idiota! E advinha cara, eu vou aumentar o teu salário esse mês com uma noticia bombástica.
Vi que todos ficaram apreensivos e algumas pessoas já se aproximavam de nós.
- A princesinha de New York está se mudando, agora vai atormentar outro.
- Dá um sorrisinho pra ultima foto Isabella.
Eu mostrei o dedo do meio e continuei caminhando em direção a Starbucks.
E para melhorar meu dia, quem eu encontro? A vadia que ficou com o Justin e que é a minha rival desde a quinta série.
Kate Saunders.
- Eai Swan, to sabendo das novidades.
As fieis seguidoras dela estavam uma de cada lado, me olhando com desprezo. Há.
- Que bom, eu sempre soube que você cuida da minha vida de perto, eu sempre fui bem interessante.
- É Swan, agora a coisa está mesmo feia pra você. – Falou a garota oxigenada ao seu lado.
- Dá licença que a conversa não chegou na ralé? – ignorei-a.
- Então você vai mesmo se mudar? – Kate-nojenta-Saunders falou.
- Yeah baby, mas que pena que você descobriu só agora, se não poderia vender a noticia pra People quem sabe...
- AHAHA, você tenta me rebaixar mas não vê o estado em que está, todos sabemos o por que do seu pai fazer isso.
- Aé? Conte-me então.
- Você é uma cretina viciada.
- Eu posso ser isso, mas ainda sim sou melhor que você. – eu sorri – Nem argumente usando o Justin, por que você foi apenas usada e deixada de lado. Justin jamais iria querer alguém como você ao lado dele, então fofa cai fora e leve suas pulguentas com você.
- Sua..
- Shhh – levantei o dedo indicador – Não conteste, apenas vá.
Ela me lançou um olhar mortal e saiu da cafeteria bufando igual um touro.
Nesse momento a Rose entrou e quase esbarrou nela, comecei a rir da careta da Rose.
- Dando uma lição na cachorra? – ela perguntou.
- Sempre – murmurei.
Nós fomos ao balcão e eu pedi um moccha e Rose um Frappuccino, sentamos em uma das mesinhas.
Agora chegava a parte que eu mais odiava, despedidas. Notei que Rose estava com os olhos meio inchados, nós sempre fomos muito amigas, sem segredos e reservas uma da outra, ela sempre esteve presente em tudo na minha vida assim como eu na dela. Deixá-la iria ser quase impossível, mas eu precisava ir.
- O que aconteceu? – ela perguntou em um fio de voz.
- Eu tomei do copo de Alec na boate e tinha uma droga dentro. Então eu fiz tudo aquilo que você viu, como a merda da imprensa não perdoa nenhuma eles publicaram e meus pais ficaram sabendo, e bom você sabia que eles tinham dito não é? Mas um escândalo e nós vamos dar um jeito em você! – tentei imitar a voz de meu pai – E eu estou indo para a casa do meu tio Carlisle.
- O meu deus! – ela quase engasgou com seu café – você vai morar em Forks? O seu primo Emmett ainda mora lá também?
- Não, eu vou morar em Port Angeles, eles se mudaram pra lá. – eu olhei maliciosamente pra ela – E por que você quer saber do Emmett hein?
Ela riu e corou, isso mesmo corou.
- Ah Bells, você sabe... – ela me olhou – Eu te contei daquela vez que ele esteve aqui e tal e bom, até hoje ele foi o que mais me... Me... Satisfez – Ela murmurou.
- Sua safada! – eu sorri – É minha prima agora então?
- Bells, só você mesmo pra fazer piada em uma hora triste dessas! E o pior é que nós não vamos poder nem fazer uma festa de despedida! – ela fez um beicinho – Ângela vai pirar se souber que você foi sem se despedir.
- Conte pra ela Rose – eu olhei para a minha moccha – Você sabe como eu odeio despedidas.
- Eu sei Bella, mas você vai ficar quanto tempo lá?
- Bom, como eu reprovei eu vou ter que fazer o ultimo ano de novo, então acho que só por esse tempo, depois pretendo ir pra Havard ou Yale...
- Yale! – ela sorriu – Nós vamos dividir o quarto lembra?
- Sim!
- Mas Bella, falando sério agora... Você deveria aproveitar esse tempo.
- Aproveitar? – arqueei a sobrancelha.
- É, tentar amadurecer um pouco! Evitar as festas, tentar não fazer nada errado... Não leve meu conselho a mal, tanto por que eu também vou fazer isso, meu pai também está falando de me mandar para um internato.
- Eu jamais levaria a mal Rose, eu vou fazer isso, decidi que vou mostrar para o meu pai que eu sou bem mais do que ele pensa. Vou estudar e me dedicar.
- Assim que se fala Bells! – ela deu um tapinha na minha mão – Eu vou sentir muito a sua falta.
- Eu também Rose, você não sabe o quanto! – olhei no relógio e já chegava perto do meio dia – Você vai me visitar, não vai?
- Claro! E ligar todos os dias! – ela sorriu – e vê se deixa esse Sidekick ligado em?
- Sempre! – eu me levantei – Eu nem sei como te falar tchau Rose, parece tudo tão surreal! Não sei como viver sem seus conselhos, sem a minha Nova York.
- Pense que é só por um tempo e logo você terá tudo de volta! – ela tentou sorrir e se levantou.
Nós caminhamos para fora da Starbucks e ela me abraçou fortemente.
- Anda fazendo academia é? – eu tentei não chorar.
- Eu vou sentir tanto a tua falta amiga! – eu podia ouvir o choro em sua voz – Eu te amo e você sempre vai ser minha irmãzinha.
- Eu também vou sentir sua falta Rose – eu funguei – Você e a Ang vão ter que me visitar ok?
- Sim... – ela se afastou.
- Eu te amo Rose, minha melhor amiga. – sorri.
- Você já tem que ir?
- Já, vou embarcar logo depois do almoço.
- Quer que eu vá até o aeroporto com você?
- Não Rose, sabe como eu odeio despedidas e choros.
- Ok – ela ajeitou sua blusa – e o que eu falo se perguntarem de você?
- Diz a verdade – eu sorri – A princesa de NY está em reabilitação.
Nós duas rimos.
- E o Gastón?
- Diz pra ele que eu fugi pro México com um moreno caliente.
Ela riu.
- Você não tem jeito mesmo né Bells... Quando é que você vai esquecer o que o Jack fez hein?
Argh, ela tinha mesmo que tocar no nome dele?
Jack foi o meu primeiro namorado o único que eu amei de verdade e me entreguei sem reservas. Nós namoramos um ano, até que na minha festa de 16 anos eu o peguei transando com a vadia da Renata, que na época era muito minha amiga e no fim acabou confessando que eles já tinham um caso há um mês por que eu não transava com ele, eu queria me preservar. Bom ele foi a maior decepção da minha vida.
Desde então garotos em minha vida só estavam de passagem, eu apenas usava e jogava fora, sem ligar para o sentimentalismo e toda aquela baboseira de conto de fadas.
- Rose, isso não tem nada haver com Jack! – tentei não brigar – Deixe isso pra lá ok?
- Ok, mas eu ainda sinto pena do Justin.
- Ele que fique com a Kate! – bufei – Namorados estão fora de questão ok?
- Sim – ela falou cabisbaixa – Agora é hora de você ir não é?
- Infelizmente – eu a abracei – Se cuide Rose, me ligue, vá me visitar e não me troque por nenhuma baranguinha ok?
- Tudo bem Bells, Se cuida também!
- Amo você amiga.
- Eu também.
Eu deixei uma lágrima solitária cair por meu rosto e fui para casa.