Teach Me escrita por Fabi_M


Capítulo 12
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Bom, demorei mais estou de voltaaa!
e pra recompensar esse cap vai ser bem grandão!
desculpem pela ausencia meninas! é que eu andei cheia de trabalhos, provas e etc, e quase sem tempo pra postar!
Mas ta ai mais um cap!
espero que gostem, bjbjbjbj



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         - Bells acorda! – ouvi uma voz chata me chamar.

         - Me deeeeeeixa! – eu coloquei o travesseiro em meu rosto.

         Senti ele ser retirado dali e abri meus olhos, a claridade me atingiu em cheio e eu olhei para o pequeno ser parado do lado da minha cama.

         - Alguém já te falou que você é irritante? Principalmente de manhã.

         Alice riu.

         - Yeaaaah, o Jasper sempre admira a minha quantidade de energia.

         Eu rolei meus olhos e senti uma dor de cabeça aguda.

         - Hmmm, parece que alguém aqui bebeu demais! – ela riu e me entregou um copo com água e um comprimido.

         - Que isso? O remédio que você toma pra ficar assim de manhã? – eu perguntei.

         - Bella bobinha – ela riu – É pra dor de cabeça, Edward disse que você bebeu demais então eu já trouxe.

         Eu peguei a água e o comprimido que Alice oferecia e tomei, levantei-me lentamente e notei que estava apenas com uma camisa de Edward.

         Sorri a lembrar como ele foi doce.

         - Então Edward já te contou as novidades? – eu perguntei enquanto ia ao banheiro.

         Ela me seguiu.

         - Ele me disse que Tanya brigou com você por que você estava com James.

         - Yeah, eles estão separados agora – bufei.

         - Você não parece muito feliz com isso – ela arqueou sua sobrancelha e me observou atenciosamente – Não era esse o plano?

         Eu olhei para Alice pelo reflexo do espelho e fechei meus olhos, me concentrando apenas no cheiro da camisa de Edward, o que nublou ainda mais meus pensamentos, Alice estava certa, era esse o plano! Agora o caminho estava livre para Edward conquistar Tanya, e tudo iria seguir seu caminho, o ano acabaria, eu concluiria o ensino médio com honras e voltaria para NY, cursaria uma faculdade de prestigio e seguiria uma carreira.

         Simples assim.

         Mas por que essa idéia não me parecia mais atraente?

         Respirei fundo sentindo o cheiro de maçãs verdes em minha pele e sorri.

         Estava ali o motivo, Edward.

         Ele era um garoto de ouro, e eu não podia deixar Tanya fazer ele sofrer, brincar com os sentimentos que ele nutre a tempos pela aquela loira de farmácia.

         Mas é o que ele quer! Edward quer a Tanya, ele sempre deixou claro isso, apenas o ajude e volte feliz para Ny! Meu lado coerente argumentou.

         Sim, ele a queria.

         Eu não podia me preocupar tanto assim com ele podia? O que Edward era pra mim afinal?

         Sim, eu sabia a resposta. Ele era um amigo, se eu pudesse arriscar diria até que era um dos melhores, já que eu não tinha tantas amizades do sexo masculino.

         - Helloooo! Bella, você ta me ouvindo? – Alice estalou seus dedos em meu ouvido.

         - Er, to! Eu só to com sono – menti – O que foi?

         - Argh,deixa pra lá! Só queria te convidar para tomar sol lá em baixo, os garotos estão fazendo churrasco e meus pais estão fora.

         Eu assenti.

         - Vou colocar um biquíni e já desço – respondi.

         - Ok, estou te esperando!

         Eu assenti.

         Escovei meus dentes e ouvi meu celular tocar.

         Corri para atender antes mesmo de ver o visor.

         - Bells? – uma voz tímida soou no telefone.

         - BERTA? – eu gritei – Berta é você? Eu to com taaanta saudade de você!

         - Oh Bells, você quer me deixar surda? – ela riu.

         - Berta! Eu só estou feliz! Pensei que não me ligaria nunca!

         - Claro que eu iria ligar! Como eu poderia esquecer da minha pequena hun? Essa casa tem passado por maus tempos sem você Bella, seus pais brigam direto.

         - Eles apenas estão colheram o que plantaram B. – eu murmurei – Papai sempre está ocupado demais com a sua carreira pra olhar para sua própria família, e mamãe vive se entupindo de remédios antidepressivos e indo para desfiles. Poderia alguém ser feliz assim?

         - É – ele sussurrou – Mas me diga, como tem passado por ai menina? Tem tirado boas notas?

         - Oh sim – eu sorri – Estou definitivamente estudando mais! Esse ano eu passo!

         - Que bom ouvir isso Bells – pude ouvir a alegria em sua voz – Eu tenho que desligar, mas se cuide viu? Alimente-se certinho, estude e faça tudo bonitinho que em breve você volta! To com saudades!

         - Oh Berta eu sempre me sinto uma criança falando com você – eu ri – Eu vou fazer tudo certo sim, e Deus que o diga, você me faz uma falta imensa! Tchau B, me ligue mais vezes ok? Amo você!

         - Eu também te amo criança – ela sussurrou – Cuide-se!

         Ela desligou e eu sorri.

         Era sempre tão bom conversar com Berta, ela sempre fora como uma mãe pra mim, até agora eu realmente havia recebido ligações apenas de Rose, minha mãe, Berta e Angela, as únicas que se importavam comigo.

         Suspirei e fui sem um pingo de vontade para o meu guarda roupa, e coloquei um biquíni verde água de cortininha simples, coloquei a calcinha dando um laço de cada lado, peguei um vestido simples azul marinho e vesti.

         Fiz um rabo de cavalo qualquer em meu cabelo e nem me dei ao trabalho de me maquiar, eu me sentia estranha hoje.

         O cheiro do sabonete de Edward ainda estava em minha pele, eu inspirei fundo perto de meu braço e sorri, e mais daquela sensação estranha me atingiu.

         Fechei meus olhos tentando lembrar do seu gesto ontem, imagens não muito claras preencheram minha mente, Edward me abraçando, seu queixo no topo de minha cabeça, me fazendo sentir estranha, segura.

         Balancei minha cabeça tentando me livrar daquilo.

         O que quer que seja esse sentimento não poderia ficar maior, por que ao mesmo tempo que eu sentia coisas boas eu podia sentir ruins.

         Eu tinha que acabar com aquilo dentro de mim, por que era simplesmente ridículo.

         Desci rapidamente e senti o cheiro do típico churrasco americano.

         Hamburguer, lingüiça e não esqueçamos o pão.

         Yuck, eu não suportava toda aquela gordura saturada, só o cheiro já me fazia mal.

         Passei pela cozinha e peguei uma maçã verde, lavei-a e estava prestes a dar uma mordida quando eu senti um par de mãos em minha cintura.

         - AAAAAAAAAAHHHHH – pulei de susto.

         Eu senti meu estomago ir parar na boca.

         - Calma! – Edward começou a rir de mim – Sou só eu.

         Coloquei a mão em meu peito.

         - Idiota, quer me matar de susto?

         - Wow, alguém acordou de mau humor aqui – ele continuou a rir.

         - Ok Yoda, pode parar já! Nem tem mais graça – eu revirei os olhos.

         Ele limpou as lagrimas no canto de seus olhos e balançou a cabeça.

         - Eu só vim ver se você estava bem – ele sorriu e foi impossível evitar um sorriso.

         - Hey, você está falando com uma das garotas mais baladeiras de NY – sorri presunçosamente – Eu posso me recuperar de uma ressaca fraca como essa.

         Ele revirou os olhos.

         - Esqueci desse pequeno detalhe.

         Eu dei uma piscadela em sua direção e mordi minha maçã.

         - Então, como foi a festa pra você ontem?

         Ele riu fracamente e corou.

         Hmmm, ai tem coisa.

         - Hey Yoda, me fala! – eu dei um tapinha em seu braço – Você beijou alguém.

         - Eu te conto se você parar de me chamar de Yoda – ela fez um biquinho.

         Revirei os olhos.

         - Ok Edward Masen Cullen, sem apelidos – eu bati continência e mordi minha maçã novamente.

         - Não sabia que você havia decorado meu nome todo – ele riu presunçoso.

         - Sou uma boa professora – sorri – Como não decoraria?

         Ele revirou os olhos.

         - Ok, eu dancei com a Lauren, Stacy, Jane, Jennifer e Lindsay – ele se apoiou na bancada da cozinha – Mas eu beijei só a Stacy e a Lindsay.

         Eu me apoiei na bancada ao seu lado.

         - Mas já é algo bom Eddie – ele me olhou torto – Ah, o que foi? Eddie é legal!

         - Você e Emmett são irritantes com esses apelidos.

         Eu sorri.

         - Mas me conte mais Eddie, você não passou a mão nelas e nada disso?

         - Ah – ele bateu a mão em sua testa – Como se eu tivesse tempo! Eu mal dancei e elas me atacaram, você definitivamente foi a mais lenta nesses aspectos – ele sorriu – Lindsay me falou algo sobre ter a língua grande.

         - Han? – perguntei confusa.

         - Lindsay queria me chupar! – ele falou de uma vez só.

         Eu engasguei na hora com o pedaço de maçã que eu comia, ele falou tão rápido que eu não consegui evitar uma risada, e bom, isso combinado com o fato que eu comia, me fez tossir absurdamente.

         - O que? – eu perguntei enquanto recuperava meu fôlego.

         Ele revirou os olhos.

         - Um pouco antes da Tanya chegar eu e ela estávamos dançando – ele pigarreou – Bem, ela estava me prensando na parede.

         Eu ri.

         - Eddie, você foi quase estuprado por essa Lindsay? – eu ri.

         - Você vai deixar eu terminar de contar? – ele reclamou.

         - Ok, ok.

         - Então, ela disse algo sobre a língua dela ser grande e lambeu seus lábios – ele corou – E bom, ela meio que... Er, enfiou a mão em minha calça, e eu estava excitado... Então...

         - Então...? 

         Ele suspirou.

         - Eu fiquei com... Vergonha, bem não sei, é diferente – ele abaixou sua cabeça e eu pude ver que estava decepcionado.

         - Hey – eu toquei seu ombro – É assim mesmo Eddie, você tem se saído super bem, e para elas te atacarem assim é por que você realmente estava bem.

         Ele deu de ombros.

         Eu toquei seu ombro.

         - Mas Edward, como assim é diferente? Você ainda tem alguma duvida? Você sabe que pode me perguntar – ele me fitou e eu sorri – Eu sempre vou te ajudar.

         - É que eu sempre quis a Tanya – ele suspirou – Desde quando ela começou a estudar lá, e bom, eu queria que ela gostasse de mim, quer dizer, eu quero que ela goste de mim... Mas não queria ter que mudar todo o meu jeito... Tudo bem, mudar as roupas, meu cabelos e as lentes de contato, mas eu não queria ter que virar uma coisa que eu não sou, você entende?

         - Sim – sussurrei – Sabe Edward, eu tenho certeza que ela vai gostar de você.

         Ele me olhou surpreso.

         - Por quê?

         - Por que ela seria uma completa cadela idiota se não percebesse o que tem em suas mãos – respondi simplesmente.

         Eu olhei para ele mais uma vez e deixei minha maçã em cima da bancada e resolvi sair, dar um mergulho na piscina.

         Eu definitivamente sentia algo estranho.

         - Olha só, quem é vivo sempre aparece! – Jasper-sem graça- Whitlok falou assim que eu sai.

         Revirei os olhos e preferi ignorar, afinal, discutir com ele e com a parede surtia o mesmo efeito.

         - Com dor de cabeça Bells? – Alice perguntou enquanto tirava seu vestido exibindo um biquíni minúsculo.

         - Whooa Alice, vamos tomar sol peladas? – eu ignorei sua pergunta.

         Ela mostrou a língua para mim e foi até uma das cadeiras, eu a segui.

         - Jasper gosta desse – ela falou baixinho – E como só está o Emmett e Edward, não vejo problema algum.

         - Verdade – assenti enquanto tirava meu vestido – Mas se o Jasper gostou você deveria queimá-lo.

         Alice riu e balançou a cabeça.

         - Não sei por que vocês dois insistem em se odiar.

         - Você sabe na verdade... – eu não completei a frase.

         Ela abanou ao vento com suas mãos, como se quisesse esquecer aquilo.

         - Assuntos do passado Bells, vamos apenas curtir o lindo dia de hoje, sim?

         - Yeah, vou dar um mergulho.

         - E você falando que o meu biquíni era pequeno... Olha só o seu.

         - Alie – eu me virei enquanto andava – nem vem que o seu é bem menor.

         Ela revirou os olhos e se virou.

         - Jazz! Passa protetor em mim? – ela falou docemente.

         Yuck, já mencionei que odeio casais apaixonados?

         Eu me aproximei da bancada que eles faziam o churrasco, Emmett estava concentrado conversando com o cozinheiro, eles discutiam os vários tipos de tempero, e eu nem quis me meter.

         Jasper agora estava apalpando Alice com o protetor, então tudo o que me restava era um bom mergulho na piscina.

         Soltei meus cabelos e estava prestes a colocar a ponta do pé na água para verificar a temperatura quando eu senti um corpo colidindo contra o meu.

         Fui rudemente jogada na piscina, soltei um grito mas mesmo em baixo da água eu pude sentir um par de mãos em minha cintura.

         Eu conhecia aquelas mãos.

         Bem mais do que eu gostaria.

         Antes de eu perder todo meu ar e engolir metade da água da piscina eu dei um impulso indo para a superfície. Comecei a tossir como uma louca, eu sentia minha garganta arder pela a quantidade de água engolida, Edward batia fracamente em minhas costas pedindo desculpas.

         Se eu não estivesse com a minha garganta dolorida eu jurava que iria rir da sua expressão.

         Algum tempo depois o meu acesso de tosse passou e ele ainda me olhava temeroso.

         Sem pensar duas vezes eu pulei nele, colocando todo o meu peso em seus ombros, o que normalmente não faria ele afundar, mas eu tinha o elemento surpresa comigo.

         O idiota foi, mas para a minha surpresa ele me prendeu em seus braços me fazendo afundar com ele, só que dessa vez eu segurei minha respiração, ele nos impulsionou até a borda e quando eu estava presa entre seu corpo e a borda da piscina nós voltamos à superfície.

         - Idiota – eu o xinguei sem conseguir ocultar um sorriso.

         - Uh, um grande elogio vindo de você – ele sorriu.

         Eu o encarei por algum tempo, nossos rostos estavam a centímetros um do outro, percebi que ele ficava ainda mais bonito com todas aquelas gotículas de água escorrendo de seus cabelos, ele mantinha estampado em seu rosto um sorriso totalmente branco e radiante.

         A sua pele não tinha mais aquelas espinhas e mesmo sem tocar eu sabia que estava sedosa, seus olhos brilhavam em contraste com a claridade.

         Edward estava incrivelmente bonito, e eu havia o transformado.

         Eu havia me tornado sua amiga, sua conselheira sexual e de moda.

         Mas eu sabia que o que mais me fazia ficar triste, é que assim como os outros, Edward estava apenas de certa forma me usando. Não que eu não gostasse de tudo isso, mas eu realmente percebi que de certa forma, quando ele conseguisse ficar com Tanya, eu não seria nada mais que uma colega em sua vida, uma garota com quem ele dividiu momentos e caiu em esquecimento.

         - Uma moeda por seu pensamento – ele falou dando seu sorriso torto.

         - Só estou pensando em como... er, em como eu me enganei.

         - Se enganou? – uma pequena ruga apareceu em sua testa.

         - Sim, eu pensei que ficar aqui seria como um sacrifício, extremamente chato e irritante. Mas, bom, eu me enganei.

         - Eu divirto você? – ele sorriu.

         - Não, idiota – eu revirei os olhos – você só me irrita.

         - Oh, agora sim eu fiquei lisonjeado – ele riu – Você é impossível Srta. Swan.

         Mais uma vez eu tentei ocultar um sorriso sem sucesso e virei meu rosto para o lado.

         - Nossa – ele mudou seu tom, soando quase ríspido – Parece que você foi atacada por Pitt bulls ontem.

         - Han? – eu voltei a encará-lo e ele já havia se afastando um pouco de mim.

         - Olhe seu pescoço, até mesmo o seu colo.

         Argh, ele estava falando das marcas que Jacob e Seth haviam deixado em mim.

         Idiotas.

         - Ah, isso foi... – eu parei tentando reformular minha frase.

         - Isso que eu não entendo – ele se afastou de mim e nadou até o outro lado da piscina.

         Definitivamente ele tinha distúrbio bipolar.

         O que foi agora?

         Eu o segui e antes que eu pudesse falar ele saiu da piscina, ainda mais irritada pela constante mudança de humor desse ser eu o segui.

         Ele foi até Jasper, sabendo que eu não gostava dele e sentou ao seu lado trocando algumas palavras com ele.

         - Edward – eu parei na frente dos dois – Será que eu posso falar com você?

         Jasper sorriu malicioso.

         - Vai lá Eddie, quem sabe você não ganha um 5x1? – Jasper falou.

         E eu não consegui evitar, aquele ser na minha frente me irritava ao extremo, ele claramente quis dizer o que? Que eu sou uma puta? Oferecida?

         [N.A: 5x1 é uma gíria que significa masturbação!]

         Só por que eu fazia o mesmo que centenas de caras faziam? Usavam e jogavam fora. Apenas isso.

         E quando eles faziam, tudo bem ele é o maioral, mas quando éramos nós, era assim, piadas desse tipo que eu tinha que agüentar.

         Antes que eu pudesse revidar a piada de Jasper, Edward falou.

         - Quem sabe Jasper – ele falou com o mesmo tom malicioso de Jasper – A querida Isabella aqui tem mãos maravilhosas, e a boca então! Jesus, acho que tanto Emmett quanto o time de natação do colégio podem afirmar isso, não é Bells?

         Eu olhei mortificada para ele.

         Ele nunca havia sido tão... Cruel comigo.

         E ao invés de sentir aquela raiva que me fazia ver tudo vermelho, eu senti um aperto estranho em meu coração.

         Aquele idiota não era diferente, por mais que eu tentasse acreditar que ele realmente era especial ele não era, uma vez que ele conhecesse [i]esse[/i] mundo, ele ficaria assim como os outros, usando e jogando fora, eu não devia me surpreender. Não era certo.

         Eu estava acostumada a lidar com esse tipo de comentário tanto aqui, quanto em Nova Iorque, de homens e mulheres que não tinham mais o que fazer e me criticavam em colunas sociais, blogs e afins.

         Já fui atacada de diversas maneiras e algumas até mais cruéis que esta, e sempre tive uma resposta na ponta de minha língua, e fiz a pessoa ficar abaixo do nada.

         E apesar de tudo isso eu ainda não estava preparada para sentir o que eu senti.

         Apesar de ouvir até mesmo de Jacob coisas desse tipo, eu não estava preparada para ouvir de Edward tais comentários.

         Ele havia se tornado um amigo para mim, a quem eu confiava mesmo sem saber o porquê. A quem eu desejava que ficasse bem, que fosse feliz. Eu não era assim em Nova Iorque, e para aumentar ainda mais o meu choque, eu percebi que muito de mim havia mudado.

         A parte sentimental que vivia presa dentro de mim estava vindo a tona e acabando com tudo.

         Essa parte de mim que eu tentava prender no fundo de meu ser, as paredes que eu construía em volta de mim estavam começando a cair.

         E eu já podia prever metade do resultado.

         Dor.

         Mas era bom, eu tinha que acordar. Minha vida não era aqui, minha vida me esperava a milhas, minha cidade, meu reinado.

         Eu não pertencia a uma cidadezinha como essa, com pessoas como essas.

         Meu sobrenome é Swan, eu fui criada sempre nas melhores escolas do país, tive os melhores “namorados”, os melhores carros, e o melhor e mais invejado estilo de vida.

         Isso não era eu, esse era apenas um maldito ano longe da real civilização.

         - Oh, você acha mesmo querido? – eu sorri amarga – Por que eu não mostrei um terço do que eu sou capaz.

         Ele revirou os olhos.

         - Tenho certeza que eu sei o seu potencial Swan, principalmente Jacob e Seth.

         - Sim, com toda a certeza – sorri – Quem sabe você aprende um dia com eles não é mesmo?

         Eu olhei com a minha melhor cara de desprezo e fui para dentro, de repente eu havia perdido completamente o meu apetite.

         E também a minha tarde.

         Tomei uma ducha rápida tirando o maldito cloro do meu corpo, coloquei uma regata vermelha e um short jeans preto de cintura alta, minhas sapatilhas vermelhas, fiz um rabo de cavalo qualquer e outra vez não me incomodei em passar maquiagem.

         Peguei meu celular na cabeceira e desci.

         Eu sabia que essa merda de cidade não tinha nenhum parque, por que antes em NY quando eu ficava ruim, eu costumava ir ao central park sozinha e ficar por ali, correndo, andando.

         Decidi ir na praia, caminhar, pensar.

         Eu precisava.

         Peguei a chave de meu carro e ia saindo quando Alice veio até mim.

         - Bells... Onde você vai?

         - Sair – respondi seca.

         - Mas você não vai comer o churrasco? Por quê? O que aconteceu? – ela tocou meu braço.

         - Pergunte ao seu namorado – puxei meu braço – E ao idiota do seu primo.

         - O que...?

         - Eu vou sair Alice – passei por ela indo em direção a garagem – Pergunte a eles.

         Deixei minha prima na sala me olhando abismada e sai.

         Vi meu bebê estacionado e logo entrei, esse era um pedaço de Nova Iorque que havia vindo comigo, o mais perto do antigo eu que eu podia chegar agora.

         Dirigi quase sem ver pelas ruas de Port Angeles, eu parecia estar passando sempre pela mesma, mas mesmo assim segui até avistar a avenida que levava até a beira-mar.

         Apesar de estar um dia bonito, a praia não estava muito cheia e a maioria das pessoas ali estavam com roupas normais e não de banho, eu passei pela pequena avenida tentando fazer algo que me distraísse.

         Mas eu não conseguia.

         Tudo que rodava em minha mente eram as palavras de Edward, o meu passado, o meu único namorado de verdade, o modo como ele quebrou meu coração.

         Avistei uma ruela que levava a um mirante, pelo o que indicava a placa eu estava no caminho certo, subi um pequeno morro e para a minha sorte o mirante estava completamente vazio.

         Parei meu carro e sem saber o que fazer eu desci, me encostei no capô do carro e olhei o horizonte, aqui batia um vento um tanto quanto frio e eu estremeci.

         Estava tentando ao máximo não pensar em nada, manter minha mente limpa, mas era impossível.

         O espiral de emoções me atingiu de tal forma que eu já podia sentir as lagrimas se formando em meus olhos.

         Se havia uma coisa que eu odiava era chorar, e se fosse para eu fazer isso, que fosse sozinha. Eu odiava todos aqueles olhares de pena que ficavam nos rostos das pessoas. Fechei meus olhos e as deixei cair livremente, deixei minha fortaleza se abaixar e agora eu era apenas a Bella, a garota com o coração quebrado e sem reparos.

         Uma reprise se formou em minha cabeça e eu podia ver, podia ver minha festa de 16 anos, o namorado que eu tanto amava, o jeito que ele me traiu na frente de todos, a promessa que eu fiz a mim mesma em frente ao espelho de nunca mais deixar ninguém me fazer de boba, a promessa de que eu faria tudo, tudo que eu tivesse vontade, eu usaria os garotos como eles costumavam a usar as garotas a sua volta, apenas para o próprio prazer.

         A dor me assolou quando eu havia visto meu ex.

         Meu ex com a mesma garota que ele havia me traído, ainda por cima ele me olhou e falou as palavras que terminaram de quebrar meu coração sem volta alguma.

         [i]“Olha só o que você se tornou Isabella, apenas mais uma das tantas que eu costumo ter. Agora você não tem valor algum, a não ser para uma noite quente. Se achando tão superior quando na verdade é tão boa quanto as mulheres que meu pai costumava colocar em suas boates, eu sinto pena de você, e nada mais.”[/i]

         O maldito bastardo falou tudo com a porra de um sorriso no rosto e eu não pude fazer nada, a não ser correr para o banheiro e chorar como uma menininha.

         A minha raiva por todos do sexo masculino só aumentou, e eu estava irremediavelmente quebrada, eu sabia que não haveria reparo para mim, nada mais podia me fazer acreditar no [i]amor[/i] e todas as merdas que o acompanham.

         E mais uma vez eu decidi usá-los, eu decidi sair, extravasar, dançar na maioria das noites e curtir tudo que a minha boa vida tinha a oferecer, e sendo uma presença constante nas noites, filha de pais importantes da socialite nova-iorquina eu virei alvo constante de jornais, revistas de fofocas, blogs e toda essa merda.

         Por ultimo vim parar aqui, por causa disso.

         Sem amigos, sem pais, sem noitadas e nada do gênero.

         Vivendo com regras, obrigações e expectativas sob mim.

         Então acontece o que aconteceu com Edward, eu o ajudo, e como já se era esperado ele age como um idiota assim como Jasper.

         O pior é que eu havia enxergado em Edward um amigo, alguém em quem eu poderia confiar, alguém que eu poderia me apoiar e desabafar.

         E novamente eu estava cometendo um [i]fucking[/i] erro.

         Isso reforçava ainda mais minha “teoria” de que homens só servem para uma coisa.

         Prazer e nada mais que isso.

         Quer conversar? Chame uma amiga.

         Nunca, nunca um cara. Por que sempre haverá segundas intenções.

         E tudo isso é considerado normal, garotas estúpidas servindo como brinquedos, objetos sexuais. É normal, eles são “homens”, é diferente por que eles podem tudo...

         Eles que vão para o inferno!

         Edward e Jasper que se ferrem!

         As pessoas poderiam falar o que quisessem de mim, eu iria continuar assim, por que todo esse machismo estúpido era uma forma de se proteger, nada mais que isso.

         E eu faria exatamente igual, eu havia sofrido muito por ter sido um brinquedo, agora eu seria apenas a pessoa que brinca.

         Limpei as lágrimas idiotas que insistiam em sair de meus olhos.

         Apesar de pensar assim, eu não entendia o porquê doía tanto em mim, era irracional! Eu me sentia sozinha, abandonada, agoniada, tudo isso ao mesmo tempo.

         Eu sabia que em parte era por que eu não tinha Rose aqui para me incentivar e falar que eu estava certa, ou Berta para dizer que eu preciso mesmo é achar alguém que coloque um cabresto em mim.

         Sentia falta de tudo isso. Mas era uma coisa diferente, ia além disso. Eu me sentia completamente sozinha, e doía, doía reconhecer que apesar de ter todos aos meus pés, ao mesmo tempo eu não tinha ninguém.

         [i]É uma crise, só uma estúpida crise, logo vai passar..[/i] repeti diversas vezes enquanto me abraçava tentando conter um pouco de calor.

         Eu já estava me acalmando quando eu ouvi uma buzina.

         Olhei para trás e vi Jacob, sozinho em seu carro.

         - Olha só como Port Angeles é pequena – ele sorriu.

         - Vai se ferrar, eu não to boa. – falei digamos que amigavelmente.

         Eu estava um terror, sem maquiagem, cabelos bagunçados, olheiras, nariz e olhos vermelhos. Uma bagunça total.

         Ele sorriu e estacionou seu carro do lado do meu.

         Alguém já percebeu como esse cara era chato? Mas que merda! eu só queria ficar sozinha!

         - Hey Swan, adoro quando você está de bom humor – ele riu e se encostou no meu capô ao meu lado.

         - Eu já falei Jacob! Eu quero ficar sozinha tudo bem? Sem joguinhos – falei áspera.

         - Ah swan, agora você me ofendeu! – ele passou seu braço gigante por meus ombros – Você acha que eu sou um cara para joguinhos apenas?

         - Todos são. – respondi sem emoção.

         Ele sorriu e me puxou para seu peito, me envolvendo com seus braços, me aquecendo.

         - Você tá gelada – ele comentou – Agora me diz por que você está assim?

         Eu me encolhi em seu peito, sentindo meu peito doer.

         Eu precisava colocar aquilo para fora, mas não podia, não aqui, não na frente de Jacob.

         - Jake... – eu o chamei em um diminutivo.

         Ele me olhou meio surpreso.

         - Jake?

         - Sim – eu olhei em seus olhos – Por quê? Você não gosta?

         Ele deu de ombros.

         - Por mim tanto faz – ele sorriu – Agora, não muda de assunto... Me conta o que te fez ficar assim, eu vou socar o cara pessoalmente.

         Eu sorri fracamente.

         Se todos os meus problemas se resolvessem com força bruta... Jacob seria a solução ou Emmett talvez.

         - Não é nada... Uma TPM apenas, é normal sabe.. – desconversei desejando que ele ficasse ali.

         Era estranho, mesmo não estando sozinha, mesmo agora, eu me sentia sozinha.

         [i]God[/i] o que tá acontecendo comigo?

         - Sabe mesmo não parecendo eu sou muito observador – ele olhou em meus olhos – E nesses poucos meses, eu percebi um monte de coisas sobre você.

         Eu tinha certeza que a minha expressão dizia claramente algo como.. [i]What a fuck?[/i]

         - E, eu percebi que quando você olha para o nada, fica pensativa seu rosto se enruga em uma careta de dor, o que me faz pensar, será que Isabella Swan é mesmo essa garota durona? – ele me apertou gentilmente em seus braços quando eu estremeci – Algo me diz que você tem muita coisa guardada ai dentro, no seu coração, e bom, após esse monologo que eu fiz, eu queria apenas dizer que meus ouvidos estão ao seu dispor.

         Eu sorri e tive uma vontade imensa de agarrar a camisa de Jacob e chorar como um bebê. Tudo em mim era uma contradição, indo contra as minha próprias regras que consistiam e tratar garotos como objetos.

         E chegando ao máximo do meu desequilíbrio emocional eu fiz exatamente o que eu tinha vontade.

         Encostei minha cabeça no peito largo de Jacob e chorei, deixei minhas lágrimas escorrerem e arruinarem sua camisa, deixei tudo que estava sufocado em mim sair, se eu não podia falar, eu poderia desabafar desse jeito, deixando o meu choro lavar totalmente minhas magoas, curar a dor que me despedaçava aos poucos.

         Jacob apenas me abraçou e passava suas mãos em minhas costas tentando me confortar, dizendo que tudo ia ficar bem, que era para eu me acalmar.

         E quanto mais ele falava, mas eu deixava as comportas se abrirem e eu estava soluçando em seus braços. Era ridículo, eu nem ao menos deixava minha mãe me ver assim, mas o fato é que Jacob estava certo, havia muita coisa ruim guardada aqui dentro, coisas que eu nunca conseguiria me curar, coisas que permaneceriam cravejadas em mim para sempre.

         Conseqüências de minhas atitudes, erros, dor, traição, abandono.

         E quando eu pensava que já havia me recuperado, então tudo volta, massacrando, me lembrando de que não adianta o quanto eu acredite nesses homens, eles nunca iriam ser mais que isso.

         - Melhor agora? – ele perguntou quando meu choro cessou.

         - Huhum – murmurei me afastando um pouco e limpando meus olhos.

         - Quer falar sobre isso? – ele me olhava atentamente.

         - Não Jake – chamei-o pelo novo apelido – prefiro esquecer isso.

         Ele sorriu.

         - Tudo bem – Jacob tocou minha bochecha e eu senti elas esquentarem – Sabe o que sempre me alegra quando eu to pra baixo?

         Eu não pude evitar de dar um sorriso fraco.

         Por que diabos esses idiotas tinham que ser tão fofos assim? Yuck, faz tudo ser tão mais difícil.

         - O que? – respondi.

         - Eu fico aqui, mas acompanhado de um maravilhoso [link=http://www.capitalgourmet.com.br/blog/wp-content/uploads/2009/04/sorvete1.jpg] Haagen-Dazs![/link]

         Eu sorri um pouco mais. Que tipo de cara era aquele? Por que eu não podia simplesmente odiar todos?

         - Eu vou comprar – ele sorriu – Qual sabor você prefere?

         - Morango – respondi sem hesitar, ficar na companhia de Jake talvez não seja tão ruim assim...

         Ele assentiu e foi para o seu carro.

         - Me espera hun? – ele avisou.

         - Yeap – respondi.

         Ele ligou o carro e saiu, voltei a fitar o horizonte e ouvi meu celular tocar dentro do carro. Abri a porta e o peguei no console, atendi sem olhar no identificador.

         - [i]Isabella?[/i] – a voz que eu menos queria ouvir no mundo sussurrou.

         - O que diabos você quer? – eu ralhei contendo minhas lágrimas.

         Oh [i]God[/i] será que uma TPM das bravas ia me atingir?

         - [i]Saber onde você está... Quer dizer, Esme quer saber... Ela chegou e está preocupada [/i] – ele falou firme.

         Idiota, [i]idiota[/i], idiota!

         Por que ele não podia simplesmente me implorar por desculpas? Ai então eu o esnobaria e no fim transaria com ele.

         [i]Simples assim.[/i]

         Mas não, o [i]idiota[/i], filho da mãe, bastardo, era orgulhoso [i]como eu.[/i]

         - Diga a Esme que eu estou [i]muito[/i] bem tomando um sorvete com [i]Jacob[/i] – Falei tentando ser cruel, mas tudo que eu consegui foi uma voz tremula.

         Mesmo por telefone a mentira era evidente.

         - [i]Sim, eu dou o recado[/i] – ele falou ríspido – [i]Ótimo saber que você está se divertindo como sempre.[/i]

         O..k, o que diabos?

         - O que foi Edward? Qual é o seu problema? Você me conheceu assim! – minha voz continuava tremula – E parecia gostar [i]bastante[/i] á algumas horas a trás.

         Eu ouvi um suspiro, um pigarro e outro suspiro.

         - [i]Quer saber qual é o meu problema?

         Não, não, não, não, não, não![/i] Essa é a hora que ele fala que nunca mais quer olhar na minha cara?

         - QUERO!

         - [i]Você! Eu sou seu amigo Isabella, e eu odeio ver esses caras te usando assim, é diferente quando você está comigo! Por que eu sei das minhas intenções, mas e esses outros idiotas? Já ouviu o que eles falam? Você... Você é como uma... É como... É a amiga que eu nunca tive, e eu fico muito puto quando eu tenho que ouvir aqueles brutamontes falar de você como se fosse um pedaço de carne, ou algo descartável.[/i] – ele falou em um fôlego só.

         Eu senti minha boca se abrir em um pequeno “o”.

         [i]Por que diabos esse garoto tinha que ser assim?[/i]

         - Foda-se Edward, você acha que eu me senti como ali? Eu espero ouvir de todos, eu não ligo de ouvir provocações do Jasper ou Emmett, mas você... – suspirei – Dói, dói muito.

         Eu estava virando uma vaca sentimental.

         [I]Oh por favor, me matem antes que eu fale algo a mais.[/i]

         - [I] Você é a pessoa mais estranha que eu conheço Swan..[/i] – ele murmurou – [i]Por que será que a única amizade aberta que eu tenho com o sexo feminino tinha que ser assim tão complicada?[/i]

         - Você é um idiota Cullen, o maior e mais idiota de todos que eu conheço – tentei ofendê-lo como uma criança.

         [i]Oh Christ, será que se eu chamá-lo de cabeça de melão vai surtir o mesmo efeito?[/i] Ótimo Isabella, é verdade agora é oficial, você virou uma vaca fodidamente sentimental.

         Eu estava a beira de um ataque de nervos, eu podia sentir as lágrimas começarem a queimar para serem libertas.

         - [i]Bells... Volta, vamos conversar... [/i] – ele falou em um tom mais brando percebendo minha voz trêmula.

         - Vai se ferrar! – falei como uma criança birrenta – Eu volto quando tiver vontade!

         - [i]Bella, não precisa ser assim tão infantil! Droga![/i]

         - OH, falou a maturidade em pessoa – eu ralhei pronta para despejar impropérios – Idiota, idiota, idiota! Você me fez chorar! Fala tanto dos outros, e age igualzinho!

         - [i]Mas...[/i] – eu o interrompi e ouvi o barulho do carro de Jake.

         - Eu cansei de te ouvir! Avise Esme que eu vou demorar! – desliguei o telefone antes dele responder.

         Me virei e vi Jacob descer com dois potes de sorvete e colheres descartáveis.

         - Desculpa a demora, mas tá lotado o mercado hoje – ele sorriu.

         Eu dei de ombros, tentando me segurar e não cair no choro novamente.

         - O que aconteceu? – ele enrugou sua testa e se apoiou no capô ao meu lado.

         Eu peguei o sorvete de suas mãos e o abri sem paciência.

         Estava louca pra ingerir algum açúcar, algo bem calórico que afogasse minhas magoas.

         - Por que? – eu fiz uma pergunta retórica – Por que homens tem que ser assim? Por que vocês não vêem com manual, ou algo do tipo? – dei uma grande colherada no meu sorvete de morango e Jacob me ouvia.

         Deixando eu [i]literalmente[/i] despejar minhas mágoas.

         - As coisas são mais emocionantes assim Bella – ele deu de ombros.

         - Argh, emocionantes, dolorosas, fodidamente ruins – ralhei.

         Ele me encarou com um meio sorriso.

         - Tudo depende do seu ponto de vista. – ele falou.

         Revirei os olhos e decidi que era melhor parar de falar antes que eu acabasse contando tudo para Jacob.

         Eu definitivamente precisava de Rosalie.

         Após algum tempo de silencio ele pigarreou e olhou para mim.

         - Vamos fazer um jogo? – ele propôs.

         - Oh Jake, aprecio sua tentativa de me animar – eu olhei para ele com uma cara de tédio – Mas puts, não ta funcionando.

         Ele riu.

         - Vamos lá Bells, é fácil, eu pergunto alguma coisa, você responde e me pergunta outra coisa.

         - Nossa, quanta criatividade em um jogo só – ironizei amargurada.

         Ele voltou a rir.

         - Vamos lá, eu começo... – eu o interrompi.

         - Mas eu nem concordei ainda!

         Ele revirou os olhos.

         - Por que você estava chorando hoje? – ele me ignorou.

         - Passo – falei de repente muito interessada na textura dos morangos congelados no meio do sorvete.

         - Vamos lá Bella, você sabe que pode confiar em mim – ele sorriu – Eu também tenho meu coração partido, nós apenas vamos desabafar um com o outro.

         - Você tem o coração partido? – eu o olhei atentamente.

         Seu sorriso se transformou em uma careta.

         - Quem é ela?

         - Leah – ele respondeu simplesmente.

         - Mas o que ela fez? – falei tentando ser no mínimo doce.

         Ele enfiou em sua boca mais uma colherada de sorvete e degustou demoradamente antes de me responder.

         - Leah e eu namoramos. – ele mexia compulsivamente em seu sorvete – Antes de estudarmos naquele colégio nós éramos grudados, ela ia todas as tardes em minha casa e passávamos horas conversando, ou ela me ajudava com minhas motos, ou no modelo antigo de um carro que eu estava reformando. Enfim, eu percebi que era apaixonado por ela e que ela era perfeita pra mim.

         Ele suspirou.

         - Então seu pai que era muito amigo do meu, resolveu mudá-la de colégio, assim como o meu. E nós viemos estudar nesse colégio... Bom Leah mudou.

         - Como?

         - Ela costumava ser uma garota simples, sem ligar muito para o que os outros pensavam dela, ela gostava de mexer em motos e carros assim como eu, sem ter medo de sujar as unhas de graxa ou algo do tipo, Leah não era fútil e isso era uma coisa que eu admirava muito nela. Mas ao começar a andar com Tanya e suas seguidoras estúpidas ela mudou, e uma daquelas idiotas ficou afim de mim, e fez Leah terminar comigo.

         - E você ainda a ama. – eu afirmei.

         - Sim – ele admitiu em um sussurro.

         - O amor é uma droga – sussurrei – Mas acho que você já sabe isso.

         Ele sorriu.

         - Yeap – ele pegou mais uma colherada de seu sorvete – Sua vez.

         Respirei fundo.

         - Segredo de estado? – questionei com um bico enquanto pegava um pouco mais de sorvete.

         - Claro vossa senhoria – ele zombou.

         Assenti com um sorriso.

         - Sabe Jake, eu nem sempre agi como uma vaca presunçosa... – admiti remexendo meu sorvete – Eu costumava ser bem doce até.

         Ele sorriu.

         - Não consigo imaginar – ele brincou.

         Eu dei um tapa em seu braço.

         - Vai deixar eu continuar?

         - Sim, pode falar.

         - Então, eu era pura e inocente, namorava um cara de NY que era um protótipo de namorado perfeito! Carinhoso, não me pressionava a nada, fazia todos os meus gostos, e era romântico.

         Respirei fundo tentando aplacar a dor da lembrança.

         - Eu achava ele perfeito até meu aniversário de 16 anos. – suspirei – Ele me traiu na frente de todos, da imprensa, fotógrafos, nossos amigos, amigos dos meus pais e dos dele. Foi uma completa humilhação, ainda por que eu havia decidido que ele seria o cara com quem eu perderia a virgindade logo após a festa e planejava ficar até o resto de meus dias – mordi meus lábios – Eu o amava entende? Ele me decepcionou demais.

         Ele assentiu.

         - Então eu decidi que ia jogar tudo para o alto, iria sair, curtir, viver – olhei para Jacob que tinha sua sobrancelha franzida – Eu ia esquecer o amor, por que ele literalmente havia esquecido de mim. Tudo que eu havia acreditado fora uma mentira, ele não me amava, amava apenas o bom partido que eu representava. O status e o poder. Só isso. Ele não me pressionava no sexo, por que ele tinha as vagabundas dele pra satisfazê-lo. E eu era apenas uma garota idiota com sonhos infantis.

         Jacob passou seu braço por meus ombros em um meio abraço de conforto.

         - Então você decidiu que todos os homens não prestam, e começou a usá-los? – ele questionou.

         - Sim – respondi com veemência – Afinal muitos caras usam e abusam de garotas idiotas e sem cérebro algum, por que eu não posso reverter uma fração desse jogo? É isso Jake, a vida é assim, tudo gira em torno de quem tem dinheiro e é polemico. Eu sou a polêmica em Nova York, eu sou a garota que sai, enche a cara, fica com um cara, faz ele se apaixonar e não liga nunca mais. Todos me criticam, mas a metade das garotas queriam ser como eu. Eu sei disso.

         Ele balançou a cabeça.

         - Ah Jacob, vai me dizer que isto é mentira? Vai dizer que caras desse tipo não merecem ser usados? Merecem sim, provar do próprio veneno. Eu já cansei de desligar na cara de otários assim no dia seguinte, e vem sendo assim a um bom tempo, eu não me importo, me chamem de vulgar, me expõem na mídia, usam a minha imagem para ganhar dinheiro, mas estão sempre lembrando de mim. – olhei para Jacob – Eu vim para esse lugar para passar de ano, e mudar um pouco as minhas atitudes, por que segundo o senador Charlie eu estava manchando a reputação inútil da família, mas eu vi que isso é impossível.

         - Por que impossível?

         - Por que essa sou eu Jacob – deixei uma lágrima fresca escorrer por minha face  e apontei para mim mesma – Isso sou eu, quem eu me tornei. Uma pilha de nervos ridícula que se esconde atrás dessa merda.

         - Você não é feliz assim. – não soou como uma pergunta.

         - Qualquer idiota veria isso Jake – refutei – E sabe o que é o pior? Eu achava que havia encontrado um cara, não para namorar, longe disso por que ele quer até outra, mas eu achava que podíamos ser bons amigos sabe? Eu nunca tive um amigo do sexo masculino que se interessasse realmente no que eu falo, eu achava que ele poderia ser esse cara, mas ele fudeu tudo entende? Ele foi um idiota e ferrou com a coisa toda.

         Ele assentiu e eu coloquei o pote de sorvete em cima do capo do carro.

         - Bella – Jake falou gentilmente – Os homens, na verdade as pessoas em geral erram, e nós temos que perdoá-los. É difícil mais se você guarda tudo ai dentro, uma hora você estoura.

         Eu fitei o horizonte.

         - Você não sabe Jake – eu olhei em seus olhos negros – O ser humano é assim, sempre querendo vantagem, sempre com segundas intenções. Não importa o quanto você queira acreditar no contrário, no lado bom das pessoas, elas vão te machucar, elas vão te magoar quando você menos espera.

         Ele estava prestes a falar algo a mais, mas eu o cortei.

         - Dói Jacob, dói lá no fundo saber que não importa o quanto você se esforce, ou o quanto você queira mudar, as pessoas só enxergam aquilo que elas querem ver, e a maioria só sabe apontar meus defeitos, falando coisas absurdas sobre mim, mas não tentam ver o motivo... E eu já me desapontei demais pra me importar, eu só estou sendo humana, como todos, só estou tentando me dar bem, assim como todo mundo.

         Ele assentiu e voltou a fitar o horizonte.

         Nós ficamos em silencio por um tempo até Jacob interromper.

         - Acho que o nosso jogo acabou – ele deu um sorriso fraco.

         - É – respondi monossilábica.

         Jake pegou minha mão.

         E eu me senti... Estranha.

         Quero dizer o que ele fez foi fofo, ele me ouviu, mas só um cara havia feito isto por mim, quer dizer, eu não estava acostumada com isso.

         - Eu entendo você Bella – ele deu um meio sorriso – Eu acho que você está sendo um pouco radical, mas eu te entendo.

         Eu fechei meus olhos e o abracei fortemente, querendo que aquela angustia estúpida passasse logo.

         - Existem caras diferentes – ele sussurrou – Eu, até mesmo Edward... Não que sejamos santos ou algo do tipo, mas que temos dois lados entende? Tanto o do amigo quanto o do amante. E eu tenho certeza que existem mais caras por ai assim, você apenas não se deparou com eles ainda, não achou o seu par entende?

         - Eu não tenho par Jacob – murmurei desacreditada ainda em seus braços – Eu desisti dessa porcaria de contos de fadas.

         - Não é conto de fada Bella – ele passou sua mão por minhas costas – É apenas quando duas pessoas compatíveis se unem, fazem sexo, conversam, se importam com os sentimentos uma da outra, sabe.. quando a recíproca é verdadeira.

         - Eu fico com a parte do fazer sexo, pode ser? – falei com um sorriso fraco me afastando um pouco.

         Conversar com Jacob foi bom, realmente bom, eu precisava disso, alguém pra desabafar.

         - Você não tem jeito né Swan! – ele falou rindo e me fitou.

         - É o que eu estou tentando te falar até agora.

         Ele balançou a cabeça e me deu um selinho.

         Ok, eu havia ficado surpresa, mas isso me pareceu carinhoso, sem malicia, apenas um gesto entre amigos.

         Seu celular começou a tocar e ele bufou mais mesmo assim atendeu.

         - Alo?

         Eu continuei fitando seu rosto.

         - A ok, pode deixar... Sim, eu sei.. Ok, já estou indo. – ele fechou seu celular sem se despedir.

         - Bells, eu odeio desapontar você – ele falou ainda em um tom brincalhão – Mas eu tenho que ir, meu pai acabou de me ligar, e sabe como é, o velho insiste mesmo em encher meu saco.

         - Pode ir Jake, eu já estou melhor... – sorri e me estiquei pra dar um selinho nele como despedida – Obrigado, sabe por me ouvir.

         Ele assentiu.

         - Quando precisar, sabe onde achar um ombro amigo certo? – ele sorriu enquanto ia para seu carro.

         - Claro – respondi indo para o lado do motorista do meu – E você também Jake, até mais.

         Ele acenou e entrou no seu carro, dando partida e se foi.

         Entrei em meu carro e respirei fundo.

         - Você precisa ter calma – sussurrei pra mim mesma – Muita calma.

         E recitando isto como um mantra eu fui para casa.

         É, pra maldita casa que era dele também.

 


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Notas finais do capítulo

e então o que acharam? deixeeeem seus reviews! uahsiua