The Bastard Heir escrita por Soo Na Rae, Lady Ravena


Capítulo 49
Capítulo 41 - Um problema triplo.


Notas iniciais do capítulo

Meus queridos, mil perdões pela demora, peço minhas sinceras desculpas, mas tivemos motivos. Ideias. Muitas ideias! Eu e Mellyne temos nos dedicados a projetos próprios, logo ela estará postando uma nova fanfiction, assim como eu estarei postando uma minha. Quando estiverem prontas, nós a divulgaremos por aqui.
Bem, é isso. Novamente, perdão.
Aqui está um novo capítulo e espero que gostem, além disso, nova matéria no site. É uma matéria especial, que será dividida em três partes, aqui está!

http://thebastardheir.blogspot.com.br/2016/03/cristina-princesa-rebelde-amante.html

Bom capítulo.



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Capítulo 41.

Problema triplo.

 “A vingança é uma espécie de justiça selvagem”. - Francis Bacon.

The Name Of Life – Joe Hisashi.

— E xeque — disse Hannelore após mover a peça graciosamente.

Eduardo ainda encarou aquilo por alguns instantes, não acreditando muito, depois olhou para sua oponente com um misto de espanto e surpresa, mas Hannelore apenas sorria tranquilamente, como se nada de tão importante tivesse acontecido.

— Mas como? — indagou perplexo.

— Não sei — deu com os ombros. — Depois de meses observando você jogar, ter tido algumas aulas com os mais experientes... Eu devo ter aprendido alguma coisa.

A princesa olhou de relance para a poltrona próxima à lareira, onde seu pai abaixou o livro que lia e deu uma piscadela. Sim, melhor professor de xadrez que ele em todo o reino com certeza não havia. Hannelore deu uma risadinha, estava muito feliz com todo aquele clima pacifico dentro do castelo e mais contente ainda, pois nessas últimas semanas ela tem se aproximado bastante de seu pai. E com certeza, Hannelore não fora a única na corte que notara uma mudança radical que ocorria com o rei, percebeu que ele aos pouquinhos começava a abandonar os trajes de seus lutos inacabáveis, passava a substituir seus longos casacos negros por um azul ou vermelho, escuro, porém já era um avanço. Os sorrisos ainda continuavam bem raros, contudo a jovem tinha esperanças de em breve poder ouvir, quem sabe, uma breve gargalhada alegre por parte do progenitor. Só de pensar que ela era o provável motivo dessa mudança, a deixava completamente satisfeita. Afinal, se o rei estava bem e feliz, era sinal de que assim ele governaria seu país.

A princesa voltou a encarar um príncipe com o orgulho muito ferido.

— Mas não fique assim, Ed — tentou animá-lo. — Sua Alteza é melhor em latim que eu... E grego... E francês... Ahn... Muitos idiomas, resumindo — e abaixou a cabeça um pouco constrangida.

— Mas latim é fácil — deu com os ombros.

— Verdade, e grego também — disse Willian, intrometendo-se, mas escondeu o rosto novamente ao receber as atenções dos jovens. Fechou o livro e levantou-se. — Eu preciso ir, apenas usei alguns minutos para descansar.

Willian se retirou, os jovens esperaram e riram.

— Consegue acreditar que somos parentes? — indagou o príncipe.

— De jeito nenhum, papai é tímido e o senhor... — Hannelore pôs as mãos escondendo o rosto e abafando uma risada. Eduardo achava aquilo tão adorável, nunca vira uma princesa que gostasse tanto de risos como Hannelore, suas irmãs eram sempre tão caladas e os sorrisos não passavam de um pequeno alargamento.

— Pois bem, não sejamos tão sérios. Foi apenas um momento de... Descontração — suspirou.

— Sem dúvidas, se não eu teria ganhado da senhorita.

— Chega Eduardo! — ordenou séria, mas o príncipe sorriu para ela ao invés de ficar zangado.

— Está bem, parei.

— Acho bom.

A jovem distraiu-se olhando para uma das peças de xadrez, talvez pensando na próxima jogada, porém distraído estava o príncipe espanhol, aproveitando-se da dispersão da oponente para tentar aproximar sua mão da dela, devagarinho tentava chegar ao alvo da pele, mas o som de saltos fez-se ouvir pelos corredores vazios e dentro daquele salão, pois as portas estavam abertas, Hannelore gostava daquele som. Não sabia o porquê. A loira se ergueu um pouco na cadeira para ver por cima do príncipe quem era, já que a porta ficava logo à frente, e viu uma dama caminhando em direção a aquele salão. Era uma nobre espanhola, com os cabelos castanhos presos a uma touca de renda, o vestido negro, discreto e austero a entregava, deveria ser esposa de algum conde ou marquês da comitiva do príncipe Eduardo, deduziu Hannelore.

Príncipe Eduardo y princesa Hannelore, con su permiso? — a mulher se curvou.

Beatriz, un problema?

Llegó una carta de sus padres, el rey y la reina, parece ser urgente.

 — Eduardo — chamou Hannelore. — O que ela está dizendo?

— Uma carta chegou da Espanha para mim, de meus pais — respondeu apreensivo, há quase dois meses que seus pais não lhe escreviam, então deveria ser algo urgente.

O príncipe pegou aquele papel um tanto amarelado, mas com o selo da corte de Castela. O rapaz dispensou Beatriz, disse que logo falaria com ela sobre o que se tratava aquela carta. Eduardo ficou andando de um lado para o outro lendo o que fora lhe mandando, mas seu semblante havia ficado mais pálido que de costume, o que deixou a princesa Hannelore preocupada, principalmente quando ele virou-se de costas, como se não quisesse ser visto. Hannelore não temia perguntar o que tinha acontecido, porém temia que a resposta não fosse nada boa. Quando Eduardo girou lentamente, encarando diretamente a princesa, uma lágrima descia seu rosto, abaixou o braço esquerdo com a carta e com as costas da mão direita, limpou seus olhos marejados.

— Meu irmão... Meu irmão... — pronunciava as palavras com dificuldades — ele está morto.

— Juan?

Eduardo confirmou.

— Por que haveria Deus de levá-lo? Ele era o mais amado de meus pais, o herdeiro da Espanha e todas as nossas colônias — respirou fundo, fungando e evitando chorar mais. — Juan era a melhor pessoa que conhecia, tinha acabado de se casar, agora o futuro do reino depende da criança que a esposa carrega no ventre.

— Ed, eu sinto muito, me compadeço de sua dor, sei como é doloroso perder alguém tão querido. Falarei com o rei para decretarmos alguns dias de luto, afinal Juan era nosso parente.

— Não, por favor — e acrescentou. — Não posso me entregar à tristeza para sempre, mamãe ensinou que devemos aceitar as vontades divinas, por mais pungentes que sejam elas servem para nosso amadurecimento.

E caminhou até perto da lareira, encostando o braço no mármore da parede, afundando metade do rosto e disfarçando seu choro.

— Mas...

— Hannelore, não! — Eduardo proferiu com a voz alta e impaciente, com a mão aberta, pedindo para a menina silenciar, parecendo esquecer-se do fato que era Hannelore que deveria dar ordens no local, pois ela é uma futura rainha, enquanto ele depende da vida de seu sobrinho ainda no ventre materno.

Quando olhou para trás, arrependido, ela já não estava mais lá e mais uma vez ele tinha perdido sua chance. Maldição! Por que ele não herdara a paciência da mãe? Que pecado havia cometido para ter puxado tanto ao seu orgulhoso pai.

Poderia aguentar uma tapa na cara, uma queda no poço e até mesmo um quase envenenamento, mas tamanha ignorância e impaciência, jamais. Hannelore entendia que Eduardo não estava em um bom momento, mas ela só desejava ajudar, ou ao menos, tentar confortá-lo com algum abraço. Por que as pessoas precisavam ser tão grossas? Isso foi o principal motivo da princesa nunca ter se permitido dar uma chance ao rapaz. Entretanto isso logo acabaria, pois a princesa já tinha certeza de quem escolheria, seu príncipe consorte, todavia apenas esperava o momento certo para contar, agora com a morte do parente distante, seria falta de empatia de sua parte fingir que nada estava acontecendo.

Respirou fundo e tentou se concentrar na pintura que admirava, parecia ser a Terra Santa. Mouros e cristãos em um sangrento embate. Mas seria uma guerra pela região, ou pela religião?

Todos nós somos filhos do Criador, e Ele não possui o filho predileto, vê a todos com igualdade. Então por que tamanha discórdia entre irmãos? Ainda por causa de terras”.

Em seus devaneios, a princesa nem percebeu a presença alta ao seu lado.

— Por que sempre vejo a senhorita distraída com alguma coisa?

Hannelore fechou os olhos e sorriu fraco.

— E o senhor sempre me surpreendendo no momento mais inesperado, oficial Falk.

 — Não precisa me tratar assim, pode me chamar pelo nome — disse Dunkel gentilmente.

— Ah, claro! É que sinceramente, não estou conseguindo focar-me em nada no momento.

— Aconteceu algo, estás magoada com alguma coisa?  — perguntou preocupado. Hannelore gostava disso, de ser o motivo das atenções especiais de alguma pessoa.

 — Esquece — deu com os ombros.  — Gosta desse tipo de arte.

— Do que está contido nela.

— A batalha?

— A determinação, o propósito, a história em si. Lutar para defender algo no qual você acha justo e certo. Acredito que estes pontos que me atraíram para o exercito.

— Seria um bom general um dia, sabia?

O rapaz olhou de relance para a princesa, tentando segurar um sorriso, aquilo para ele era um elogio e tanto.

— Acha mesmo?

— Sem dúvida, um comandante, pois eu sei que você tem um bom coração.

Dunkel fechou o semblante, as palavras pareciam ter-lhe atingido em cheio, como uma flecha certeira. Só em lembrar que trabalhava para Otto, e que provavelmente seria obrigado a fazer mais coisas pelo seu comandante, se não desejasse que nada de errado ocorresse com Leonor, aquilo o deixava se sentindo um verdadeiro hipócrita. Indigno de quaisquer elogios por parte de uma dama tão digna como a princesa.

— Obrigada — foi à única coisa que dissera, friamente, arrependeu-se.

Hannelore assentiu, percebendo a indiferença do homem. Ao dar dois passos na intenção de sair da sala de quadros, tropeçou na barra do vestido. Céus, Genova ficaria zangada, pois o tecido é caríssimo demais. Mas, antes que levasse uma queda feia, Dunkel a puxou, fazendo-a cair para trás em seus braços.

— Definitivamente, hoje não é meu dia.

— Que tal trocar os saltos por sapatilhas, princesa? Creio que lhe faria muito bem.

— É uma ótima ideia, mas tia Genova não iria gostar nada, mas a bem da verdade essas saias são tão pesadas, que eu poderia usar aquelas calças fofas, que nem os turcos, por baixo e ninguém notaria.

— Na realidade, não por moda, mas sua coordenação motora não é muito boa, parece que vivo apenas para lhe ajudar de alguma queda.

— Ei — reclamou, se erguendo com dificuldade.

— Estou brincando, poderia ajudar-te mesmo se estivesse à beira de um penhasco.

— Não duvido disso — e olhando para ele, sorriu carinhosamente. — Obrigada, eu sei que é um homem leal a sua princesa.

E sem que percebesse, curvou-se para a princesa, segurou sua mão e a beijou como um bom cavalheiro.

— De corpo e alma — admitiu, surpreso consigo mesmo, mas agora preocupado.

Hannelore arregalou um pouco os olhos. O encarando fixamente, preferiu acreditar que tudo não passava de palavras de um soldado, era comum esse gesto de etiqueta, mas a maneira como Dunkel as pronunciou... Tão intensamente, com uma estranha emoção, um certo brilho no olhar, como se não quisesse ler leal a Hannelore apenas como sua princesa. E a jovem percebeu isto, todavia não fora apenas ela. Atrás da porta da sala de artes, Alberich passou infelizmente na hora e no momento errado, quando o soldado ainda estava ajoelhado e segurando as mãos da princesa. Não quis ver mais nada.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, lembrem de dar uma passadinha na matéria, até a próxima meus amores!