The Bastard Heir escrita por Soo Na Rae, Lady Ravena
Notas iniciais do capítulo
Meus queridos, mil perdões pela demora, peço minhas sinceras desculpas, mas tivemos motivos. Ideias. Muitas ideias! Eu e Mellyne temos nos dedicados a projetos próprios, logo ela estará postando uma nova fanfiction, assim como eu estarei postando uma minha. Quando estiverem prontas, nós a divulgaremos por aqui.
Bem, é isso. Novamente, perdão.
Aqui está um novo capítulo e espero que gostem, além disso, nova matéria no site. É uma matéria especial, que será dividida em três partes, aqui está!
http://thebastardheir.blogspot.com.br/2016/03/cristina-princesa-rebelde-amante.html
Bom capítulo.
Capítulo 41.
Problema triplo.
“A vingança é uma espécie de justiça selvagem”. - Francis Bacon.
The Name Of Life – Joe Hisashi.
— E xeque — disse Hannelore após mover a peça graciosamente.
Eduardo ainda encarou aquilo por alguns instantes, não acreditando muito, depois olhou para sua oponente com um misto de espanto e surpresa, mas Hannelore apenas sorria tranquilamente, como se nada de tão importante tivesse acontecido.
— Mas como? — indagou perplexo.
— Não sei — deu com os ombros. — Depois de meses observando você jogar, ter tido algumas aulas com os mais experientes... Eu devo ter aprendido alguma coisa.
A princesa olhou de relance para a poltrona próxima à lareira, onde seu pai abaixou o livro que lia e deu uma piscadela. Sim, melhor professor de xadrez que ele em todo o reino com certeza não havia. Hannelore deu uma risadinha, estava muito feliz com todo aquele clima pacifico dentro do castelo e mais contente ainda, pois nessas últimas semanas ela tem se aproximado bastante de seu pai. E com certeza, Hannelore não fora a única na corte que notara uma mudança radical que ocorria com o rei, percebeu que ele aos pouquinhos começava a abandonar os trajes de seus lutos inacabáveis, passava a substituir seus longos casacos negros por um azul ou vermelho, escuro, porém já era um avanço. Os sorrisos ainda continuavam bem raros, contudo a jovem tinha esperanças de em breve poder ouvir, quem sabe, uma breve gargalhada alegre por parte do progenitor. Só de pensar que ela era o provável motivo dessa mudança, a deixava completamente satisfeita. Afinal, se o rei estava bem e feliz, era sinal de que assim ele governaria seu país.
A princesa voltou a encarar um príncipe com o orgulho muito ferido.
— Mas não fique assim, Ed — tentou animá-lo. — Sua Alteza é melhor em latim que eu... E grego... E francês... Ahn... Muitos idiomas, resumindo — e abaixou a cabeça um pouco constrangida.
— Mas latim é fácil — deu com os ombros.
— Verdade, e grego também — disse Willian, intrometendo-se, mas escondeu o rosto novamente ao receber as atenções dos jovens. Fechou o livro e levantou-se. — Eu preciso ir, apenas usei alguns minutos para descansar.
Willian se retirou, os jovens esperaram e riram.
— Consegue acreditar que somos parentes? — indagou o príncipe.
— De jeito nenhum, papai é tímido e o senhor... — Hannelore pôs as mãos escondendo o rosto e abafando uma risada. Eduardo achava aquilo tão adorável, nunca vira uma princesa que gostasse tanto de risos como Hannelore, suas irmãs eram sempre tão caladas e os sorrisos não passavam de um pequeno alargamento.
— Pois bem, não sejamos tão sérios. Foi apenas um momento de... Descontração — suspirou.
— Sem dúvidas, se não eu teria ganhado da senhorita.
— Chega Eduardo! — ordenou séria, mas o príncipe sorriu para ela ao invés de ficar zangado.
— Está bem, parei.
— Acho bom.
A jovem distraiu-se olhando para uma das peças de xadrez, talvez pensando na próxima jogada, porém distraído estava o príncipe espanhol, aproveitando-se da dispersão da oponente para tentar aproximar sua mão da dela, devagarinho tentava chegar ao alvo da pele, mas o som de saltos fez-se ouvir pelos corredores vazios e dentro daquele salão, pois as portas estavam abertas, Hannelore gostava daquele som. Não sabia o porquê. A loira se ergueu um pouco na cadeira para ver por cima do príncipe quem era, já que a porta ficava logo à frente, e viu uma dama caminhando em direção a aquele salão. Era uma nobre espanhola, com os cabelos castanhos presos a uma touca de renda, o vestido negro, discreto e austero a entregava, deveria ser esposa de algum conde ou marquês da comitiva do príncipe Eduardo, deduziu Hannelore.
— Príncipe Eduardo y princesa Hannelore, con su permiso? — a mulher se curvou.
— Beatriz, un problema?
— Llegó una carta de sus padres, el rey y la reina, parece ser urgente.
— Eduardo — chamou Hannelore. — O que ela está dizendo?
— Uma carta chegou da Espanha para mim, de meus pais — respondeu apreensivo, há quase dois meses que seus pais não lhe escreviam, então deveria ser algo urgente.
O príncipe pegou aquele papel um tanto amarelado, mas com o selo da corte de Castela. O rapaz dispensou Beatriz, disse que logo falaria com ela sobre o que se tratava aquela carta. Eduardo ficou andando de um lado para o outro lendo o que fora lhe mandando, mas seu semblante havia ficado mais pálido que de costume, o que deixou a princesa Hannelore preocupada, principalmente quando ele virou-se de costas, como se não quisesse ser visto. Hannelore não temia perguntar o que tinha acontecido, porém temia que a resposta não fosse nada boa. Quando Eduardo girou lentamente, encarando diretamente a princesa, uma lágrima descia seu rosto, abaixou o braço esquerdo com a carta e com as costas da mão direita, limpou seus olhos marejados.
— Meu irmão... Meu irmão... — pronunciava as palavras com dificuldades — ele está morto.
— Juan?
Eduardo confirmou.
— Por que haveria Deus de levá-lo? Ele era o mais amado de meus pais, o herdeiro da Espanha e todas as nossas colônias — respirou fundo, fungando e evitando chorar mais. — Juan era a melhor pessoa que conhecia, tinha acabado de se casar, agora o futuro do reino depende da criança que a esposa carrega no ventre.
— Ed, eu sinto muito, me compadeço de sua dor, sei como é doloroso perder alguém tão querido. Falarei com o rei para decretarmos alguns dias de luto, afinal Juan era nosso parente.
— Não, por favor — e acrescentou. — Não posso me entregar à tristeza para sempre, mamãe ensinou que devemos aceitar as vontades divinas, por mais pungentes que sejam elas servem para nosso amadurecimento.
E caminhou até perto da lareira, encostando o braço no mármore da parede, afundando metade do rosto e disfarçando seu choro.
— Mas...
— Hannelore, não! — Eduardo proferiu com a voz alta e impaciente, com a mão aberta, pedindo para a menina silenciar, parecendo esquecer-se do fato que era Hannelore que deveria dar ordens no local, pois ela é uma futura rainha, enquanto ele depende da vida de seu sobrinho ainda no ventre materno.
Quando olhou para trás, arrependido, ela já não estava mais lá e mais uma vez ele tinha perdido sua chance. Maldição! Por que ele não herdara a paciência da mãe? Que pecado havia cometido para ter puxado tanto ao seu orgulhoso pai.
✭
Poderia aguentar uma tapa na cara, uma queda no poço e até mesmo um quase envenenamento, mas tamanha ignorância e impaciência, jamais. Hannelore entendia que Eduardo não estava em um bom momento, mas ela só desejava ajudar, ou ao menos, tentar confortá-lo com algum abraço. Por que as pessoas precisavam ser tão grossas? Isso foi o principal motivo da princesa nunca ter se permitido dar uma chance ao rapaz. Entretanto isso logo acabaria, pois a princesa já tinha certeza de quem escolheria, seu príncipe consorte, todavia apenas esperava o momento certo para contar, agora com a morte do parente distante, seria falta de empatia de sua parte fingir que nada estava acontecendo.
Respirou fundo e tentou se concentrar na pintura que admirava, parecia ser a Terra Santa. Mouros e cristãos em um sangrento embate. Mas seria uma guerra pela região, ou pela religião?
“Todos nós somos filhos do Criador, e Ele não possui o filho predileto, vê a todos com igualdade. Então por que tamanha discórdia entre irmãos? Ainda por causa de terras”.
Em seus devaneios, a princesa nem percebeu a presença alta ao seu lado.
— Por que sempre vejo a senhorita distraída com alguma coisa?
Hannelore fechou os olhos e sorriu fraco.
— E o senhor sempre me surpreendendo no momento mais inesperado, oficial Falk.
— Não precisa me tratar assim, pode me chamar pelo nome — disse Dunkel gentilmente.
— Ah, claro! É que sinceramente, não estou conseguindo focar-me em nada no momento.
— Aconteceu algo, estás magoada com alguma coisa? — perguntou preocupado. Hannelore gostava disso, de ser o motivo das atenções especiais de alguma pessoa.
— Esquece — deu com os ombros. — Gosta desse tipo de arte.
— Do que está contido nela.
— A batalha?
— A determinação, o propósito, a história em si. Lutar para defender algo no qual você acha justo e certo. Acredito que estes pontos que me atraíram para o exercito.
— Seria um bom general um dia, sabia?
O rapaz olhou de relance para a princesa, tentando segurar um sorriso, aquilo para ele era um elogio e tanto.
— Acha mesmo?
— Sem dúvida, um comandante, pois eu sei que você tem um bom coração.
Dunkel fechou o semblante, as palavras pareciam ter-lhe atingido em cheio, como uma flecha certeira. Só em lembrar que trabalhava para Otto, e que provavelmente seria obrigado a fazer mais coisas pelo seu comandante, se não desejasse que nada de errado ocorresse com Leonor, aquilo o deixava se sentindo um verdadeiro hipócrita. Indigno de quaisquer elogios por parte de uma dama tão digna como a princesa.
— Obrigada — foi à única coisa que dissera, friamente, arrependeu-se.
Hannelore assentiu, percebendo a indiferença do homem. Ao dar dois passos na intenção de sair da sala de quadros, tropeçou na barra do vestido. Céus, Genova ficaria zangada, pois o tecido é caríssimo demais. Mas, antes que levasse uma queda feia, Dunkel a puxou, fazendo-a cair para trás em seus braços.
— Definitivamente, hoje não é meu dia.
— Que tal trocar os saltos por sapatilhas, princesa? Creio que lhe faria muito bem.
— É uma ótima ideia, mas tia Genova não iria gostar nada, mas a bem da verdade essas saias são tão pesadas, que eu poderia usar aquelas calças fofas, que nem os turcos, por baixo e ninguém notaria.
— Na realidade, não por moda, mas sua coordenação motora não é muito boa, parece que vivo apenas para lhe ajudar de alguma queda.
— Ei — reclamou, se erguendo com dificuldade.
— Estou brincando, poderia ajudar-te mesmo se estivesse à beira de um penhasco.
— Não duvido disso — e olhando para ele, sorriu carinhosamente. — Obrigada, eu sei que é um homem leal a sua princesa.
E sem que percebesse, curvou-se para a princesa, segurou sua mão e a beijou como um bom cavalheiro.
— De corpo e alma — admitiu, surpreso consigo mesmo, mas agora preocupado.
Hannelore arregalou um pouco os olhos. O encarando fixamente, preferiu acreditar que tudo não passava de palavras de um soldado, era comum esse gesto de etiqueta, mas a maneira como Dunkel as pronunciou... Tão intensamente, com uma estranha emoção, um certo brilho no olhar, como se não quisesse ler leal a Hannelore apenas como sua princesa. E a jovem percebeu isto, todavia não fora apenas ela. Atrás da porta da sala de artes, Alberich passou infelizmente na hora e no momento errado, quando o soldado ainda estava ajoelhado e segurando as mãos da princesa. Não quis ver mais nada.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero que tenham gostado, lembrem de dar uma passadinha na matéria, até a próxima meus amores!