The Bastard Heir escrita por Soo Na Rae, Lady Ravena


Capítulo 34
Capítulo 29 - Inverno


Notas iniciais do capítulo

Não estava inspirada para este capítulo, mas aqui está. boa leitura.



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Capítulo 29 - Inverno

“Quanto mais um homem fala de amor, menos ele o tem para dar” – Hilda Roxo

Orlando abriu um sorriso grande quando saiu dos aposentos do Rei da França. Era ótimo ter o próprio pai na palma de sua mão. Enquanto caminhava pelos corredores do castelo, assobiou uma música que ouvira uma vez e nunca mais saiu de sua mente, nem mesmo se lembrava da letra do poema, porém a canção o pegou de jeito. Parou para deixar uma criada passar e lhe sorriu. Ela ruborizou e apressou-se para o trabalho. Orlando era muito simpático quando estava satisfeito. Ao menos assim deixava transparecer. Quase saltitou até a porta do quarto de Serafina. Era tarde. Havia enviado cartas e cavalos para a França, e mais algumas cartas e cavalos para a Nápoles. Depois disto tudo, contou a mãe e ela o encheu de beijos e incentivos. Até mesmo teve de fazer uma grande resenha para o primeiro-ministro de Overath, perguntando se ele poderia permitir que utilizassem o castelo para o casório.

Uma esposa, certo? Piscou, enquanto respirava em frente a porta grande de madeira escura. Aquilo estava certo, mesmo? Ele iria ter uma esposa. E seria um esposo. E teriam fillhos. Imaginou-a deitada a cama, ao seu lado, enquanto passava a mão sobre a própria barriga branca e inchada. Por algum motivo, não conseguia idealizar a cena com os cabelos curtos de Serafina, e sim com as longas tranças ruivas, as quais ele sempre teve uma queda. Lembrava-se da infância, quando puxava-lhe as duas tranças, e ela gritava para que a soltasse. Sorriu. Não era tão ruim. Ele sabia que teria de se casar em algum momento e ela era uma conhecida, além de não ser totalmente insuportável. Bateu uma vez até que a porta se abrisse. Serafina estava aflita, com uma carta em mãos e lágrimas escorrendo pelos olhos.

– O que houve?

– Notícias do Norte. – ela explicou e o convidou para entrar. Orlando pediu licença e entrou, sentando-se no mesmo lugar que estivera pela manhã. Agora o Sol do lado de fora da janela estava baixo e as primeiras estrelas surgiam na parte mais alta do céu. – Meu pai perdeu a Batalha que travava perto da Noruega. É terrível, eles nunca alcançaram a Noruega antes, era o território seguro.

– Eu lamento. – o príncipe tentou soar realmente tocado, porém ela apenas deu de ombros, limpando as lágrimas com os dedos e sorrindo de lado. Parecia tristemente encantadora e Orlando queria confortá-la, assim como iria querer com qualquer outra bela moça.

– Perder a batalha não é perder a guerra – e então seus olhos claros se voltaram para ele – Veio para me dar a resposta?

– Sim – concordou e então se levantou, deixando a cadeira de lado e contornando a mesa. O rosto de Serafina se abrandou, deixando as lágrimas para um leve rubor que parecia descobrir pouco a pouco o que ele diria. Orlando não queria fazer suspense, ou deixá-la na ansiedade. Mas tinha de ser um príncipe digno. Estava lidando com todo o Norte do continente. Ajoelhou-se diante de Serafina e lhe segurou as mãos com ternura. – Princesa Serafina, da Dinamarca, protetora do Norte e herdeira do trono russo, Vossa Graça aceitaria...

– Sim. – ela respondeu, levantando-se com rapidez, arrumando o vestido com as mãos e em seguida voltando a olhar para ele. – Sim, eu aceito, príncipe Orlando.

Orlando se levantou, sorrindo de leve. Ela permaneceu imóvel daquele modo por mais alguns segundos, antes de envolvê-lo e saltar de júbilo, enquanto glorificava a Deus por aquela benção. O príncipe hesitou, mas por fim passou os braços ao redor de suas costas. Afinal agora ela era sua prometida, estava tudo bem em ser ousado, não? Sentiu o cheiro adocicado de sua pele e os sedosos cabelos ruivos no rosto. Sentiu a respiração dela, descontrolada, e o bater de seu coração acelerado. Serafina estava incrivelmente atraente, mesmo que ele não a visse propriamente. Soltou-a e ela sorriu, abertamente, como nunca fizera desde que ele se lembrava. Com um ímpeto de confiança e também envolto pela emoção do momento, Orlando tocou sua bochecha com leveza, deixando a mão sobre ela, esquentando-a. Serafina ruborizou e sorriu de leve, agora com os olhos mais serenos. Era adorável.

Então ela se afastou, arrumando as mangas do vestido como se fosse tudo o que pudesse fazer para se sentir ainda mais realizada. Orlando não escondeu a flecha de mágoa que perfurou seu peito, ele queria mais que aquilo. Talvez ganhar alguns carinhos especiais por ter feito algo bom. Por ter insistido com o primeiro-ministro e o pai. Ele merecia um afago pelo bom trabalho, não merecia? Então notou que estava agindo como um cão, correndo atrás de seu dono, fazendo tudo o que lhe era ordenado e chorando por algumas migalhas.

Ele não era assim. Tinha que se fazer valer. Não sairia dali sem seu merecido reconhecimento.

– Não irei ganhar nem mesmo um agradecimento? – ele avançou, segurando seus ombros. Serafina movimentou-se para se livrar, porém parou por meio segundo e resolveu que aquilo não era tão ousado assim.

– É claro, muitíssimo obrigada, Vossa Alteza – ela se curvou, educadamente e ergueu o rosto com um sorriso de malícia. Estava gozando de sua cara. Orlando sentiu aquilo como um desafio.

– Não é o suficiente. – negou, subindo as mãos do ombro para seu pescoço, e então rosto. Serafina se manteve imóvel, apenas devolvendo o olhar penetrante. – É preciso mais.

– Vossa Graça supõe...?

Orlando inclinou-se, fechando os olhos e aguardando o momento em que a bofetada chegasse em seu rosto, para tirá-lo de lá. E ela chegou em bom tempo, abafando todos os sons que ouvia do lado esquerdo do quarto. Sentiu a orelha arder, mas em seguida ser segurada com força. Então algo macio em seus lábios, macio e quente. Segurou-a como fazia com as damas. Então ela riu. Orlando abriu os olhos, estava beijando-a, sim, mas em sua bochecha.

– Você não muda. – ela repreendeu, soltando-o e se afastando. – Preciso tomar um banho para dormir. Vá, antes que chame uma criada para expulsá-lo.

Orlando ergueu uma sobrancelha. Sua mulher estava mandando-o embora? Quem ela pensava que era? Bufou, caminhando a passos pesados em direção a porta do quarto e então saindo.

º º º

Já faziam horas que estava naquela carruagem desconfortável. Não havia bancos, ou mesmo janelas. Era uma carroça, não uma carruagem. Puxada por um cavalo e conduzida por dois hereges. Aaron segurou fortemente as mãos da donzela que encontrara na floresta. Ela estava extremamente fraca e cansada, febril, ela suava desidratando. Seus cabelos longos e negros se grudavam às suas costas e ela havia praticamente arrancado seu vestido, enquanto se contorcia na madeira, tentando se livrar do fogo que queimava sua carne. Ela disse que ouviu as vozes e pensou que eram crianças perdidas pela floresta, por isso queria ajudá-las. Aaron não a culpou por nada.

– Eles estão atrás de mim – disse, com convicção, embora a menina pouco tenha lhe dado atenção. Ele sabia que era fraco e não podia fazer muita coisa. A espada que carregava na bainha havia sido arrancada de suas mãos pelos hereges e seus pés presos. Ela tentou desatar os nós, mas era impossível.

– Quanto mais teremos de lidar com isto? Onde estão os soldados do reino? Esta floresta não é tão grande. – ela resmungou, esmurrando a parede da carroça, o que fez balançar para os lados. Aaron notou que o cavalo diminuiu o passo, e os cocheiros gritaram insultos para eles lá dentro. Talvez isso fosse bom. Olhou para ela, deitada numa posição esmagadora.

– Faça novamente. – sussurrou. A moça ergueu a cabeça e movimentou a mão de modo a indicar um soco na parede da carroça. Ele assentiu ligeiramente. A menina preparou e socou, com força, que teria feito os ossos da mão de Aaron se quebrarem. Mas ela apenas esboçou um sorriso e voltou a olhar para ele. A carroça balançou ainda mais para o lado e o cavalo parou abruptamente, relinchando baixinho. Os cocheiros resmungavam. – De novo! – ela esmurrou, mas desta vez parece que não foi tão bom e por isso ela optou por bater com o ombro. A carroça balançava, cada vez mais, enquanto oscilava. Parecia que cairia a qualquer momento. Até que um dos cocheiros abandonou seu posto e contornou a carroça, abrindo-a para encará-los. A senhorita no instante pisou-lhe a cara, fazendo o homem cambalear até cair de costas. Ela saltou da carruagem e Aaron a teria seguido, caso não estivesse preso ali dentro. Tudo bem. Ela poderia fugir, era o certo a se fazer. Ela retornou, com uma espada curta em mãos.

Cortou as cordas que o prendiam e virou-se para disparar em direção ao segundo cocheiro, que também abandonara o seu posto. Ela não parecia saber como lidar com uma espada, mas a impunha com respeito. Por isso, Aaron desceu lentamente e tirou-lhe a arma das mãos, se colocando em posição de ataque caso o herege o ameaçasse. O homem os observou e ergueu as sobrancelhas, contornando a carroça, subindo no cavalo e tratando de abandoná-los ali, no meio de uma floresta. Aaron procurou o primeiro cocheiro com os olhos, porém o encontrou logo a seus pés, com uma grande mancha vermelha no peito.

Olhou para ela e ela olhou para ele.

– A trilha leva para o lugar onde nos pegaram. – ela apontou para as marcas das rodas da carroça no chão. Ele assentiu.

– Devemos segui-las, então.

A garota soltou uma risada fraca e se virou, tratando de caminhar.


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Notas finais do capítulo

Desculpem o capítulo tão pequeno mas eu não funciono desmotivada. Meu próximo capítulo será um extra... Do outro lado do mundo! beijos da Meell