Me levantei cedo naquela manhã. Tinha conhecido a famosa Davina Senna no dia anterior e planejava conversar melhor com ela naquele dia, conhece-la mais um pouco e em uma condição emocional melhor para ela. Dona Hugette já havia se levantado, como era de costume para dar uma breve caminhada no jardim, decidi acompanha-la daquela vez, aproveitaria para perguntar algumas coisas a minha mãe que só ela poderia me responder.

–François, você está interessado em alguma moça? -ela me perguntou. É incrível como o instinto maternal pode detectar qualquer coisa sem você falar nada, minha mãe me conhecia melhor do que qualquer outra pessoa para saber muito bem quando eu estava interessado em alguém.

Eu a contei sobre a noite passada na praia de Saint-Tropez, como eu tinha ficado impressionado ao conhecer a Davina e de com ela era o oposto da pessoa que eu tinha visto na pista de corrida, ela estava calma e sensível. Um piloto não deve se deixar abater por qualquer coisa, muitos de nós morrem todos os anos nas pistas e temos que continuar firmes e fortes para que o circo continue em movimento, mas pelo visto as mulheres tinham a vantagem de poder demonstrar o que sentiam dentro e fora dos autódromos.

–Se gostas dessa moça de verdade, vá atrás dela, demonstre o que sente François, pois pode ser que outro já esteja atrás de conquista-la também. As boas moças sempre são as mais cobiçadas, e pelo que você me falou, essa garota deve ser muito procurada pelos jovens.

Eu nuca cheguei a duvidar disso na minha vida! Todos gostariam de ser lembrados como ex-namorados ou namorados da maior promessa do automobilismo feminino daquela época, além de beleza ela tinha talento para o mundo das corridas, era o sonho de todo homem na verdade. Carros e mulheres, naquela época era isso que valia para um homem. Mas para mim, ela era só a moça que eu conheci em frente ao mar. Voltei para casa e fui atrás do telefone, tinha anotado o número dela em meu pulso por que eu não tinha um papel na hora, eu só tinha uma caneta por coincidência e não queria arriscar de me esquecer, coisa de menino bobo mesmo.

Disquei e esperei, quem atendeu foi Sabrina, a outra irmã da Davina. Me identifiquei a ela e perguntei educadamente se poderia falar com a Davina um minuto, mas ela me falou que Senna estava no banho. Tudo bem. Perguntei se teria como buscar a Davina para um almoço, mas Sabrina respondeu que ela teria treino logo depois do almoço e que não poderia se atrasar. Acho que ela não queria mesmo que a irmã dela me visse. Agradeci e depois desliguei, como a vida dela é tão corrida quanto a minha seria difícil encontrar um tempo, minimo que fosse, para um momento de lazer. Mas isso não significava que eu não tentaria.

Liguei então para o Jackie e o convidei para um chá em minha casa, poucos minutos depois ele já tinha chegado. E é claro, se divertiu com minha situação.

–Como é? O grande namorador e galã francês, François Cevért, está me pedindo conselhos para conquistar uma mulher? -seu deboche me fez sorrir alto, realmente era algo incomum de acontecer, mas um homem faz tudo quando gosta de uma mulher.

O expliquei toda a situação, Jackie sabia como conquistar uma mulher tanto quanto eu, ele só não vivia rodeado de mulheres por que era casado com a Helen desde que tinha 23 anos então estava fora do jogo a algum tempo, mas ele era mais maduro do que eu e poderia me ajudar. Era engraçado por que ela me dizia que só em olhar para uma moça eu a conquistava e não sabia do por que disso não ter funcionado com Senna logo do inicio, para falar a verdade, nem eu mesmo sei como isso não funcionou, modéstia à parte.

–Tudo bem, eu já sei o que vamos fazer para você e ela se encontrarem de novo, vamos fazer algo bem camuflado para não haver erros. Deixe tudo comigo.

O que me restava era confiar em sua experiencia de homem casado.

–E quando vamos fazer isso? -perguntei e ele sorriu.

–Próximo mês, na corrida da Holanda, ela irá correr e com certeza irá ganhar. Então vou colocar o meu plano em ação François, essa menina vai ser sua ou eu não me chamo Jackie Stewart!