Procura-se um amigo para gostar dos mesmos filmes que eu. Que saiba conversar sobre coisas simples, como grandes chuvas e recordações de infância. Preciso de um amigo para não enlouquecer, para contar o que vi de belo e triste durante o dia, dos sonhos, pesadelos e da realidade. Tomara que goste de ruas desertas, e de caminhos molhados, de beira de estrada, da grama após a chuva e andar de bicicleta. Preciso de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já tenho um amigo. Preciso de um amigo para parar de chorar. Para não viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que bata nos ombros sorrindo e chorando, mas que me chame de amiga, para que eu tenha a consciência de que ainda vivo.

Quieto, intelectual, sem-graça, misterioso e sério. Falante, matraca, comediante, piadista e máquina de sorrisos. É difícil saber qual de suas faces é a verdadeira, qual ele mais força, varia, muda, inventa...

Bobo da corte, gênio da turma, menino prodígio... Não sei como descrevê-lo com mais certeza, talvez... Amigo... O tipo de pessoa que deixa os dias definitivamente encantados.

Seu abraço fraco, os sustos no meio da rua, o silêncio constrangedor constante e o desinteresse em qualquer coisa que envolva cores. Ele não tem nada de especial, não é feio, mas nem um Zac Efron da vida (risos). Mas por algum motivo ele me faz sentir nervosa, pequena... Ele me faz rir quando não quero. Me persegue quando pego sua carteira, e foge quando tento bater nele. Me acompanha até o fim da rua na saída da escola. Me faz passar vergonha, e eu o faço passar também... Me xinga quando rio sem motivo e compra briga quando pego seu celular.

É engraçado e ridículo quando a gente começa a gostar de alguém e acha que tudo o que o outro faz é um sinal ou uma pista.

Um dos meus melhores amigos, se não o melhor. Tento achar motivos para uma pessoa tão incrível como ele, ser amigo de alguém como eu, mas como ele mesmo disse "Não precisa de motivo pra ser amigo".

— Abril de 2015