Resolvemos parar.
Eu e Scott ficamos nos entreolhando e quase infartei na hora. O guarda chegou até nós.
– Scott? - o guarda perguntou.
– Thomas! - Scott disse.
Olhei sem entender.
– O que estão fazendo aqui? - Thomas perguntou. - Sabem que podem ser presos, mas irei ajudá-los a escapar.
– Muito obrigado, você é mesmo um ótimo amigo. - os dois se cumprimentaram e eu fiquei mais aliviada por não ter sido pega.
O guarda nos levou até o portão dos fundo e distanciamos dali, indo esperar o trem.
– Foi por pouco. Isso está custando nossas vidas! - Scott disse. - A culpa é minha.
– Não, não é sua culpa. - falei. - Você sabe que não.
– Se eu não me mudasse de grupo, eu não teria a colocado em risco.
– Se você não mudasse de grupo, não teria me conhecido. - eu disse tentando acalmá-lo. - Eu quase sempre corri riscos, Scott. Hoje não foi diferente.
Continuamos caminhando, até que o trem chegou.
Quinze minutos depois, as ruas perto da habilidade estavam um pouco mais organizadas e entramos pela porta da frente. Encontrei Eric e Cam juntos.
– Já está tudo bem por aqui? - perguntei.
– Mais ou menos. - respondeu Cam. - Os rebeldes conseguiram fugir.
Respirei aliviada.
– Ótimo! Vamos Scott.
Bati na porta da sala de Ethan, e ele estava andando de um lado para o outro.
– Você sumiu de novo. O que é, Natalie? - ele perguntou aborrecido. - Resolveu brincar de se esconder?
– Eu estava fazendo o meu trabalho!
– Ah, executou um ótimo trabalho. Eles fugiram!
– E o que queria que eu fizesse? Matá-los? - cerrei os olhos. - Não vim para discutir.
– Pois bem, então saia!

***
Eu, Scott, Megan, Cam e Alex nos reunimos em uma sala para ver os arquivos que tinhamos pegado.
Eram vários papéis mostrando as organizações dos grupos, cópias da certidão de casamento do rei, nascimento de Philipe e Scott. No final de uma pequena caixinha, encontramos um pequeno gravador de voz.
Apertei o botão e começamos a ouvir o que tinha nesse aparelho. Se for o que estou pensando, vamos acabar de vez com Joseph!

"Sinto-me mal, não por ter acabado com a família Roberts perfeita... Por ter me casado com Mary Charlie...
– Ele está confessando? - perguntou Scott um tanto chocado. Eu diria que eu também.
...Eu a amei, mas minha sede por poder e inveja pelo pai de Scott me deixaram cego. Acabei deixando Charlie de lado e a vi morrer de tristeza. Ao invés de ter falado em público que ela realmente morreu em um dos ataques, culpei o Roberts e seus filhos. Por ser mais fácil culpar do que assumir a culpa...
Joseph tinha razão, a culpa consome aos poucos, preferimos jogá-la para outro do que assumi-la. Não senti nenhum arrependimento em sua voz, pelo ao contrário, sua voz transmitia vingança bem sucedida.
...Expulsei o pai de Scott do cargo de conselheiro, não aceitava o fato de que o ex de minha esposa e culpado da morte dela estivesse tão perto. Sempre que pude, o mantive longe de tudo e das coisas que envolvia o palácio. Porque ele merecia sofrer.
Philipe, meu único filho e herdeiro do meu trono - ele gritava. - Será um ótimo rei."
– Não acredito nisso. - resmungou Scott.

– A pessoa que gravou isso merece um prêmio! - Megan disse tentando acreditar no que acabou de ouvir.
Suspirei.
– Vamos manter a calma e tentar resolver as coisas. - falei incrédula.
Todos nós ficamos apreensivos com a confissão do rei Joseph, nunca vi e ouvi um ser tão mau caráter como ele. Mas iremos tentar até o fim tirá-lo do trono e colocar o verdadeiro rei no lugar, Scott.

***
Depois de ter ouvido aquilo tudo e tentando engolir aquelas palavras horríveis, fiquei com Scott no último andar, ele estava tão mal, que se eu pudesse tomaria as suas dores.
Vi poucas lágrimas sair de seus olhos, não só exatamente pelo fato de Joseph ter roubado o governo, e sim pela sua mãe, a rainha Charlie.
Tentei acalmá-lo com um abraço, mas eu sentia que aquela dor jamais sairia do seu coração.

Entramos na fila do café da manhã e Scott ainda estava mal, calado. Eu já estava agoniada com esse silêncio.
– Scott?
– Eu não deveria estar aqui. - disse segurando a raiva.
– O que? Do que está falando?
– Vou acabar com isso tudo agora!
Scott saiu correndo e eu, Megan e Alex fomos atrás dele.
– Scott! Volta aqui! - gritei. Consegui alcançá-lo. - O que você vai fazer?
– O que eu deveria ter feito há muito tempo. - respondeu tentando se livrar dos meus braços.
– Não faça besteira! Por favor, ele vai te matar.
– Ele não vai. - suspirou. - Vou até os passistas, a guerra vai começar.

Se a guerra estava prestes a começar, esse lugar iria virar um caos com Philipe e Joseph de um lado - sem nenhum pudor - e Scott do outro que claramente enlouqueceu! Está sem controle, mas não posso deixa-lo só, e fazer loucuras é minha especialidade não a dele.
Continuei a ir atrás dele. Megan e Alex me seguiram.
– Vai deixar que ele faça uma guerra?
– Vou. Joseph passou dos limites a muito tempo, foi demais para Scott ouvir aquilo tudo.
Não sabia se era certo travar uma guerra contra o rei, mas sabia que o tempo de Joseph no trono acabará.
– Não vê o que ele está fazendo? Ele consegue ter um poder sobre você impressionante. Você está aceitando uma guerra... Qual é Natalie? Você mataria o primeiro que tentasse, mas ele não?
– Do que está falando Megan?
– Você está ignorando suas habilidades e jogando fora o seu bom censo. Joseph é um péssimo rei e uma péssima pessoa, mas suicídio fazer o que Scott quer. E você sabe! Mas ele mexe tanto com você que... Eu não sei, mas a Natalie Johnson não aceitaria uma guerra assim.
Não respondi.
– O que sugere então?
agradeci mentalmente por Alex ter perguntado.
– Alguns dias, alguns treinamentos... É o que a Nath que eu conheço faria... Parar Scott e conter ele até termos certeza de que estamos prontos.
Não sabia oque fazer, Scott tinha o direito de estar daquela forma, mas Megan estava certa... Merda.
– E ai? Vai matar todos nós por ele?
– Não podemos esperar mais, nosso país está um caos. A Caridade está sofrendo muito e nós também. Temos que acabar com isso agora!