Quando tive que me despedir dos meu pai, foi um dos momentos mais difíceis de todo o dia. Mamãe começou a chorar e dizer que sentiria minha falta e que era para mim ligar quando pudesse. Eu não chorei, e garanti a ela que ligaria sempre que fosse possível. Júlio foi quem garantiu a eles que voltaríamos logo para revê-los.

Papai fez milhares de recomendações a Júlio. Pedindo que ele me cuidasse, me respeitasse e mais um monte de coisas que não prestei atenção. Júlio garantiu que faria isso e para minha surpresa os dois se abraçaram.

Passamos quase toda a viagem de volta sentados no sofá, eu agarrada nele e encostada em seu peito. Ele com os braços em volta de mim, de vez em quando beijando minha cabeça. Estar na presença do outro era muito reconfortante para nós.

Não conversávamos muito e eu ainda revivia todos os momentos do dia. Tudo tinha sido perfeito! Um verdadeiro sonho! Eu havia passado com as pessoas que mais amava na vida.

– Acho que ainda não te agradeci direito. Obrigado. - olhei para Júlio - Obrigado por conseguir essa viagem e por vir comigo. Você nem imagina o quanto isso foi importante para mim.

– De nada. Você sabe que eu faço qualquer coisa por você – ele sorriu daquele jeito que faz meu mundo parar e acariciou meu rosto.

Sorri de volta, me virando para ele o beijando.

– Essa me parece ser uma boa forma de agradecimento – murmurou ele entre um beijo e outro – Não me importo se quiser me agradecer assim todos os dias.

– Ok. Acho que vou te que te agradecer assim por muito tempo ainda. Minha dívida é grande. - brinquei. Estávamos muito perto um do outro, em um completo clima de amor.

– Não tenho pressa. O que me interessa é que você pague. Mas não se esqueça que terá juros.

Voltamos a nos beijar por mais um tempo. Queria que aqueles momentos durassem para sempre. Não queria que nada estragasse nossa aura de felicidade e amor. Nós nos completávamos. Ele me fazia bem, e eu fazia bem a ele. Tudo entre nós era um fluxo perfeito.

– Como vamos fazer agora? - perguntei após um tempo. Quando tínhamos conseguido parar de nos beijar e estávamos apenas sentados juntos.

– Em qual sentido, Liss? Agora, nesse exato momento ou agora quando voltarmos ao palácio?

– Agora quando voltarmos ao palácio. O que vamos fazer em relação a nós dois e o Danilo?

Júlio ficou imóvel, pensando naquilo.

– Tem alguma coisa que possamos fazer? - disse ele.

– Deve ter. - pensei em Danilo e em como ele havia ficado quando achou que eu e Júlio tínhamos um caso amoroso. - Porque eu sei que ele não vai se sentir muito bem vendo nós dois juntos. Você sabe o que ele sente e como ficou daquela vez.

– Sim. - Júlio ficou triste, olhando pro chão – Me magoa bastante ver o Danilo sofrendo. Ainda mais sabendo que eu sou culpado por isso. Até tive esperanças que ele e Khaless ficassem juntos e ele voltasse a ficar bem, mas acho que não deu em nada a relação dos dois...

– Pare de se culpar! - recriminei – Você não tem culpa nenhuma por isso. Não foi culpa sua Danilo gostar de mim e eu gostar de você.

– Ok. É verdade – ele voltou a se alegrar e olhar para mim – A culpa é sua por ser tão irresistível. - ele me puxou para mais perto de si.

– Eu diria que é culpa minha fazer o tipo dos irmãos Anthoni. Ainda não consigo entender como tudo isso foi acontecer. Tipo, eu não sou assim feia, mas também não sou linda e maravilhosa.

Júlio segurou meu rosto e com ar carinhoso falou:

– Eu acho que você é linda,... – e deu um beijo na minha testa – maravilhosa,... - um beijo no meu nariz - perfeita,... - e finalmente um beijo na minha boca. - Mas voltando ao assunto – ele prosseguiu, agora largando o tom amável e se tornando o mais sério que conseguia ficar quando estava comigo. - Não acho que devemos manter nosso namoro em segredo. Não temos o porque esconder. Não estamos fazendo nada de errado. E por mais difícil que possa ser para Danilo, ele terá que entender e aceitar. Não há nada que possamos fazer.

Ele estava certo. Nós dois nos amávamos, o que poderíamos fazer quanto a isso? Danilo não podia nos culpar por nada. Havíamos tentando ficar distantes o máximo que conseguíamos e agora não dava mais. Não podíamos mais evitar ficar juntos. Éramos feitos um para o outro.

– Tudo bem – admiti – Acho que não temos outra escolha mesmo. Mas vamos evitar de ficar juntos como um casal perto dele. Só para evitar um pouco de sofrimento.

– Certo.