A Missão escrita por StefaniPPaludo


Capítulo 73
Capítulo 49




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Ontem passei a noite no meu escritório lendo e assinando alguns papéis, para hoje poder sair pela primeira vez do palácio. Queria ir até o quartel. Faz mais de uma semana que não vejo Eric. Desde que ele saiu meio correndo do quarto de Júlio, todo arrependido pelo que havia feito.

Estava preocupada com ele e precisava saber se ele estaria bem. Coloquei minha farda militar e tentei sair do palácio o mais discretamente possível, mas é claro, não consegui. Todos os guardas que cruzavam por mim, me notavam e me cumprimentavam respeitosamente. No quartel foi a mesma coisa, ou ainda pior. Todos pareciam espantados em me ver ali. Me cumprimentavam e ficavam me olhando passar. Eu era uma espécie de celebridade e não gostava nem um pouco disso. Fui para o meu antigo dormitório, ao qual eu pretendia voltar logo que as eleições fossem feitas e os novos governantes fossem escolhidos.

Danilo e Eric ainda dormiam ali. Bati na porta e logo Eric apareceu. Ele estava de pijama:

– Olá Liss. - ele parecia de bom humor, e me deu um abraço caloroso.

–Oi Eric. - cumprimentei. - Tudo bem?

–Sim e você? Entra Liss. E não repare a bagunça. Não sabia que você viria. Se soubesse teria arrumado. Tudo ficou menos organizado desde que você saiu.

– Eu imagino. - eu ri. - Mas não me importo. - entrei e sentei com ele, no sofá que eu já conhecia. Não pude deixar de dar uma olhada em todo o dormitório. Minha cama ainda estava lá. E daqui há uns meses eu voltaria para aquele quarto. Era só questão de tempo.

–Vim ver como você tá. - me foquei em Eric, esquecendo o resto – Não nos vimos mais desde aquele dia em que você falou com Júlio. Eu até quis vir antes, mas não consegui. Você não imagina o monte de coisas que tenho que fazer. Não sobra tempo para nada – comecei a tagarelar. Me sentia bem com Eric. Ele era um verdadeiro amigo. Podia falar o que quisesse com ele.

– Achou que ser governante seria fácil!? - brincou ele. E nos dois rimos. - Você não precisa se preocupar comigo, eu estou bem. Eu e Thomas voltamos.

– Sério? Fico muito feliz. Mas como aconteceu isso? - era realmente bom poder estar ali com ele, agindo como uma adolescente normal, sem nenhuma responsabilidade nos ombros.

Eric começou a contar toda a história animadamente. Parece que certo dia, Thomas apareceu ali no quartel e os dois conversaram. O clima acabou esquentando e os dois se beijaram. Depois Thomas levou Eric para o antigo dormitório dele, e eles lá acabaram se acertando de verdade. Eric não contou mais detalhes e eu não fiquei curiosa em saber. Aquilo para mim bastava.

– Agora estamos namorando escondidos. Todo dia ou ele vem aqui, e vamos para seu antigo dormitório ou eu vou lá no palácio. - prosseguiu Eric. - Tomamos o maior cuidado para ninguém descobrir. Só contei para você porque você é minha melhor amiga, Liss. Eu confio em você. Mas você tem que prometer que não vai contar nada disso pra ninguém. Nem pro Danilo, nem pro Júlio, e nem pra ninguém.

– Eu prometo. Não vou contar a ninguém. Mas porque vocês não podem assumir publicamente?

– Thomas diz que os militares não vão aceitar um soldado gay. Podem querer me expulsar e ficar pegando no meu pé. Ele também diz que precisa manter o respeito do povo, e as pessoas podem não gostar se souberem que ele é gay.

– Ah! Que chato! Mas o amor de vocês é maior que isso. - eu sorri. Me emocionava com a história de amor dos dois. Era tão bonita, agora que eu a conhecia o suficiente. - E logo a mentalidade dessas pessoas vai mudar. Vamos fazer com que isso aconteça e vocês vão poder sair por ai juntos. Vai ser a verdadeira igualdade! Todos terão direito de ficar com quem quiser e ninguém irá julgar isso.

– Espero que sim. E como tá lá no palácio? Thomas e Júlio tem brigado bastante?

– O Thomas não te conta mais nada? - perguntei.

– Não sobra tempo. Temos coisas mais interessantes para fazer.

– Haha! Safadinho! - eu ri – Até que eles não brigam tanto. Só o de sempre. Mas a maioria das opiniões deles são parecidas. Então quando eles concordam fica tudo tranquilo. - me lembrei de um fato – A maior discussão deles foi sobre o que fazer com Margareth. Cada um de nós quer uma coisa diferente. Thomas quer matá-la, Júlio quer soltá-la e eu quero mantê-la presa pelo resto da sua vida. Mas não chegamos a conclusão nenhuma ainda. Acho que vamos deixar como tá, e deixar isso para os próximos governantes decidirem.

– É parece uma boa ideia – concordou ele – Mas mudando de assunto, eu sempre soube que aquele namoro entre você e o Júlio era fingimento. Mas e agora já tá rolando alguma coisa de verdade ou tudo na mesma?

Eu corei e abaixei a cabeça. Como ele podia perceber a atração que sentíamos um pelo outro? Saber que eu gostava de Júlio muito mais do que gostaria? Era tão óbvio assim?

– Tudo na mesma... Quer dizer, somos amigos e vai ficar nisso. - ai merda. Odiava falar desse tipo de assunto.

– Liss, o Júlio é louco por você. E você é louca por ele. Porque não ficam juntos de uma vez e resolvem isso? Vocês combinam tanto.

– Não é tão simples quanto parece, Eric. Tem muita coisa envolvida. - admiti. Não iria mais negar que gostava de Júlio e sabia que ele gostava de mim. - Primeiro o Danilo, depois nossa diferença de idade, toda essa confusão de sermos governantes, e eu não sei se estou preparada.

– Ai Liss, quanta bobagem – ele foi sincero, e eu gostei daquilo. Estava precisando ouvir umas verdades – Se vocês se amam de verdade, nada disso importa. E o Dani vai entender perfeitamente isso. Ele até comentou comigo a declaração de amor que você fez quando encontrou Júlio preso. - era verdade, eu havia agarrado Júlio, beijado ele e dito que o amava – Ele parecia um pouco triste, mas está superando. Você tem que pensar na sua felicidade, menina.

– Eu vou pensar, eu vou pensar – concordei, falando baixo e pensando na confusão de tudo isso. - Agora tenho que ir. Até mais Eric. É bom vir aqui conversar com você, me faz muito bem – eu o abracei,me despendido.

– Quando quiser conversar me liga que eu vou lá, Liss. Fica mais fácil. Eu não faço nada o dia todo mesmo.

– Ok. Eu ligo, mas não precisa esperar. Apareça lá qualquer dia desses.

Eu estava chegando na porta do meu escritório e entrando quando ouvi a voz mais perfeita do mundo me chamando:

– Liss! - me virei para Júlio – Eu estava te procurando.

– Oi. Eu fui até o quartel ver Eric. Desculpe. Algum problema? - olhei fundo nos olhos dele, não pareciam estressados ou preocupados.

– Não. Na verdade é uma solução. Acho que você vai gostar. - ele sorriu pra mim, e eu sorri de volta, sem conseguir me conter.

–To ficando curiosa, Júlio. Fale de uma vez.

– Consegui um avião e um piloto para te levar até Crytur, para que você possa rever sua família. - ele falou calmamente, me fitando atentamente, e sorrindo.

– Ah! Eu não acredito! Você tá brincando? - eu gritei de empolgação, com um sorriso radiante. Alguns guardas daquele andar me olharam espantados, mas logo desviaram o rosto. - É sério mesmo?

– Claro que é! Você acha que eu brincaria com uma coisa dessas? O avião vai sair do quartel no dia de descanso as seis da manhã.

Eu pulei no pescoço dele. Agarrando e o abraçando forte, muito feliz com o que ele havia feito. Ele deu um passo para trás com o baque do meu corpo no dele, mas logo se recuperou e me abraçou também. Seus longos, fortes e quentes braços em minha cintura.

– Obrigado Júlio! Você é o máximo. - eu disse, ainda abraçando ele e tentando conter a empolgação. Eu veria meus pais! Parecia um sonho.

– Não tem de quê. - ele murmurou baixo em meu ouvido, com aquela sua voz forte. Um arrepio percorreu meu corpo.

Nos afastamos, e eu continuei olhando alegremente para ele, nossa distância menor do que antes.

– Você não precisava ter se preocupado com isso. Vou te dever uma pelo resto da vida – eu falei, as palavras saiam livremente da minha boca com a minha felicidade.

– Eu te disse que ia conseguir que você pudesse visitá-los. - ele respondeu calmamente, com sua voz reconfortante – E você não me deve nada. Só ver essa sua empolgação, seus olhinhos brilhando é o suficiente para mim.

– Obrigado mais uma vez – não sabia que outra coisa poderia dizer.

– E não se preocupe, eu cuidarei de seus afazeres nesse dia.

Me espantei. Por essa eu não esperava. Minha alegria diminuiu um pouco:

– Como assim? Você não vai comigo? - perguntei com a voz triste.

– Não. Não achei que quisesse que eu fosse junto. Isso é uma coisa pessoal, achei que quisesse ver seus pais sozinha.

– Eu conheci sua família, achei que fosse conhecer a minha também. - eu estava soando idiota. Porque ele conheceria minha família? Não tínhamos um relacionamento de verdade. Éramos amigos. Somente amigos. - Eu queria que você fosse comigo. Mas tudo bem, se não der.

Júlio abriu novamente aquele seu sorriso de me tirar o fôlego e disse:

– Se tem certeza que é isso que quer, posso tentar conseguir. Faço qualquer coisa que você queira, Liss. - sua voz saiu tão carinhosa.

Como eu podia ter direito que um cara daqueles me tratasse daquele jeito? Era muita perfeição.

– Tenho certeza que é isso que eu quero. Quero que vá junto comigo. - tentei me controlar e não demonstrar todas as emoções que ele me causava.

– Ok.

Eu queria agarrá-lo e beijá-lo. Mas não sabia como fazer aquilo.

Nossa distância não era tão pequena assim, e estávamos no corredor do terceiro andar. Por mais que os guardas não estivessem olhando diretamente para nós, eu tinha certeza que estavam prestando atenção. Júlio também não parecia ter percebido o que eu queria. Então o jeito foi me acalmar e desistir do beijo.

– Com licença. - Júlio disse, se afastando de mim. Queria que ele ficasse comigo, conversando, sorrindo,... Mas era egoísmo da minha parte. Portanto deixei que ele fosse e entrei pro meu escritório. Quase pulando de alegria porque ia rever meus pais e porque Júlio iria ir junto comigo.


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Notas finais do capítulo

Finalmente alguém (Eric) para abrir os olhos da Liss e dizer a real para nosso casal preferido!

Eles estão cada vez mais fofos juntos e eu já adianto que próximo capítulo é especial! *-*

Aguardem até amanha a noite!



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