Como ontem fiquei escrevendo aqui até tarde, e depois as preocupações e culpas demoraram a me deixar dormir, acordei tarde da manhã. Com uma batida na porta. Era Liss. Que maneira ótima de começar o dia!

Mas ela não estava sozinha. Um amigo dela e soldado do quartel estava junto. O Eric. Os dois disseram que tinham uma coisa importante para falar comigo. Fiquei preocupado.

A primeira grande revelação deles era que Eric era amante de Thomas, e Thomas contava tudo da missão para Eric. Sem se importar com isso.

Fiquei irado com essa informação! Thomas havia feito com que Eric viesse pro quartel e ele arriscava diariamente nossa missão contando tudo para seu namorado.

O pior de tudo é que Thomas sempre me acusou de me deixar levar pelo coração, de me envolver com Liss e correr o risco de estragar tudo. Mas ele podia fazer isso. Porque fazia escondido.

Quis ir tirar satisfação de uma vez com Thomas. Queria ouvir aquilo da boca dele. Mas Liss não me deixou. Ela ainda tinha mais coisas para me contar.

A segunda grande revelação era que Eric foi quem me denunciou para os governantes e me fez ser preso. Thomas contou tudo sobre a última briga que tivemos, e Eric se sentiu no direito de vingar-se de mim. Diz ele que não pensou nas consequências daquele ato. Mas não sei se acredito muito nisso.

Eric nunca foi um bom soldado mesmo. Não é de se estranhar que tenha traído alguém. Nunca havia entendido o porquê dele ter sido designado para o quartel. Não era bom em combates, não era bom em tiro ao alvo, não era bom em estratégias, não tinha um bom físico, é sentimental, entre outras coisas. Mas agora compreendo tudo. Foi Thomas quem o trouxe para cá. Sem me contar nada.

To pensando seriamente se a minha amizade com Thomas não é em uma única direção. Acho que somente eu o considero amigo. Ele deve me considerar apenas um conhecido ou sei lá. Não confia em mim para contar as coisas, e me acusa de coisas que ele mesmo faz. Hipócrita!

Enfim, Eric teve que fazer um drama se dizendo arrependido e mal. Inclusive se jogou no chão, e agarrou minhas pernas. Nunca um soldado de verdade faria isso. Por fim acabou indo embora, triste e magoado.

Liss permaneceu lá, e com todo o seu encanto tentou me convencer a perdoar seu amigo. Ela sabe ser convincente quando quer. Não pude negar aquilo para ela. Mas falei que iria tentar, e deixei bem claro que aquilo seria por ela e não por ele.

Felizmente não vi mais esse Eric. Mas depois de estar sozinho, sem ninguém para me impedir, fiz questão de ir procurar Thomas, para tirar satisfação daquilo.

Como sempre, acabamos brigando. Mas ele confirmou tudo aquilo. E pareceu intensamente constrangido em saber que eu descobrira que ele era gay.

Inclusive pediu desculpas depois da briga e me pediu para que eu não contasse aquilo a ninguém. Era um segredo que ele precisava guardar. Entendi seu pedido e prometi guardar o segredo.

Realmente não seria nada bom se soubessem que ele era gay. Os militares têm um extremo preconceito quanto a isso. Acham que todos tem que ter um estilo determinado, agir da mesma maneira e gostar das mesmas coisas.

Agora que ele é governante também poderia perder o respeito do povo e dos militares a seu serviço se essa informação vazasse.

À noite, nos reunimos todos juntos, todos os da missão e assistimos ao anúncio que foi ao ar em todas as TVs de Tazur. No anúncio foi informado sobre os antigos governantes, quem eles eram como agiam, e a foto de cada um e depois apareceu eu, Liss e Thomas nos apresentando, explicando o golpe militar que havíamos dado para derrubar o governo e o que pretendíamos fazer a partir de agora. Por fim convidávamos qualquer um que quisesse a se candidatar para ser um dos governantes do país.

Quando o anúncio acabou, fomos à sala de jantar, e as empregadas serviram um banquete espetacular. Foi a primeira vez que comemoramos nossa vitória. Todos estávamos muito felizes.

Liss, inclusive estava radiante e ainda mais bonita do que nunca. Não consegui desgrudar meus olhos dela a noite toda. E felizmente passamos boa parte do tempo perto um do outro, conversando entre nós, Danilo e Khaless.

Quero ver se consigo o mais rapidamente possível, que ela vá ver seus pais em Crytur. Percebo nos seus olhos a falta que ela sente deles. E não gosto de vê-la assim. Quero que ela se sinta completa e vou fazer isso, além de como um agradecimento por ela ter me tirado da prisão e ter convencido Thomas a seguir com a missão, também como uma maneira de vê-la feliz e realizada.

A partir de amanhã começaremos a governar de verdade. Teremos que assumir as funções e as decisões até que as eleições sejam realizadas.