A Missão escrita por StefaniPPaludo


Capítulo 20
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Meu fim de semana foi bastante corrido, por isso não postei ontem. Me desculpem. Mas segue a baixo mais um capítulo.



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No começo quando olhei para frente e não vi nada além do caminho que eu tinha que percorrer, me bateu um desespero e uma vontade de gritar para que voltassem me buscar e não me abandonassem ali sozinha. Mas resisti a isso. Eu tinha que ser mais forte e manter a cabeça no lugar. Sem desistir em uma simples provinha como essa. Haveria muitas piores ao longo do treinamento.

Tentei sufocar ao máximo minha emoções e deixar apenas minha razão me guiar. Usando a minha lógica e inteligência. Larguei a mochila no chão e peguei a bússola para analisar. Júlio tinha dito que deveríamos andar apenas em linha reta. Portanto eu deveria usá-la para marcar meu caminho e seguir sempre na direção correta.

Depois de um tempo girando a bússola e descobrindo como ela funcionava, percebi que estava pronta para partir. Dei uma olhada para toda a paisagem. O céu estava limpo, com poucas nuvens, o sol não estava mais tão alto, o que fazia parecer ser umas quatro horas da tarde. O caminho que eu deveria seguir era todo de terra, sem nenhuma árvore ou vegetação grande a vista, somente algumas gramíneas em certas áreas.

Provavelmente além de usar a força e o preparo físico deveríamos usar as capacidades de conseguir aguentar o sol e ficar sem água. Mas eu, especialmente, tinha quase certeza que era uma prova em que teria que usar a cabeça, mantendo o foco e não me desesperando para concluir a tarefa. A calma faria a diferença.

Coloquei a mochila nas costas e segurando a bússola alinhada na direção certa, dei meus primeiros passos. Decidi contá-los para ter alguma coisa em que pensar e para calcular mais ou menos o tempo. A cada 500 passos eu largava a mochila e deitava no chão, me esticando e descansando. Precisava me manter bem para conseguir chegar até o quartel.

E assim se seguiu. Um,dois,três,...,cinquenta e sete,...,setenta e nove,...,cento e um,..., trezentos e quatorze,...,quatrocentos e noventa e nove, quinhentos. E uma pausa de mais ou menos dois minutos para descanso.

Fiz essa contagem enumeras vezes, até que eu não aguentava mais dar os 500 passos antes de descansar. Tinha que parar nos 200.

Talvez o fato de eu já estar cansada antes de começar a prova fosse um agravante a mais. Todos os músculos das minhas pernas e das minhas costas doíam. O peso da mochila parecia que tinha aumentado ao longo do percurso. Eu andava meio arqueada, tentando não cair e conseguir carregar a mochila.

Duzentos passos. Descanso de uns três minutos. Mais uns duzentos passos e mais três minutos deitada no chão de terra. Por fim as minhas paradas não faziam mais tanta diferença assim. Eu não conseguia descansar. Porque tudo que eu mais queria naqueles momentos era água... água para beber e uma sombra para descansar. Mesmo o sol estando cada vez mais baixo, o calor era insuportável, principalmente comigo vestida com o uniforme do quartel, que não deixava nenhuma parte do corpo a mostra, além de mãos e rosto, e tinha um tecido tão grosso.

Tentei esquecer a sede e o sol me queimando. Eu precisava continuar.

Vagarosamente me levantei do chão, e continuei andando mais um pouco, com minhas pernas e minhas costas reclamando de todo o esforço. Mais alguns minutos e o sol finalmente se pôs.

Parei para descansar nesse momento e fiquei vendo o sol sumir, tão tranquilo... tão bonito... e ao mesmo tempo tão simples. Tirei forças daquele pôr-do-sol e segui por mais 400 passos, até que não aguentei mais e meus joelhos cederam. Eu cai no chão e a mochila também caiu das minhas costas, fazendo um grande barulho quando bateu no chão.

Não conseguia mais me levantar. Minhas pernas pareciam estar amortecidas, e meus ombros e costas doíam de mais do peso da mochila.

Permaneci deitada enquanto percebia a realidade: eu não conseguiria terminar a prova. Não conseguiria me tornar um soldado. Eu era fraca e pequena demais. Por mais que eu tentasse melhorar isso, não adiantava, fazia parte de mim. Eu nunca me tornaria realmente uma soldado.

Deixei umas lágrimas escaparem de meus olhos enquanto ficava lá deitada por um bom tempo, esperando que alguém viesse atrás de mim e me enxergasse naquele estado, derrotada.

Já estava completamente escuro quando eu decidi que não poderia aceitar aquilo. Não podia desistir assim. Eu não podia ser tão fraca. Se todos conseguiam eu também conseguia. Iria superar meus limites físicos!

Me sentei e peguei a mochila que estava ainda a onde tinha caído. Abri-a para me certificar que nada estava quebrado e depois a coloquei em minhas costas, seguindo o caminho.

Não contava mais os passos que dava, só tinha apenas um pensamento na cabeça: "Só mais um, Liss! Você consegue! Só mais um passo!" E assim eu fui, me concentrando em controlar minhas pernas, dando um passo de cada vez e cuidando a bússola para estar indo na direção certa.

Sentei no chão mais uma vez, fechando os olhos, passando a mão no rosto para tirar o suor e tentando controlar minha respiração ofegante. Não sabia mais quanto tempo eu iria aguentar. Eu já havia passado do meu limite.

Mas foi aí que eu vi...

Havia algumas luzes acesas no meu horizonte. Uma enorme construção com algumas luzes, que clareava um pouco o horizonte. Era o quartel, eu tinha certeza!

Não sei da onde arrumei energia, mas me levantei rapidamente, botei a mochila nas costas e prossegui o caminho o mais rápido que conseguia. Eu estava chegando! Eu iria conseguir!

Não demorou nem dez minutos eu estava na entrada do quartel, onde vários soldados olhavam pra mim e perguntavam meu nome, para terem certeza que poderiam me deixar entrar.

Quando passei pelo portão, vi Júlio ali, me esperando. Eu devia ser a última a chegar. Logo que ele me viu veio andando rápido para o meu lado e pegou a mochila que eu carregava, literalmente tirando um peso das minhas costas.

Foi um alívio tirar todo aquele peso de mim. Eu tinha ficado tão feliz quando avistei o quartel que havia esquecido todas as dores, e vindo o mais rápido possível para cá. Só agora me dava conta de que estava prestes a cair de novo.

Sentei-me no chão, encostando as costas e a cabeça na parede. Fechei os olhos e me concentrei em inspirar e expirar, para conseguir acalmar a respiração e tentar descansar um pouquinho.

– Parabéns soldado. Você conseguiu. E foi muito bem. - Júlio me deu um tapinha no ombro. Só consegui acenar com a cabeça agradecendo, enquanto mantinha os olhos fechados. - Foi a terceira a chegar aqui, eu não esperava isso de você. Fico contente.

Abri meus olhos, confusa e pude ver um leve sorriso em seu rosto. Eu havia sido a terceira a chegar? Mesmo estando tão escuro e com tantas paradas que eu havia feito, tinha conseguido chegar antes da maioria? Não conseguia acreditar naquilo.

– Mas eu... - respirei fundo — eu parei tantas vezes. Passei um bom tempo sem caminhar. Como pude chegar aqui antes de quase todos?

– Parece que os outros também fizeram paradas longas ou se perderam. Isso é normal nesse tipo de prova. - ele ainda parecia tentar esconder uma expressão feliz.

– Quem foram os outros? Os outros dois que já chegaram?

– Danilo e John. - ele respondeu calmamente.

Era por isso aquela expressão de felicidade em seu rosto. Seu irmão já tinha conseguido, tinha sido um dos melhores. Me sentia feliz por ele também.

– Posso ir para o dormitório agora? - eu já me sentia capaz de caminhar mais um pouco.

– Claro. Vá e aproveite para descansar, você cumpriu muito bem a sua prova.

Fui para o alojamento, tomei um banho rápido, troquei de roupa e me joguei na cama. Só então minha ficha caiu: eu havia conseguido! Eu provei ser forte! Consegui completar aquela prova e ser umas das melhores. Talvez eu não fosse tão ruim assim. Talvez eu conseguisse ser uma soldado, apesar de tudo.

Peguei no sono com esses pensamentos e me sentindo feliz, consegui esquecer tanto cansaço.


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Notas finais do capítulo

Amanha posto a parte do diário, onde o Júlio conta a versão dele sobre esse dia e essa prova. Beijão!



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