A Missão escrita por StefaniPPaludo


Capítulo 19
Capítulo 12




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Eu ando muito cansada! Se estava achando os treinamentos difíceis antes, agora está muito pior. Somos acordados as quatro da manhã e treinamos até o horário do jantar. Depois disso a maioria vem para o quarto e desaba na cama, acordando somente no outro dia.

Não consigo nem fazer treinamento extra após as aulas. Júlio me ajudou bastante a praticar defesa pessoal e modéstia parte, eu fiquei boa nisso. Mas agora ele é quem tá dando todas as matérias para nós e não temos mais tempo, nem disposição alguma para treinar.

Os exercícios físicos diminuíram drasticamente, temos apenas uma hora de exercícios logo que acordamos, para não perdermos a forma e só. Depois disso passamos a manha inteira aprendendo a dar tiros, jogar granadas e desmontar nossas armas. Ah! Falando nelas, nas armas, temos que carregá-las 24 horas por dia, inclusive enquanto dormimos. A forma e o tamanho variam conforme o dia, pois temos que treinar e nos acostumar com todas.

À tarde aprendemos como nos camuflar e camuflar coisas a nossa volta, desde nossas armas, a um colega que esteja desacordado. Também vemos alguns conceitos sobre como sobreviver em ambientes hostis, como uma selva ou um deserto. Ainda não começamos nossas aulas práticas nessa matéria, e eu não estou ansiosa por isso.

Também todas as noites, somos chamados para ficar de guarda em um certo local por uma hora. Na verdade isso não faz parte do trabalho no quartel e sim do nosso treinamento. Porque como Júlio gosta de dizer aprendemos muito mais fazendo a coisa, e tendo experiência nisso do que com alguém nos explicando.

Mas tudo isso ainda não me assusta tanto quanto uma outra matéria que teremos logo: câmera de gás. Teremos que conseguir resistir a uma câmera de gás, sem usar máscara nenhuma, apenas com a nossa força de vontade e a respiração. Me parece uma matéria que não sei se vou conseguir passar.

O sinal do "despertador" tocou e eu já estava acordada. Fazia uma hora que tinha voltado da minha seção como guarda e não havia conseguido dormir por todo o cansaço e o medo de fracassar nessa fase do treinamento.

Me troquei, colocando o uniforme dos soldados, amarrando o cabelo em um coque e pegando rapidamente o fuzil, que era a arma que estava conosco por esse dia. Eu preferia armas menores e mais fáceis de carregar.

Segui para o refeitório e me sentei para tomar café com meus amigos.

– Bom dia, flor do dia. - Como eu havia sentado ao lado de Danilo, ele se aproximou de mim e sorriu me dando um beijo na bochecha.

Nesses últimos tempos havia percebido que Danilo estava me tratando diferente. Não conheço muito sobre esses assuntos amorosos, mas parecia que ele andava flertando comigo. Eu não respondia as suas indiretas, me fazendo de boba. Estava muito cansada e preocupada com o treinamento para sentir por Danilo um sentimento diferente de amizade. Ele era muito bonito, querido e me tratava muito bem, mas eu não sentia nada de especial por ele. Também reparei que Carol começou a se afastar um pouco de mim, logo que Danilo começou a me tratar assim. Logo liguei isso ao fato de que Carol ficava chateada quando eu e Danilo conversávamos e comecei a suspeitar que ela gostasse dele.

– Bom dia. - eu respondi.

Danilo tentou puxar assunto com nós três durante o café (aé! Esqueci de dizer que Eric estava com nós também) mas ninguém falou mais que uma palavra. Estávamos todos em uma situação horrível e poupávamos nossas energias o máximo possível.

Depois do almoço quando voltamos para a segunda parte do dia de treinamento Júlio avisou que teríamos uma tarefa diferente:

– Nossas aulas de camuflagem foram concluídas. Percebi que todos aprenderam isso muito bem, e não tem o porquê de continuarmos com elas. Podemos usar esse tempo para outras matérias. - ele era melhor como professor do que Alexandre, mas em muitas coisas, como no tom de voz que usava com nós, eles eram muito parecidos. - Também as aulas teóricas de sobrevivência na selva acabaram. Amanha partiremos depois do almoço para a primeira aula prática. Ficaremos na Floresta por 3 dias.

Todo mundo tentou controlar suas emoções, ninguém se sentia pronto ainda para isso. Tirando Danilo, que parecia ser o único da turma a não se abalar com o cansaço dos treinamentos e continuar com o seu ar divertido. Desde que Julio começou a nos dar todas as aulas ele se sentiu mais confiante e a vontade, de vez em quando fazendo algumas brincadeiras com o irmão:

– Isso quer dizer que hoje teremos o resto do dia de folga para nos prepararmos para amanha? -ele soou esperançoso, mas provavelmente não acreditava nessa possibilidade.

– Nada disso soldado, hoje teremos uma outra tarefa a ser cumprida. - Júlio não deixava se levar por Danilo e sempre mantinha o tom autoritário e a relação de professor com ele.

– E qual seria ela? Espero que uma coisa divertida - ele cochichou a última frase para Carol.

– Vocês terão que andar 10 quilômetros carregando equipamentos que terão metade do seu peso. - Anunciou, como se isso fosse uma coisa completamente simples e fácil - Deixaremos vocês, cada um em um lugar, a 10 quilômetros daqui e vocês terão apenas que seguir em linha reta com uma mochila cheia de equipamentos em suas costas. Não será uma competição, então não precisarão se preocupar em chegar primeiro que os demais. Mas vocês terão que chegar aqui com a mochila intacta, sem ter tirado nada. Conseguindo assim cumprir corretamente a prova.

Fomos levados para uma sala onde nos pesaram e entregaram uma mochila com peso equivalente a metade dos nossos quilos. Após isso, todos subimos na carroceria de uma caminhonete e nos levaram para uma área quase deserta, um pouco distante do quartel. Quando os 10 quilômetros foram completados a caminhonete virou e começou a andar verticalmente, deixando um de nós com seus equipamentos e uma bússola a cada, mais ou menos, três quilômetros de distância um do outro.

Quando foi a minha vez, desci do carro e acenei para Carol e Eric que eram os únicos que permaneciam na carroceria ainda.

– Estarei lá na entrada esperando quando você chegar, soldado. Não trapaceie pois saberemos se isso acontecer — disse Júlio de dentro do carro, sentado ao lado do motorista. Não me surpreendi com suas palavras, ele havia dito a mesma coisa para todos os outros.

Depois disso, a caminhonete acelerou e saiu. E eu me vi lá sozinha, apenas com a mochila e a bússola tendo que voltar ao quartel.


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