Eros escrita por Malina Endou, Kokoro Tsuki


Capítulo 9
Capítulo IX


Notas iniciais do capítulo

Yo!!

Aqui está mais um capítulo de Eros onde uma decisão muito importante é finalmente tomada!

Boa leitura!



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Capítulo IX

Malina

Acordei a olhar para o teto branco do quarto de hospedes da Serena. Ela exigiu que dormisse no seu apartamento e para não ir para casa daquela maneira, e acabei por aceitar, ligando primeiro para os meus pais que exigiram falar com a própria para terem a certeza que eu dizia a verdade

Passei a noite toda às voltas na cama com enjoos ou com pensamentos.

Entendi os sentimentos da minha melhor amiga e sei que ela só quer o melhor para mim e para o meu bebé, mas e se o sitio para onde vou está o meu futuro?

Estarei com o homem que amo, a única pessoa que alguma vez amei e, provavelmente, serei feliz. Mas algo dentro de mim me estava a fazer recuar... Me estava a fazer duvidar se aquilo que eu queria realmente estava certo.

Sentei-me na cama, indo de encontro à minha barriga tapada pelo pijama e lençóis brancos. Afastei o lençol e passei a mão pela minha barriga lisa. Mostrava como se não tivesse nada mas eu sabia o que tinha dentro de mim.

Fechei os olhos e comecei a imaginar como seria ter aquele bebé... Uma menina. Uma bela menina com uns longos cabelos loiros como os do pai e olhos verdes como os da mãe, que se divertia com os pais, com um doce sorriso, que sempre chamava pela quando algo estava mal...

—Malina?

Abri os olhos voltando-os para a porta, vendo a minha melhor amiga trazer uma bandeja com dois copos de sumo de laranja, panquecas e uma taça de gelado de morango, o meu favorito.

—Está tudo bem?- e começou a caminhar até mim, sentou-se um pouco mais à frente, colocando a bandeja entre as duas.

—Sim.

—Tens a certeza?

—Tenho.- Ainda assim vi-lhe sorriu um sorriso de satisfação- O que foi?

—Quando entrei estavas a sorrir e a massajar a barriga. Isso quer dizer...

—Isso não quer dizer nada, Serena. A minha decisão está tomada.

—Malina.

Malina, nada. Eu já tomei a minha decisão e não penso voltar atrás.- Estiquei a mão para a taça de gelado, pegando de seguida na colher para levar um pedaço de gelado à boca.

—A conversa que tivemos ontem não serviu de nada, pois não?

A Serena passou o tempo todo a insistir para que mudasse de ideias, para contar ao Shuya o que se estava a passar e que ele iria perceber e provavelmente não iria para a Alemanha, só que isso era tudo menos o que eu queria.

Quando ele me disse que ia para a Alemanha parecia estar bastante feliz e empolgado com a ideia, não queria estragar-lhe a felicidade e obriga-lo a ficar aqui e abdicar o seu próprio sonho. Nunca me perdoaria. Ele faz sempre tanto por mim e mete-me sempre em primeiro lugar nas suas prioridades, estava na hora de fazer o mesmo.

—Sabes bem que não.- Apenas ou a albina suspirar pesadamente.

—És incorrigível, sabias?- e pôs-se a beber o sumo após o pedaço de panqueca que comera.

—Parece que me conheces há dias.

—Exatamente por não te conhecer há dias é que não concordo com esta tua decisão, por duas boas razões; essa criança não tem culpa que os pais sejam uns desleixados, e sei o quanto te vais arrepender dessa decisão.- E levantou-se- E conheço o Goenji há tempo suficiente para saber que ele irá ficar realmente chateado se um dia vier a descobrir que abortaste de um filho dele.- Sem dizer mais nada, voltou-me as costas e saiu do quarto. Ela estava realmente chateada.

Acabei por não comer mais nada, nem mesmo o gelado que a Serena trouxera para mim sabendo que o iria devorar de uma vez, mas não sabia se era o facto de ter a minha melhor amiga chateado comigo, se eram as dores que estava a sentir, ou ate mesmo os remorsos pela decisão que tomara.

Saí do apartamento após me despedir dela que estava dentro do quarto a estudar para o próximo exame. Eu tinha de fazer o mesmo, mas estavam sem vontade nenhuma. A minha cabeça estava a leste e não me conseguiria concentrar em nada.

Comecei a caminhada por Inazuma sem rumo algum, passando pelos vários cafés, lojas e mercearias existentes na cidade, alguns fechados devido ao dia que é – domingo -, cumprimentos as pessoas conhecidas com um simples aceno, outros com um olá, e fazendo conversa com alguns.

O meu último destino, antes de chegar a casa, foi a escola Raimon.

A escola que me tinha trazido imensas alegrias, desde encontrar a minha melhor amiga ao homem que amo. Mas, neste momento, só queria que a última alegria jamais tivesse acontecido, pois não estaria a passar por tudo isto, estaria na universidade com a Serena e o Mamoru, e o Shuya... Provavelmente não passaria de mais um aluno da Raimon e da Universidade Inazuma.

—Malina!- olhei para trás assim que ouvi o meu nome, vendo o meu primo correr até mim, ofegante e a suar- Finalmente encontrei-te.

—Porquê? O que se passa?

—Estou farto de te ligar não me atendias.- Retirei o telemóvel de dentro dos calções brancos, abrindo-o para ver as seis chamadas não atendidas dele e uma do Shuya...

—Estava em silêncio, desculpa.- Ainda assim deixei-o assim, voltando a guarda-lo antes de começarmos a andar- Mas precisavas do quê?

—Só queria saber se estavas bem. Ontem ouvi a Serena falar contigo ao telemóvel e parecia preocupada e deixou-me a mim também. E depois ela não me disse mais nada, e quando te ligava não me atendias. Pensei em ligar-lhe mas lembrei-me que não tenho o número dela.- Riu-se, fazendo-me rir também. O meu primo é realmente engraçado quando quer- Liguei ao Goenji e disse-me que também não sabia de ti.- Seguiu-se o silêncio, ouvindo-se apenas os ténis do Mamoru baterem no chão- Está tudo bem entre vocês?

—Sim.

—Mas?- porque razão de repente parecia que estava a falar com a Serena- Tem a ver com a ida dele para a Alemanha, não têm?- fitei-o.

—Já sabes?- ele riu-se.

—Óbvio. Ele é o meu melhor amigo, acho que é normal saber este tipo de coisas. Ele contou-me que te pediu para ires com ele mas que ainda não tinhas decidido. Já sabes se vais?

Olhei novamente para o pavimento cimentado sem lhe responder.

—Acredito que seja uma decisão complicada. Mas ainda assim estou aqui para vos apoiar!- olhei para ele, vendo um grande sorriso estampado na sua cara, antes de pôr os braços atrás da cabeça- Quem sabes se lá na Alemanha é onde vocês se casam, têm o primeiro filho, essas coisas assim de um casal.- Riu-se. Tentei sorrir, mas o sorriso desapareceu mais depressa do que apareceu- Por falar em filhos, agora é que me lembrei.- E pôs-se a olhar para baixo com um ar pensativo.

—O quê?

—Uma vez a tua mãe disse-me que gostaria muito que tu fosses mesmo filha dela.- Arqueei a sobrancelha, antes de ver o meu primo gesticular rapidamente, atrapalhado- Ela não disse que te amava menos só por seres adotada e não filha legitima! Não te preocupes!

—Não me estou a preocupar.- Suspirou de alivio, fazendo-me rir.

—Sabes bem porque razão é que ela não pode ter filhos, certo?

—Mamoru, desde que soube que sou adotada que sei o motivo.

Quando era mais nova, a minha mãe teve que fazer um aborto que, infelizmente, lhe pôs em risco o sistema reprodutor, o qual, um dia mais tarde, lhe foi retirado para evitar danos maiores. Mais tarde, quando conheceu o meu pai e após se casarem, decidiram adotar uma criança, sendo essa a maneira como fui parar à família Endou.

—Ela disse que não se arrepende da decisão que tomou, apesar dos riscos, porque agora te tem a ti, mas que gostava de poder testemunhar o que é ter uma vida a crescer dentro dela e vê-la nascer. Enfim!- riu-se- Coisa de mulheres. Talvez percebas isto melhor que eu.

—É... Talvez.

A minha mãe nunca me tinha dito tal coisa. Talvez se o Mamoru não me dissesse eu já mais ficaria a saber o que ela sente realmente, e não percebesse o quão egoísta estava a ser...

Agradeci ao Mamoru ao pela preocupação e pela ajuda que me dera. Creio que ele não percebeu bem o porquê do último agradecimento, mas ainda assim despediu-se de mim com um aceno.

*

Estava novamente no parque Inazuma, vislumbrando toda a cidade desde cima, sentado no metal frio da velha torre para onde eu e o Mamoru vínhamos descontrair em crianças.

Olhei para a velha cidade, iluminada pelo sol da tarde, antes de voltar os meus olhos para baixo, vendo o meu namorado sorrir e acenar. Significava que era hora de lhe dar a minha resposta.

Enquanto descia, ia treinando mentalmente o que dizer, olhando várias vezes para minha barriga e pensando em como ele iria reagir com minha decisão final.

—Obrigada por teres vindo.- Ele estendeu-me a mão, ajudando-me a descer o resto das escadas até chegar ao chão- Obrigada.

—Porque não viria?- é estranho começar assim uma conversa com ele. Normalmente corro para os braços dele, sempre abertos para me receber, e beijo-o, sendo retribuída com o mesmo amor e carinho, mas as coisas pareciam diferentes.

—Tens razão.- Ri-me sem qualquer vontade ou jeito. Estava tão nervosa que nem conseguia falar como deve ser.

—E então? Na mensagem disseste que me irias dizer a tua decisão.

Caminhei até às barras de metal verdes, de mãos atrás das costas, rindo para evitar chorar.

—Da última vez que estivemos aqui disseste que me amavas, lembraste?

—Sim.

—E exatamente por te amar também... Exatamente por não querer ser um fardo para ti é que tomei esta decisão.- Ele continuou em silêncio. Ainda assim voltei-me para ele, mantendo a cabeça baixa- Mesmo que não percebas o porquê, mesmo que me odeies, este é o caminho que decidi seguir.- Só então tive coragem de o encarar, sorrindo- Desculpa, Shuya, mas vamos ter que nos despedir.

Apesar do meu esforço para evitar as lágrimas, não pude impedir que uma escorresse pela minha face.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!

O próximo será da Kokoro Tsuki!!

Reviews?!
Kissus!



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