Eros escrita por Malina Endou, Kokoro Tsuki


Capítulo 12
Capítulo XII


Notas iniciais do capítulo

Depois de uns meses aqui o capítulo, eu não tenho muito o que dizer aqui, mas se Eros fosse dividido em fazes, eu diria que estariamos encerrando essa com esse cap haha

eu realmente espero que gostem ♥



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Capítulo XII

Serena

Passou-se algum tempo desde o meu encontro com Malina, e as palavras dela se negam a sair da minha cabeça, ainda assim.

Não consigo deixar de pensar que, talvez, ela esteja jogando todas as suas chances de ser feliz no lixo por conta do medo. E se Goenji nunca voltar? E se já voltar casado e com filhos e nunca assumir o bebê que ela espera — ainda que eu ache impossível o senhor certinho tomar esse tipo de atitude —. E caso ele volte, como iria reagir ao saber de tudo isso?

Pensar nesse assunto me deixa preocupada, e não permite que eu estude direito, por isso, após um longo suspiro resignado, deixei de lado meus livros, cadernos e canetas e logo me joguei na cama, deixando que meus cabelos brancos se espalhassem nos lençóis azuis claros. Tinha tanta coisa na cabeça naquele momento...

Primeiramente minha melhor amiga, lógico. E em segundo... Em segundo aquele seu primo, que apenas a menção do nome fazia meu coração bater de forma estranha, e minhas bochechas tomarem uma coloração rubra.

Não! Diferente do que diz a Malina eu claramente não gosto dele... Não romanticamente falando, digo. Queira eu assumir ou não, Mamoru é um jovem incrível, com uma personalidade engraçada e é gostoso conversar com ele, mas só.

Isso não é suficiente para fazer com que alguém como eu, que fui criada com tanto esmero, se tornar uma boba apaixonada, de jeito nenhum.

“Como se criação tivesse alguma coisa a ver com isso, Serena.” Mal penso nisso, e sinto meu celular vibrando ao lado do meu rosto. Estranhei, arqueando levemente uma sobrancelha. Normalmente, a essa hora, Malina está trabalhando no restaurante dos pais.

O aparelho avisou de uma segunda mensagem, seguida de uma terceira, e, levemente curiosa, decidi ver de quem é e me virei na cama, o pegando e ouvindo o som dos pingentes de gatinho ao balançar.

Era de um número desconhecido, estranhei.

Número desconhecido

“Oi, desculpa por aquele dia, eu te assustei?”

“Ah! É o Mamoru”

“Peguei seu número com a Malina.”

— Malina Endou eu vou te matar! — resmunguei comigo mesma e joguei e celular ao meu lado, empurrada, e puxei as cobertas que tinha deixado aos pés da cama, me cobrindo. Fiquei por uns cinco minutos ali, antes de me xingar. — Serena Marie Altreider, eu também vou te matar.

Em seguida, me sentei novamente, pegando o celular mais uma vez e o encarei por algum tempo.

SERENA

“Oi, tá tudo bem, não se preocupe.”

“Não me assustou, só fiquei um pouco surpresa.”

“Desculpa por ter saído correndo”

“Eu deveria ter te dado uma resposta”

Eu mesma não sabia o porquê de estar me desculpando e justificando, mas foi simplesmente automático. Senti uma imensa vontade de dizer “ignore as duas últimas, estou mentindo”, mas isso sim seria uma verdadeira mentira.

ENDOU

“Não, na verdade”

“Eu esperava que você me chutasse”

“Ou me desse um soco”

Não posso negar que ri, e ainda com o celular em mãos tornei a me deitar. Ainda que eu não retribua os sentimentos dele, venho o achando extremamente divertido, alguém com quem passaria o dia inteiro conversando e dividindo meu sorvete.

SERENA

“Mamoru Endou eu não sou uma tsundere”

“Mas você bem que merecia um soco”

“Por ser um belo idiota”

O vi tornar a digitar, e logo depois parar. Acho que escreveu algo e desistiu, mas logo tornou a digitar.

ENDOU

“Depois dessa vou até mudar seu nome como Tsundere Branca”

“Meu nome está salvo como? :D”

Ri. Sequer tive tempo de salvar o nome dele desde que me chamou para essa conversa... Aleatória. Ainda que eu sentisse que havia certo motivo para tudo aquilo, como se ele estivesse preparando o terreno para algo, e esse sentimento, de certa forma, me assustava.

SERENA

“Tsundere Branca? De onde você tirou isso?”

“Acabei de salvar como Idiota do Futebol”

“Mas diz”

“Você não quer falar só sobre nomes”

“Né?”

Após o sinal de visualizado, o outro pareceu sumir, e assim ficou por dez minutos, que arrisco dizer serem os mais longos da minha vida. Teria eu dito alguma coisa errada? Ou ele apenas se ofendeu porque supostamente desconfiei de seus motivos para vir falar comigo, mesmo que isso fosse apenas três dias depois de ter se declarado para mim?

Resolvi, então, deixar o celular de lado de vez e ir dormir. Porém assim que o fiz uma nova notificação chegou, o que fez com que me contentasse com a idéia de que não dormiria naquela noite.

Arrastei o braço pela cama, sentindo meus dedos tocarem o frio do aparelho antes de me virar de cabeça para cima e abrir as novas mensagens. Engoli em seco quando as vi.

ENDOU

“Malina terminou com o Goenji”

“Ele me contou hoje”

“Você já sabia disso, não é?”

“E também sabe o motivo”

“Não sabe?”

“Eu sei que sim”

Sim, sabia. E também sabia que era errado continuar escondendo esse motivo dos dois, tinha prometido à Malina, mas... Mas algo dentro de mim dizia que eu não podia ser o único pilar, a única pessoa com que ela poderia contar durante dos próximos oito meses. Mamoru sempre foi bastante atencioso com a prima, carinhoso, e a defendia fosse o motivo que fosse, ele deveria saber...

ENDOU

“Sim”

“Ela pediu segredo”

Na pele dele, eu estaria completamente magoada.

“Até de mim, Serena?”

Infelizmente.

SERENA

“Sim”

“Eu acho errado não contar”

“Mas estamos falando da vida dela, Mamoru”

“Mas sendo sincera”

“Eu queria te contar”

“Pelo menos pra você”

Não mentia em minhas palavras, e sendo sincera comigo mesma, gostaria que Mamoru compreendesse. Na verdade, eu realmente acreditava que ele faria isso, sem sombras de dúvidas.

ENDOU

“Tudo bem”

“Você é uma boa amiga”

“Sei porque ela confia em você”

“Mas Serena”

“Eu sou a família dela”

Respirei fundo, tentada a mandá-lo tomar em lugares indiscretos, mas me segurei. Não seria gentil, e querendo ou não eu entendo como ele se sente. Mamoru e Malina são primos adotivos, e ainda que sem laços de sangue, tenho certeza que ambos se consideram irmãos.

SERENA

“Eu também sou, Mamoru”

Depois disso não houve uma resposta, e não posso negar que já esperava com isso. Deitei minha cabeça sobre o travesseiro, sem entender o porquê de continuar a segurar meu celular com tanta força entre os dedos, e também sem conseguir compreender o tremor em minhas mãos.

Fechei os olhos, deixando que minhas pálpebras cobrissem o azul dos orbes e logo ouvi uma melodia gostosa pelo quarto. Não me lembrava do meu vizinho gostar de ouvir esse tipo de música, parece o toque do meu celular...

E realmente era.

Tornei a arquear uma das minhas sobrancelhas e fitei a tela do aparelho, o nome do moreno bem estampado enquanto ele me chamava para uma chamada. Passei uns segundos encarando a tela, sem entender, até que realmente resolvi atender.

Do outro lado, só havia o silêncio. Cheguei a entreabrir os lábios para dizer algo, mas desisti no meio do caminho quando o ouvi suspirar.

Desculpa te ligar a essa hora. — ele pediu e bem, acho que tinham coisas mais importantes que poderia me dizer, nesse momento, em que meu coração batia forte. — Você deveria estar dormindo por causa da aula amanhã, não é?

— Não consigo dormir. — respondi, colocando uma mão sobre meu peito e tornei a fechar os olhos. — Você também deveria estar na cama.

Eu estou.

— Ah.

E uma vez mais ficamos em silêncio, até que Mamoru decidiu dizer alguma coisa, bem quando eu já estava determinada a desligar e apenas dizer no dia seguinte que o telefone havia desligado sem bateria.

Serena. — me chamou, e murmurei um baixo “eu estou aqui”. — Você sabe que pode confiar em mim, em qualquer situação, não sabe?

Suspirei, passando uma mão por meus cabelos que já estavam molhados de suor. Aquela era uma noite quente, e eu já não conseguia agüentar ficar ali daquela maneira.

— Sim, eu sei. — disse e levantei, caminhando em direção à varanda de meu apartamento e abri a porta que dava acesso ao lado de fora, sentindo o vento da noite balançar os fios brancos. — Mas eu estaria arriscando uma amizade que já dura muito tempo, que eu jamais encontraria igual. Consegue entender? O que você faria se fosse o Goenji-kun?

Se fosse o Goenji, eu buscaria toda a ajuda possível mesmo que ele não quisesse. — a voz dele veio firme, fazendo com que eu me arrepiasse toda, ainda que prefira acreditar que era por causa da brisa noturna. — Pode não ser da minha conta, Serena, mas eu quero ajudar a minha prima e você, porque eu amo ambas.

Nesse instante quase engasguei com minha própria saliva enquanto as bochechas tomavam uma coloração extremamente vermelhas. Eu podia ter corrido lá na torre Inazuma, mas ali, presa pelas paredes de um apartamento eu não poderia simplesmente fugir. Levei uma das mãos aos lábios, comprimindo um grito e me mantive em silêncio.

Maldito idiota.

Serena?

— Ah, desculpe... — sibilei, e voltei para dentro do apartamento, trancando a varanda. — É que... Você me deixou constrangida, mas...

Desculpa. — ele disse, me interrompendo. Senti uma forte vontade de socá-lo, mas não poderia fazer isso por telefone. — “Mas...”? — parecia que, no fim, Mamoru tinha se atentado as minhas palavras, afinal.

Suspirei, enquanto minha mente batalhava entre aquilo que Mamoru havia dito e a minha promessa à Malina. Eu estaria sendo péssima como pessoa se a quebrasse? Sim, estaria. Mas também estaria sendo a amiga que sempre estaria ao lado dela, como prometi. E sei que, independente do que aconteça, o moreno ficará ao lado dela.

— Mas você está certo, Mamoru. Amanhã, antes da aula começar, eu irei te dizer tudo.

 

[***]

 

Passei toda a noite em claro, e isso era perceptível pelas enormes olheiras que se faziam presentes abaixo dos meus olhos, e também por não conseguir me concentrar em nada, nem mesmo em Malina falando sobre roupas para minha afilhada — ou afilhado, mas acredito que seja uma menina.

Perdi as contas de quantas vezes ela precisou chamar minha atenção, e sequer podia culpar seus hormônios de grávida. Eu parecia estar mesmo em outro mundo, afinal. Sentia que a estava traindo, no entanto sabia que precisava fazer aquilo.

Talvez ela nunca mais quisesse olhar na minha cara, talvez não fossemos mais amigas depois de hoje, talvez eu não chegasse a conhecer o bebê, ou a ser sua madrinha, mas sei que estarei deixando mãe e filho em boas mãos.

Nas mãos do primo dela.

— Se-re-na! — a ruiva me chamou, sabe-se lá por qual vez, separando as silabas do meu nome. A olhei. Estávamos em frente da faculdade e eu sequer havia percebido que já tínhamos chegado ao local. — O que aconteceu com você hoje, mulher? Passou a noite inteira estudando e vendo série a agora ta dormindo acordada?

Me ri, sem graça.

— Parece que você me conhece bem, foi exatamente isso. — a vi suspirar, e, em seguida, revirar os olhos verdes. — Quê?

— Te conheço muito bem, e sei que está mentindo. — Malina disse, e bem, ela estava completamente certa, querendo eu admitir ou não. Sorri, com certa tristeza. — Serena, o que está acontecendo com você? — me perguntou.

E tudo o que pude fazer naquele momento foi abraçá-la com força, e segurar as lágrimas que pareciam querer descer. Senti o corpo dela rígido, surpreso — e eu não deveria ter feito isso, levando em conta que ela está no início da gestação —, antes de me devolver o abraço com força.

— Posso te pedir uma coisa hipócrita? Uma promessa? — questionei, sentindo que minha voz era de puro choro.

— Sabe que pode me pedir qualquer coisa, Serena. Seja lá o que for. — Malina respondeu, firme, e me afastou, segurando-me pelos ombros. — Eu prometerei, mas vê se não começa a chorar no meio da faculdade, pelo amor de deus.

Ri-me, seguida pela risada gostosa dela.

— Promete, que mesmo que não sejamos mais amiga, nunca vai esquecer de mim? — pedi. — Promete que nunca vai quebrar essa promessa.

Malina pareceu confusa por um momento, mas, de seguida, se riu, se colocando nas pontas dos pés para bater de leve em minha testa.

— Que pergunta idiota! É claro que prometo, mas eu não vou precisar cumprir, Serena. — ela ajeitou a bolsa sobre um dos ombros, sorrindo com doçura. — Porque nós nunca vamos deixar de ser amigas.

Sorri, ainda que em meu interior, eu duvidasse disso.

 

[***]

 

Na entrada consegui escapar de Malina, dizendo que precisava me encontrar com seu primo. Ela, claro, ficou animada, ainda que eu ache que aquilo não foi motivo para uma reação alegre, mas nada disse e segui a passos firmes para o campo de futebol da universidade, logo podendo ver Mamoru sentado em baixo de uma árvore.

Ele me acenou assim que me viu, se levantando, e corri em direção dele, sem me importar com o elástico que desprendeu de meu cabelo, deixando-o solto. Respirei fundo quando finalmente em frente a ele.

O moreno me sorriu, ou fingiu um sorriso muito bem, me estendendo a mão para me cumprimentar, o que prontamente ignorei.

— Bom dia, Serena. — disse ao passo que recolhia a mão, um pouco sem graça. — Espero que tenha conseguido dormir.

— Bom dia. — respondi, e passei uma mecha de cabelo para trás de minha orelha. Como eu queria não ter perdido aquele maldito laço, agora. — Bem... Vamos direto ao assunto, Mamoru?

Ele coçou a cabeça, e fez um pequeno bico, como se quisesse falar comigo sobre outra coisa antes, ainda que não me importe.

— Tudo bem, se você prefere assim. — ele falou, apenas, e tornei a suspirar. Nos últimos tempos tenho feito muito isso.

— Prefiro. — dei de ombros, tentando passar uma postura de quem “não liga” ainda que essa seja uma grande mentira. Ligo e ligo muito. — Com o que eu vou te contar, talvez eu perca a amizade da Malina, então você tem que me prometer que vai ficar ao lado dela, não importa o que aconteça.

O outro sequer pareceu pensar, seus olhos castanhos estavam bastante determinados quando ele deu um passo à frente, tomando minhas mãos entre as suas. A cada dia que se passa, penso que ele é um homem incrível.

— Prometo. Não irei sair do lado dela, Serena. E sua amizade não irá acabar.

Por mais que eu esperasse que ela não iria se findar ali, eu não conseguia acreditar. Fechei meus olhos e respirei fundo, para em seguida o fitar com seriedade.

— A Malina está grávida.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e rezem pra dona Malina Endou não me matar ♥
Beijos até o capítulo dela ♥



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