Eros escrita por Malina Endou, Kokoro Tsuki


Capítulo 11
Capítulo XI


Notas iniciais do capítulo

Yo!!

Ok, eu sei que a fic nunca mais foi atualizada mas foi tudo culpa minha! Eu esqueci-me completamente que era a minha vez de o fazer. ;-; E fui às minhas fics porque queria atualizar alguma é que dei pela Eros e lembrei: "C******! É A MINHA VEZ!"

Mas bem, meio ano depois aqui o capítulo 11 de Eros! :3 Espero que gostem!

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617028/chapter/11

Capítulo XI

Malina

Odiava aqueles enjoos matinais. Precisava de ir o mais rapidamente possível ao médico para ele me receitar algo para isso. Tinha decidido levar a gravidez e teria de aguentar tudo o que estivesse por vir. Claro que ainda tinha de falar com os meus pais, contar-lhes sobre a gravidez, que pensava levá-la até ao fim, cuidar do meu bebé e ser uma mãe responsável, coisa que não fui na altura em que eu e o Goenji o criamos! E sobre ele... Se os meus pais iam ficar aborrecidos com toda aquela novidade, nem queria imaginar a cara deles quando soubessem que eu ia deixar o pai ir embora para a Europa.
Virei-me para a mesa de cabeceira e estiquei para agarrar no celular. Eram oito e cinquenta da manhã. Os meus pais só abriam às nove e meia aos fins de semana, por isso normalmente tinha sempre mais tempo para dormir... Ou pelo menos devia ter já que a má disposição não me deixa ter uma noite tranquila. A muito custo, também reparei que tinha acabado de receber uma mensagem da Serena. Tão cedo?

—"E como ficaram as coisas com o Goenji?— de seguida uma outra foi recebida- Ontem à noite disseste-me que hoje me contava TUDO"

Tinha-me esquecido completamente desse detalhes. Depois de me vir embora do parque da Torre, enviei-lhe mensagem e disse que já tinha falado com o Goenji sobre o nosso futuro, sobre a ida para a Alemanha, sobre tudo. Enfim, tudo não. Não lhe falei da gravidez.

—"Eu conto-te logo no café de sempre, sim? Tenho muito para contar"

—"Isso é injusto!"

—"Haha! Desculpa. As 14:30? Só estou despachada do restaurante a essa hora."

—"Sim"- Ia pousar o celular no mesmo sitio quando o ouvi tocar novamente- "Também tenho algo para te contar"

—"Oi? É sobre o quê?"- não era muito normal aquela demora em responder.

—"O teu primo"

Nesse mesmo instante foi tudo ao mesmo tempo; o celular cai-me uma da garganta, engasguei-me e ainda me senti mal disposta antes de ouvir o aparelho eletrónico cair no chão do meu quarto. Bebi um pouco de água da garra que tinha na mesma mesa ao lado da cama e acalmei-me. Levantei-me rapidamente e peguei novamente no celular, felizmente ainda estava inteiro e não se havia desligado. Apressei-me a responder.

—"O Mamoru?!! O que tem?! Conta!!"

—"Eu conto-te logo no café de sempre, sim? ;)"

Odiava muito aquela albina inglesa. Como é que ela podia fazer-me uma coisa daquelas?! Detestava-a muito! Toda aquela ansiedade não era boa para o bebé! Se ela me ouvisse dizer aquilo diria que estava a exagerar... Ok, talvez só um pouco.

Deixei novamente o celular de lado e fui-me preparar para descer e ajudar os meus pais no restaurante porque senão logo estaria a reclamar comigo. E assim que cheguei a parte de baixo, o restaurante já tinha clientes. Os habituais já estavam instalados e faziam os seus pedidos, cumprimentei-os enquanto corri para outros para ir anotando o que eles precisavam apercebendo-me que a correria havia começado. Tomei o pequeno-almoço um pouco à pressa, ainda que não comi grande coisa. Não conseguia comer como deve ser, tinha a sensação de que ia vomitar tudo logo a seguir, e só o cheiro dos cozinhados da minha mãe... A comida dela era deliciosa, mas naquele momento tudo o que fazia era evitar o seu aroma sustendo a respiração.

A hora dos almoços pareceu demorar eternidades. Consegui almoçar mais ou menos como devia ser, mas não foi grande coisa, ainda que me obrigasse a fazê-lo, só que nada. E mal o último cliente saiu do restaurante, disse aos meus pais que ia sair, ia ter com a Serena ao café. A ideia não lhes pareceu agradar muito porque ainda tínhamos que limpar as mesas, varrer o chão e lavar a louça. Porém, no final, ambos acabaram por deixar e assim que fui trocar a t-shirt branca por um top vermelho desci rapidamente. Fiquei feliz ao ver que a barriga ainda não estava saliente para poder usar aquela e outras roupas no meu armário.

Mal cheguei ao café, já estava a Serena. Tinha chegado um pouco mais cedo, como sempre. Eu preferia ser apenas pontual e chegar na hora combinada, nem mais cedo, nem mais tarde; à hora certa. Claro que ela preferia sempre chegar mais cedo para se assegurar que não atrasava. Sempre foi assim.

—Olá!- cumprimentou-me enquanto me sentava na cadeira à sua frente por baixo do chapéu de sol azul às riscas brancas.

—Já pedi para ti.- Nesse mesmo instante, o empregado chegou com uma taça de duas bolas de sorvete; uma de morango e outra de menta. Eram as minhas preferidas! Agradeci ao rapaz por trazer o pedido, felicíssima, mas... Honestamente... Não queria comer aquilo.

—O que se passa?- pousei a cabeça em cima da mão, espetando a colher novamente no sorvete.

—Não é nada. Ando apenas um pouco esquisita com a comida.- Tornei a pegar na colher.

—Então isso quer dizer...- levei um pouco de gelado à boca, engolindo de uma vez. Esperava que isso não fizesse mal ao bebé- Malina!- quase me assustei com o grito.

—Desculpa! Diz.

—Mas tu não vais...- suspirou- Já não vais... Aquilo... Pois não?- espetei novamente a colher. Realmente não ia conseguir.

— Aquilo o quê?- nem precisei que ele me respondesse após aquela cara de chateada- Não. Já não penso abortar.- Levou logo as mãos à boca para evitar um grito, tapando o enorme sorriso que tinha.

—A sério?! Não estás a brincar, pois não?!

—Não. É a sério.- Afastei a taça da minha frente, pousando o queixo sobre as palmas das mãos.

—Então e como vão ficar as coisas?- encolhi os ombros.

—Eu vou ter este bebé.- Revirou imediatamente os olhos. Sorri. Já imaginava o que ela queria saber.

—Sabes bem que não estou a falar sobre isso.- Bem sabia- O Goenji, mulher! Estou a falar do teu namorado, do pai do teu filho.

—Ah. Isso.- Ri-me.

—Para já.- Tive que parar logo de rir. Queria evitar falar sobre aquilo mas devia ter adivinhado que seria impossível fugir dele quando se trata da Serena.

—Falei com o Goenji ontem à tarde. Enfim, era quase de noite na realidade. O sol estava a pôr e as...

—E?!- olhei para a taça com o sorvete a derreter. Seria boa ideia encher a boca com aquilo?- Disseste que estavas grávida, certo?- não conseguia responder- Certo, Malina?

—Não.- Suspirei- Não foi nada disso.- Encarei-a- Despedi-me dele.

 

"—Desculpa, Shuya, mas vamos ter que nos despedir.

Notei logo que ele ficou extremamente espantado com o que eu dissera. Também não era de esperar. Limpei a lágrima, esforçando-me para que mais nenhuma caísse. Tentei dar um passo atrás, mas vi-me impedida. Teria que encarar tudo aquilo até ao fim.

—Co-Como assim? Isso quer dizer que não vens?

—Sim. É isso mesmo. Eu não posso ir contigo para a Alemanha.- Ainda assim sorriu. Aquele sorriso doeu-me tanto.

—Não faz mal. Eu entendo.- Ele não se podia estar a aproximar de mim- Tens aqui tudo.- A mão começou a estender-se para agarrar a minha- E ires para a Europa por minha causa e deixar tudo para trás...- Assim que a agarrou, puxei-a logo para trás. As minhas próximas palavras iriam doer-me tanto.

—Tu não estás a perceber. Acabou tudo.

—O que queres dizer com isso?- obriguei-me a sorri, afastando-me de imediato da sua frene. Não o conseguia encarar mais.

—Shuya, eu não consigo acreditar em relações à distância, em namoros do outro lado do oceano.- Foi uma autêntica tortura olha-la nos olhos e ainda forçar um sorriso- Eu não acredito que a nossa relação tenha futuro.

—Tu não estás a falar a sério.- Recuei logo ao vê-lo aproximar-se. A sua face serenou de imediato- Isto é alguma brincadeira?

—Não. É a sério. Eu estou mesmo a acabar tudo... A nossa relação.

Voltei-lhe as costas. Se voltasse a abrir a boca, o mais certo era soluçar e desatar logo a chorar. Ele perceberia que algo não estava bem. Não é que não se tivesse a aperceber, mas teria de lhe contar. Pensava tanto o coração ter de lhe esconder algo assim.

—Tu já não confias em mim?- senti a minha mão ser agarrada antes de me voltar para ele- Depois de tudo o que aconteceu, duvidas do que sinto por ti?- só gritava para que parasse- Dúvidas que te amo?- ele estava a partir-me a coração. E ainda mais quando vi o brilho nos seus olhos. Se alguma lágrima caísse sobre o seu rosto, o meu coração morreria nesse mesmo instante.

—Mas eu... Acho que já não sinto o mesmo que antes.- Deixei de sentir o seu toque quente- O que tivemos foi bonito, sim, mas talvez tenha sido da altura. Éramos adolescentes de catorze e quinze anos, nessa época tínhamos tudo à flor da pele e eu talvez me tenha deixado impressionar por ti.- A sua expressão tornou-se dura e apenas negava com a cabeça, quando que a não acreditar que eu estivesse a dizer uma coisa daquelas- Mas acho que cresci bastante desde essa época e vejo as coisas de outra forma. Talvez as coisas também sejam de outra forma.

Senti o vento passar-me pelos cabelos, balançando-os ao seu sabor. O seu assobio era o único som que se podia escutar. Dentro da minha cabeça, todas as memórias da Raimon, do mundial, tudo o que passei com ele, me passava pelo pensamento como se me quisesse torturar pelo que lhe estava a fazer. As folhas por baixo dos meus pés fizeram de imediato barulho ao ser pisadas.

—Espero que tenhas muito sucesso na tua vida. Em tudo, Goenji.

Há muito que não o chamava daquela maneira."

 

—Nem sei... Nem sei o que te diga.- Ela soltou a chávena de chá praticamente vazia.

—Não há muito para dizer. Sei bem o que fiz e que não posso voltar atrás.

—Seria mais fácil se lhe contasses a verdade.

—Não! Nem pensar nisso.- Não tencionava mudar de ideias- O Goenji fez tanto por mim, abdicou de muita coisa por mim, não vou deixar que abdique de algo que ele tanto quer.

—E pensas se quer fazê-lo?

—Talvez um dia, sim.

—Quando?- fez-me logo uma cara de quem não estava a gostar nada das minhas decisões.

—Talvez quando ele já seja um médico formado e tenho a sua vida assentada.

—E se nessa altura ele já tiver a vida assentada com uma alemã qualquer?- nem queria pensar nessa hipótese, mas era a verdade

—Se isso acontecer, aí... Bom, acho não poderei fazer nada.- A sua expressão não foi em nada de aborrecimento, mas de tristeza. Não a queria ter deixado assim.

—E achas bem ela cresces sem pai?

—Terá sempre uma presente.

—E um pai ausente durante toda a vida.- Baixei o olhar- Pai esse que nem faz ideia que o seu primeiro amor lhe deu um filho.

—É melhor assim.- Quem sabe um dia também não encontrariam outro alguém. Mas podia esse alguém fazer o lugar do Goenji?

—E é melhor vocês os dois sofrerem.

—Isto vai passar. Ele há de acabar por esquecer tudo e seguir em frente.

—E tu?- encarei-a. Mordi de imediato os lábios. Ela não me podia querer perguntar uma coisa daquelas- Tu vais conseguir esquecer e seguir em frente?- fechei os olhos e suspirei bem de vagar. Abri os olhos e olhei para o meu ventre, passando a mão por cima.

—Terei de ser forte. Terei de conseguir por mim mesma e pelo meu bebé.- Ouvi-a suspirar com toda a força.

—És muito teimosa, sabias?

—Acho que é por isso me adoras tanto, não?- revirou, sorrindo, fazendo-me rir.

—Sabes que estarei sempre contigo, não sabes?

—Eu sei que sim. Neste momento és o meu único porto de abrigo. Bem, tu e o...- só então me lembrei e não pude evitar um enorme sorriso- Mamoru!- ela murmurou logo um "Oh, pois." acompanhado de um sorriso nervoso- E?! O que tem ele?! O que se passou?!

Ela começou por contar que o encontrou na rua, que falaram sobre mim, sobre o passado, mas isso só me fez quase dar um grito para que ela falasse logo. O seu rosto corado denunciava que havia ali algo por trás e eu precisava urgentemente de saber. Acabou por me contar sobre como foram junto da Torre Inazuma - foi até uma coincidência não nos termos encontrado - e como começaram a falar mais seriamente... Muito seriamente.

—Eu pedi-lhe para ele me dizer sobre outra coisa que também gostasse para além de futebol e...

—E?!- estava capaz de passar por cima da mesa só para a abanar e falar de uma vez. Se o meu palpite tivesse certo, eu ia ter um ataque!

—E ele disse que era... Eu.

Tapei de imediato a boca para conter o grito, agitando as pernas rapidamente. Nem podia acreditar que estava a acontecer! Aquele tinha sido o maior passo para um futuro/possível relativamente relacionamento entre o meu primo e irmão e a minha melhor amiga. Aliás, entre os meus dois melhores amigos!

—E tu?!

—E eu... Vim-me embora. Agradeci, despedi-me e saí a correr.- Fiquei sem sorriso.

—Estás a brincar. Porque não lhe disseste logo que também gostas dele?!

—O quê?! Ma-Malina! Eu não... Eu não gosto dele dessa maneira.- O meu largo sorriso retornou.

—As tuas bochechas não concordam.- Tapou-as de imediato, fazendo-me.

—Co-Como mas é esse sorvete. Já está a derreter. Não o paguei para virar suco.

—Não o consigo comer. Aqui a grávida não consegue comer de tudo, sabias?

—Claro. Agora usa a criança como desculpa.

Continuamos a discutir da mesma forma um pouco mais, enquanto ela me continuava a dizer para comer o maldito do sorvete. Acabamos por dividi-lo e conversar um pouco mais antes de nos despedirmos. A Serena tinha que terminar de estudar - eu bem que precisava de fazer o mesmo - e eu precisava de ir ajudar os meus pais.

No retorno para casa, desviei um pouco o meu caminho e decidi aumentar o percurso para poder passar pela Raimon. Parei em frente ao seu portão, uma vez mais, fechado. Fora naquela cidade, naquela escola que tudo tinha começado, era ali que iria acabar tudo. Ergui o meu braço direito e no meu ângulo de visão, coloquei a minha marca de nascença em forma de relâmpago, mesmo ao lado do da Raimon e prometi que a a partir dali seguiria por minha conta e risco. Todas as decisões que tomasse, seria também para a minha criança e apenas nisso que eu precisava de pensar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sim, o capítulo foi um pouco deprimente, até doeu aqui o coração mas teve de ser ;-;

Vemo-nos no capítulo da Kokoro!

Reviews?!
Kissus!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.