Uma noite misteriosa escrita por Rebeccake


Capítulo 6
Capítulo 6: Liberação


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco para postar...Estava lendo o terceiro livro da série Cahills vs Vespers. O capítulo ficou meio curto. Espero que gostem.



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Uma praia. Muito bonita, a areia surpreendentemente macia e branca, cedendo sobre o meu peso. As ondas barulhentas, o mar límpido e azul, agitado. Grace segurando minha mão gentilmente e sorrindo pra mim, com seus olhos tão acolhedores e espertos. Ela parecia... Saudável. Com seus cabelos sendo bagunçados pelo vento, sua expressão suave e serena. Parecia muito... Irreal , e ao mesmo tempo reconfortante. Sinto os dedos dela quentes e macios na minha mão, escorregando lentamente. Andamos para mais perto da luz do sol, sinto que ela vai me soltar e seguro a mão dela com força, ela me solta mesmo assim mas me dá um sorriso deslumbrante, que por um momento me deixa cega pela luz.

Amy acorda aos poucos, com um pequeno sorriso nos lábios avermelhados. A primeira coisa que ela se dá conta é de que tinha sido um sonho, um sonho muito bom, que ela esperava lembrar para sempre. Ela se sente um pouco quente e cansada, como se estivesse com febre, ou tivesse passado muito tempo no sol. Seus olhos pareciam meio pesados. Ela vai abrindo-os aos poucos, tentando se lembrar do que havia ocorrido.

Paredes azuis, equipamentos hospitalares, cama com lençóis brancos muito confortáveis, cheiro de soro.

Quarto de hospital.

Ian estava a sua frente, com a cabeça baixa, segurando sua mão. Lentamente, ela se dá conta de que a sensação tão vívida de alguém segurando veio dele. O que está acontecendo?

—Ian... – Amy fala, se surpreendendo com como sua voz soou fraca e baixa. Ele ouve e solta sua mão aos poucos enquanto segura o pulso dela com seus dedos alongados, e observa a agulha ali inserida.

—Amy... Você está bem? – Ele levanta a cabeça e a encara, não disfarçando o alívio em sua voz.

—Um pouco quente mas... – Ele levanta imediatamente e coloca a mão, gelada, na sua testa. Amy se contorce um pouco, mas por algum motivo se sente muito bem por ele estar cuidando dela.

—Está meio febril, mas o médico falou que poderia acontecer. – O garoto diz com uma voz calma e delicada e fica analisando, como se estivesse vendo se ela estava bem.

—O que é isso?- Amy pergunta, depois de tossir um pouco para recuperar seu tom de voz normal, e aponta pra agulha.

—Diclodoxina. Uma espécie de antídoto universal conhecido apenas pelos Lucians. Especialmente ágil.

—Ainda estou confusa. O que exatamente... - Amy foi consumida por um grande cansaço. Pedaços do sonho, lembranças do que tinha acontecido e memórias antigas se misturavam. Ela tinha uma impressão muito ruim sobre tudo aquilo.

—Aconteceu? - Ele completa, se levantando da cadeira em que estava sentado, e indo conferir a bolsinha de plástico que continha o líquido estranho que estava sendo injetado na veia dela. Algumas máquinas também estavam ligadas ao seu braço.

—Que horas são? - Ela continua.

—23:15... Perdemos a reunião, mas tudo bem, avisei Nellie. Logo iremos para casa, descanse um pouco enquanto conto como chegamos aqui. Vamos começar pelo começo.

—...

—Eu e você estávamos conversando e eu cheirei o copo da sua bebida, certo? É a ultima coisa que você se lembra?

—Hmm... Sim... Eu acho. - Estava meio difícil organizar as informações em seu cérebro.

—Você mencionou um gosto estranho. O clã Lucian é tido como especialista em armas e venenos, como já sabe. Eu fui treinado pra identificar venenos e substâncias incapacitantes desde mais ou menos 12 anos. Então, quando eu fiz isso eu senti um cheiro familiar. Arsênico adulterado. Logo após isso você começou a passar mal, aparentemente quem adulterou sua bebida colocou uma quantidade que ia te afetar consideravelmente, eu avisei Nellie e te levei de carro até o hospital em que estamos. Não sabemos quem foi. Mas essa pessoa ou queria te matar ou te deixar extremamente mal. Já descartamos a opção de ter sido envenenamento acidental.

...

—Você podia ter morrido.

Amy começa a se sentir com ânsias. Aquilo estava acontecendo de volta, a vida dela tinha voltado a ser regida pelos Cahill, aquela era a verdade. Ela podia até por um tempo ter sido quase normal, mas assim como tudo tinha melhorado rapidamente, estava piorando. E dali para frente ia piorar mais, e mais. Era como um pesadelo. Era como estar subindo uma montanha que tem uma vista incrível, e toda vez em que você quase está chegando ao topo, você escorrega e volta pro inicio.

Era como perder tudo, recomeçar apenas para perder tudo de novo. Ela sabia que um dia aquilo iria acontecer, mas ela, em sua imaginação, conseguiria enfrentar. A realidade era diferente, era lidar com um monte de coisas ao mesmo tempo, chegar ao seu limite, pensar em desistir, desistir de desistir, mas não enfrentar tudo, era exaustivo. A vida era exaustiva.

Tudo o que ela queria era voltar para aquela praia. Calma, tranqüila, reconfortante, que não era um caos completo. Outra ânsia. Respire fundo, se acalme, seja racional. Seja corajosa. Corajosa como Grace foi. Ian apenas parece estar quieto no seu canto, deixando ela lidar com o choque, mas olhando, observando sua reação e parecendo preparado para intervir. Ela tinha que ser forte e mostrar pra ele que a Busca tinha deixado-a mais forte. O que não te mata,te fortalece.

Repetir aquilo era fácil, difícil seria agüentar todo aquele ciclo infernal.

O conteúdo da bolsinha de plástico estava no final.

Um homem de mais ou menos 20 anos abre a porta, ele está de jaleco, é moreno, seu cabelo é castanho e bagunçado e ele tem um rosto sério.

—Olá. - Ele vai até Amy e tira, com cuidado a agulha e os fios que estavam no braço dela, ela sente uma pequena dor, como a picada de um mosquito.

—Este é Mathew Dallas, o médico e herdeiro do hospital. Podemos ir para casa daqui a pouco?- Ian se dirige a Dallas.

—Sim, se ela voltar a ficar mal não hesite em vir aqui.

—Obrigada por tudo. Te devo um favor.

—Não foi nada, se cuida, amigo. -Ele dá um tapa nas costas de Ian e vai embora.

Ian ajuda-a se levantar, colocando suas mãos atrás das costas dela, bem em cima dos ossos da coluna, fazendo com que Amy sentisse um leve arrepio. Ele passa um cartão por um leitor que estava acoplado a porta, ele faz um barulhinho e abre. Sistema de segurança.

Ao passarem por uma porta de vidro, Amy vê seu reflexo e se assusta, sua maquiagem tinha desaparecido do rosto, deixando suas manchas e olheiras meio aparentes. E Ian tinha a visto assim. Ótimo.

—Vamos indo. No caminho para casa eu te conto mais detalhes. Que bom que você melhorou. Isto é um alívio. - Até o carro nenhum dos dois fala nada. Ian percebe que os pelos dela estão arrepiados e oferece seu casaco. Amy colaca-o do lado errado e se sente muito tola quando Ian fala sobre isso:

—Quer uma ajuda?- Ele tira o casaco e a ajuda a colocá-lo do lado certo. Os dois se sentem um pouco constrangidos com tanto contato físico.

Felizmente Amy estava se sentindo menos confusa.

—Eu vou abusar um pouco do limite de velocidade. - Ele diz quando enfim entram no carro e começa a acelerar - Chegaremos mais rápido.

Enquanto isso ele começa a contar a outra parte da história, a perseguição. A garota fica em silencio, simplesmente digerindo tudo aquilo.

—Então quem tentou me prejudicar é a pessoa que nos perseguiu?

—Provavelmente.

—Hmmm... Muitas pessoas, eu acho.

—Ei, realmente está bem com tudo isso?

—Acho que sim, não sei, tudo está nublado na minha mente. E você?

—Eu acho que devemos enfrentar. Mas não é como se eu gostasse dessa idéia. Nós não temos muitas opções de qualquer jeito. - Ele pega uma caixa que estava no porta copos e coloca algo na boca. -Quer bala?

—Não. Muito... Obrigada.

—São só balas. - Ele diz e ri, e por um momento, algo passa por seus olhos, divertimento, talvez?

—Eu quero dizer por tudo. Você realmente salvou minha vida. Sem você eu não estaria aqui. Eu estou realmente agradecida. - Ele para o carro no lado direito da rua, da casa de Grace.

—Eu apenas fiz o que eu tinha que fazer. Eu estou tentando, sabe, tentar apagar as coisas ruins que eu fiz no passado.- Ele suspira- Você me perdoou? Depois de todas as coisas...?

—Eu acho que sim. Você mudou. Ou está tentando mudar. Mas eu ainda sinto raiva ao lembrar de certas coisas.

—Tipo...

—Tipo coisas que eu não esqueço. – A garota fala com uma certa aspereza na voz. Era estranho ficar perto de Ian daquele jeito, como ela tinha ficado na Coréia, e falar a verdade. Amy estava se controlando para não ficar vermelha. E ao mesmo tempo as palavras saiam de sua boca sem nenhuma hesitação.

—Então estamos sinceramente bem?

—Sim. Acho que agora sim. - Amy diz. Ele estava a encarando de novo, estava meio debruçado no volante, com algumas mechas do cabelo caídas perto da sobrancelha direita. Pela luz dos postes, dava para ver mais ou menos bem seus contornos, mas seus olhos estavam bem definidos na escuridão. Ele parecia sincero. Que bom que estamos bem. Era ótimo saber que era menos um problema na sua vida. Ou mais um, dependendo do ponto de vista.

Ele se debruça para mais perto e segura sua mão. O cheiro dele era o de sempre, cravo e canela, não muito forte, mas o suficiente para ela perceber.

—Aliados? - Ele sorri. Era incrível ver aquele sorriso lindo com todos os dentes retos e brancos, aquela boca que parecia muito macia.

—Aliados. - Ela sorri e se aproxima um pouco, para ver a reação dele. Que sorri mais.

Era estranho o fato de que um minuto antes ela estava pirando por conta do que estava acontecendo e um minuto depois, ela já estava conformada. Talvez fosse porque ela sabia que teria muitas coisas pela frente e aceitar tudo aquilo, facilitaria. A vida é estranha.

Ele liga o carro de novo e estaciona perto do jardim. Eles saem do carro e vão em direção a porta dos fundos. Tentam abrir, não dá certo. Mais uma vez, nada. Tentam todas as portas, primeiramente passando os cartões nos leitores digitais(era assim que as portas funcionavam)e depois forçando-as numa tentativa inútil de abri-las.

—Tentamos as janelas?

—Elas só abrem por dentro. E as de vidro são blindadas. – A garota diz, desanimada.

—Hmmm... Quem está cuidando do sistema de segurança mesmo? – Ian pergunta.

—Eu não sei. Não tenho a mínima idéia.


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Notas finais do capítulo

Me perdoem pelos errinhos ortográficos. Essa semana não estava muito animada para escrever.Comentem bastante. Até o próximo cap c:



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