Por Trás da Seriedade escrita por Lilly Belmount


Capítulo 7
Capitulo 7




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Jared tinha o andar pesado pelos corredores que davam acesso ao seu apartamento. Cindy permanecia apenas a alguns passos atrás dele. Sua preocupação apenas aumentava cada vez mais. Não queria se sentir assim em relação a Jared.

Notou o quão tenso Jared estava ao parar de frente, Cindy permaneceu atrás analisando-o. Até ali ele se mostarava atencioso.

— Entre.

Ele abriu espaço para que ela entrasse. Ela entrou um pouco insegura,com um fio de esperança acesa dentro de si. Lembrava-se das sabias palavras de Roberta e percebe o quão atencioso Jared estava sendo até poiucos minutos, antes de ficarem sozinhos.

— Quer algo? — Ofereceu ele.

— Não, obrigada! Estou bem assim — Ela disse docemente.

— O que você queria falar? — Perguntou ele ríspido.

Cindy estranhara a mudança de comportamento nele e na sua voz, jamais o vira daquele jeito. Cindy largou a sua bolsa o sofá para se sentir melhor. Jared apenas estudava cada passo que aquela garota dava.

— Estive pensando nas nossas noite juntos e cheguei a conclusão de que não usamos preservativos... — Cindy passava a mão pelos cabelos loiros desesperada — Estou com medo de engravidar, Jared.

— Medo de estar grávida? — Riu ele debochado.

Cindy se ofendeu com a sua risada.

— Sim, Jared. O que direi aos meus pais caso isso se confirme?

— Diga a verdade — Propôs Jared.

— Apenas isso? — Cindy se queixava — Quer mesmo que eu estrague toda a minha vida sozinha? — Ela se aproximou ainda mais olhando-o nos olhos — Eu não vou ferrar toda a minha vida, você tem a sua parcela de culpa também.

— E o que você quer que eu faça? — Caçoou ele.

— O obvio. Não sou capaz de criar uma criança sozinha. — Insista Cindy determinada — O que você vai fazer? Preciso de uma explicação óbvia.

— Cala a boca garota. — Vociferou Jared — Para de ficar me enchendo de perguntas, você não é nada. Foi só duas noites. Duas noites e nada mais entendeu? Não quero saber das suas inseguranças ou paranoias, eu só trepei com você aquelas vezes, por piedade. Chega desse interrogatório chato e sem sentido. Foi uma boa noite, ok? Você estava bêbada e eu queria, então rolou. Depois queria que você se certificasse de que seu sonho idiota tinha se realizado. Não significou nada para mim, não acrescentou nada de util ou de diferente, só mais uma transa. Então para de me encher, pelo amor de Deus. Estão respondidas as suas perguntas? Ou falta mais alguma coisa?

— Muito obrigado, Jared. Num momento eu pensei que você realmente pudesse ser o tipo de pessoa da qual eu sempre imaginei. Agora percebo o quão cafajeste você é. Nunca deveria ter me entregado a você. Jared você só gosta de se aproveitar das pessoas.

— Para de agir como se você realmente me conhecesse. Cindy, você não faz a mínima ideia de quem eu sou, não sabe nada a meu respeito, das coisas que acontecem comigo. — Vociferava ele.

— Para você, que fica agindo como se tivesse o direito de falar de mim desse jeito.

Jared andava pela sala irritadiço.

Cindy sentia o seu rosto queimar de pura raiva. Precisava extravasar ou acabaria enlouquecendo. Jared cada vez mais a decepcionava. Não era daquele jeito que ela o via. O que realmente havia mudado para que Jared agisse daquela forma? Não precisava de tanto drama na sua vida, principalmente naquele momento.

— Escuta... — Virou a atenção para Cindy — Agora a sua insegurança pode ir pro inferno, não acha? Analisa comigo: seu sonho era perder a virgindade comigo, e isso já aconteceu. Pode sair por ai dando pro primeiro que encontrar. A vida de prostituta ainda é muito bem conhecida por todos. Isso não será nenhum problema para você. Clientes não faltarão. Todos irão querer te foder até não aguentarem mais.

Toda aquela conversa sem fundamento algum estava levando Cindy à fúria. Quem ele pensava que era para falar daquele jeito com ela? Decidida, ela se aproximou e deu um tapa na cara de Jared. À princípio ele ficou quieto, mas a fúria dentro de si crescia intensamente. Com os olhos destilando toda a raiva, Jared a prensou contra a parede. Seus olhos azuis frios a faziam ter medo do que ele poderia lhe fazer.

— Jamais...nunca mais faça isso comigo, sua vadia. Não te dei a liberdade. — Vociferava ele.

A força que ele fazia a machucava. Sair dali parecia impossível. Assustada ela tentava fugir, mas Jared não permitia nenhum movimento por parte dela. Havia dominado Cindy por completo.

— Você não tem noção de como eu gosto que façam isso comigo! — Ele sussurrava em seu ouvido — Um dia você irá lembrar de tudo o que aconteceu.

Jared colou mais o seu corpo ao dela, percebeu a respiração da garota ficar ofegante demais. Reconhecia a reação que causava nas garotas. Com as lágrimas correndo por seu rosto, Jared a beijou. Ele conseguiu fazer com ela se rendesse no começo, mas era nítido que ela desejava sair dali correndo. Fugir era sua necessidade. Todos os seus sonhos e idealizações haviam sido destruídas, jogadas no fundo do poço por quem ela nutria sentimentos fortes. Estava decidida a levar a sua vida em frente, esquecer que um dia Jared fora tudo na sua vida, de que um dia ele significara tanto.

— Me larga. — Gritou ela empurrando-o para bem longe de si — Nunca mais me toque, me procure ou sequer dirija a palavra a minha pessoa. Quero que você morra e vá pro inferno. Arda sem piedade no fogo do purgatório.

Cindy saiu do apartamento batendo a porta com força. Jared tinha vontade de sair correndo atrás dela para reparar aquele pequeno erro. Ele caiu de joelhos no chão. Lagrimas rolavam pelo seu rosto, mas ele logo enxugava. Não queria que ninguém o visse daquele jeito.

Palmas puderam ser ouvidas ao longe.

— Muito bem, Jared. Fez o serviço melhor do que eu esperava. Espero que continue fazendo a sua parte. Se contribuir comigo tudo será mais fácil.

— Como você pode ser tão baixa a ponto de fazer isso com a garota e ainda por cima me usar para isso? A Cindy não merece!

Mellody sentou-se no sofá de forma elegante e sedutora.

— Porque eu sei que você se deixaria levar pelo papo dessa garota idiota. Se liga, Jay. Eu sou a única que te amou de verdade nesta vida. A Cindy sempre teve sonhos tolos de criança iludida, mas nunca teve coragem de falar com você e quando faz algo estraga um relacionamento de longa data.

— Estou me sentindo péssimo... — Sussurrava ele.

— Um dia isso passa. Agora eu vou para casa.

Mellody sorria vitoriosa, conseguira o que planejava. Ela saíra sem dar o mínimo de atenção para ele. Assim Mellody ficou fora do alcance de sua visão, Jared correu e interfonou para a recepção pedindo para que segurassem a Cindy por um tempo. Assim que desligou foi correndo para o elevador. Tinha de chegar a tempo, ates que ela conseguisse pegar algum taxi.

**********

No saguão, Cindy havia parado para enxugar as suas lágrimas que insistiam em embaççar a sua visão. Não queria que pensassem o contrário, poderiam perguntar se ela estava com algum problema. Estranhou com um funcionário do hotel se aproximou dela oferecendo-lhe um copo d’água.

— Sente-se um pouco!

— Muito obrigado, mas eu preciso ir.

— Já experimentou alguns chocolates?

Cindy revirou os olhos desacreditada.

— Já, mas preciso ir!

— Pegue alguns, é cortesia. O chocolate é o melhor amigo das garotas triste.

— Eu não estou triste e não quero chocolate.

O rapaz não soubera disfarçar quando avistara Jared se aproximando. Assustada Cindy tentou correr, mas Jared fora ainda mais rápido que ela poderia ter esperado. O funcionário afastou-se rapidamente.

— Precisamos conversar!

— Me solta! Não tenho nada para conversar com você. — Rosnou Cindy furiosa.

— Me dê uma chance! Tenho de dar muitas explicações.

— Não estou brincando, Jared. Me larga antes que eu faça um escandalo.

Sem pensar duas vezes, Jared a ergueu sobre os ombros. As pessoas que por ali passavam não aprovavam o ato do rapaz. Cindy, por sua vez sedebatia, dava socos e tapas para que ele a largasse, mas Jared não lhe dera ouvidos. A conduzira para o elevador. Depois que as portas do elevador se fecharam foi que Jared a colocou de pé.

— Não precisava fazer isso,ok? — Resmungava ela. — Não sou mais nenhuma criança para ser carregada no colo.

— Tinha que fazer algo para você não sair correndo.

— Se soubesse ao menos pedir com educação, poderia até pensar.

— Acho que não! Você sairia correndo.

Cindy fechou a cara enquanto não chegava no andar esperado. Seus olhos ainda ardiam de tanto chorar, a mistura de luzes causavam uma certa reação na garota. Ele poderia ter feito qualquer outra coisa desde que não a expusesse tanto. O balançar do elevador a deixava assustada, tinha medo de que ele um dia despencasse de uma altura inderteminável. Fechou os olhos e se pôs a pensar que aqulio tudo logo acabaria.

Não demorou para que o elevador logo parasse.Jared a conduziu corredor a fora. Estranhara o fato da garota não sair correndo novamente.

— Entre por favor.

Cindy o obedeceu. Desde que ele fora até o saguão não fizeram contato visual, Jared estava escondendo o seu rosto. Fazia tudo o que podia para que Cindy não notasse seu rosto vermelho de chorar. Vê-lo se sentar ficando com a cabeça baixa foi de partir o coração. Cindy queria se aproximar dele, mas ao mesmo tempo não poderia se deixar levar pelo momento em que estava. Ele fizera acusações absurdas sobre ela.

 — Tudo bem? — Arriscou ela.

Ele apenas assentiu com a cabeça. Aquele silêncio era insuportável. Calmamente Cindy se sentou ao seu lado. Poderia resolver algo já de inicio.

— Fala comigo, Jared! Já que me trouxe a força para cá, aproveita antes que eu saia por aquela porta a fora e nunca mais volte.

Jared respirou fundo.

— Não fala isso — Ele levantou o rosto e olhava fixamente para Cindy. Ela se comoveu ao ver uma lágrima caindo de seu rosto — Te ver saindo por aquela porta é de partir o coração.

— Mas e as coisas que você me falou? Já esqueceu?

— Você não entenderia, Cindy. Há muitas razões por eu ter dito aquelas coisas.

— Me conta.

— Não posso, mas a minha intenção não era de te machucar, de te magoar ou te fazer sofrer. — Admitiu Jared.

— Mas você fez isso poucos minutos atrás. — Rebateu ela.

— E não faz ideia ideia de como me senti mal por isso.

Jared a abraçou fortemente sentindo o doce perfume daquela garota. Sua vontade era de nunca mais largá-la.

— Jared está ficando tarde! — Disse ela se afastando — Tenho de ir para casa.

— Mas precisamos conversar de verdade,Cindy.

— Quando você estiver melhor podemos conversar. É só marcar.

O modo como ela lhe respondeu só fez com que Jared não se segurasse, se aproximou e deu-lhe um beijo suave nela, acolhendo-a em seus braços. O coração dela, disparava a cada toque. Parecia que seu corpo conhecia e sempre reagia de um modo inesperado.

— Eu queria que você passasse a noite aqui comigo. Assim não teria nenhum problema em conversarmos. Poderiamos esclarecer tudo de uma vez por todas.

— Entenda que o clima não está nada agradável, Jared — Falou firme a garota — Preciso ter a certeza do que farei daqui pra frente. Posso muito bem querer me manter longe o suficiente de você como também não posso, mas trouxa não serei. Infelizmente você conseguiu despedaçar os meus sentimentos e pra mantê-los intáctos novamente poderá levar um bom tempo... talvez anos.

— Me perdoa... Seu eu pudesse te contaria tudo o que está acontecendo comigo, Cindy. — Implorou ele.

— Tenta me contar — Incentivava a garota — A confiança é a base de qualquer relacionamento.

— Eu não posso....

— Não pode ou não quer? Existe uma certa diferença entre essas palavras. Escolha uma e tudo pode se resolver ou não. A decisão é sua.

Cindy tentava encorajar Jared a contar tudo a respeito daquela mudança e de suas palavras tão grosseiras. Tudo o que ela queria era um entendimento. Se fosse algo tão fácil poderia ajudá-lo, mas se ele colaborasse e contasse qual era o grande problema.

— É complicado.... — Começou ele — Envolve muitas pessoas, passado.

— É tão assustador assim? Quero apenas ajudar.

— Não quero ser grosso contigo, mas acho que essa conversa vai ter de acontecer em um outro momento.

Cindy levantou-se determinada a sair dali já pegando a sua bolsa. Seu coração se apertou ao ver Jared cabisbaixo. Não fazia parte dele. Uma parte queria que ela saisse dali e nunca mais voltasse, mas a outra insistia para que permanecesse ao lado dele. Se sentia perdida.

— Tenho que ir... nos falamos qualquer dia.

Não houve hesitação e Cindy simplesmente saiu do apartamento deixando Jared e todos os seus problemas para trás. ficou parada na porta fechada atrás de si. Cindy não conseguia ir embora. Iria lutar contra todas as suas vontades e passaria a noite com ele. Voltou colocando a sua bolsa em qualquer lugar.

— Ainda bem que você não foi embora! Eu vou te contar tudo o que de fato aconteceu e se nunca mais quiser falar comigo vou entender.

ela sentou-se ao seu lado, pronta para ouvir todas as suas declarações. Jared ainda tinha nop seu olhar frio para com a garota, procurava os detalhes de seu pasado sombrio e sem muita importância

— Cinco anos atrás eu me encontrava perdidamente apaixonado pela minha melhor amiga. Ela sentia o mesmo por mim, o que facilitava a nossa vida. Juntos viviamos as maiores loucuras — Cindy notou o brilho nos olhos dele — Sonhava em casar com ela...a menina mais doce que eu conheci. Infelizmente ela acabou engravidando... — Ele se controlava para não bater em algo — Ela não queria ficar com a criança, não quis me ouvir. Eu queria ter o prazer de segurar aquela criança em meus braços. Faltando poucos meses para que ela desse a luz aquela criança, ela se meteu numa confusão numa festa na casa de amigas e foi esfaqueada. No meio da confusão ninguém conseguiu descobrir quem era o assassino. Quando a policia chegou, me viram com a faca e não consegui provar a minha inocência. Fui preso por alguns meses e a familia dela passou a me odiar desde então.

— Isso tem a ver com a sua mudança para cá?

— Sim... pagaram a minha fiança, pois precisava cumprir com a agenda de shows.

Cindy tirou a mecha de cabelo de frente de seu rosto colocando atrás de sua orelha.

— Por que o medo de contar?

— Porque essa caso é oculto, Cindy. Não sei o que pode acontecer com os meus fãs caso descubram. Tenho medo de ser odiado por cada um deles. Quando te vi pela primeira vez senti que poderia ser o começo de uma nova vida. Aqui em Londres minha vida mudou completamente.

Jared depois de contar sobre o seu passado para Cindy se sentiu mais leve, pensava que ela acabaria deixando-o ali mesmo, de que de repente ele se sentisse sozinho e o seu passado retornasse. Ela o fazia se sentir bem. Confiava extremamente nela.

— Obrigado por ficar comigo! — Agradecia ele beijando a sua mão — Por você, eu seria capaz de morrer.

— Não fale assim, Jared! Não posso imaginar os meus dias sem o seu sorriso, sem a sua voz... — Ela o abraçava fortemente — Aqui com você me sinto especial, amada e desejada.

— Sempre te quis, Cindy! Sempre.

Jared a puxou para um beijo.Desta vez se renderam a todos os caprichos. Jared a tocava de forma carinhosa,sentindo a sua pele lisa e macia,a quentura que o envolvia num prazer interminável. Espalhava beijos por todo o seu pescoço fazendo-a se arrepiar.

— Eu tenho medo de estar grávida, não sei como reagir se for verdade.

— Vai ficar tudo bem. Estou com você.

Jared tinha certeza do que queria, não iria permitir que o mesmo erro acontecesse novamente. Errara uma vez e lutaria para ter Cindy sempre perto de si, mesmo que Mellody continuasse o importunando.

— Entendo que a situação é um tanto alarmante, mas quero que saiba que eu assumirei minhas responsabilidades.

Ela abriu um sorriso de alivio. Como se sentia melhor ao ouvir aquelas palavras confortantes, ainda mais vindo dele, transmitia segurança para os seus próximos dias. Não imaginava como seria se ele não pensasse desse modo. Mesmo com tantas demonstrações de afeto e de mudanças, Cindy sentia-se com medo que do nada ele voltasse a ser quem ele era. As histórias que ouvira sobre ele a atormentava.O medo não poderia prevalecer. Tinha que confiar em suas palavras, precisava acreditar em algo.

— Ah, Jared! — Disse ela levantando, ele fez o mesmo — Nós fomos tão burros, tolos... Fiquei com tanto medo do que você poderia falar sobre isso... — Ele a interrompe,colocando o dedo na boca dela.

— Shiiii.... — Ele fecha os olhos encostando a sua testa na dela,que também fecha os olhos — Eu te disse que com você seria diferente... — Ele sorri — É assim que eu me sinto quando estou com você:Diferente. Não quero que nada de ruim aconteça contigo. Farei o possivel para estar ao seu lado sempre que precisar.

— Verdadeiro! — Exclamou ela sorrindo — Aconteça o que acontecer estaremos juntos nessa?

Silêncio. Poderia ou não ser daquele modo que ela queria? Aquele silêncio repentino, se tornava mais e mais agonizante.Cindy insistiu mais uma vez, não queria que Jared se sentisse pressionado com a situação.

— Aconteça o que acontecer estaremos juntos nessa?

— Claro! Sempre juntos.

Ele a abraça afagando-lhe o cabelo intensamente, puxando-a para mais perto de si, como se não quisesse que nem o ar passasse entre eles. Era uma reação muito diferente da que ela estava acostumada a ver quando se tratava de Mellody.Cada vez mais, Cindy sentia arrepios de felicidades. Uma estranha emoção tomava conta dela,do corpo e de seu ser de forma inexplicável, a adrenalina passava a tomar conta dela e cada vez mais Cindy sentia que nada foi em vão. Continuaria a lutar pelos seus ideais.

Sorrindo docemente Cindy agradeceu-lhe:

— Ai obrigada, Jared... é bom saber que eu tenho seu apoio — Ela respira fundo — Eu só não sei... — Ela baixou a cabeça — Como vou dizer aos meu pais.

— Mas ainda temos que esperar pra ver se vai dar nisso mesmo, quem sabe o que Deus vai fazer.Vamos fazer tudo com calma. Entendeu?

— Sim — Respondeu ela simplesmente largando-o.

— Como se sente? — Disse ele olhando-a.

Era nitida a sua transformação, ela ainda estava preocupada e possuia os verdadeiros motivos para que se sentisse dessa maneira.

— Um pouco melhor, mas ainda preocupada e com um pouco de medo com tudo que pode acontecer... — Cindy levantou a cabeça em meio a uma lembrança — Droga! E a confiança que meu pais tinham em mim...

Ela andava pela casa e se encostou no canto olhando para baixo. Jared confuso se aproxima da garota, tocando o braço da mesma suavemente, fazendo com que ela olhasse para seu rosto e abraça-lhe novamente. Havia algo nela que o fazia não querer vê-la triste. Aquilo mexia com ele e com seus pensamentos. Ele a puxou para mais perto e abraçou-a com força. Cindy respirou fundo sentindo o perfume do pescoço dele, pousando sua cabeça no peito dele. Jared era o único que a entendia. Compreendia os seus medos e dores. Ela estaria realmente vivendo um sonho em meio a loucura da vida cotidiana? Tudo o que Jared fazia ou lhe dizia parecia como um conto de fadas.

— Acho melhor você passar a noite aqui, já está tarde se quiser pode ligar para seus pais dizendo que vai passar a noite na casa de sua amiga.

Os sussurros dele eram coisas de outro mundo, deixava-a desconcertada. Sentia arrepios,voltava a lembrar das suas primeiras sensações quando o viu pela primeira vez. A voz dele a provocava intensamente. Ele sentiu a respiração dela se alterar, ele apenas sorriu docemente. Afastando-se lentamente, Cindy sorri para ele. Se continuasse mais um minuto perto dele poderia perder o controle e permitiria que as suas vontade se apoderassem de si.

— Farei isso...também vou ligar pra Roberta e pedir pra qualquer coisa ela dizer para eles que eu estou lá na casa dela. Não estou com cara e nem com coragem alguma de enfrentar os meus pais hoje,eles iriam me achar estranha, não quero preocupá-los — Cindy deu-lhe um beijo no rosto — Obrigado, Jared. Obrigado mesmo. Não sei como te agradecer por ser tão atencioso em cada detalhe comigo.

Ele analisava cada traço daquele rosto delicado. O rosto dela parecia mais suave a cada expressão, tinha medidas perfeitas. Uma boneca de porcelana. Pensando na melhor forma para deixá-la confortável, Jared sugere:

— E...fica com a cama que eu fico com o sofá. Acho que precisa de mais espaço do que eu. — Ele sorriu amarelo.

Cindy corou de imediato. Sorrindo ela agradece.

— Jared você é tão fofo. Quem te vê em cima daquele palco nem imagina o quão doce você é, sabia?Agradeço a sugestão, mas não precisa, não vou sair da minha casa pra tirar o seu conforto... na sua própria casa.

Ele a fitava seriamente, não gostava de ser contrariado. Não havia nada de errado em querer dar o conforto para outra pessoa, pois Cindy já pensava diferente dele já achava errado em ceder a melhor parte da casa para uma pessoa que não era seu parente.

— Eu insisto. Você na cama e eu no sofá.

— Está bem, já que você insiste! — Ela olhou-o maliciosamente — Podemos dividir a cama também se você quiser. — Não vendo reação nele, continua — Estou brincando.

— Você tem que comer algo... — Ele coçou a cabeça — Aquele restaurante só tinha coisas que não te agradavam. Quem aproveitou foi a sua amiga.

— É...a Rô ama comida japonesa, acho que ela é meio ocidental...mas mesmo assim eu agradeço, não estou com fome.

— Eu insisto.

— Ai! — Ela respirou fundo — Tudo bem, mas você me acompanha? — Perguntou ela sorrindo.

— Sim...farei um esforço dependendo do que você pedir.

Cindy não queria exaltar, tanto que fosse qualquer lanche desde que não houvesse peixe. Desde pequena ela não gostava de peixe e toda vez que via em sua frente se sentia enjoada. Era um tanto que estranho esse não gostar de peixe, acima de tudo Cindy era saudável e mantinha uma boa educação alimentar.

— Pode escolher, o que você quiser eu aceito, desde que não tenha peixe.

Sua expressão foi um tanto engraçada, ele baixou a cabeça e balançou suavemente. Ele estava sendo muito gentil e educado com ela. Realmente ele estava mudando. Se ele continuar assim, tudo será mais fácil, sua timidez provavelmente abriria espaço para a espontaneidade.

— Cheeseburguer e pizza? — Ele parecia confuso — Não sei do que você gosta!

— Hum... — Ela pensava no que iria escolher — Que tal hambúrguer e batata frita?

Sem jeito, Jared tenta se aproximar dela. Não era apenas uma aproximação, ele queria envolve-la em seus braços, senti=la cada vez mais. Cindy abre os braços,esperando um abraço com um simples e tímido sorriso no rosto. Ele a abraçou formando-se dois em um. Ele sussurrava no ouvido dela provocando um leve arrepio.

— Precisava disso.

— Eu também...mais do que você imagina — Ela deita o rosto no ombro dele e fecha os olhos, sorrindo timidamente eliminando qualquer pensamento negativo que pudesse surgir.

— Você me faz ser diferente, ao seu lado posso ser eu mesmo, amor.

— Com você eu sou completa.

O mais belo sorriso estampava o rosto de Jared. Um sorriso doce e envolvente que fazia com que Cindy se sentisse tocada e maravilhada. Uma sensação única que não havia como descrever o que sentia. Quando se tratava dele nunca haviam palavras o suficiente.

Ela foi para a sala. Pegou o telefone da base e sentou-se acomodada no sofá preto.

— Amor? — Ela sussurrava baixinho para si mesma desacreditada com o aeplido carinhoso.

Após entender o que ele havia dito, Cindy procurava se focar no telefonema, tinha de ter o foco. Era cedo demais para isso ocorrer. Descobrir que os dois se amavam, foi a maior surpresa para ela. É claro que ele sentiu um arrepio na espinha quando sussurrou, talvez ele não fosse assim com as outras garotas, mas Cindy se sentia especial. Como as coisas da vida estavam mudando, ele mais do que nunca se mostrava a pessoa que ela sempre acreditou que fosse. A seriedade dele nunca deixou com que as pessoas vessem além do artista famoso que ele era, portanto só ela entendia o modo como ele agia. A visão sobre ele sempre se mantinha intacta.

Enquanto ela fazia os pedidos, ele havia ido para a cozinha pegar algo para eles beberem, já aproveitando o local optou por preparar a mesa. Jared queria fazer com que ela se sentisse bem,tratando-a da melhor forma possível,mesmo que seu lado sério quisesse aparecer. Principalmente depois de ter agido feito um idiota e por fazer com que ela chorasse. Não havia como passar despecebido a preocupação que Jared tinha por ela, se esforçava para que ela ficasse bem a todo momento.

Ela lutava contra a vontade de ligar para sua casa, mas se tornava mais fácil contar com Roberta. Com ela nunca era necessário tantas palavras, se entendiam com facilidade e isso era o mais importante na confiança e na amizade que possuiam. Olhava para aquela sala bem cuidada e lembrava vagarmente do médico que a atendera, do primeiro contato com o corpo de Jared. A forma como seus lábios tocaram pela primera vez, das palavras carinhosas que incendiavam o seu ser... uma das noites mais inesqueciveis da sua vida.

Um leve bater na porta os tirou de seus pensamentos e afazeres. Os dois acabam que se trombando, mas Cindy permite que ele atenda a porta.

— Nossa que cheiro bom, atiçou minha fome. — Ele diz aproximando a boca no ouvido dela — Amor. — Ele a beija.

— Seu bobo, também estou com fome.

— Somos dois famintos,desse jeito eu engordo

Com certeza ele não iria engordar. Sua fase de turnê, já estava pra começar e com a vida tão agitada, quase não se alimentava direito.

— Bom... — Ela olha para baixo meio sem graça,gaguejando — Provavelmente...eu posso...engordar. Vivo comendo porcarias no colégio.

— Vamos comer? — Perguntou ele colocando suco no copo.

— Claro! — Responde ela sentando.

— Sente-se melhor? Quero dizer depois da nossa conversa.

— Sim — Ela estica a mão e pega a dele — Obrigado.

Durante o jantar não trocaram palavras, apenas olhares meigos e sinceros onde o brilho transparecia qualquer outra coisa que sentissem naquele momento. Após terminarem o jantar, retiraram a mesa e ele foi para o quarto trocar de roupa. A garota preferiu ir lavar a louça, tinha uma certa mania de limpeza. O barulho do jato d'água fez com que ele saísse logo do quarto. Ela estava totalmente distraída. Andando lentamente, ele a abraça pelas costas, dando um leve beijo na bochecha à procura da boca dela. Com as mãos ainda coberta com espuma, Cindy sem querer passa nele, que lentamente parte o beijo.Tentando se recompor ela chama a atenção dele:

— Você quer me matar, não é?

— Nossa! — Exclamou ele rindo — Desculpa, meu amor — Abraça e diz beijando-a — É que eu adoro te pegar de surpresa — Ele a olha malicioso — Sinto que assim te pego de jeito.

— Ah seu safado! — Ela lhe dá um tapa com a mão cheia de sabão rindo e surpresa — Seu atrevido!

— Sei que você gama, gata.

— Está voltando a ser pervertido,Jared? — Perguntou ela quase sussurrando num tom sensual.

— Pervertido não...louco por você — Ele dá uma piscada — A culpa é sua.

— Minha nada,querido.

— Aham — Ele balança a cabeça positivamente em contrariedade,ele a abraça — Agora vamos voltar ao trampo.

— Pega o pano. — Pediu ela gentilmente.

Essa era a missão dele, enxugar a louça. Não era uma tarefa que ele gostava, mas achava que poderia ser divertido. Permaneceu ali firme e forte ao lado da garota. Havia momentos em que ele se pagava sorrindo para ela, Cindy sentia apenas seu rosto queimar. Aos poucos os dois estavam se soltando cada vez mais, sendo eles mesmos como deveriam ser desde o começo. Assim que terminaram, Cindy ficou observando toda a cozinha arrumada.

— Ai! — Sussurra — Cansei. Podemos ir dormir?

— Claro — Responde ele indo em direção ao quarto — Mas antes você tem que trocar de roupa, pra dormir confortável.

— Hum...mas o que vou vestir? Suas calças?

Ela falou irônica que foi impossível não rir, era muito engraçado como as coisas passavam rapidamente de tediosas para serem engraçadas, mais divertidas e leves. As conversas fluiam com mais facilidade revelando o melhor lado de cada um.

— Eu tenho umas roupas que ficam justas em mim... — Olhou-a de cima a baixo — Podem servir em você! Uma camisa e um short.

— Ta bom, já que você insiste, eu aceito — Ela pisca de volta.

Assim que as roupas foram lhe entregue, ela apenas sorriu docemente.O suave perfume dele estava grudado na roupa. Um cheiro muito bom. Ela partiu em direção ao banheiro e ele seguiu o seu caminho até a sala. Ligou a tevê e esperou que ela saísse completamente trocada. Dentro do banheiro, Cindy olhava seu reflexo no espelho. Não acreditava no que estava acontecendo novamente. Seus olhos começaram a formar lágrimas e as mesma começaram a escorrer dentre aqueles traços pequenos e perfeitos de seu rosto. Como se não bastasse uma lágrima, logo outras começaram a escorrer e um choro com a respiração pesada intensificaram o momento. Saindo do banheiro, ela foi diretamente para o quarto, não queria que ele a visse naquele estado. Estranhando um pouco Jared foi até o quarto para saber se tudo estava bem.

Encostado na porta ele pergunta:

— Tudo bem?

— Sim — Respondeu ela enxugando as lágrimas.

— Tem certeza? — Insistiu ele entrando no quarto.

— Tenho, é apenas um cisco que entrou no meu olho.

Mesmo sabendo que não se tratava daquilo, ele sentou-se ao lado dela e abraçou-a. fortemente.Não sabia o porque dela estar chorando, mas provavelmente poderia ser apenas uma forma de demonstração de alegria ou qualquer coisa do tipo. Ele não sabia o que fazer para animá-la.

— Quer que eu ligue para a Roberta? — Perguntou ele cauteloso.

Ela balançou a cabeça e afastou-se dele.

— Acho que foi muita emoção para um dia só! — Disse ela por fim — Tive que por para fora, entende?

— Entendo. Precisar eu estarei na sala.

E ele saiu do quarto sem olhar para trás.Ambos se deitaram, esperavam o sono chegar, mas parecia impossível. Rolavam de um lado para o outro. As horas passavam e cada vez mais parecia uma luta interminável.Ele começou a cantar sussurrando. Cindy estava muito bem acordada, sempre que se deitava dormia ligeiramente e desta vez parecia que nem ao menos ouvira dizer em sono. Na mesinha de cabeceira havia um relógio e nele já marcava mais de meia noite. Cindy levantou-se da cama e foi em direção a sala. Jared parecia já estar cochilando, assim Cindy sentou-se ao lado do corpo dele e começou a fazer carinho, que por um pouco assustou-se.

— Me perdoe — Desculpou-se ela.

— Difícil de dormir?

— Sim.

— Deita aqui comigo!

Cindy aceitou o convite e deitou-se junto com ele no grande sofá. Apoiou a cabeça sobre o peito dele.

O modo como ele a envolveu junto ao seu corpo poderiam se formar dois em um. Ele a contemplava e fazia carinho em seu rosto, de vez em quando,sorria de um modo encantador. Seus belos e brilhantes olhos azuis estavam ficando pesados, ajeitou-se e voltou a dormir. Faltava muito para o dia clarear. Realmente pareciam perfeitos um para o outro. Únicos a merecerem a desfrutar uma grande e incendiosa paixão.


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