Por Trás da Seriedade escrita por Lilly Belmount


Capítulo 3
Capitulo 3




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Pequenos feixes de luz invadiam o quarto anunciando que outro dia acabara de começar. Cindy lentamente começou a se movimentar na cama. O dia infelizmente começara para ela também. Cindy olhou para o outro lado da cama e sorriu ao notar que Jared dormia tranquilamente. Apoiou-se sobre os próprios cotovelos e se pôs a contemplá-lo. Ele parecia diferente, como quem estava sonhando com algo maravilhoso, pois um pequeno sorriso preencheu os seu lábios. Uma vontade imensa de tocá-lo tomou conta da garota, mas Cindy lutou contra. Não queria acordá-lo. Sonhara tantas vezes com este momento que ela achou estranha a sensação de acordar ao lado de Jared.

Queria permanecer ao seu lado, mas tinha de ir para casa. Infelizmente, não era do jeito que ela queria. Sua vida retornaria a ser como antes. Direcionou-se ao banheiro ao banheiro a fim de tomar um banho gelado, pois precisava se manter acordada e racional. Durante o banho, cenas se apoderavam de sua mente. Era como se estivesse vendo o filme da sua vida. A magia e o encanto que ela sempre quisera, mas que era difícil de se ter. Fechou os olhos na intenção de afastar aqueles pensamentos e logo encerrou o seu banho.

Ao acabar de se arrumar, Cindy permaneceu olhando para o corpo que descansava suavemente. Tomada por um nova onda de coragem, Cindy aproximou-se e lhe deu um beijo em seu rosto. Temia que ele pudesse acordar, mas com o beijo, Jared apenas se remexeu.

Cindy sentiu um aperto no coração ao deixar o quarto. Preferiu não deixar recado, não queria deixar que Jared se sentisse preso a ela. Faria com que cada um seguisse a sua vida dali em diante. Não iriam assumir compromissos ilusórios.

Fora para o elevador tranquilamente certificando-se de que nada daquilo era real. Se lembrava de cada toque, de cada beijo, de cada palavra sussurrada ao seu ouvido. Só poderia estar sonhando acordada.

Ao passar pela recepção, Cindy notou que não era mais uma mulher que tomava conta da recepção, e sim um senhor de idade. O senhor fora tão simpático ao lhe sorrir, que não houve outra forma de fugir, no entanto lhe retribuiu o sorriso.

– Bom dia! - Cumprimentou o senhor - No que posso ajudá-la?

– Gostaria de pedir um táxi - Informou ela.

– Irei pedir. Sinta-se à vontade.

Enquanto o táxi não chegava, Cindy pegou o seu celular e começou a mandar mensagens para Roberta. Entre uma mensagem e outra ela demorava a responder. Queria muito logo chegar em casa, precisava se jogar na sua cama.

Não demorou muito e o senhor logo se aproximou de Cindy tocando levemente em seus ombros.

– A sua carona chegou! - Anunciou ele animadamente.

– Obrigado senhor. Tenha um bom dia.

Cindy espalhava sua simpatia por onde passava, mas aquele dia ela se sentia melhor. Precisava do calor de sua família, queria e necessitava estar diante de seus pais.

No carro ela permaneceu encostada à porta. Olhava atentamente por cada lugar que passava. Londres sempre encantou Cindy, mas ela sentia que seria bom sair dali, quem sabe viver loucuras de adolescente ou até mesmo realizar um turismo. Não precisava ser algo tão especial. Apenas o necessário para que ela pudesse guardar na memória por um bom tempo, ter o que contar para os seus filhos caso um dia os tivesse. Acima de tudo queria ser livre.

Sonhava em seguir uma vida tranquila ao lado de quem ela amasse, mesmo não sendo quem ela sempre desejou. Odiava essa incerteza. Cansava de lutar por aquilo que nunca dava um bom resultado. Sempre ajudava quem precisava, era uma boa garota, mas o mundo não a ajudava, não a compreendia.

Algo de estranho estava acontecendo no seu bairro, pois ao haver uma aproximação do táxi perto de onde morava, Cindy não reconhecera a movimentação. O motorista tivera de parar algumas casas antes a qual Cindy pertencia. Muitos carros impediam a passagem de outros. Pagou o motorista e permaneceu ali parada observando aquela movimentação fora do comum. Curiosa ela começou a andar apressadamente por aquela rua que se tornava desconhecida. Ao passar em frente à casa de Jared seu coração se comprimiu. Ele deveria estar louco atrás dela a essa altura, mas fora melhor desse jeito.

Seus pais não poderiam estar dando uma festa, exceto quando tivesse alguém distante da família que estivesse de passagem. Ao entrar em sua casa, o ambiente era completamente diferente. Energias diferentes corriam por aquele lugar transformando as pessoas por completo. Algumas pessoas conversavam animadas no hall de entrada, cumprimentaram-na como se a conhecessem, mas ela retribuiu o pequeno gesto. Procurava apenas por seus pais. Ao se aproximar do quintal dos fundos a música tocava ainda mais alto, quase tivera um ataque do coração ao ver Evan e Trevor ali. Não era de se esperar.

Brenda olhara em direção a porta e correra até a sua filha recebendo-a com um abraço apertado.

– Onde esteve? - Quis saber a mulher.

Cindy engoliu seco.

– Na casa de uma amiga.

– Na casa da Roberta? - Insistiu Brenda.

– Na casa da Andressa - Mentiu Cindy.

– Tudo bem...vamos deixar essa conversa para depois. Adivinha quem está aqui?

Ela pensou um pouco a respeito.Havia tantas pessoas que Cindy desejava reencontrar,mesmo que fosse por poucas horas.

– Damon? - Ela perguntara.

– Não, meu amor. A sua tia Amelie.Veio de Paris só para te ver.

– Tia ....Amelie? - Gaguejava Cindy - Mas, ela só vinha no natal. Só pode ser brincadeira.

– Então veja você mesma! - Exclamou Brenda alegre.

Cindy foi até uma area do jardim e viu sua tia conversando com Evan.Ela era pura alegria diante dele.Uma mulher irreverente, animada e espontanea.Cindy notara que Evan dissera para Amelie que Cindy os observava.

– Bonjour Cindy! - Cumprimentava Amelie de longe - Como está linda.Uma mulher de verdade.

Cindy a abraçou fortemente sentindo o seu perfume adocicado.

– Que surpresa maravilhosa tia.

– Gostou?

– Amei! Mas, porque a senhora veio antes?

– Queria saber noticias de todas vocês,afinal ninguém me visita.Sempre fico lá na França, sozinha com a minha loja.

– Bem que eu gostaria de passar um tempo com a senhora - Admitiu Cindy sonhadora - Ficar longe de tudo e de todos.

Brenda a repreendeu como olhar.

– Venha comigo! Trouxe alguns presentes para ti.

Cindy sorriu amarelo ao notar as expressões de sua mãe fria.Era perceptivel que Brenda se sentia incomodada com a presença de Amelie,pois Cindy desde criança gostara mais da tia do que da própria mãe.

As duas corriam as escadas como verdadeiras crianças. Era dessa alegria que Cindy sentia falta, da companhia de alguém especial que soubesse como fazê-la sorrir a todo e a qualquer instante. O quanto Damon era importante em sua vida, das vezes em que passavam a madrugada acordados só para verem um premiação muito importante, das vezes em que iam para o parque para fazer absolutamente nada.

Ao chegarem ao quarto no qual Amelie estava hospedada, as duas se abraçaram novamente. Cindy não se conteve e chorou. Chorava até soluçar, aquela cena preocupou a mulher.

– O que houve minha amora? - Incentivava Amelie - Conte-me, por favor!

Amelie a conduziu até que ambas estivessem sentadas na cama. Entregou-lhe um lenço.

– Conte-me o que se passa em seu coração.Sei que a vida de adolescente não é fácil.

Entre soluços e lágrimas,Cindy tentava falar.

– Tia, a senhora já se apaixonou a ponto de permitir que alguém transformasse por completo a vida da senhora?

– Sim, mas por que a pergunta?

– Não fazia a ideia de que amar pudesse doer tanto,ter as incertezas me rodeando,minha mente se iludindo com coisas futeis.

– Amora, não estou compreendendo.

– Tia,eu passei a noite fora e com alguém que eu sempre gostei - Contou Cindy.

Amelie ficou boquiaberta com a noticia.Não era algo que ela pudesse esperar ouvir de sua sobrinha assim do nada.

– Me conte em detalhes. - Pediu Amelie.

– Ontem fui a festa na casa dos nossos vizinhos aqui do lado - Amelie a interrompeu.

– Jared? O vizinho gato de olhos azuis?

A garota sorriu consentindo.

– Há um bom tempo, Jared sempre me convidou para as festas,mas minha mãe não deixava.Dizia que uma moça de familia não deveria frequentar esses lugares,principalamente com muitos garotos desconhecidos.Ela nunca me deu ouvidos,mas fazia o que podia.Não exaltava, nem a ofendia mesmo quando a vontade se tornava grande demais.Eu queria que a minha mãe me liberasse ao menos uma vez e nisso quando ela decide regular as regras,faço uma grande loucura.

– Usou drogas?

Cindy riu por contragosto.

– Não tia. Eu perdi a minha virgindade com o Jared.Não lembro de muita coisa de como aconteceu,mas foi com ele.

– Minha sobrinha agora é uma mulher. - Amelie a abraçou brevemente - Vai contar para a sua mãe?

Cindy respirou fundo.

– Não posso, tia.Minha mãe acabaria me matando.Ela não pode sequer imaginar que isso aconteceu comigo.

– Mas a mentira não leva a lugar nenhum,

– Eu sei,mas falarei quando for conveniente.

Amelie deu de ombros.Não iria interferir nas decisões de sua sobrinha.Levantou-se da cama e foi até a sua bolsa mais próxima e de lá retirou um pqueno embrulho e o colocou nas mãos da garota.

– O que é? - Perguntou a garota sem entender.

– Só uma pequena lembrança que trouxe de Paris para você. Queria que você tivesse algo para se lembrar de mim.

– Não precisa se preocupar, tia.Eu sempre me lembro da senhora.O seu lugar está bem reservado no meu coração.

Abraçaram-se novamente e logo após Cindy abriu o seu presente.Era um lindo par de brincos acompanhados de um lindo colar em esmeraldas.

– Eu não posso ficar com isso.Deve ter custado uma fortuna.

– Quero que fique com ele.É um presente que representa cada ano que ficamos longe uma da outra. Que tal descermos e aproveitarmos a festa antes que seus pais nos matem?

– Tudo bem.

De mãos dadas as duas sairam casa a fora.Cumprimentavam familiares e convidados que chegavam de última hora.Todos comiam e bebiam ao som de boas músicas.Evan e Trevor se encantavam com a empolgação de Amelie.Mesmo com a idade já avançada,ela sabia viver da melhor forma. Não se estressava, não fumava,bebia socialmente e nada mais.Tudo em sua vida era tranquilo.No meio de tanta animação, Amelie tirou Trevor para dançar.Os dois riam bastante,isso se trnava divertido aos olhos de Cindy,só assim conseguia se sentir mais leve.Não precisava fingir seus sorrisos ou uma alegria que não fazia parte de si.

Ver seus familiares e amigos felizes também a deixava feliz.

Não percebera quando Evan se aproximou perto dela.

– Como você está?

– Muito bem... - Ela o encarou estranhamente - Por que a pergunta, Evan?

– O seu rosto mostra outra coisa.

– Estou cansada, preciso descansar.Nunca fiquei tanto tempo fora de casa e quando chego meus pais estão dando uma festa. - Contou ela - Queria muito que nada tivesse acontecido.Peço desculpas se causei muios problemas.

– Ei,relaxa.Não foi nada demais.Nós já estamos acostumados com a loucura da Mellody.Nunca deixe que aquela maluca te ponha pra baixo.Pelo Jared ela é capaz de fazer qualquer coisa.

Cindy desanimou-se com o alerta que Evan lhe dera.Conhecia muito bem como Mellody era.

– Sei o quanto ela é chata.Sinceramente não sei como você a aguentava! - Brincou Cindy.

Evan não se conteve e riu.

– Na verdade nunca a suportei. Quando Jay começou a namorá-la, Trevor e eu preferíamos ficar em qualquer outro lugar desde que ela não nos perturbasse. - Cindy ouvia atentamente - Infelizmente quando ela ia pros shows e ficava nos camarins fingia que éramos amigos.

– Que merda!

– Pois é.

George se aproximou deles interrompendo a conversa.

– Estão curtindo a festa?

– Sim, pai.

– Querida, por que vocês dois não vão dançar? Sua tia está se esbaldando.

Evan fez um sinal para que Cindy o acompanhasse até um lugar que desse para os dois dançarem. Até que não era uma má ideia. De repente todos os olhares se voltaram para eles, Cindy corava de tanta vergonha. Dançar não era bem o seu foco, apreciava quem dançava desde que ela não estivesse envolvida. E assim permaneceram durante vários minutos até que Evan e Trevor decidiram voltar para casa antes que Jared os visse ali com a família Harttman.

* * * * * * * * * *

Em seu apartamento no centro de Londres, Jared já havia despertado. O serviço de quarto ligara para acordá-lo, talvez Cindy tivesse pedido ou fosse um hábito dos funcionários do prédio.Ficou desapaontado quando tateou o lado emque Cindy havaia dormido e não e a encontrou.Acreditava que ela poderia estar tomando banho ou até mesmo preparando o café da manhã.Levantou-se tranquilamente passando a mãos por seus cabelos desalinhados. Olhou em todos os comodos a procura dela,mas não obtivera resultados positivos. Procurou por algumr cado deixado pela mesma,mas o resultado ainda continuava negativo. Foi algo que ele fez ou disse para que ela saisse antes que ele acordasse? O que de fato teria acontecido?

Jared tomou um banho e foi para casa. Dirigia feito louco pelas estradas. O vento da tarde batia violentamente em seu carro trazendo folhas e terra. Ao passar perto da casa de Cindy, desejou ter coragem de ir até lá para falar com ela. Mas o que seus pais pensariam dele? O achariam maluco, afinal para os pais de Cindy ela nunca tivera contato algum com ele. Seria arriscado demais. Estacionou o carro e entrara em sua casa. Viu Evan e Trevor deitados no sofá assistindo a uma programação qualquer.

Bateu a porta com força e fora para o seu quarto. Evan e Trevor se entreolharam assustados com a atitude de Jared. Jogou a sua jaqueta sobre a cama e fora para a janela. Algo estava errado, pois a janela do quarto de Cindy sempre estava aberta independente de como estava o clima, mas desta vez estava completamente fechada. Não havia nada que ele pudesse fazer naquele momento a não ser distrair a mente.

Jared estava diferente e isso era perceptível aos olhos de qualquer pessoa. Admitira para si mesmo a diferença, mas queria entender melhor o porquê de estar agindo daquela forma. O rosto de Cindy havia tomado conta de seu coração e de sua mente. Estaria ele apaixonado pela sua vizinha? Não poderia ser verdade, ela era diferente de Mellody. Cindy era a perfeição de alguém que ele esperava encontrar, mas nada justificava o que sentia naquele exato momento.

A sensação de ter esse sentimento maravilhoso tomando conta de si era inexplicável. Em sua cabeça se imaginava tendo uma vida completa ao lado de Cindy. Alguém que o compreenderia, que seria o único motivo de seus sorrisos e de suas composições. Ao pensar na questão de composição de suas músicas algo floresceu magicamente. Uma melodia começou a ocupar todo o seu pensamento. Correu para o piano e ali se pôs a tocar. Jared fechou os olhos para concentrar ainda mais. Quanto mais viaja nas ondas da melodia mais lembrava da noite anterior. Do calor que os corpos emanavam, do compartilhamento de sentimentos, dos olhares intensos que ultrapassavam a alma, de tudo que ali viveram.

— ...tia da Cindy é maluca! — Exclamou Trevor animado.

Jared foi arrancado brutalmente de seus pensamentos.

— Como é? — Perguntou Jared confuso — Vocês estiveram com a tia da Cindy?

— Sim. — Explicava Trevor — Os pais deram uma festa de boas-vindas para tia da Cindy que veio diretamente da França e nos convidou.

— Convidou? — Indagou Jared irônico — E vocês só falam isso agora? Eu fiquei preocupado com essa garota. Pensei que o pior poderia ter acontecido e nem para me informar vocês prestam.

— Calma, Jared você nunca ficou assim por nenhuma garota!

Jared os ignorou e foi para o seu quarto e ali ficou pensativo pensando nas suas atitudes. A sua necessidade era de socar algo ou alguém antes que acabasse fazendo alguma loucura sem tamanho.

— Eu sei que nunca fiquei assim por nenhuma garota, mas não imaginava que ela estaria em casa comemorando.

— Mas ela não deixou nenhum recado? — Perguntou Trevor.

Jared o repreendeu com o olhar.

— Isso explica a sua raiva federal! — Exclamou Evan irônico — Relaxa um pouco.Ela está com a familia agora!

Um pouco mais calmo do que Jared estava decidiu voltar a sua composição. Todas as suas dúvidas foram esclarecidas, mas ainda sentia vontade de ir até a casa da garota para conversar com ela. Evan o reprovaria. Suas decisões ainda não poderiam ser compartilhados com todos ali. Seu comportamento era diferente jamais o viram daquele jeito.

**********

Amelie ajudava Brenda com a limpeza do jardim. As duas conversavam animadas, brincando como se fossem duas crianças. Observá-las, fez com que Cindy se lembrasse de seu irmão. Das incansáveis brincadeiras ao redor da árvore, até mesmo na casa que construíram juntos, das noites de chuva intensa que a fazia ter medo dos trovões. Tantos momentos bons que foram compartilhados, mas que agora não passavam de meras lembranças. Faria tudo o que fosse possível para que Damon desse algum sinal de vida. Há alguns anos eles não se falavam.

Um buraco que não possuía um fim exato, quanto mais tempo se passava mais fundo ficava. Flashes de memorias se passavam diante de seus olhos.

"Damon e eu brincávamos no nosso jardim dos fundos. Um dia quente e agradável. Eu estava toda de rosa, mas Damon parecia não gostar dessa cor, afinal ele era menino.

— Você está parecendo uma porquinha assim toda de rosa.

— Para com isso.Foi a mamãe que escolheu.

— Essa cor é feia,Cindy! — Reclamava ele — Quando você tiver mais idade entenderá o que eu quero dizer. Principalmente quando eu não estiver mais por perto.

Ficamos em silêncio por algum tempo.Não sabia o que dizer para ele.Eu não queria perder o meu irmão.

— Damon, eu não quero me separar de você. — Disse o abraçando forte.

— Nós não vamos nos separar nunca!

— Promete?

— Prometo.Essa é uma promessa para a vida toda!

Me deu um beijo na testa.Meses depois,eu o vi sair de casa.Nossos pais brigandoprincipalmente a minha mãe.Queria não ter existido para ver meu irmão partir."

— Ôh garota! — Chamava Amelie — Que cara é essa?Parou no tempo foi?

— Desculpa,é que o o jantar está pronto.Meu pai pediu para avisar.

— Claro,minha amora! Vou tomar um banho antes.Ninguém merece chegar de viagem,ter uma festa e depois ter de limpar tudo.

— Não reclama,Amelie — Brincava Brenda — São raras as festas que damos por aqui.

— Isso é verdade,tia. — Concordou Cindy — Agora se apresse e toma o seu banho.Estou faminta.

Amelie correu para dentro da casa enquanto Brenda olhava para sua filha.Desde que ela chegara notou uma certa diferença no comportamento de sua filha.Cindy não era tão calada como naquele dia.

— Planeta Terra chamando Cindy! — Brenda estalava seus dedos na frente do rosto da garota.

— Desculpa, estava pensando... — Murmurou a garota tristemente.

— Em quem? — Indagava curiosa a mulher.

A situação era desconfortável, havia muitas coisas em que ela não gostava de falar com sua mãe. Doia só em pensar que Brenda tivera uma parcela de culpa pelo fato de Damon ter ido embora.

— No colégio. Tenho de estudar algumas materias. — Mentiu a garota.

Não demorou para que as duas entrassem. Cindy aproveitou para ajudar o seu pai a colocar a comida na mesa.O tempo necessário para que Amelie concluisse seu banho. Assim que a mesa ficou pronta Cindy ficou na sala assistindo seu programa favorito. Mergulhava num mundo fora do seu, se sentia mais leve, pois lhe proporcionava momentos de alegria mesmo que por poucas horas. Esses momentos eram únicos para aquela garota. George decidira fazer-lhe companhia.Os dois seencontravam em perfeita sintonia, ele parecia ser o único a entender o seu universo, a sua loucura. Riam a todo momento, afinal "The Big Bang Theory" possuia muitas piadas inteligentes. Isso eles admitiam sempre.

Logo Amelie apareceu completamente diferente no topo da escada. Vindy sorriu como uma eterna criança. Amelie mesmo com a idade avançada se tornava uma princesa quando queria. Cindy ainda se mantinha presa no mundo dos contos de fadas. Dentre todas aquelas história maravilhosas carregadas de esplendor, sempre havia uma lição para ser carregada durante a vida, não havia uma princesa que pudesse ser chamada de "favorita",pois todas elas tratavam dos sonhos com igualdade.O importante era não desistir, assim como ela não desistira tão cedo. Sonhar... algo que sempre alimentava Cindy. Um prazer inestimável ter a influência dessas princesas guerreiras.

— Podemos comer? — Perguntou Amelie — Estou morrendo de fome.

Aos poucos cada um deles foi ocupando o seu lugar na mesa. O clima entre eles era o mais agradável. Os adultos conversavam animadamente entre goles de vinhos. Cindy gostava desse clima amistoso, até parecia que ela estava numa outra família.Aquela não era a sua realidade e em breve acabaria a sua doce fantasia. Sua tia acabaria voltando para França, sua rotina seria chata e cansativa, ficaria trancada em seu quarto sem ao menos dar atenção a sua mãe, já que ambas não paravam em casa.

— Eu amo essa familia! — Exclamou Amelie empolgada após dar um gole no vinho — Nunca me diverti tanto na vida.

— Que bom que está se divertindo.Trouxe um pouco de felicidade para esta casa. — Comentou George.

— É uma pena eu ter de voltar em breve. Mas sempre que puder estarei voltando aqui.Senti uma saudade imensa da minha sobrinha querida.Dessa amora muito delicada que sempre foi motivo da minha felicidade.

Toda aquela conversa foi interrompida pelo tocar da campainha. George fizera um sinal indicando que ele atenderia a porta. Estranhara quem era ao abrir a porta, afinal eram raras a suas visitas.

— Jared? — Anunciou alto George.

Cindy correu para a sala tomando o máximo de cuidado para não ser vista.

Jared tentava manter a expressão calma e leve para não assustar o pai da garota.

— Desculpa o incomodo senhor, mas a Cindy está?

Disfarçadamente Cindy fazia sinais para seu pai.

— Sim está... Dormindo ela chegou e disse que estava mal, e está dormindo até agora. Quer deixar algum recado?

Jared pareceu pensar um pouco a respeito. Sua ida até a casa não poderia ser em vão.

— Sim, diga para ela me ligar ou me ver pessoalmente.

E assim Jared saiu. George entrou na casa um tanto que confuso. O que ele não entendia era porque Jared havia procurado sua filha. Encarou Cindy por alguns segundos mas logo ignorou, afinal poderia ser penas um mal entendido. Mas foi apenas de imediato, logo voltou para a companhia das mulheres. Cindy estava envergonhada, mal conseguia olhar para seu pai. Uma hora ele iria querer saber de toda a história.

— Quem era meu amor? — Perguntou Brenda curiosa.

— Nosso vizinho pedindo para vigiarmos sua casa — Mentiu George.

— Pensei que fosse outra coisa.

Amelie encarava sua sobrinha seriamente,sabia muito bem do que se tratava. Aquela visitinha não era de se estranhar, ainda mais no horário da noite. A mente da garota era um turbilhão de pensamentos. Seu coração disparava em só imaginar que ele estivera alo lhe procurando, não poderia ter evitado, mas aquele dia não era o certo para conversarem, Cindy precisava se manter racional antes de qualquer conversa. Agora ela era dominada pelo seu lado emocional e não iria se machucar nesse jogo de gato e rato.

Cindy saiu da mesa e foi para o seu quarto. Passara o dia inteiro longe dele. Não tivera contato algum com seu santuário, era como se tivesse passado anos sem ter entrado em contato com o seu lado espiritual. Rever todos aqueles pôsteres espalhados pelo seu quarto lhe trouxera um grande aperto no coração. A sensação era de agora ela estava completa, mas de ainda havia muitas situações a serem resolvidas.

**********

De seu quarto Jared olhava discretamente para o de Cindy. Desde que fora até a casa dos Harttman's soubera que ela estava em casa. Não a vira sair de casa para nada. Não havia o menor problema dela não querer falar com ele naquele exato momento, afinal sua tia estava de passagem e teria de aproveitar enquanto podia. Por um curto período a janela ficara aberta. Jared tinha uma perfeita e clara visão do quarto da garota. Sua vontade era de escalar aquela Jared para conversar com ela ou até mesmo enche-la de beijos, aproveitar o que aquela garota poderia lhe oferecer de melhor. Talvez não fosse uma boa ideia. Amelie aparecera na janela e fizera um aceno para ele, no mesmo instante ele retribuiu e fechou as suas janelas.

— O que foi? — Perguntou Cindy desentendida.

— O Jared estava olhando para cá, só fui gentil. — Brincava Amelie.

Cindy revirou os olhos.

— Fecha a janela por favor! Não estou a fim de vê-lo mais hoje.

Amelie sentou-se na cama pedindo para que Cindy deitasse a sua cabeça em seu colo.

— Conta as suas dores para mim, minha amora.

— Não tenho nada para contar tia. — Explicou Cindy — Só estou tentando não criar falsas ilusões em meu coração, mas parece ser tão dificil.

— Nada é dificil se você realmente quer. Lutar pelo que desejamos faz parte,mas desistir logo de cara não é a melhor saída. Eu poderia estar casada, mas decidi renunciar o meu casamento,pois ser solteira parecia o correto naquela época. Não nasci para ser de alguém,sou do mundo.Quanto a você,minha amora tem de se arriscar, aproveitar essas brechas que a vida lhe dá.

— Amar Jared Colleman é complicado demais.

— Talvez os dois se amam, mas tenham medo de admitir.

— Nunca tive medo de admitir que o amo, mesmo a distância. Apenas reprimia esse sentimento todo dentro de mim.

Amelie respirou fundo.

— Jamais faça isso. Nunca reprima seus sentimentos, eles são belos e únicos. Mostra quem você é de fato.

Amelie tinha jeito com as palavras. Conseguia fazer com que Cindy pensasse um pouco a respeito do que sentia por Jared, até mesmo sobre quem ela queria ser. Tinha o dom de fazer com que as suas dores sumissem mesmo que fosse por pouco tempo, suas dúvidas tenebrosas eram clareadas.

— Não sei o que seria de mim se não a tivesse aqui comigo. A senhora é uma estrela que caiu do céu.

Amelie se ajeitou para abraçar aquela garota doce e delicada. Seu coração se comprimiu ao ver uma lágrima rolar o rosto da garota. Sabia o quão confusa,Cindy estava.Afinal não era fácil falar a respeito dos sentimentos.

— Agora preciso tomar um banho para descansar, tia.

— Claro,amora.Pode ir.

Cindy deu um beijo em sua tia e foi tomar o seu banho. Tudo o que precisava era relaxar para poder se manter calma e centrada. O banho funcionava apara Cindy como uma valvula de escape para seus problemas. Debaixo do chuveiro poderia chorar a vontade e quando saisse poderia contar uma velha e pequena mentira que todos acreditariam sem o menor problema.

— Jared! Você tem que sair da minha cabeça. Preciso levar a minha vida como se nada tivesse acontecido entre nós. Mesmo que o meu coração se parta em milhares de pedaços,uma parte dele sempre será seu.Preciso te esquecer, deixar de acreditar em falsas ilusões, em sonhos de criança que sempre tive.Sei que vai ser dificil, mas preciso tentar,pelo menos por mim.

Cindy deixou que a água levasse todos os seus pensamentos para longe.Logo ela iria para a sua cama e descansaria.Um dia agitado como aquele seria apagado urgentemente,teria pensamentos positivos e felizes como nos desenhos animados.Não demorou para que ela estivesse completamente preparada para repousar.

Seu corpo ao entrar em contato com o colchão macio foi ficando cada vez mais leve como quem estivesse flutuando no ar, numa tarde refrescante. Precisava apenas da sua cama e nada mais.Aos poucos suas palpebras foram ficando pesadas e intensas.Não havia como lutar contra a vontade de mergulhar num sono profundo e relaxante. Já conseguia ver o seu mundo paralelo onde tudo era perfeito.


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