Por Trás da Seriedade escrita por Lilly Belmount


Capítulo 19
Capítulo 18




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Cindy já estava com três meses de gestação. Não dava para se notar a barriga. A cada dia que passava,tinha de falar para seus pais que os enjôos que sentia era devido as porcarias que comia no colégio. Acreditavam sem nenhum problema. Brenda era aque mais acreditava, só restava a George ajudar a filha a passar por essa etapa.

Algumas pessoas no colégio, já haviam detectado os sinais. As saídas de sala repentinas, a palidez já estava atiçando os colegas de classe. Mellody era a única que sabia e provavelmente a única que faria da situação seu parque de diversões. Aproveitaria para causar o terror. Cada vez mais os professores passavam trabalhos com o tema de "gravidez na adolescência". Era um ótimo tema pra se falar, mas não quando você estava grávida.

Estavam num debate sobre quem era contra e a favor do aborto. A maioria da classe era a favor, desde que a causa para tal ação justificasse. Apenas 10% era contra. O assunto tinha uma energia que subia e descia constantemente. Mellody esperava ansiosa para chegar a sua vez de falar.

— Mellody... sua vez — Ordenou o professor.

— Não tenho muita coisa pra falar... apenas quero fazer um compartilhamento de algo que muitas vezes, adolescentes idiotas, esquecem da prevenção e acabam grávidas.

— E qual é? — Perguntou o professor curioso.

Mellody sorria de uma forma encantadora. Divertia-se em sua mente. Um pouco de suspense fazia bem.

— Temos uma pessoa grávida no meio de nós.

Roberta e Cindy se entreolharam preocupadas com o que aquela garota poderia dizer.

— E quem é esta pessoa? Pode nos revelar quem é ela?

— Claro! — Respondeu ela otimista — É a... — Fez uma pausa, não muito longa antes de pronunciar — Cindy.

Todos da sala olharam espantados para ela. Logo ela que sempre falava bem sobre os métodos preventivos e que já fora ganhadora de prêmios, estava grávida. Para alguns estava impossivel de acreditar. Um burburinho crescente tomou conta da sala, mas logo ficaram em silêncio. O professor olhou para Cindy, incrédulo.

— Querida, isso...é verdade?

— Não — Mentiu ela com uma voz convincente.

— Não? — Exaltou Mellody

— Você não sabe do que está falando, Mell. — Rosnava Cindy.

— Não sei? — Procurava algo dentro da bolsa — E o que é isso?

Mellody estava segurando uma folha. Era a mesma que Cindy tinha em casa.O professor aproximou-se de Mellody e pegou a folha para analisá-la. Todos os dados estavam corretos.

— Não quero me intrometer, mas se ela realmente estiver grávida — Olhava para Cindy e depois para Mellody — Isso é assunto que ela tem que resolver em família e não com os colegas de classe.

Roberta se controlava para não rir da cara de Mellody. Sua tática não tinha dado muito certo.

Todos voltaram a debater. Aquele professor parecia que entendia os problemas de uma pessoa. Cindy nunca se sentira tão aliviada. Mellody se sentia perdida diante do debate, os olhares que recebia lhe deixavam furiosa. Ainda iria se vingar.

Horas se passaram desde que Mellody se pronunciara na aula. Olhava furiosa para cada um dos seus colegas, esperava apenas pelo momento certo para falar com Cindy. Bateu o sinal para o intervalo e metade da sala já havia saído, alguns davam um retoque no visual para poderem se retirar da sala. Roberta já não estava mais presente. Mellody parou em frente à Cindy, numa posição ameaçadora.

— Quer sair da minha frente? — Pediu Cindy educadamente num tom relevante.

— Acha que vai conseguir enganar todo mundo?

— Bom... eu não pretendo enganar todo mundo, apenas esperarei o tempo certo para revelar. — Disse Cindy levantando-se — E não estou nem ai pro que você tente fazer a respeito disso.

Mellody riu forçado.

— Querida... lembre-se que você não irá revelar nada... porque vai ter que abortar. Lembra-se?

— Mudanças de planos... eu não vou abortar nada. Eu não tenho medo de você.

— Pois deveria ter.

— Me dá licença, vou me alimentar que eu ganho mais.

Cindy ia passando quando Mellody a segurou pelos cabelos.

— Solta o meu cabelo.

— Venha fazer se for mulher.

Cindy se moveu contra ela fazendo soltar seu cabelo. Sua raiva era enorme, Mellody queria muito fazer com que Cindy saísse de seu caminho. Tinha que aniquilá-la ou fazer algo mais que possível para tirá-la do seu caminho para sempre. Deu um tapa no rosto de Cindy com toda a sua força. Sentiu como se fosse fazer com que ela saísse correndo com medo.

Cindy não teve medo,retribui-lhe o tapa, mas Mellody forçou a briga. Cindy nervosa a derrubou no chão dando-lhe tapas e murros. A única forma que Mellody poderia se defender era através das unhas. Estava ficando sem forças para continuar a briga, mas Cindy não deixava nada pela metade. Iria fazer com que ela se arrependesse amargamente.

Roberta estava voltando para a sala acompanhada pela diretora, mas ao entrar na salaRoberta correu para tirar a amiga de cima de Mellody. A diretora estava incrédula com o que presenciara.

— Senhorita Harttman, pode me explicar o que está havendo aqui? — Perguntou ela severa.

— Não há nada para se saber. Foi apenas uma briga.

— Uma briga? — Mellody exagerava seu tom de voz — Ela me agrediu verbal e fisicamente. Exigo que a senhora faça algo de útil.

— Minha querida se acalme. Terei que ligar para sua mãe, senhorita Harttman.

— Diretora... a senhora sabe que a Cindy... — Roberta fora interrompida.

— Não se intrometa, Roberta. — Reclamou Mellody.

— Harttman pegue seus materiais e me siga — Ordenou Rosalie.

Dada por vencida diante de uma autoridade, Cindy obedeceu ao comando. Estava sendo injustiçada erroneamente. Roberta encarava Mellody seriamente. Aquela perua tinha mexido com a pessoa errada e ainda teria o troco. Nunca iria deixar quieta uma situação como aquela.

Na sala da diretora, Cindy encara as próprias mãos com medo. Sua vida estava acabada. O que tanto temia estava para acontecer. Sua mãe provavelmente a mataria, todas as brigas, dicussões e ofensas retornariam. Será queela teria alguma cahnce de poder explicar tudo? Mellody não suportava vê-la bem.

Não demorou para que Brenda chegasse ao colégio. Ao telefone fora relatada tudo o que sua filha havia feito. Cindy não estava nem um pouco preocupada. Em certos pontos estava feliz por conseguir extravasar sua raiva. Agora não tinha importância de ficar de castigo. Pelo modo que Brenda andava, só provava que estava mais do que furiosa. Conversou um tempo com a diretora. Uma inspetora chamou Cindy. Na frente da diretora, Cindy era tratada com carinho, mas quando não tivesse à vista de outras pessoas, Brenda a trataria de outra forma.

No carro Cindy escutava as ofensas de sua mãe.

— Sua idiota! O que te deu na cabeça em brigar com a Mellody Strancer?

— Você está agindo como se eu fosse a única culpada pelo acontecimento. Já pensou em ao menos uma vez largar um pouco o seu emprego, pra saber exatamente o que está acontecendo comigo? Nunca quer saber da minha vida — Cindy estava sendo bem direta — Meu pai é o único que eu vejo que se preocupa realmente comigo. Ele pode ter os problemas dele, mas nunca desconta em mim.

— Me respeite garota... eu ainda sou a sua mãe.

— Eu te respeito. Mas você a única que não me respeita, que não me ouve. Não sabe o quanto doí saber que as pessoas de fora tem mais a sua atenção do que a sua própria filha.

Continuaram com a discussão durante todo o caminho. Estava mais séria a cada quilometro percorrido.

George conversava com os rapazes do lado de fora quando viu Cindy sair do carro, aos berros com a mãe.

— Eu te odeio! Devia ter me deixado morrer quando nasci,assim pouparia tanto arrependimento — Berrou Cindy entrando correndo para dentro de casa.

Todos se entreolharam sem nada entender.George foi até sua mulhertentar entender o problema.

— Querida, vamos entrar!

— O que eu fiz de errado pra essa garota?

— Conversamos lá dentro. Juntos como uma família.

Entraram e George logo chamou sua filha. Brenda tentava se controlar, mas não conseguia.

— Cindy desça aqui. — Pediu o pai.

Ela apareceu no topo da escada. Hesitou em descer alguns degraus, mas fez a vontade de seu pai.

— O que é? — Perguntou Cindy irritada.

— Querida o que houve no colégio? — Perguntou ele interessado.

— Nada demais...

— Ela brigou com a Mellody Strancer — Respondeu a mãe.

— Quer parar de dizer o nome dela, por favor. — Disse Cindy revirando os olhos. — Odeio esse nome.

— Isso é verdade filha?

— É...

— Você vai ficar de castigo até a última ordem. — Ordenou a mãe.

— Ótimo! Esqueça que eu existo. — Disse ela subindo as escadas.

— Cindy Louíse Harttman, não dê as costas para mim.

Brenda estava muito nervosa. Como havia deixado as coisas chegarem até aquele ponto? Não gostava das brigas que tinha com sua filha. Era a pior sensação de todas. Muito das coisas que ela havia dito faziam sentido. Realmente ela não passava tanto tempo com a família.

— Querida se acalme... nossa filha só pode estar com alguns problemas, mas ela vai entender o porque você está agindo assim. Precisa ter mais paciência com a nossa filha, ela está numa fase muito complicada.

Brenda deu de ombros. Não iria discutir com George também.

Em seu quarto, Cindy chorava com o travesseiro apertado sobre o rosto. Estava cheia de problemas e sua mãe não a ajudava tratando dessa forma. Desejava dar um fim a sua vida, assim não haveria mais transtornos e Mellody seria feliz. Chorar até parecia ser uma das melhores coisas a ser feita.

Seu telefone tocava sem parar. Até aquele toque era insuportável naquele momento Só queria um momento sozinha sem que ninguém lhe perturbasse. O universo poderia conspirar a favor dela.

— Alô? — Atendeu ela rudemente.

— Cindy! Sou eu o Jared.

— Oi... — Ela respondeu desanimada.

— Está tudo bem?

— Não...

— Foi seria a briga que teve entre você e sua mãe?

— Mais que séria. Acredito que nunca vou sair dessa casa. Um sonho se tornou realidade para ela.

— Castigo?

— Sim... olha depois te ligo. Preciso resolver uns problemas.

— Ok...tchau.

Precisava desabafar, mas não com outras pessoas, consigo mesma. Recalcular a porcentagem dos seus erros. O castigo não era tão importante a essa medida. Deitada em sua cama, Cindy pensava nas formas que outras adolescentes enfrentariam os seus problemas. Em algumas hipóteses poderia simplesmente fugir de casa. Simplesmente sumir e não dar nenhuma noticia. Ir para algum lugar onde ninguém a repreendesse.

Uma batida na porta a tirou de todos os pensamentos.

— Filha... — Chamou George — Vem almoçar!

— Estou sem fome pai.

— Por favor...

— Quando eu sentir fome desço e como, mas agora não.

À medida em que a hora ia passando, Cindy se sentia desconfortável. O ambiente da casa estava sobrecarregado com energias negativas. Olhou no celular que horas eram, torcia para que fosse um horário em que Roberta já estivesse em casa. Tinha apenas uma ideia em sua cabeça.

Brenda estava fumegando de raiva. Cindy desceu com a mochila da escola e com uma outra onde haviam seus pertences.

Brenda parou de frente para a garota de braços cruzados:

— O que significa tudo isso?

— Significa que eu vou pra casa da Roberta, queria você ou não. — Ela saiu batendo a porta.

— Cindy...

Já era tarde, Cindy já tinha tomado a sua decisão. George não estava em casa, quando Cindy saiu. Ao chegar, Brenda começou com o falatório. Não estava gostando nada da atitude de sua filha. Não a reconhecia mais. Todo aquele jogo de provocações era demais. Queria que o seu marido fizessse algo a respeito, mas George sabia o que era melhor para sua filha.

No caminho, Roberta mandou uma mensagem dizendo que Jared estava na casa dela. Ótimo. Foi tudo o que ela pensou. Estavam na sala conversando animadamente, quando Cindy bateu a porta.

— Que mau humor é esse? — Perguntou Jared irônico.

— Nem queira saber.

— Pra que trouxe suas coisas? — Indagou Roberta.

— Não vou aguentar ficar naquela casa, com minha mãe me enchendo o saco. Preciso sair daqui.

Roberta e Jared se entreolharam.

— O que você acha de ir à Los Angeles? — Perguntou Roberta erguendo a sobrancelha.

— Não Rô — Impediu Jared — Só será mais um problema.

— Problema? Você mesmo acabou de ouvir ela dizendo que precisa sair daqui.

— Adoraria — Respondeu ela alegre pela idéia.

— Ótimo! — Exclamou Roberta — Sabia que ela ia gostar.

Os detalhes foram passados. Em pouco tempo Cindy estaria em uma cidade totalmente diferente da que estava acostumada a viver. Não era uma viagem da banda e sim uma familiar. Jared ia visitar a mãe. Seria a sua primeira viagem ao lado de Jared, só não queria lhe trazer mais problemas. Ele não merecia.


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