Higure Kaminari escrita por Lailla


Capítulo 2
Bem-vindos de volta: Vila Oculta da areia


Notas iniciais do capítulo

Quando vi que Gaara não tinha um par, ou pelo menos o que isso mostrava, imaginei uma menina perfeita para ele. Sem passado, sem preconceitos com ele e facilmente admirável para ele.



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Quando eu acordei, ainda estava nas costas do ruivo. Naquele momento no meio do deserto. Escorada nele, eu observava o lugar. Tinha apenas areia. Mesmo eu não sabendo o que era exatamente.

Horas depois, eu acho já que ainda estava sonolenta, vi uma grande parede à nossa frente com uma fenda no meio. Entramos na fenda e passamos por vários ninjas. Nem imaginava que eles eram isso. Ou o que isso era! Eles me olhavam sem parar e logo depois fitaram o ruivo. Eu despertara completamente e estava mais interessada na altura daquela parede e onde nós iríamos. Eu comecei a me mexer demais nas costas do ruivo, e ele percebeu que eu havia acordado.

Ele resmungou, a garota riu. O garoto de preto ainda carregava a cabaça do ruivo. O ruivo resmungou e achou que já era hora de eu voltar a andar. Ele me pôs no chão e comecei a andar atrás deles.

Quando a fenda chegou ao fim um homem moreno com um pano cobrindo o rosto veio até nós.

– Bem-vindos de volta.

– Baki-san. - A garota cumprimentou.

– Relatório.

– Acabamos com eles. - O Garoto de preto disse.

– Ficamos um pouco para ajudar como instrutores depois.

– Certo.

O homem de repente olhou para mim: um membro extra.

– Quem é esse?

– É uma menina. - A garota disse.

Como eu arranjava roupas nos lixos das aldeia em que passava para tentar me virar, elas não eram das mais femininas.

– Quem é? - Ele repetiu.

– Nós a achamos no meio do caminho, na estrada. Ela perdeu a memória.

– E como você sabe disso? - Ele perguntou desconfiado.

– Eu a joguei contra uma árvore e ela rachou ao meio. - O ruivo disse com simplicidade.

O homem arregalou os olhos, pôs a mão no rosto em modo de reprovação e me analisou em seguida.

– Como ela sobreviveu?

– Não sabemos, mas ela machucou a cabeça. - A garota disse.

– Certo... O que pretendem fazer?

– Como assim? - O garoto de preto perguntou.

– Ela perdeu a memória e estava em uma estrada. Ela devia estar indo para algum lugar. E vocês a trouxeram até aqui. Ela deve ter família, alguém. E ainda mais: o cabelo é branco, olhos azuis e a pele extremamente branca. Ela não é nem do País do Fogo.

Eles não souberam responder.

– Cuidem dela. - O homem pôs a mão no rosto, pensando - Pelo menos até ela recuperar a memória.

– Sim. - Eles abaixaram a cabeça, exceto o ruivo.

– Bom trabalho.

– Obrigado sensei.

Não entendi nada, mas nós voltamos a andar. Algumas ruas depois, não sei, estava distraída olhando para todos os lados, chegamos a uma casa. Era da cor da areia como todo o resto da vila. Tudo tinha aquela cor!

Entramos e os garotos se sentaram. A garota loira pôs a mão no queixo, me olhando. Eu olhava para o teto, paredes e móveis.

– Precisamos dar um nome a ela.

– Por quê? - O garoto de preto disse revoltado - Foi o Gaara. Ele que deveria cuidar dela!

– Por quê? - O ruivo perguntou, sem expressão.

– Porque você bateu nela.

– Ela me atacou.

– E por que você não a prendeu simplesmente com a areia?

O ruivo desviou o olhar.

– Gaara. - A garota o chamou - Escolha o nome dela.

O ruivo a olhou e bufou. Ele me fitou, eu estava distraída.

– Você. - Ele disse pra mim.

Eu me virei para ele, sorrindo.

– Você é... Yuki.

– Hum... - A garota pensou - Gostei.

– É óbvio. - O garoto de preto disse.

– Então escolha o nome dela. - A garota disse, engrossando a voz.

O garoto de preto se calou e ficou de bico. A garota me olhou e juntou as mãos sorrindo.

– Certo. - A garota disse.

– Hum? - Gemi.

A garota se sentou no chão pegando em minha mão e me fazendo sentar à sua frente.

– Yu-ki. - Ela tentava me fazer falar.

– Hum...

Ela abaixou a cabeça frustada.

– Certo... Hum... - Ela apontou para si mesma - Eu sou Temari.

– Hum.

– Te-ma-ri.

– Ma... Ri..

– TEmari.

– Mari. - Sorri.

– TEmari.

– Hum... Te...

– Isso... - Ela sorriu.

– Te... Mari. Temari.

– Isso! - Ela comemorou - Ele! - Ela apontou para o garoto de preto - Kankuro.

– Kukô.

Ele fez cara de tédio.

– Kankuro.

– Kuro.

– KANkuro.

– Kan... Kuro.

– Isso! Agora...

Ela pegou minha mão e a apontou para mim.

– Yuki.

– Hum.

– Yuki.

– Yu... Ki.

– Isso! - Ela comemorou.

Eu gritei, rindo.

– Não grite. - Ela disse sacudindo as mãos.

Eu olhei para o ruivo. Apontei para ele e olhei para Temari.

– Ele? É o Gaara.

– Gaa...

– Gaa-ra.

Olhei para ele.

– Gaa... Ra. Gaara. Gaara. Gaara.

– Ela gostou do seu nome. - Temari riu.

– Gaara!

– Argh! Cala a boca. - Kankuro se irritou - Oe, Temari. Vá dar um banho nela. Está imunda!

Temari olhou para mim. Eu estava um pouco suja nas roupas e cabelos. Ela se levantou e me levou para o banheiro.

Eu não sabia o que era banho, mas era ótimo! Temari derrubou um balde de água em mim e começou a me ensaboar. Ela lavou meu cabelo e limpou até minhas orelhas!

Gaara e Kankuro ficaram na sala. Kankuro olhava Gaara, e ele o encarava de volta com seu olhar sério.

Não! Yuki!

Eu saí do banheiro correndo e ensaboada.

– Gaara!

– Ah!

Pulei em cima dele e nós caímos no chão. Fiquei esfregando minha bochecha na dele.

– Banho! Banho! - Levantei e sentei em cima dele, puxando-o.

Eu estava ensaboada e nua. Todos conseguiam ver... Tudo! Gaara estava vermelho como seu cabelo. Temari saiu do banheiro enrolada na toalha.

– Yuki!

Ela veio até nós, e me puxou.

– Hum! Hum! Banho!

– Então vamos terminar! - Ela gritou me arrastando.

Gaara ficou deitado, paralisado e vermelho no chão. Me soltei de Temari e corri pela casa, pelada.

Temari me deu um vestido branco de alças. Ela penteou meu cabelo e eu fiquei apresentável. Além de me dar um de seus pares de sandálias ninjas para eu ter algo para usar.

Fomos para a sala. Gaara já havia se recomposto, além de Kankuro que havia ficado pasmo. Temari se sentou e recuperou o fôlego. Ela teve o trabalho de trancar a porta e me obrigar a ficar dentro da banheira. A cada 5 segundos eu gritava "Banho!" e tentava escapar.

Quando apareci arrumada, Gaara me olhou atentamente.

– Nee, ela não ficou tão ruim. - Temari sorriu cantarolando - Certo! Hora do jantar.

– Hum? - Disse.

– "Masu".

– Masu! - Comemorei.

Temari preparou o jantar e nos juntamos para comer. Acabei com duas tigelas bem rápido. Estava faminta! Terminei de comer e fiquei vendo Gaara comendo. Ele desviava o olhar com frequência. Senti algo e arregalei os olhos.

– Yuki? - Temari percebeu.

Levantei desengonçada e corri para a janela redonda. Tive que subir e me equilibrar no braço do sofá.

– Ah. É uma tempestade de areia. É normal. - Temari disse como se eu entendesse.

Eu observava atentamente toda aquela areia dançando no ar com força. De repente minha cauda de lobo apareceu. Claro, não me lembrava como controlar meu Kekkei Genkai.

– O que é aquilo? - Kankuro exclamou assustado.

– Yuki?! - Temari exclamou.

Olhei para trás, senti a cauda abadando. Me assustei e gritei, caindo no chão. Eu não sabia o que era aquilo, não estava ali antes! Tentei arrancar, mas só gemia de dor por estar grudado em mim!

– Acho que ela também não sabe.

– Ela é um lobo. - Gaara disse olhando para mim, em prantos no chão.

– Como ela consegue virar gente? - Kankuro perguntava.

Temari veio até mim para me acalmar.

– A pergunta certa é: - Gaara olhava para mim, me acalmando - "Como ela consegue virar lobo?".

Depois do jantar, Temari me levou para o quarto e me vestiu: um short e uma blusa apertada. Ela me pôs para dormir, mas eu não parava de me mover. Ela adormeceu, mas eu não. Andei pela casa até achar Gaara. Ele estava dormindo. Me deitei ao seu lado, e fiquei vendo-o dormir até eu mesma adormecer.

...

Temari apareceu no quarto de Gaara. Eu estava abraçando sua cabeça, meus seios estavam contra seu rosto. E ele estava com a mão na minha cintura. Eu dormia tão bem!

– GAARA! - Ela gritou. Gaara despertou.

– Ah! - Ele corou na hora ao me ver daquele jeito.

– Hum...? - Despertei aos poucos - Gaara...? - Sorri aos poucos.

Temari veio bufando em nossa direção.

– Como você não a viu vindo pra cá?!

– Eu estava dormindo.

– Mas gostou de segurar a cintura dela! Seu tarado! Yuki, vem.

Eu estava tão sonolenta, que quando ela pegou minha mão, eu fui sem reclamar. Comi o café da manhã quase dormindo. Bocejei e meus dentes de lobo apareceram. Kankuro deixou a comida cair de seu hashi.

– Os dentes dela. - Ele fez cara de tédio.

– Yuki! - Ela exclamou pegando em minha boca e a abrindo para ver os dentes - São afiados.

– Nyah! - Gemi me soltando.

– Temos que dar um jeito nisso.

Eu bocejei e esfreguei meu rosto, como uma criança. Além dos dentes, minhas mãos viraram patas, minhas orelhas de lobo apareceram e a cauda balançava.

– E rápido. - Temari disse, pasma.

Eu não parava em lugar nenhum durante aquela manhã. Ou todos os dias. Gaara foi para a porta e eu o segui, como sempre. Vi que estava saindo, eu não queria que ele saísse e me deixasse.

– Estou indo.

Me aproximei dele e segurei sua roupa com a cabeça baixa.

– Hum...

– O que?

– Ela não quer que você vá. - Temari disse.

– Eu só vou treinar. - Ele disse como se eu entendesse.

Meus olhos começaram a marejar. Enxuguei eles com o braço, ainda segurando na roupa vermelha de Gaara.

Ele me observou e sorriu com compaixão. Pôs a mão na minha cabeça e a esfregou, fazendo carinho.

– Eu vou voltar logo.

Olhei para ele e larguei sua roupa. Ele saiu. Eu sentei no chão, estava decidida a ficar em frente a porta e esperar por ele. Temari apareceu na porta com uma folha e um lápis.

– Yuki. - Ela cantarolou - Quer se distrair?

Fui até ela desanimada. Ela fez carinho na minha cabeça.

– Ne, ne? Você gosta dele.

Olhei para ela chorando.

Gaara chegou à noite, depois do jantar. Ele ficou fora o dia todo. Eu desenhei o dia todo. Quando ele passou pela porta, corri com a cauda e as orelhas aparecendo.

– Gaara! - O abracei - Hum! Hum! - Mostrei a ele o desenho que fiz.

Era ele sorrindo. Eu nunca o via sorrir!

– Você desenhou? - Ele perguntou, sem esboçar emoção ou expressões.

– Gaara. - Temari o chamou, séria.

Ele a olhou.

– Melhor você ver isso.

Corri até ela, alegre e sorridente. Ela levou Gaara até a cozinha. Havia milhares de desenhos meus em cima da mesa. Gaara se aproximou e ficou espantado.

– O que é isso?

– Não sei... - Temari disse, séria.

Gaara mexia em cada um. Não eram perfeitos, a maioria eu fazia formas geométricas para fazer as pessoas. A primeira era uma mulher de cabelo rosa. No desenho ela parecia estar cuidando de uma menina. A menina tinha cabelo branco. Num outro, com a mesma mulher, ela parecia estar escondendo a menina em uma árvore mal desenhada. Um outro era a menina de cabelo branco chorando. Outro era um menino de cabelo branco com uma mexa de cabelo rosa. Outro era a menina de cabelo branco repleta de rabiscos, como raios. O último que Gaara viu foi um grande lobo branco ao lado de uma casa mal feita.

– Será que é ela? - Gaara perguntou.

– Você ainda não viu o pior. - Kankuro disse entrando na reunião. Ele mostrou outro desenho a Gaara.

A mulher de cabelo rosa, ensanguentada no chão ao lado de uma árvore. Havia lobos ao redor da mulher. Sua boca e dentes estavam ensanguentados. Rabisquei a boca dos lobos de vermelho.

Gaara olhou para mim, espantado. Eu desenhava ele sorrindo de novo. Olhei para ele e dei um sorriso largo.

– Acho que o passado dela não é tão simples.

– O que houve? - Gaara me perguntou.

– Não adianta. Ela não entende nada, eu já tentei. - Temari disse.

– O que houve com essa garota? - Kankuro perguntava.

Eles me olhavam assustados enquanto eu desenhava sorrindo. Eles me deixaram desenhando e foram para a cozinha. Kankuro dizia que eu tinha que ir embora. Temari começou a brigar com ele. Eu escutei e fui até lá, quando cheguei parei ao lado de Gaara.

– Você viu os desenhos. Ela tem que ir embora. - Kankuro dizia.

– Você está com medo. Ela perdeu a memória seu frouxo!

– Se Baki-san descobrir, ele mesmo vai mandá-la embora. Ela atacou Gaara. É perigosa e está acabando com a casa.

Eu havia ficado com cara de lobo durante o dia e fiquei roendo as pernas da mesa da cozinha. Temari brigou comigo.

– Ela não vai. Podemos educá-la.

– "Podemos"? Não! Eu não vou fazer isso, porque eu quero essa coisa longe daqui!

Abaixei a cabeça. Não entendia nada, mas sabia que não era bom. Gaara percebeu e olhou para mim. Éramos do mesmo tamanho, ele viu as lágrimas caírem.

– Yuki? - Ele me chamou.

Eu corri porta a fora.

Yuki!– Temari gritou.

Eu corri o mais rápido que pude. Fui para as ruas descalça e apenas com aquele vestido branco. Escalei um prédio grande redondo com um símbolo vermelho. Nem sabia como havia feito aquilo. Eu apenas pulei. Pulei de lado em lado até chegar no topo. Vi uma porta e me escondi atrás no lugar onde ela ficava. Me abaixei e chorei até cair no sono.

Temari me procurava sobrevoando com seu leque gigante. Kankuro procurava pelas ruas. Gaara parou em uma rua e olhou para o prédio. Ele era o ponto central da vila. Gaara usou a areia para subir o prédio. Analisou e me viu deitava. Ele veio até mim, eu estava apenas dormindo.

Temari pousou no prédio.

– Ela está bem?

Gaara me pegou no colo.

– Está dormindo.

– Certo. Ainda bem. Vá para casa. Vou avisar ao Kankuro.

Ela disse voando em seguida com o leque. Gaara me levou para casa. Quando chegamos ele me pôs no sofá.

– Onde ela estava? - Kankuro perguntou entrando em casa.

– No prédio do Kazekage.

– Isso é perigoso. - Temari disse.

Kankuro abaixou a cabeça.

– Melhor ensinar a ela mesmo.

– É. - Temari sorriu pra ele.

Kankuro bufou e pôs a mão no rosto.

– Missão não oficial.

Temari riu. Gaara me olhou dormindo. Abri lentamente os olhos e o fitei olhando em minha direção.

– Gaara! - Levantei abraçando-o e chorando.

Ele pôs a mão na minha cabeça e a esfregou. Eu me acalmei aos poucos e enxuguei as lágrimas. Ele continuou a esfregar minha cabeça. Minha cauda e orelhas apareceram. Eu sorri para Gaara.

– Vai ser a missão mais difícil das nossas vidas.

Kankuro fez cara de tédio.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem *-*