Higure Kaminari escrita por Lailla


Capítulo 1
Higure Kaminari


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Imaginava essa história um tempão >.



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Por muito tempo eu fui outra pessoa, de certa forma. Higure Kaminari desapareceu por anos dentro mim. Eu me tornei Yuki. E gostei disso...

...

Eu estava me escondendo entre as árvores, vigiando quem estava se aproximando. Fugia há mais de dois anos. Minha própria aldeia estava atrás de mim.

Meu pai era o líder do nosso clã. O clã Higure, no país do trovão. E eu seria a próxima líder quando tivesse idade. Então, normalmente, tudo estava nas minhas costas. Mas eu não queria nada daquilo. Eu treinava desde os três anos de idade. Meu nome era Kaminari, mas meu elemento era o raio. Porém o que nos mantinha vivos e a salvo era nosso Kekkei Genkai: nossa descendência com o lobo japonês. Isso ocorreu há centenas de anos. E mesmo com a miscigenação com pessoas normais, sempre aparecia o traços de nossa descendência. Parecíamos pessoas normais, mas quando queríamos as orelhas, ou o focinho, ou a cauda apareciam. Da maneira como queríamos! Até então decidirmos virar lobo por completo.

Nosso clã não era famoso ou coisa parecida. Como os Uchiha ou os Hyuuga. Nós vivíamos escondidos na floresta entre o País do Trovão e do Som. Originalmente éramos do Trovão, mas fomos forçados a mudar sempre de lugar, até que meu pai conseguiu estabelecer um lugar apenas nosso, a qual ninguém iria nos caçar. Nossa descendência de lobo nos permitia ter grande força, além no controle perfeito do chakra. Éramos um perigo para os outros países. Nosso número foi diminuindo, mas quando meu pai se tornou o líder, o grande lobo branco, ele nos salvou. Isso foi antes de eu nascer.

Minha mãe, Manae, era de Konoha. Ela, em uma missão perto da fronteira do País do Trovão, foi atacada pelo meu pai, pois estava muito perto de nossa aldeia, mas... Ouve aquela coisa entre seus olhares. Ele virou homem de novo, na frente dela! E isso era proibido. Ninguém poderia saber de nossa existência. Ele havia cortado a perna dela com a mordida, e cuidou de seu ferimento dentro de uma caverna. Ela tinha o cabelo comprido e rosa. Meu pai se apaixonou pelos olhos dela: azuis como água cristalina. Não sei o que houve em Kohona quando ela desapareceu, mas ela foi para a aldeia com meu pai. Eles se casaram e logo depois eu nasci. Lembro até hoje quando ela me contava sorrindo essa história várias e várias vezes para mim antes de eu dormir, à meu pedido. Cabelos brancos como a neve e como meu pai, e os olhos da minha mãe. Um ano depois meu irmão nasceu, Kyrira. Seu cabelo também era branco, mas tinha uma mexa rosa e seus olhos eram amarelos como os do meu pai.

Eu treinava todos os dias com meu pai e acho que meu irmão tinha ciúmes. Vivíamos virando lobos e correndo pela aldeia quebrando tudo e fazendo confusão. Meus pai ficava de cabelos em pé, mas minha mãe dizia que era culpa dela esse traço peculiar.

No ano que fiz 11 anos e meu irmão 10, o capitão da guarda de segurança do meu pai, o lobo negro, se rebelou contra suas ordens em relação à mim. Eu o respondi e ele se enfureceu, mas meu pai o silenciou com um simples rosnado e ele se pôs em seu lugar. Alguns meses depois do ocorrido meu pai precisou sair em uma missão, pois um grupo de patrulha não havia voltado. Minha mãe ficou em casa conosco.

À noite meu irmão saiu para brincar há metros de casa e não voltou. Minha mãe foi procurá-lo, chamando-o sem parar, mas sentiu um chakra maligno se aproximando. Me pegou no colo e se escondeu dentro de casa. Invadiram nossa casa e quebraram tudo. Nós duas saímos pelos fundos e fugimos adentrando a floresta.

Ela parou e me escondeu dentro de uma árvore oca.

– Mãe... - Eu chorava - O que está acontecendo?

– Não sei filha, mas fique abaixada. - Ela cochichava - Não faça nenhum barulho. Lembra do treinamento?

– Aham...

– Então fique calma e faça tudo o que seu pai lhe ensinou.

– Onde ele está? Cadê o Kyrira?

– Não sei filha. - Ela começou a chorar.

Minha mãe abaixou, escutou um barulho.

– Hein... Eu vou deixar você aqui. Se eu não voltar... Vá para Konoha. Procure o Terceiro Hokage e diga meu nome. Diga que sou sua mãe. Ele vai te ajudar.

Balancei a cabeça.

– Vou acabar com eles e procurar seu irmão, tudo bem?

– Tá... - Enxuguei minhas lágrimas.

Minha mãe me deixou na árvore e saiu. Ela era uma excelente ninja, mas... Logo que saiu, eles a pegaram numa emboscada. Eu os vi... Matando minha mãe! Queria fazer algo, mas o número era mais do que eu conseguiria enfrentar, eu era apenas uma criança! Me senti impotente e uma completa inútil vendo minha mãe morrer na minha frente! As lágrimas escorriam comigo estática dentro da árvore oca.

Eles com certeza eram da guarda do capitão. Mas eu não pensei nisso naquele momento. Eles farejaram o lugar, mas eu escondi minha presença, como meu pai me ensinou. Fiquei horas escondida naquela árvore, olhando para cima sem parar com as lágrimas ainda caindo. Não escutava mais nada. Quando saí, o corpo da minha mãe havia desaparecido. "Konoha" ela disse. Eu não fazia ideia de onde ficava isso! Nunca havia saído da aldeia, a não ser nos treinos, mas... Não era muito longe!

Caminhava desnorteada com aquela visão na minha cabeça, parei e senti uma presença. Corri o mais rápido que pude, estavam atrás de mim. Mas... Correndo e olhando para trás, com as facas sendo atiradas e os rosnados atrás de mim... Não vi o penhasco. Caí de uma altura gigantesca. Pensei que fosse morrer, mas as árvores amorteceram minha queda. Estava chovendo quando acordei. Não havia ninguém perto de mim, e meu vestido branco estava sujo e rasgado. Comecei a chorar de novo, como a criança que eu era. A chuva caía no meu rosto.

Durante dois anos precisei me virar. Eu não podia voltar e não sabia se meu irmão estava vivo ou se até meu pai estava vivo. Passei por várias cidades, pegando trapos nos lixos e até a comida. Alguns me ajudavam com roupas, comida e até um banho. Outros me enxotavam como um cachorro sarnento. Quando não estava com fome, que normalmente era frequente, perguntava para alguns habitantes onde era Konoha. Eu sempre me perdia por causa dos ladrões nas estradas. Precisava fugir, não podia usar meu Kekkei Genkai ou o meu raio. Sempre desviava do caminho e demorava semanas até chegar na próxima cidade. Eu não tinha nenhuma mapa, nada!

Eu estava em uma estrada, esperando alguma cidade chegar. Estava faminta. Senti alguém se aproximando e subi nas árvores, me escondendo. Eram três pessoas. Uma garota e dois garotos. Ela era loira, o garoto maior estava vestido de preto e carregava algo enrolado em faixas nas costas, e o baixo era ruivo com a roupa vermelha e com algo amarrado nas costas. Acho que devia ser uma cabaça. Eles pareciam inofensivos.

Eu os vigiava. Não sei se falhei, mas o ruivo parou no caminho. Os outros dois perceberam e olharam para ele.

– O que houve? - A garota perguntou.

– Alguém...

Sua voz era ameaçadora. Eles não eram inofensivos! Fiz minhas mãos virarem patas. Se eu precisasse atacar, eu atacaria! Ele estava parado, mas aqueles olhos verde água vieram em minha direção. Paralisei. "Como... Como! Como ele sabia que eu estava ali?!"

– Saia... - Ele disse - Saia.

Não saí. Precisava fugir, mas será que eles me seguiriam? Ele não parecia ser forte. Se pelo menos eu o ferisse, um dos outros dois talvez ficasse com ele e eu conseguiria escapar. Pus minhas garras para fora. Ele se virou em minha direção me olhando com aqueles olhos. Eu respirava nervosamente com os olhos bem abertos. Não tinha outra opção e não conseguia pensar em mais nenhuma. Pulei nas sombras e fui para cima dele com as garras saindo do meio das árvores. Os outros dois se espantaram e ficaram em posição de defesa. Uma grande proporção de areia saiu daquela cabaça, me atacando. Nunca vi algo daquele tipo. A areia me atacou, me jogando para dentro da floresta com uma força tão brutal que não pude me defender ou desviar. Parei apenas no momento em que bati numa grande árvore, quase quebrando-a. Caí no chão desacordada.

O ruivo andou sem pressa até onde eu estava. Os outros dois vieram atrás. Eu estava acordando. Foi naquele momento que eu não era mais eu. Não sabia mais onde eu estava, quem eu era e nem sobre meu passado. Eu não era mais a Kaminari. Acho que a pancada me fez perder a memória ou algo assim.

– Quem é você? - Ele perguntou.

– Hum?

– O que quer?

Não falava nada. Não conseguia. Acho que esqueci como se falava. Esqueci tudo. Meus pais, meu passado, o que eu acabara de fazer para tentar fugir! Eu apenas emitia ruídos.

– O que houve com ela? - O garoto todo de preto e com a cara pintada disse.

Eu emitia sons de dor, pondo a mão na cabeça. Vi minha mão ensanguentada e comecei a gritar como uma criança desesperada.

– Será que...? - A garota pensava em uma possibilidade.

– Ela bateu a cabeça. - O ruivo disse.

Ele se aproximou de mim. Eu estava desesperada, chorando como uma criança. Se bem que eu tinha 13 anos apenas! Ele parou na minha frente. E como eu não era mais eu, eu estava com medo! Não sabia mais me defender e muito menor usar meu Kekkei Genkai ou meu raio. Me arrastei até ficar contra a árvore. Ele me olhou abismado.

– Foi essa garota mesmo que te atacou? - O garoto de preto disse.

– Foi. Ela perdeu a memória. Vamos embora. - Ele disse virando e começando a andar.

– O que? - A garota se espantou - Vai deixá-la aqui?

– Ela me atacou.

– Ela perdeu a memória. Talvez antes ela pudesse se virar, mas agora...

– A memória talvez volte. - Ele disse.

– "Talvez"... - Ela disse.

Ele olhou para ela com raiva, ela estremeceu. Eu os olhava sem entender nada, sem nem entender o que diziam. Estava com os olhos marejados. O ruivo voltou a andar, mas eu engatinhei até ele e segurei em sua roupa vermelha.

– Huum.... Huum.... - Eu gemia, como se tentasse me comunicar.

Ele olhou para mim sem entender, espantado.

– Acho que ela quer sua ajuda. - O garoto de preto riu maliciosamente.

Ele me fez largar sua roupa e saiu andando. Quando voltaram a estrada eu corri atrás deles, e comecei a segui-los. Eu os seguia tremendo. O ruivo sempre parava e me olhava com raiva. Eu parava, com medo, e me agachava no chão. Quando ele voltava a andar, eu o seguia. Meu estômago começou a roncar tão alto que eles pararam e olharam para mim.

– Vamos comer. - A garota disse.

Adentramos a floresta e eles abriram uma lata cheia de Onigiri. Eles se sentaram em volta da lata e eu estava escondida atrás de uma árvore. A garota acenou pra mim.

– Vem.

– Vai chamá-la? - O garoto de preto perguntou.

– Ela está com fome.

Sentei do lado dela, encolhida. Ela pegou um bolinho de arroz e pôs na minha mão.

– Itadakimasu. - Ela disse baixinho.

– Masu? - Perguntei confusa.

– É antes de comer.

– Hum?

– Ela não entende. Pára de tentar ajudá-la. - O ruivo disse, comendo.

Olhei para ele curiosa. Seu bolinho parecia mais saboroso que o meu. Me aproximei inadequadamente de seu bolinho e quis mordê-lo. Ele afastou o bolinho fitando os olhos em minha direção. Olhei para baixo chorando que nem criança. Ele bufou e me deu o bolinho. Eu o comi em apenas duas mordidas. Ele pegou outro bolinho, mas eu me aproximei de novo abrindo a boca.

– Come o seu.

– Hum?

– O seu.

– "Ela não entende. Pára de tentar ajudá-la." - A garota disse, rindo.

Ele olhou sério para ela. Eu comi um pedaço do seu bolinho. Ele me olhou espantado, e indignado, e afastou o bolinho de mim. Fiz cara de choro e ele me deu o bolinho. Houve uma terceira vez e ele desistiu de comer.

– Pelo visto ela quer o que é seu. - O garoto de preto disse rindo.

O ruivo fez cara de tédio.

Depois de comermos voltamos à estrada. Andamos quilômetros até eu não conseguir mais. O ruivo era da mesma altura que eu. Puxei sua roupa vermelha e o balancei me escorando nele.

– Pára com isso. - Ele disse sério.

– Acho que ela está cansada. - A garota disse.

– Huum... - Gemi balançando ele.

Ele fez cara de tédio enquanto eu o balançava. Sacudi tanto ele que a faixa que amarrava sua cabaça a ele ficou frouxa e a cabaça caiu no chão. Ele olhou para mim com raiva.

– Hein... Hum... Você.

– Hum? - Eu não entendi.

– Não faça isso. Ele não gosta. - A garota disse.

– Hum?

Ela fez cara de tédio. O ruivo bufou abaixando para pegar a cabaça. Eu pulei em cima de suas costas e ele se assustou. Começou a se sacudir.

– Sai de cima de mim!

– Huum! - Gemia.

Prendi minhas pernas na cintura dele e o abracei.

– Sai.

– Vamos Gaara. Deixa ela aí. Eu levo. - O garoto de preto disse.

O ruivo fez cara de tédio, mas começou a caminhar comigo em suas costas. A garota riu. Durante o caminho eu caí no sono e num impulso ele segurou minhas pernas para eu não cair. Todo o caminho ele estava com cara de tédio, detestando eu estar em suas costas, dormindo.

Começou uma nova página na minha vida. Uma totalmente em branco e que eu poderia pôr o que quisesse e como quisesse. Eu era uma nova pessoa pronta para uma nova jornada.


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Notas finais do capítulo

Foi assim que imaginei uma garota para o Gaara. Uma sem passado que ficasse ao seu lado sem preconceitos sobre o shukaku.



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