Runaway escrita por Grace


Capítulo 15
It's a long night


Notas iniciais do capítulo

Oi amores! Espero que gostem desse capítulo! Deixem comentários, por favor (para animar euzinha aqui a escrever mais e mais).
Beijos e boa leitura!
PS: podem comentar, eu não mordo! Hahahaha



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Tobias

 

Eu tinha acabado de conversar com alguns amigos para pedir ajuda e explicar o que estava acontecendo. Havia conversado com alguns Divergentes também, para alertá-los e trazê-los para o nosso lado.

Para meu grande alívio, todos decidiram aderir a causa. Ninguém parecia muito feliz com a ideia de virar fantoche nas mãos da Erudição. Ninguém estava muito feliz com os nossos líderes também, e todos estavam compressa para derrubá-los. Apesar disso, eu os havia convencido a esperarem o momento oportuno. Uma confusão agora, mal organizada e dispersa não seria nada bom e nós perderíamos a nossa chance de fazer algo maior.

Eu e Tris tínhamos combinado que se precisássemos de falar alguma coisa a respeito dos Divergentes, nós diríamos que ela é Divergente. Apenas ela. Eu não tinha gostado muito disso e preferia mil vezes que esse peso estivesse nas minhas costas, mas ela havia me convencido. Era apenas por precaução, caso nossos planos chegassem em ouvidos errados.

“Tobias, se der errado, as pessoas não vão achar que eu sou tão perigosa assim, mesmo sendo Divergente. Pense bem. Olhe só o seu tamanho. Eu sou menor do que quase todos os membros da Audácia, você não. Você seria o alerta máximo para qualquer um, caso descobrissem sua divergência. Você é bom lutador, alto, forte e ainda tem toda a mítica dos Quatro medos. Alguns te jogariam na fogueira caso descobrissem que você é Divergente. Quanto a mim, o máximo que fariam é me prender em algum lugar e me julgar. Ou me mandar pra Erudição. Eu não sou considerada um perigo eminente”.

Pensar em Tris me trazia uma sensação boa. Ela era muito mais forte do que aparentava e ainda tinha personalidade. Impaciente, observadora, muito desconfiada e talentosa. Tinha talento pra contar mentiras também. Mentia com a mesma tranquilidade que arremessava uma faca. Mesmo quando ela era egoísta ela acabava sendo altruísta. Tris era perigosa.

Eu tinha tomado a decisão de deixar ela me conhecer por inteiro a alguns dias já. Eu queria que ela soubesse quem eu sou. Eu queria ouví-la me chamar pelo meu nome. Queria que ela visse quem eu sou de verdade, quando não estou treinando os Iniciados, trabalhando ou mesmo conversando banalidades com as pessoas.

A porta do meu quarto se abriu lentamente e Tris passou por ela. Eu estava sentado numa cadeira no canto do quarto. Ela se aproximou rapidamente.

— Tenho boas notícias — Ela anunciou — Todos decidiram apoiar a nossa causa.

— O mesmo comigo — Eu respondi a puxando pela cintura — Ninguém está muito afim de ser manipulado por uma simulação.

Ela se sentou no meu colo e encostou a cabeça no meu peito. Tris parecia estar cansada. Eu notara que, mesmo passando o dia todo sem comer, ela não havia comido quase nada no jantar.

— Você parece cansada — Eu falo, acariciando seus cabelos.

— Um pouquinho — Ela responde, me beijando no rosto — Hoje foi um dia psicologicamente exaustivo.

— Você não comeu nada o dia todo — Eu digo, surpreso em saber que eu me preocupo muito com ela.

— Ei, eu jantei — Ela responde, rindo.

— Você não comeu quase nada no jantar — Eu digo, mordendo levemente sua orelha em seguida — Vou fazer você comer duas vezes mais em cada refeição, amanhã.

— Você presta atenção demais em mim — Ela diz, brincando.

— Eu geralmente presto atenção em tudo, principalmente quando se trata de você — Eu digo e ela me olha, sorrindo. Eu a beijo. Era tão bom estar com ela, poder sentí-la em meus braços e ouví-la rir. Eu poderia ficar assim pra sempre.

Minutos depois nós interrompemos nosso beijo quente, já que era quase onze horas. Nós fomos rumo aos trilhos. Jennifer devia aparecer por lá a qualquer momento.

— Perdi a conta de quantas vezes entrei nesse trem hoje — Tris resmunga — Acho que o barulho das rodas contra os trilhos vai ficar na minha cabeça pra sempre.

— É por uma boa causa — Eu digo rindo e apertando as bochechas dela, que estavam coradas pelo frio — Você fica bonitinha quando está com frio, sabia? Suas bochechas ficam com um tom bem agradável de vermelho. Só não é mais bonitinho do que quando elas ficam vermelhas porque você está com vergonha.

— Você fica muito bonitinho quando está me elogiando — Ela me encara, séria — Mas prefiro quando está calado, me beijando.

 

— Seu desejo é uma ordem — Eu respondo em seu ouvido, a puxando para perto de mim e a beijando em seguida. Ela me abraça, me apertando.

Jennifer chega instantes depois, olhando constantemente para trás.

— Oi — Ela diz suavemente. Ela parecia surpresa em nos encontrar abraçados, mas não parecia se incomodar. Me dava a impressão que ela até aprovava.

— Oi Jenn — Tris reponde — Como passou o resto do dia?

— Tentei fazer todas as coisas que faria normalmente, caso não estivesse apavorada com… vocês sabem.

— Sim, claro — Tris diz — Fica tranquila, vai dar tudo certo.

Vemos as luzes do trem se aproximando, e nos preparamos para saltar para dentro dele. Jennifer se senta perto da porta. Eu e Tris do outro lado do vagão, de frente a ela. Ela fica em silêncio, esperando que nós comecemos a explicar.

— Jennifer — Eu chamo — Antes de qualquer coisa, você precisa saber que a segunda fase é como se fosse o teste que você fez para decidir seu destino — Faço uma breve pausa — Aquele foi programado para te fazer escolher, para avaliar suas decisões e te dar um futuro. Esse teste está programado para reconhecer seus medos, e você tem que escolher como vai enfrentá-los.

— Você vai notar que você vai ter consciência quando não devia. os Divergentes podem chegar até mesmo a manipular a simulação — Tris complementa — O mais importante é você não tomar as decisões que você acha fácil, mas sim aquelas que você tomaria levando em conta a Audácia. Seu pensamente é diferente, você enxerga saídas diferentes. Evite-as. Maz vai estar procurando por pessoas que manipulam as simulações e que podem pensar claramente sobre elas.

— Uma das coisas mais importante a se fazer é encarar seus medos — Eu digo — É o mais fácil a se fazer, o mais inteligente, considerando que você está na Audácia. Se você tiver medo de se afogar, nade mais fundo. Se tiver medo de altura, pule.

— As vezes… — Tris começou, fazendo uma pausa — Bem, um dos meus medos é ser atacada por corvos. Ser bicada até a morte e não conseguir me mexer. Não consigo reagir. Eu não tenho medo de corvos. Na verdade, meu medo é de perder o controle da situação. Você vai ter que achar um modo de lidar com isso — Ela diz.

— Você sempre pode respirar fundo e se acalmar — Eu digo — A simulação termina assim que seus batimentos voltam ao normal — Eu dou um leve sorriso — Caso você não consiga enfrentar o medo, feche os olhos e respire fundo. Se concentre em alguma coisa que não seja o medo. Tudo vai dar certo.

Jennifer ficou alguns segundos em silêncio, absorvendo tudo o que tínhamos contado. Ela era forte, ia conseguir se manter oculta, pelo menos até conseguirmos parar os líderes.

— O que exatamente está acontecendo? Por que eles estão caçando os Divergentes? — Ela pergunta — Por que é perigoso ser Divergente? Digo… O que tem demais nisso? Eu não entendo. Conseguir controlar simulações não seria uma coisa boa? Eu não sou uma pessoa perigosa, não… — Ela cortou a frase no meio da frase, mas nós tínhamos entendido o ponto que ela queria chegar. Eu sabia que ela precisava de uma explicação.

Troquei um olhar com Tris, que em seguida começou a explicar sobre os planos da Erudição e dos nossos líderes, sobre o perigo que aqueles que não podem ser controlados representam e sobre o motim contra a Abnegação.

Jennifer escutou tudo em silêncio, parecendo abismada com o que estava ouvindo.

— Eu quero ajudar — Ela disse rapidamente — Digo, vocês estão tomando providências, certo? Tris mesmo me disse hoje que espera que a segunda fase não dure tempo suficiente para Max me descobrir. Eu posso não ser forte nem ter experiência, mas eu quero ajudar.

— Toda ajuda é bem vinda, Jennifer — Tris diz.

— Eu posso ser Divergente, mas eu escolhi a Audácia. Quero viver bem aqui e quero uma vida justa, mesmo… mesmo que talvez uma pequena guerra seja necessária.

Ela havia sido da Amizade e sua divergência também se estendia até lá. Eu sabia que guerra era um assunto delicado pra ela.

— Justiça acima da paz, Jennifer — Eu digo vagarosamente — Não há paz sem guerra.

— Eu… eu sei — Ela responde, com os olhos enchendo de lágrimas. Ela vira o rosto rapidamente, para não demonstrar fraqueza na nossa frente.

— Você acha que seus pais vêm te ver amanhã? — Eu pergunto, fingindo que não vi ela enxugar as lágrimas que teimaram em escorrer por seu rosto.

— Acho que sim — Ela responde — Eles são Amizade, apesar de tudo. Não guardam rancor e levam as coisas numa boa.

— Depois de se encontrar com eles, vá até a sala de treinamentos — Eu digo — Vamos nos encontrar lá amanhã.

— Eu vou — Ela responde. Nós descemos do trem e Jennifer começa a caminhar na nossa frente.

— E Jennifer — Tris a chama — Não se mostre muito apegada a eles. Não mostre que sente muita saudade. É pior pra você.

Ela concorda com a cabeça e entra no complexo. Eu seguro a mão de Tris e nós seguimos vagarosamente pra lá também.


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Notas finais do capítulo

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