(Por Federico)

Meia hora depois que ela foi embora eu fui também. Fui andando para dentro da ilha, eu queria ocupar a minha mente com outra coisa. Mas era impossível, enquanto eu andava ficava pensando em tudo que ela falou. Eu falei bem mal do reino pra ela, era provável que quando eles viessem me buscar ela quisesse permanecer na ilha. Em uma coisa ela tinha muita razão, a gente ainda não era apaixonado um pelo outro, mas e depois? Quem me garante que eu não vou sentir nada por ela, se é que eu já sinto.

Agora sim eu estou confuso, ela me deixou maluco com aquela historia toda. Ela me fez mil perguntas e eu tinha mil e uma para fazer a ela.

Percebi que estava escurecendo e resolvi voltar, sem parar de pensar em nenhum momento. Mas meus pensamentos desapareceram quando vi em minha frente o mesmo tigre que me atacou horas atrás. Parecia que ele estava mias bravo ainda. Esqueci tudo que a Ludmila falou e saí correndo, tropecei em uma raiz da árvore e o tigre veio em cima de mim.

Ele começou a me atacar, me arranhou, me mordeu fez tudo o que tinha direito, depois disso acho que desmaiei, não me lembro direito.

(Por Ludmila)

Eu estava na praia pensando do Federico. Porque eu não conseguia parar de pensar nele, porcaria?!

Então resolvi ir andando por aí, sem rumo só caminhando. Estava escurecendo mas continuei andando, acho que não vou dormir na casinha essa noite. Até que escuto alguém gritar e muito rugidos, segui o som e vi que o Federico estava sendo atacado, de novo! De repente ele parou de se mexer, fiquei desesperada. Corri até ele e o tigre ao me ver deu um pulo pra trás e foi embora. Pensei que Federico estivesse morto, não se mexia!

Remexi um pouco ele pra ver se ele acordava mais não! Nem um olhinho se abria! Desesperada, quase morrendo, comecei a chorar. Chorar não ia adiantar de nada mas o que eu podia fazer.

Me encostei numa árvore sem forças para nada, meus olhos não paravam abertos, coloquei a cabeça do Federico no meu colo e dormi ali mesmo.

(Por Federico)

Escuto passarinhos cantando, som de floresta e sinto... Muita dor! Meu corpo estava dolorido não conseguia sair daquela posição. Devagar abro os olhos, os fecho um pouco por causa do Sol e em cima de mim vejo Ludmila dormindo. Tentei mexer a perna mas doía demais.

– Ai! Que droga!

Acho que foi por isso que a Ludmila acordou bem devagar também.

– Federico?

– Oi. Porque estamos aqui?

– Você tá vivo?- Disse ela com voz de sono.

– Parece que sim.

– Você foi atacado por um tigre.

– A sim! Pode me ajudar a me mexer?

– Sim, claro.

Ela tirou a minha cabeça de seu colo e se levantou.

– Você está muito machucado, você consegue andar?

– Acho que não.

– Tá bem. Espere aí eu já volto.

Ela saiu correndo e nesse tempo que ela esteve fora fiquei rezando para o tigre não aparecer, mas até que em fim ela apareceu, com água em algum recipiente de madeira que eu não sei identificar direito.

– Sente-se e encoste na árvore.

Fiz o que ela mandou. Ela olhou em volta e disse:

– Preciso da sua camisa.

– Como é que é?

– Preciso de um pedaço de pano!

Tirei a camisa e ela rasgou um pedaço, mergulhou na água e começou a limpar as feridas. Aquilo era torturante.

– Para, para, para! Tá ardendo demais, vai devagar!

– Tem muito sangue, se você não parar quieto vamos ficar aqui até amanhã!

– Tá difícil.

Percebi que ela estava meio desconfortável, mas o que eu podia fazer? Ela pediu a camiseta! Depois de muito tempo ela finalmente disse:

– Pronto, se você conseguir andar vamos até o riozinho que tem mas ali na frente, você entra se limpa melhor e voltamos pra casinha ok?

– Tá, vou tentar.

(Por Ludmila)

Devagarzinho ele foi se levantando, e conseguiu andar.

– Ótimo, o riozinho é logo ali.

Eu dei alguns passos, mas o Federico puxou meu braço fazendo com que ficássemos bem pertinho.

– Federico, melhor não.- Eu disse tentando me separar dele mas ele me segurou mais forte, não ao ponto de me machucar claro. Até alguns minutos ele estava gritando de dor, de onde surgiu essa força de repente?

– Ludmila, agora já foi. Não tem mais o que fazer.

– Tenho que me afastar de você entendeu!- Eu disse quase conseguindo me soltar, como eu disse: QUASE, só fiquei um pouco mais longe.

– Você se afastando não vai mudar o que você sente.

Ele colocou as mãos na minha cintura e me puxou para mais perto. Eu estava para ter um ataque, minhas mãos estavam frias, minhas pernas tremiam, minha respiração estava ofegante.

– Feche os olhos.- Disse ele

Foi o que eu fiz, eu não sabia o que eu tinha que fazer mesmo.

Então ele me beijou, nesse momento eu não o pensava em mais nada. Meu coração disparou. Foi um beijo calmo e apaixonado. Percebi o que ele sentia por mim, ele me amava... de verdade! E eu também o amava, ele estava certo. Me afastar dele não diminuiria o que eu sentia por ele, era algo sem escapatória. Acho que no começo não correspondi o beijo , mas depois sim.

Infelizmente nos separamos. Ele sorria pra mim e eu sorria pra ele.

– Eu te amo.- Ele disse, o que me causou um choque.

– Eu também.

Ele sorriu ainda mais e me abraçou. Nunca estive tão feliz antes na minha vida!

...