(Por Ludmila)

Ficamos sem nos falar por mais ou menos uma semana, ele até tentava se aproximar mais, porém eu não deixava. Toda noite o assistia escrevendo em seu diário. Nada estava com antes. Até quem em uma noite vi uma sombra no mar. Ela se aproximava rapidamente, então pude ver que era uma embarcação, igual a que a do Federico estava. Ele também percebeu e se levantou, sem conseguir conter a curiosidade corri até a praia. Ventava muito.

– São ele. Eles vieram!- Ele disse feliz.

Em alguns minutos eles chegaram, aportaram na praia. Então começaram a descer.

– Federico! Como você está?- Disse um homem correndo em sua direção, ele aparentava ter a mesma idade de Federico, cabelo loiro um pouco comprido e olhos verdes.

– Angelo! Quanto tempo!- Respondeu Federico o abraçando.

– Vossa Alteza! Não acredito que você está vivo!- Disse um outro homem se aproximando dele. Já esse parecia ter uns cinquenta anos.

– Bartolomeo! Como está?- Disse Federico feliz ao ver o senhor de cabelos brancos, gordinho e usando óculos.

– A Vossa Majestade, O Rei Paulo II, está muito preocupado com a Vossa Alteza! Ficamos muito tempo o procurando!

– Só viemos eu, Bartolomeo e Giovanni.- Disse Angelo.

– Aonde está Giovanni?- Perguntou Federico animado.

– Está vindo, dormiu metade da viagem e está se levantando. Vamos espera-lo. - Respondeu Bartolomeo.

– E quem é a bela garota?- Perguntou Angelo, me olhando e sorrindo.

– Me dão só um momento?- Perguntou Federico.

– Claro.- Respondeu Angelo.

Federico me puxou um canto e disse:

– Agora você é Luiza Agostina.

– O que?

– Não podem descobrir sua verdadeira identidade.

– A sim. Me esqueci que eles me odeiam.- Eu disse irônica.

– Bom, agora não é hora de discussão. Agora seu nome é Luiza Agostina.

– Tudo bem.

Voltamos ao encontro do seus amigos e lá estava um ruivo que eu não conhecia.

– Giovanni. Quanto tempo!- Disse Federico.

– O reino todo está preocupado com você! Está tudo tão triste por lá.- Disse o Giovanni.

– Inclusive as garotas!- Disse Angelo rindo. E arrancando risadas de todos. Menos a minha. Na verdade não gostei nada do que ele falou. Por que será?

– Bom pessoal, esta é a Luiza Agostina. O navio em que ela estava também sofreu um naufrágio e ela me ajudou em todo esse tempo que eu estive aqui. Sou muito grato a ela.- Ele disse olhando nos meus olhos. Por um momento achei que eu ia derreter.

– Muito prazer, jovem dama.- Disse Bartolomeo sorrindo e com as bochechas vermelhas.

– Nunca vi tão bela dama em toda a minha vida.- Disse Angelo beijando a minha mão. Parecia que o Federico não gostou nada nada.

– Nem eu. Federico foi muito sortudo de ter sua companhia.- Disse Giovanni beijando a minha mão também. Eu estava vermelha, morrendo de vergonha.

– Fui mesmo.- Disse Federico fazendo com que todos o olhassem e ele ficou um pouco vermelho. Eu quis bater nele depois daquilo.

– Bom, vamos acomodar vocês, está tarde e precisamos dormir. Quando partiremos?

– O mais breve possível. De preferencia amanhã de manhã, bem cedo.- Respondeu Bartolomeo.

– Certo. Aonde vocês vão dormir? É que não irá caber todos na casinha.- Disse Federico.

– Podemos dormir no navio.- Disse Giovanni.

– Pode ser. Vão indo pra lá.- Disse Federico e assim fizeram.

Entramos na casinha e então Federico me disse:

– Vou dormir no navio também se não se importa.

– Por que me importaria?- Eu disse sem olhá-lo.

– Ludmila, eu não queria ficar dessa maneira com você. Você sabe que eu ainda a amo.

– Mas eu não te amo mais!- Eu disse. Mas é mentira, claro que eu o amava. Mas seria trair a minha família e o reino que poderia chegar a ser meu um dia ficar com ele.

– Ludmila você vai vir com a gente?

– Nem pensar que eu vou dormir no meio dos homens.

– Não é isso. Agora eu vou voltar. Você vai voltar para a Itália comigo?

Fiquei um tempo em silencio e falei:

– Não.

– Tem certeza de quer ficar aqui sozinha?

– Eu fiquei muito tempo sozinha aqui Federico. Não preciso de você. E além disso, porque eu iria para um lugar aonde todos querem me ver morta?

– Quando cheguei você disse que sabia que um dia tudo ia mudar, que você tinha esperança que isso poderia acontecer e agora está acontecendo. Pode ser sua ultima oportunidade!

– Já disse que não vou.

– Tudo bem então. Como vamos partir cedo, provavelmente você não estará aqui para se despedir. Então... Tchau.- Disse ele com água nos olhos.

– Tchau.- Eu disse o olhando e me segurando loucamente para não chorar.

...