Acordo num solavanco, como se meu corpo tivesse sido ligado diretamente na potencia máxima possível, eu dou um grito de susto.

"O que aconteceu?" Eu penso, sinto certa dor na cabeça, tento elevar minha mãos até onde a dor se aplica mas percebo que estou algemada, eu tomo outro susto quando olho para os lados, um galpão fechado, abafado e quase sem luz, meu corpo inteiro doí agora, como se eu tivesse sido arremessada pra onde estou.

Eu estou escorada em uma caixa de madeira muito maior do que meu tronco e cabeça, eu gemo um pouco de dor, e tento abraçar minhas pernas, e percebo que elas também estão algemadas.

A luz que entra é muito pouca, mas ela vem das aberturas da parede que parece de madeira, então eu suponho que já seja dia. Agora que acordei totalmente uma fraqueza imensa se espalha pelo meu corpo, e eu praticamente me sinto murcha, uma flor murcha.

Minha boca está seca, meus lábios rachados, meu estomago ronca mais que um velho dormindo, e minha cabeça tomba algumas vezes de tão pesada que parece agora. Suponho que devo ter dormido por dias, pra sentir toda essa fome e sede, é a única explicação, mas eu devo ter sido induzida a dormir tantos dias, por causa do soro eu me recupero mais rapidamente, inclusive de um desmaio forçado.

Meus olhos querem se fechar mas eu os forço a ficar abertos, mesmo que minimamente, não há saliva na minha boca e eu me sinto morrendo. Estou fraca demais, uma pessoa normal ficaria assim depois de dias sem comer, mas por causa do meu soro, eu devo ter ficado bem mais tempo assim, ou...

Ouço um barulho, tento me mover rápido para ver o que é, mas a fraqueza não me permite, então somente movo minha cabeça com a força que me resta para o ponto de onde o barulho surgiu, porém não consigo ver por causa da escuridão, forço minhas vistas pra tentar.

Então vejo um agente a metros de mim, olho para o outro lado e vejo o mesmo, meu coração acelera, o que me cansa ainda mais, pela falta de energia que eu sinto. Há varias caixas de madeira gigantes em enfileiradas, e também havia uma a 1,5 metro de mim. "Isso é um galpão" Penso, olho em volta, o teto tem lâmpadas, algumas piscam, então suponho que algumas estejam queimadas, outras quase, e a minoria funcionando, o lugar é muito grande e escuro, como as caixas tampam minha visão eu não sei bem como é todo o local, e meu cérebro não quer ter o trabalho de imaginar, mas algo que eu tenho quase 100% de certeza é que há caixas de madeira enfileiradas por todo o local.

Meu estomago continua roncando, eu tenho muita fome, e sede também, mas algo me diz que não vou conseguir comida.

Pela força que eu carrego nas minhas veias pelo soro da viúva negra, eu poderia simplesmente quebrar as algemas que me prendem e sair dali, pois elas eram velhas demais, estavam enferrujada, mas agora eu não teria forças nem pra me levantar e lutar contra um inseto.

Penso no que houve antes de eu acordar aqui.

Nós estávamos na floresta, dormimos juntos, eu o abracei, e entrei em desespero só de pensar que poderia perde-lo. Eu nunca senti isso depois da morte da minha mãe. Eu me apaixonei uma vez, depois da morte da minha mãe, eu conheci um piloto que me conquistou com seu calor e sua bondade, eu sentia que poderia viver com ele e esquecer o resto do mundo, mas ele morreu em um acidente e eu me tornei cacos de novo, me disseram que foi uma falha no avião, mas eu sabia que tinha um dedo de Ivan na historia, e talvez até da viúva.

Mas as sensações que Steve me causa, elas são diferentes, cada toque, cada aproximação, eu me sinto cada vez mais apaixonada por ele, quando ele me toca, quando diz algo pra mim eu simplesmente sinto uma sensação no estomago que me da certeza de que tê-lo ao meu lado é tudo que eu mais preciso.

A sensação de não ter Steve ao meu lado agora me desperta um sentimento de desespero que me agonia até os ossos. Onde ele pode estar? Será que está aqui em algum lugar? Essa pergunta me da forças pra tentar me levantar e encontra-lo onde quer que esteja, mas é só uma força psicológica, pois quando tento me mexer, logo vacilo.

Eu preciso de Steve aqui, eu preciso dele agora.