–Então...- Olho pra Steve e ele parece pensativo. Estamos no meu quarto, eu estou sentanda na minha cama e ele está sentando na poltrona que fica ao lado dela, como nós estamos proibidos de ir até o salão nos meios de semana, na verdade, nós não, eu, eu estou proibida, mas como ele insiste em não me deixar morrer de tédio e também não quer me deixar ficar sozinha, eu falo que somos nós dois.- O quê?.- Steve me pergunta.- Olha, eu não posso treinar, não posso ir ao salão de jogos, nós não podemos fazer nada!.- Ele sorri e se ajeita na poltrona.- Nós temos o que fazer, só temos que descobrir o quê.- reviro os olhos e sorri.- Ta, e como faremos isso?.- Ele mexe a cabeça em sinal de negação.- Não sei, mas sei que vamos descobrir.- Começamos a pensar no que fazer, eu olho pro chão e concentro meus olhos em nada, tentando pensar, e então depois de um tempo desisto, não sei o que fazer, então eu olho pra ele, e ele está com o dedo sobre os lábios fechados, eu rio, e ele só me olha e da um sorriso.- Bom... acho que não nos resta opção.- Steve começa a dizer.- Que tal jogar xadrez?.- Eu rio.- Você sabe jogar xadrez não é?

–Sei, sei sim. Eu jogava quando mais nova na KGB, era meu único passatempo.- Ele me olha e parece concentrado no que eu digo.- Você nunca me contou sobre como era na KGB.- É verdade, mas ele devia saber que eu odeio compartilhar essas coisas, são um pouco pessoais, mas ele parece querer saber, e como nós não temos muitas opções e ele vai insistir, eu sei, eu continuo.- Quando eu tinha 8 anos, eu era bailarina, minha mãe tinha muito orgulho de mim, eu queria ser uma grande bailarina e dançar em muitos países, queria ser grande, queria ser famosa, então um dia, eles me viram, a KGB me percebeu, em meio a tantas bailarinas, eles perceberam a única ruiva, a qual todos elogiavam e diziam que tinha futuro.- Ele continua me olhando concentrado, e eu sorrio pra ele e continuo.- Eu realmente não sei o que eles viram em mim que tinha algo haver com o projeto macabro e doentio que eles estavam fazendo, mas eles me obrigaram a participar, eu sofri em silêncio, eu não contei a ninguém, eles diziam que eu se eu contasse eles iriam me matar depois matar todos que conhecia, então eu vivi por um ano com medo, eu era só um criança mas eu sabia que era errado. Foi então que minha mãe descobriu, ela estava indo me buscar, e eu estava esperando, mas a KGB precisava fazer um experimento em mim a noite, eles não me contaram, e eles planejam sumir comigo e depois e me levar de volta para casa, mas minha mãe chegou mais cedo do geralmente chegava, então ela os viu, eu corri até ela, eu pensei que finalmente o pesadelo iria acabar, mas ele só tinha começado, eu disse que estava com medo, pedi que ela me salvasse, e ela...- Sinto meus olhos marejarem, as lembranças do dia me deixam tão instável emocionalmente, Steve se levanta e se senta ao meu lado.- Calma, não precisa falar, ta bem?.- Mas eu precisava terminar, precisava contar aquela história, precisava dizer em voz alta aquilo que ficou entalado na minha garganta por anos e anos.- Eu ouvi um barulho de bala, e ela me abraçou forte, eu podia sentir o sangue dela em mim, os braços ficando gelados, e pele ficando pálida, e eu ouvi as últimas palavras dela.- Uma lagrima teimosa caí do meu olho.- Ela disse que me amava, então ela se foi.- Eu começo a chorar, eu não acredito que estou chorando de novo, eu não achei que fosse tão fraca, mas parece que meu passado realmente sempre vai me atormentar e me fazer desabar.- Calma.- Steve me abraça.- Você vai ficar bem, ta bem?.- Ele me segura forte, mas eu tenho que terminar a história.- Eu não devia ter perguntado me desculpe.- Eu o seguro forte.- Tudo bem, eu preciso dizer isso em voz alta.

Eu preciso contar essa história em voz alta, preciso me livrar desse sentimento de culpa, de medo.