Coração Aquecido escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 9
Coração Aquecido


Notas iniciais do capítulo

Esse é o último capítulo da fanfic, fiquei feliz por finalmente terminar algo que comecei em 2015, foram vários imprevistos, mas aqui está, obrigada por todos que leram e comentaram.
Boa leitura.



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Jack mantinha a postura calma, sem olhar para Elsa. Sentia-se em uma derrota profunda. Seu interior repleto de medos e angústias, não esperava que a despedida o faria morrer por dentro, era estranho pensar, um coração incapaz de bater estar sofrendo, no entanto, algo dentro dele lutou obstinadamente, através do desejo de ficar e ir.

Nos momentos em que permanecer para sempre ao lado dela, escutar todos os dias as risadas, encontrar os olhos tão azuis o mirando profundamente, após qualquer discussão, ficava feliz por acontecer, mas triste por ser apenas um sonho, então decidido, a encarou com receio, estendeu a mão fria a ela, entregando-a o pingente de gelo, camuflado toda essa tempestade.

A rainha hesitou brevemente, visivelmente desconfiada, dirigiu atenção para as pupilas do guardião, feita de um cobalto azul tão escuro, conseguindo prender e consumir qualquer um, desviou a cabeça e mordeu o lábio inferior, a testa franziu ligeiramente, enfim aceitando-o.

Inconscientemente acariciou as linhas do objeto, a expressão de dúvida crescendo, ele lhe dissera que o colar era para Anna, estava mentindo? Enganando-a? Tais perguntas sumiram brevemente na ocasião que o espírito pronunciou seu nome.

— Desculpe por tudo. — declarou ele, causando surpresa na rainha e continuou em seguida, mantendo a concentração em sua fisionomia. — Sou péssimo com as palavras, na verdade, um desastre, mas sinto que devo lhe pedir desculpas, sabe, por tudo. Fui insensível agindo daquele modo, indo embora. — Pausou a fala, passando a mão entre os fios brancos, suspirou, olhando para outro ponto. — Não vi apenas por causa do aniversário de Anna, queria lhe ver, poder lembrar seu rosto, sinto sua falta Elsa.

Para certificar-se, em um movimento quase involuntário da mirada, Jack dedica-se a esperar quaisquer palavras, existe medo em seu coração.

— E o pingente? — indagou a majestade, como não obteve resposta repetiu a pergunta. — Era para Anna?

Piscou algumas vezes, entendendo o questionamento.

— Queria lhe dar antes, fiquei receoso se aceitaria. — confessou.

— Por que acredita que agora vou aceitar? — questionou.

— A verdade? Não sei, tudo isso é tão confuso, tão lento. — respondeu, com o seu sorriso franco e simples.

Ambos ficaram ali em silêncio, sentados na cama. A alteza admirando o pingente de gelo, e o guardião a ela, memorizando cada traço de sua aparência encantadora, mesmo o cabelo solto em uma bagunça, se fazia bem, trazendo um curto sorriso em seus lábios gelados.

Pressentindo, a conversa tomava um caráter de confissão por parte do jovem, a herdeira de Arendelle numa tentativa de aceitar suas palavras, sorriu ligeiramente e voltou-se para ele, pediu que colocasse o colar em volta de seu pescoço, o mesmo fez no instante qual ela lhe deu as costas.

Seus dedos tremiam um pouco, temendo tocá-la na região exposta, assemelha a uma frágil porcelana, prestes a quebrar ao mínimo contato, vendo-a tirar o cabelo loiro, levantou o corpo, segurou a própria o fôlego, logo depois sentou-se, ela retornou na posição inicial, o dedo indicador sobre o floco de neve.

— Obrigada. — agradeceu

A Impressão de agrado insistiu em permanecer no rosto do guardião, lembrou-se de quando a viu a primeira vez, criando bonecos de neve com a irmã menor, a magia e a diversão no semblante infantil e alegre, nessa época Elsa não tinha responsabilidades ou preocupações, via o mundo igual a uma criança, evidenciando as coisas belas.

No silêncio do quarto, que se tornou ainda mais frio, a despeito do sol do lado de fora, flocos de neve formaram-se em volta de Jack Frost, a súbita mudança de clima incomodou Elsa, o frio nunca a incomodou de qualquer maneira, todavia devido o resfriado seu mantra converteu-se em nada.

Ela colocou as mãos nos dois braços, esfregando brevemente, a essa ação, o espírito do inverno franziu o cenho, percebendo a culpa, alcança a palma até o ombro da mulher, que espirrou, desta vez nenhum serzinho apareceu, apenas floquinho continua em seu colo, aconchegado.

Buscou uma fonte de calor, agarrou a coberta ao lado, e cobriu a figura da majestade, ele sorriu, logo para ter o rosto em uma expressão chateada, seus poderes sempre foram controlados por seus sentimentos, e às vezes saíam do controle.

— Desculpe, não posso nem te aquecer. — afirmou.

— Não precisa pedir desculpas, além do mais o frio… — interrompeu a própria fala, considerava que nunca sentiria frio. — Talvez o calor seja minha fraqueza. — riu levemente, envergonhada, trazendo atenção dele.

O jovem piscou lentamente, um pensamento veio a mente, recordando as palavras de Olaf “Só o amor pode derreter um coração congelado”, se realmente for verdade, todos aqueles dias vagando pelo mundo, tentando arrancar uma sensação tão familiar no peito, foi por causa da rainha, está se apaixonando por ela.

Com a mão na região, perdido em pensamentos, não escutou quando Elsa lhe chamou, concedeu breves segundos para entender do que ela falava, e quando fez, pôs-se a sorrir disfarçadamente, de modo a esconder os próprios medos e devaneios.

— Se eu for novamente você ficará chateada? — indagou, uma pontada de incerteza esmagou seu estômago.

A alteza, por dentro, estava magoada, por fora, mascarava a pose, sabendo que não conseguiria esconder a ferida em razão da pergunta, porém, compôs a postura, endireitou os ombros e o respondeu:

— Não vejo nada que lhe prenda nesse reino, assim como qualquer outro, és dono de sua alma, estar livre é o quer.

Ele arqueou a sobrancelha, suspeitando do tom de voz rude.

— A liberdade de quem exatamente? — murmurou.

— Olhe com mais atenção Frost. — limitou a fala, de modo a esperar suas próprias conclusões.

— De você? — riu, um riso incrédulo. — Acredita mesmo nisso?

— É a unica razão, existe mais do que diz, algo que esconde e depois de tanto pensar, acredito ser eu a culpada, não quer ter mais a responsabilidade de ser meu guardião, porque não é mais preciso, sempre fui independente, salvando-me do meu monstro interior, qual seria outro motivo? Afinal o grande espírito do caos e da diversão é livre, vagando por aí, sem rumo, fazendo seu próprio destino. — as últimas palavras saíram em um tom sarcástico.

Jack engoliu em seco, tais afirmações o apulanhou, assemelhando a uma adaga profundamente em sua alma, aparentemente, ela havia atingindo um ponto dolorido, pois, ele se levantou a abruptamente da cama e girou nos calcanhares, olhos tristes e indecifráveis, começou a andar pelo quarto.

— Quando lhe contei quem eu era e você acreditou em mim, quando estive invisível e mesmo assim você me exergou, quando ninguém conseguia me tocar e você me tocou, e todas às vezes que pensei que estaria sozinho por toda eternidade e você esteve aqui, comigo. — Parou os passos frenéticos, olhou diretamente para os olhos da rainha, engolindo todo o receio decidiu confessar. — Estou me apaixonando por você, Rainha Elsa de Arendelle.

Houve silêncio.

— O quê? — interrogou.

O ar antes pesado, agora leve, as sensações dos dois fervilhando, ela jamais conseguiria compreender o por que dele ter indo embora, deixando a convicção de ser o motivo, felicidade invade seu coração, supôs que ele era indiferente a seus sentimentos.

Enquanto Jack encarava os próprios pés descalços, a rainha delicadamente tirou o ser feito de neve do colo, depositado-o na cama, ajustou as dobras do vestido verde-claro, e aproximou de sua figura, observou a face melancólica, colocou a palma da mão na bochecha direita dele, constrangido, mas sem ver outra saída, ergueu a cabeça, ela sorriu de lábios fechados.

Ambos lutavam contra esse desejo inoportuno, as diferenças acentuando as semelhanças; possuíam a magia do inverno, contundo as personalidades cofrintantes, ela responsável, governante de um reino e mortal, o oposto dele, às vezes, o guardião sentia-se constrangido por ser assemelhar a um adolescente imaturo, gostaria de ter a aparência física e a sabedoria de um príncipe.

Parecia indispensável comunicar-se naquela ocasião, a mão dela causa-lhe formigamento, um tipo de calor ansioso e agradável, fechou as pálpebras, suspirou devagar, rogando a mente para o momento, esquecendo-se de tudo, alimentando a coragem, fixou novamente atenção nela.

— Não sou o que você esperava. — Invadiu de súbito essa afirmação, devencilhando-se do toque, recuou e bagunçou o próprio cabelo, desviou a mirada para o espelho na parede, testemunhou o reflexo fantasmagórico, um nó na garganta. — Não precisa retribuir o que sinto, ou ter pena, quem gostaria de estar comigo? Olhe para mim. — o tom de voz saiu sarcástico, rindo de si mesmo.

Imaginava em seus sonhos mais tristes, como seria ter nascido, ser igual a todos os humanos, cabelos pretos, castanhos, loiros e ruivos, possuir sardas, a pele levemente bronzeada ou negra, e o coração pulsante, em vez disso, sempre existiu, sem início e fim, um espírito do inverno, um cadáver.

— Estou olhando. — respondeu. Os lábios se curvaram, mas não o suficiente para se tornar um sorriso. Acercou-se por trás das costas dele, encarando as suas imagens refletidas no espelho. — O que vejo, quase ninguém vê. — iniciou, aguardando um breve segundo. — Vejo uma pessoa qual me salvou da minha própria escuridão, esteve ao meu lado, em meu quarto, fazendo companhia e trazendo diversão, guiando-me. — pausou a voz, notando o sorriso de Jack. — Sabe mais? Vejo um ser especial e único, quem mais tem cabelos brancos, igual à neve? Uma personalidade irritante e incrível? Um sorriso tão encantador como o seu? Jack Frost, ninguém poderia ser melhor. — Por cima do poche marrom, Elsa massageia os ombros do guardião.

Liberando todas as incertezas, ele virou o corpo lentamente, as mãos gélidas repousam na cintura da mulher a sua frente, havia receio apesar de tudo.

A viu morder o lábio inferior, levou a mão direita até ali, separando o gesto com o dedo indicador e medio, criando involuntariamente uma camada de gelo, o batom cor de vinho apagando-se pouco a pouco, eles mantêm contanto visual por alguns instantes, no qual Jack remove uma mecha loira do cabelo da majestade.

— O que foi? — ela perguntou, devido o riso curto do mesmo.

— Seu cabelo está incrível. — explicou.

Olhou por cima dos ombros até o espelho de modo a confirmar, a rainha revirou o olhar.

— Parece um ninho de passarinho. — títere, movendo uma das mãos atrás de sua nuca.

— De um jeito diferente. — completou.

— Você está passando muito tempo com Anna. — Os lábios transformam-se em um sorriso, mostrando a primeira fileira de dentes brancos.

Há uma pausa entre eles, mas ele está se movendo, a lacuna desaparecendo, estão perto o suficiente para sentir o desejo aflorar, a respiração quente e suave da jovem mulher atingir seus lábios entre abertos, olhando-o longamente, aqueles olhos claros na intenção de penetrar-lhe a alma, evocando lembranças dos livros que leu, na ocasião que ela fecha as pálpebras, o guardião imita a ação, nunca beijou alguém, seria sua primeira vez e o medo de fazer errado crescia.

Pressionou a boca timidamente, assemelha a um selinho, um suspiro calmo escapa de Elsa, os lábios quentes e convidativos o encorajam a abrir a boca com cuidado, como se tivesse medo de feri-la, levou a mão na curva do seu pescoço, surgindo uma fina camada de gelo, o polegar acariciou a bochecha esquerda, os braços da alteza deram a volta em seu pescoço, puxando-o, decide mover a mandíbula, seguindo o próprio ritmo, amando todo desejo e intensidade nas profundezas da sua alma.

Os pés descalços geraram um fio de fractais contra a superfície do chão, era interessante notar, conforme seu corpo ia atingindo o dela, idêntico a um imã, conseguia reconhecer os batimentos do coração da jovem mulher, obstante a esse fato, a doçura do beijo se alimentava insaciavelmente, seguindo uma mensagem calorosa e friamente.

Inesperientes, os dentes chocaram-se algumas vezes, ambos riram, o ar do ambiente transformando-se em uma tempestade fria, flocos de neve dançam em volta das duas figuras, o mundo ficou mundo, só existe o barulho dentro deles, acostumam a essa sensação, um gemido curto por parte da rainha, lhe faz arfar de felicidade, quer garantir mais desse som avassalador, um movimento involuntário, agarra a pequena cintura, firmando o toque, ela recua para cama, sendo deitada em um baque silencioso.

As unhas de Elsa apertam as vestes de Jack, o corpo dele é pressionando ao dela, um calor diferente lhe envolve o interior, gotículas de gelo derretido respigam por seus antebraços, ele corta o beijo para beijar-lhe o pescoço, bochecha, queixo e tudo que está em seu alcance, ela abre as pálpebras encontrando o teto, ao mover a cabeça permitido-lhe mais acesso, percebe a barra do vestido derretendo; para um ser frio, ele a aquecia de maneira incompreensível, por isso sorriu.

A maneira como a rainha anda, sinuosa e sensual, aquele sorriso enigmático, cada detalhe de sua figura lhe deixa louco, ama os sons que ela produz, a maneira que se move em cada toque e beijo, enquanto deslizava mais para baixo, em certo momento, beija-lhe na região onde o vestido derreteu, acima do umbigo, e surpreendido escuta uma risada, intrigando-o.

— Isso é novo. — disse arrastando o olhar ao dela. Apoiou os cotovelos a cada lado de seu corpo.

— Cócegas. — respondeu em meio a risadas, fechou a mirada brevemente, contendo-se.

Olharam-se em silêncio, as pupilas de ambos escurecidas por luxúria.

— Então — pigarreou e desviou atenção para a mobília de Anna. — Devemos parar. — acrescentou.

Ela compreendeu suas palavras, o despertar de consciência só servira para tornar o momento mais embaraçoso, ajeitou o próprio cabelo, que tinha tendência para lhe cair sobre a sobrancelha e obstruir parcialmente a visão, abriu a boca para dizer quaisquer palavras, mas a pequena fisionomia do sersinho mágico, sobre a escrivaninha da irmã, prendeu sua fala.

Jack acompanhou a vista até o amiguinho mágico, qual olhava sem expressão, como se quisesse entender o que acontecia, ele riu, voltou para jovem adulta debaixo de si, franziu a testa.

— Elsa?

Adormecida.

Outro sorriso surgiu nos lábios dele, percebendo que ela adormeceu em seus braços, sonolenta pela estação do ano e a gripe, agradeceu mentalmente por Elsa não ter espirrando durante o beijo.

Impedido de sair do agarre emvolta de seu pescoço, Jack apoiou a mão esquerda e com a direita a ergueu até o travesseiro, prontamente a soltou levemente, de joelhos, às duas mãos livres devencilhou-se, ouviu um som de protesto, logo em seguida ela deitou-se de lado imobilizado o braço dele.

— Elsa. — advertiu.

— Estou tão sonolenta… — bocejou. O frio vindo do espírito lhe aliviou um pouco. O estado de sua cabeça e virtualmente o resto de seu corpo dolorido. — Fique aqui… — acrescentou.

Meneiou a cabeça, aturdido, sua mente lutava por aceitar a oferta, principalmente depois dos acontecimentos, uma repetina sensação de felicidade ao relembrar o beijo, lhe tirou da órbita, piscou os olhos, notou o amiguinho pular da cômoda e ajeitar o corpinho acima da cabeça de Elsa.

Acomodou-se, acariciou a face da rainha, sem interromper o que parecia um sonho muito agradável, agora ela sorria, o perfume de flores intenso naquele espaço pequeno e quente, seu belo rosto, o peito dela subia e descia vagarosamente, com o pingente de gelo, a vermelhidão em suas bochechas se espalhando por todo a face, seu subconsciente amando a visão, considerou que ela parecia um anjo num globo de neve, embora o cabelo bagunçado.

Dois flocos de neve pousaram na ponta do nariz, o quarto alvo igual às montanhas do norte, devido às ações de ambos, capazes de criar uma tempestade com o mínimo contanto, ele fechou os olhos e obrigou a si mesmo e seu coração congelado a desaceleram, gostaria de adormecer a seu lado para sempre, morrer como os humanos, o que adianta ser eterno, se não há ninguém a quem compartilhar?

Afastou os cabelos da testa dela e acariciou seu rosto, então ela o abraçou com força, a cabeça na curva do seu pescoço, pode sentir o cheiro, abriu um sorriso carinhoso, fechou as pálpebras.

— Sempre estarei aqui. — garantiu.

Na porta entre aberta, a princesa Anna observou animada e feliz, cuidadosamente rodou a maçaneta, sendo surpreendida por Olaf e Kristoff.

— E sua irmã está melhor? — indagou, de braços cruzados.

— Vamos dizer que ela está com o coração aquecido. — cantarolou feliz, saindo da presença dos dois.


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Notas finais do capítulo

Gosto da relação que Jack e Elsa poderiam ter se realmente fossem de um filme só, as duas personalidades e as maneiras que resolvem problemas e ações resultam em uma ótima combinação, é um tipo de amor impossível, Elsa é mortal, e consequentemente envelhece, ao contrário de Jack Frost, ainda assim acredito que não seja um problema, a maioria das obras de ficção são assim.
Foi um longo estudo lendo outras estórias do fandom, em português e inglês, é incrível como a mente dos fãs pode fazer um crossover existir, ficarei com saudade de escrever mais capítulos, realizada por terminar.
Obrigada por tudo.



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