Coração Aquecido escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 8
Pingente de Gelo




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Em seu quarto, sentada na cama entre um cobertor de cor lilás, a rainha de Arendelle é servida com uma sopa, levada pela irmã por uma colher, como se fosse um bebê, para amenizar o resfriado. Tudo feito naturalmente, sem a aparência de quem deseja constituir-se em modelo de bondade, e sim com a boa, justamente a qualidade mais forte da personalidade da princesa, toda aquela preocupação aberta, por tal forma admirada por Elsa.

Ajeitando o manto laranja, com detalhes em azul, da irmã mais velha, agradeceu por o melhor presente de todos; a fisionomia calma e sonolenta da mesma questionou sobre qual se referia, na ocasião que os lábios pintados com um rosa claro revelaram a resposta, um breve sorriso da rainha com grande jubilo adquiriu-se, via-se perfeitamente defronte dos olhos dela, a sinceridade que lhe venho do coração, iria agradecer, mas um espirro curto lhe impediu a fala, formando com sua magia cinco snowgies, pequenos bonecos de neve, de olhos pretos e cabeça redonda desproporcional ao corpo, compara-se a mini-bonecos de neve. Ambas desviaram a vista para um deles, o qual mirava sua criadora com um sorriso, de apenas um dente no centro, assim como os outros.

Anna, em vez de dizer quaisquer palavras, olhou para a irmã com um gesto que tanto podia ser de pergunta ou alternativa, sobre os bonequinhos de neve, e, deixando escapar um sorriso, ergueu-se, colocou levemente a mão pequena no ombro da rainha e disse:

— Pedirei a Kristoff que leve estes pequeninos ao castelo de gelo, hei de ser um lugar melhor para eles, está de acordo?

Sacudiu a cabeça afirmativamente.

— Ficará bem sem mim por alguns minutinhos? Eu prometo que voltarei logo, aproveitarei para trazer mais cobertores.

Afirmando que sim, a princesa pôs-se a sair do quarto.

Estando no quarto da irmã, examina com o olhar o lugar, neve em toda parte, incluindo nos móveis, avançou com passos lentos, os sapatos deixando pegadas no processo, girou a maçaneta do guardarroupa, abrindo com dificuldade, agradeceu mentalmente por estar tudo limpo, agarrou dois cobertores e fechou a porta com o pé, equilibrando-se no próprio eixo, de soslaio notou uma caixinha de madeira na pentiadeira, chamou-lhe atenção até o exato instante que Jack e Olaf entraram bruscamente nos aposentos da rainha, assustando-a, tropeçando e caindo na camada de neve.

— Olaf, esse não é o quarto da Anna. — repreendeu, o espírito do inverno, incapaz de parar o boneco de neve.

— Desculpe, acho que me enganei. — retrata-se ele, batendo os dedos de madeira no queixo, focando-se no lugar. — Certo! Vamos para… Espera, é a Anna. — interrompe-se acenando para amiga ruiva.

Jack seguiu a vista até a garota, a viu limpar a neve no próprio vestido, e após breves segundos aproximou-se dele com o semblante desconfiado.

— Oi Olaf. — disse ela e voltou-se não guardião.

— Oi Anna. — comprimetou.

— O que faz aqui senhor Jackie? Ou devo dizer senhor Frost? — interrogou, depositando as duas mãos na cintura, tendo a postura acusadora.

Inquietando-se internamente, respondeu a pergunta:

— Não sei do que está falando.

— Oh, devo refrescar sua memória? — sorriu, um sorriso de ironia. — Certo. A primeira vez que o vi tinha certeza de ter o visto em outra lugar, mas como minha mana dissera que era o príncipe Jackie, engoli a história. Contundo, as provas diziam o contrário.

A cada palavra acusadora, a princesa analisava a figura dele, girando em torno do mesmo, qual acompanha os seus movimentos, em certo momento aponta o dedo na face pálida.

— O livro que li, os desenhos igualzinho a você, a neve e atmosfera fria estando sempre a seu lado, tudo me diz que você Senhor Jackie é um farsante e na verdade é Jack Frost. — acrescentou com ênfase, a poucos centrimentros do rosto do jovem.

Incomodando pela aproximação repetindo e pressionado com tais afirmações, deu um passo para trás.

— Eu não sou Jack Frost. — mentiu.

— Eu pensei que era — começou Olaf — , você me disse, quando estávamos no castelo da Elsa, ano passado, eu me lembro muito bem Jack Frost.

Revirou os olhos, e permanecendo com as pálpebras fechadas por alguns segundos, negou-se em acreditar na ingenuidade do boneco de neve, suspirou e encarou a segunda herdeira de Arendelle, essa sustentando um sorriso presunçoso, de braços cruzados.

— Obrigada Olaf. — ironizou ele.

— De nada. — replicou com alegria.

Sorriu; mas em seguida suspirou profundamente, como se houvesse relembrado a sua atual situação.

Prometera a Elsa não revelar a sua verdadeira identidade, mas como poderia cumprir a promessa? Anna sempre foi esperta e curiosa, uma hora ou outra descobriria.

— Eu sou Jack Frost. — afirmou derrotado.

Houve silêncio e em seguida pulinhos de exaltação da princesa.

— Eu sabia, sabia, sabia! É incrível Você é o elfo mágico do livro, eu sempre quis lhe conhecer, mas.. sempre achei que era um pouco mais baixo e com um nariz pontudo sabe? Elfos são assim. — disse rapidamente em um fôlego só, recusando-se a conter a felicidade. — Isso é mágico e muito… Mágico, estou na frente do Jack Frost. — cantarolou animada. — Oh, eu tenho que contar para todo…

E antes que mais palavras saíssem de sua boca, ele a impediu com a mão sobre os lábios rosados, surpresa arregalou os olhos.

— Primeiramente fique quieta, está muito agitada. — pediu suspirando em seguida. — E agora por favor, não conte a ninguém sobre mim, é um pedido da rainha, entendeu?

Ela balançou a cabeça equivalendo a um sim.

Vagarosamente tirou a palma dele da boca, adiquirindo ar suficiente para soltar logo após, acalmando-se, conservou-se imóvel, fixando a mirada nele.

— O que faz aqui Jack? Eu posso lhe chamar de Jack? — perguntou sorrindo.

Teve um breve silêncio, antes do guardião concodar. As pupilas azuis claras fixaram-se na figura cativante da jovem , depois para o objeto na pentiadeira, em um movimento sútil aproximou-se, obtendo a caixinha de madeira, com a mão esquerda limpou a neve sobre a superfície, estando novamente defronte a ela estendeu-lhe, a viu hesitante por alguns segundos, insistiu.

— Como a rainha havia dito, estou aqui por causa do seu aniversário. — afirmou, quando ela pegou a caixinha. — É um presente que fiz para... Você. — as últimas palavras custarem sair de sua boca, ainda que tivesse verdade no que dissera, um fio de incerteza e dúvida pairou na mente.

— O quê é Anna? — questionou o boneco de neve, pulando duas vezes para tentar enxergar o presente.

Jack julgou ver que Anna sorrira quando ergueu o pingente de gelo, analisando-o minuciosamente; isto causou-lhe uma sensação de admiração. Era um singular misto de felicidade e insegurança que o invadia.

— É lindo. Delicado e bonito como um floco de neve no verão. — Com a ponta do dedo analisou o pingente, supreendeu-se ao ver que ele tranformara em um colar, em meio a um largo sorriso, mostrou-lhe para Olaf, que abismou-se com tanta delicadeza e beleza.

— É como um floquinho de gelo. — disse ele.

A segunda herdeira de Arendelle de relance olhou para o amiguinho de neve, dormindo no ombro do espírito, e finalmente o encarou, notou em suas feições algo assemelhando-se a dúvida, franziu as sobrancelhas ligeiramente, voltou-se para o colar e novamente para ele, compreendeu-se.

— Não posso aceitar. — falou entregando-lhe junto com a caixinha.

— O quê? — inquire atordoado.

— Embora gostei do pingente em forma de colar, tenho a sensação que não fizera para mim e sim para minha irmã. — interrompendo sua fala continuou: — Desde que chegara presenciei as trocas de olhares, os movimentos e gestos, tudo na verdade, há algo qual quer dizer a minha mana, entregue e diga, não é tão difícil.

— Essas suposições são tolas, estou aqui para o seu aniversário, sendo a majestade minha amiga. — dizia apenas com os lábios: toda a confusão trémula do seu ser dizia ao contrário.

Arqueja incrédula e com impaciência, conseguia mentir, mesmo com tantas provas.

— Certo. Faça o quiser, mas lembre-se, poderá se arrepender. — Deu-lhe as costas e com um gesto rápido agarrou a mãozinha de madeira do Olaf. — Vamos Olaf, ainda deve ter restado bolo de sorvete.

— Oba! Bolo de sorvete! — exaltou com animação.

E antes de passar pela porta completou a princesa:

— Aqueles cobertores alí — apontou — são para Elsa, se puder levar para o meu quarto ficarei grata.

Jack suspirou, sentindo-se não só confuso e envergonhado, mas até enojado de si próprio, encarou o objeto de gelo entre seus dedos, limitando-se a pensar o que faria, poderia ir embora, sem dar explicações, todavia arrassaria mais uma vez o coração de Elsa, ou até o seu próprio, se um coração qual parou de bater pode mesmo se partir.

Era este um desses momentos em que apenas devia crer na voz íntima, guardou o pingente na caixa, pegou os cobertos e pôs-se a encontrar Elsa, demorou cerca de dois minutos, havia se perdido, finalmente em frente a porta, fez duas batidas na madeira, como não ouvira resposta, primeiro olhou pela fresta e em seguida adentrou nos aposentos, sentira-se como um intruso.

A princípio lutava para sair dali, contundo vendo a fisionomia da rainha na cama, em um sono profundo, um sorriso curto e pensamento que ela é adorável dormindo, transformaram seu medo em coragem, com passos medidos chegou ao lado dela, riu ligeiramente, a aparência que julgava ser sublime, cabelos bagunçados, como um ninho de passarinho, lembrando muito a irmã mais nova, talvez por causa da gripe, pois jamais a viu assim.

Agarrou um dos cobertos e a cobriu, sentou-se na beirada da cama, tomando cuidado para não acorda-la, o amiguinho em seu ombro pulou e ajeitou-se com ela, procurou indícios de outros sersinhos, certamente Anna o levara.

Sabia no íntimo da alma que o dever era partir; conhecia que prolongar a sua estada era um mal e que nada de bom poderia resultar, ainda assim recusou ouvir a voz da consciência.

— Olha para você, nem parece aquela rainha carracunda e mandona. — comentou com sarcasmo. — É sempre assim depois que fui embora? Responsável e sem diversão alguma? — pausou a voz e suspirando continuou, relembrando as palavras duras que dissera antes. — Sobre aquilo que eu falei mais cedo, desculpe, não quis ofendê-la, fiquei com raiva. — Ela não escutava, pois ainda dormia. — É verdade, sou um idiota, governar é complicado, tem deveres, responsalides e papéis para assinar, deve ser uma droga, mas você é a melhor, zela sempre com seus súditos, decidiu isolar-se em um castelo para não machucar ninguém…

De súbito, a rainha abriu as pálpebras, piscando algumas vezes, notando a presença de um indivíduo, assustando-se tentou sair da cama, todavia enroscando-se nos cobertores, caiu no chão, fechou o olhar sentindo dor nas costas.

— Elsa? — Indagou Jack com preocupação.

Reconhecendo a voz do estranho, apoiando os antebraços na beirada do colchão, mantendo-se ajoelhada, buscou o interlocutor.

— Frost! Que mania tem de acorda-me assim? Não sabe bater na porta! — queixou-se, sentando-se na cama. — Sabe que é estranho ficar observando alguém dormir…

— Ei, eu bati na porta, mas a senhorita estava adormecida, não é como se eu fosse uma maníaco para te matar ou fazer qualquer coisa parecida. — defendeu-se.

— Claro, idiota. — xingou e percebendo o seu tom de voz, mudou de assunto. — O que quer aqui? — indagou secamente.

— Quero lhe dar algo. — mentiu.

— Se for suas desculpas guarde para si próprio. — interviu.

— Não, não, na real é um presente.

— Presente? — suspirou. — Que tipo de presente?


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