The Heir of The Universe escrita por Mellody di angelo, Corujinha, lover of letters, LuigiOribáDasGaláxias


Capítulo 22
Capítulo XXII


Notas iniciais do capítulo

Fala galera, desculpa não postar ontem.
Fiquem com mais um capítulo.



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POV MI

Acordei com um barulho infernal, que por mais que tentasse ignorar, não tinha como voltar a dormir. Provavelmente, pelas vozes, eram as Caçadoras brigando com os garotos. Desde que entramos no acampamento, essa rixa começou, meninos vs meninas. Me lembrou dos tempos do primário.

Enquanto a briga continuava, agora com socos e pontapés, a julgar pelos vultos vindos de trás da lona da barraca, calcei os sapatos e coloquei um casaco, pra ficar um pouco mais prático quando voltasse a dormir. Cora continuava dormindo, alheia a tudo, mas se remexia, como se tivesse pesadelos. Isa não estava ali. Provavelmente também havia acordado.

Ainda sonolenta, sai da minha tenda e vi os encrenqueiros. Esfreguei os olhos enquanto perguntava:

– Alguém viu a Isa? – Larissa, uma das Caçadoras, Samu, Luigi e Thalia se voltaram para mim, e ficaram meio desconfortáveis. – Acordei e ela não estava na cama. – Olhei ao redor. Não havia sinal dela. – Aconteceu algo, né?

Não sei nem por onde começar. Samu, Luigi e Thalia tentaram me dizer do modo mais gentil e calmo possível sobre o desaparecimento de Isa. Mas eu sabia que não era tão simples e fácil assim. Aquela floresta devia ter quilômetros de extensão. Considerando o número em que estávamos, demoraríamos no mínimo cinco dias para circular toda a área, isso se ela estivesse ali.

Thalia havia dito para procurarmos perto do nosso acampamento. Se havia algo ali, alguma pegada, seria apagada rapidamente, considerando o tanto que estava nevando. Quando terminaram de falar, me levantei, caminhei a passos largos e, enquanto trocava de roupa, acordei Cora (com grande dificuldade) e expliquei a situação.

Ela me fez as mesmas perguntas que eu fiz, e respondi de modo breve, mas sem escapar nenhum detalhe. Furiosa, Cora chutou as cobertas, se trocou mais rápido do que eu e saiu da barraca. Pelo vão da abertura, vi que ela corria na direção da floresta.
Saí da tenda e voltei ao encontro de todos. Thalia me chamou. Iríamos acompanhados de dois lobos. Ela disse algo sobre eu entrar na Caçada.

Eu sabia que aquilo era uma grande honra, e uma decisão muito importante na mesma medida, pois teria que abandonar minha família e meus amigos, mas simplesmente não era hora daquilo. Eu tinha uma amiga que precisava de mim mais do que nunca, e eu não podia me distrair. Talvez Isa não tivesse tanto tempo para isso.

Depois que Thalia organizou todos os grupos, as direções e a distribuição de lobos, saímos na direção da busca. Thalia ficara, para levantar as outras Caçadoras que não haviam acordado em meio ao barulho.

Atrás de mim, conseguia ouvir comentários e perguntas, sobre eu não ter ouvido ou desconfiado de nada. E sobre como era impossível Isa não ter feito barulho algum. “Ela fez barulho quando foi sequestrada, mas ninguém estava lá para ouví-lo.”
Isa era como uma raposa: esperta, ágil e sorrateira. Sempre tomava o máximo de cuidado para não acordar nenhuma de nós no meio da noite. Até ao andar ela não fazia barulho.

Olhei atentamente para cada galho, cada pedaço do chão branco visível por entre as folhagens, cada árvore, cada pedra, cada barranco pequeno. Só parei quando ouvi um barulho estranho e notei que havia me distanciado dos outros. Olhei ao redor, e não havia ninguém.

Parecia algo como um chacoalhar de ossos ocos. Semicerrei os olhos. Um vulto aparecera por entre as árvores. Ao que parecia, era uma espécie de soldado esqueleto. Trazia consigo armaduras de guerra, tanto gregas quanto romanas, armas e arcos antigos. A pele era branca como papel, mas trazia as feridas ou cortes, mostrando como haviam morrido. Os olhos traziam uma espécie de brilho azulado. Os rostos eram desfigurados, como os de cadáveres em putrefação, mas congelados em uma feição horrorosa, graças a servidão a Hades. Ou pior, ao seu filho.

Engoli um grito de horror. As criaturas pareceram não me notar. Ouvi um grunhido alto vindo delas, e a legião se moveu para algum lugar a minha esquerda, brandindo as armas. Aproveitei a deixa e saí correndo pelo caminho de onde voltei. Dei da cara com Samuel e Luigi. Não precisei explicar nada. Gritos femininos já explicaram o que acontecera.
Saímos correndo na direção das vozes, apenas para encontrar as Caçadoras lutando contra legionários zumbis com bafo de carne podre. Animais da floresta, pássaros, ursos, os nossos próprios lobos, se juntaram a luta, mas contra nós. Seus olhos traziam o mesmo brilho dos legionários, embora não estivessem mortos.

Saquei a espada e derrubava os zumbis junto com os garotos. Quando ficamos livres por alguns instantes, gritei para que continuassem a busca. Sem precisar insistir novamente, dei cobertura enquanto os dois corriam para mais adentro da floresta. Prometi a mim mesma que iria ao encontro deles, assim que pudesse, isso se desse. Pedi os deuses proteção, e corri de encontro a um ciclope legionário.

Tinha pelo menos dois metros e meio de altura, totalmente careca e com um grande olho azul – mesmo tom dos legionários, de novo – saltado no meio da testa. De modo nojento, catarro escorria pelo nariz da criatura, que o lambia, mostrando a boca com dentes tortos, amarelos e em falta.

Thalia, que havia chegado com o resto das Caçadoras e ao que parecia, com a própria deusa Ártemis, estancou ao ver o ciclope legionário. Notei uma feição de medo e revolta em seu olhar, uma vez que ela já fora morta por um desses para salvar Annabeth, Luke (ironicamente) e Grover. Seu pai a transformara em um pinheiro, que servira de proteção mágica para o Acampamento Meio Sangue. Passou a infância e alguns anos da adolescência como um vegetal. E agora, nunca deixaria de ter 15 anos, mas podia ser morta do mesmo modo que fora antes: por um ciclope. E talvez, seu pai não pudesse salvá-la novamente.

As Caçadoras se dividiram em três grupos: contra os animais, contra os esqueletos, e contra os dois ciclopes que pareceram. Fiquei no grupo 3. Rodeamos o ciclope número dois, que acabou ficando sem saber por onde começar, desviávamos da clava e atacávamos as pernas e a dobra de trás do joelho, tentando fazer com que ele caísse.

As flechas de prata das Caçadoras miravam especialmente no olho, embora não conseguissem, devido a mobilidade incessante do ciclope.
Quando ele finalmente caiu, após tropeçar depois de ficar cego, foi reduzido a pó em questão de instantes. O segundo ciclope não parecia ser tão idiota quanto o amigo. Ao ver que aplicávamos a mesma técnica, usou a clava para dispersar as arqueiras (e derrubar algumas) e a mão enorme para nocautear outras.

Nos reagrupamos novamente, mas, embora o segundo ciclope tenha dado mais trabalho, nenhuma de nós havia se machucado letalmente, embora tivesse alguns machucados bem feios. Algumas Caçadoras ficaram para trás para auxiliar as amigas caídas, enquanto o resto se reagrupava para terminar o serviço.
Corri os olhos pelo campo de batalha, esperando que alguém me desse um sinal de que tudo estava bem e que eu poderia ir atrás dos meninos. Mas talvez eles já estivessem longe demais. Meia hora depois, quando a batalha acabou, me juntei com a equipe que ficou com a parte norte da floresta. Novamente, o Norte.

A cadeia de montanhas já estava quase no fim. Cerca de três a cinco quilômetros a frente e chegaríamos ao outro lado. Uma das garotas parecia meio nervosa. Aproveitei que ela estava sozinha e puxei um diálogo. Segundo ela, as outras garotas haviam falado algo sobre uma traidora no grupo, que desonrara o pacto com Ártemis. Talvez eu só estivesse desesperada por uma pista para encontrar Isa, talvez minha intuição estivesse certa, ou talvez estivesse nos levando a um beco sem saída. Mas, de qualquer forma, eu precisava tentar.

Tentei saber um pouco mais sobre ela. Tinha cabelos castanhos, olhos esverdeados e um ar de menina de 12 anos, com toda sua inocência. Respondeu minhas perguntas com frases rápidas e curtas, que deixavam a desejar, mostrando o nervosismo e medo na voz. Seu nome era Livie, e embora fosse nova na Caçada, teria 16 anos se não tivesse aceitado ser “imortal”. Era filha de Hebe, uma das deusas menores.

– Por que você entrou na Caçada?

– Eu estava sozinha em uma estrada, perto de uma cidade no interior do Oregon, quando Thalia me encontrou e me convidou a participar.

– Você conheceu a Isa, Livie?

Ela gaguejou algumas vezes, e desviou o olhar ao responder, com a voz tão baixa que mal ouvi.

– Algumas vezes...

– Quando foi a última?

– A... A ú-última? Acho... Acho que foi quando ela entrou na barraca para dormir...

– Você não viu nada de suspeito na noite de ontem? Qualquer coisa?

– Eu... Eu... Eu não sei...

– Livie, por favor – Disse, séria, mas compreensiva. – Preciso achar minha amiga. Precisamos dela. E ela precisa de nós. – Os olhos verdes folha de Livie me fitaram, apreensivos. – Sabe de algo?

Ela abaixou o tom de voz, reduzindo-a a um sussurro:

– No meio da floresta. Circulando todas as tendas. Um vulto.

– Um vulto?

– Sim. Era alto, esguio e muito rápido. Enquanto fazia a última ronda antes de dormir, ele parou perto de mim, atrás de uma árvore. Mas quando me viu, saiu correndo novamente e se misturou as sombras da floresta.

– O que mais? – Perguntei, baixinho. Olhei ao redor para ver se as Caçadoras estavam cientes de nossa conversa, mas aparentemente, não. Estranhamente, os mesmos rastros de batalha que havíamos deixado para trás, apareceram novamente, mas sem os ossos, carcaças e poeira de monstros. Apenas armas, armaduras, arranhões e coisas assim.

– Segui o vulto, do melhor jeito que pude, mas o perdi tanto que achei que estava tendo alucinações por causa do sono. Mas quando a garota sumiu, soube que isso tinha algo a ver, mas tive medo de contar.

– Entendo. Se parecia com alguém que você conhecia?

– Não. Usava roupas escuras. E nós só usamos claras, ou de camuflagem.
Bom. Definitivamente não havia nenhuma traidora no meio da Caçada de Ártemis. Ao menos não aqui.

– Precisamos achar os meninos. Eles devem ter alguma pista. Vi um lobo que parecia os ter seguido. – Disse em voz alta.

– Eles já devem estar longe. – Retrucou uma garota, com desdém.

– E se não formos agora, ficarão ainda mais.
Usamos um dos poucos lobos que resistiram a “tentação” dos legionários zumbis para encontrar o outro que estavam com Samu e Luigi.

– Spike! – Gritou Larissa, ao ver o seu lobo novamente. Abraçou o cão e segurou sua coleira.

Os garotos haviam encontrado o colar de raio de Isa, o que serviu para colocar os dois lobos para farejarem. Seguimos floresta adentro. A neve densa dificultava um pouco os passos, embora os lobos não tivessem tanto problema por estarem acostumados.

Tive a leve impressão de que estávamos andando em círculos. Pedi uma flecha emprestada para Luigi e usei a ponta de ferro para fazer um “X” na árvore mais próxima.
Minutos de caminhada depois, passamos pela mesma árvore.

– Pessoal. – Todos se viraram para mim – Temos um problema.


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Notas finais do capítulo

Comentem, favoritem, divulguem e aguardem o próximo.



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