No Capitulo anterior:

Estavam prontos para voltar a caminhar porém um barulho atraiu a atenção de todos, metros a frente um animal comia calmamente algumas frutas que haviam no chão, Ana logo se levantou e ia caminhar até o bicho, porém Daniel segurou seu braço fazendo a menina parar bruscamente e um som baixo escapou de seus lábios, esse som foi o suficiente para atrair a atenção do animal, quando o mesmo se virou para o grupo possuía várias deformações em seu corpo o que espantou todos de imediato, com o grito abafado que Charlotte soltou o bicho se assustou e se afastou ainda mais do grupo, sumindo em meio a floresta.

Trocaram olhares entre si, porém ninguém tinha coragem de quebrar o silencio, todos estavam assustados demais, a única certeza agora era que a terra ainda escondia deles muitos detalhes que poderiam ser decisivos para sua estadia.

– Se vocês não quiserem ver as surpresas noturnas desse lugar sugiro que continuem a andar.

Com apenas um olhar Nicholas reuniu novamente o grupo e voltou a caminhar decidido em direção a outra montanha sendo seguido por todos.

~ Capitulo- 4 -> Atravessando o rio ~

O grupo já caminhava há horas em busca da montanha chamada de Mount Wheather. Depois do ocorrido com o animal horas antes o grupo aderiu uma nova formação, na frente Daniel e Nicholas lideravam o grupo, poucos passos atrás Lucy, Ana, Charlotte e Brida caminhavam lado a lado, a retaguarda ficará para Math e Kyle. Os dois conversavam sobre a arca quando sentiram o choque de seus corpos contra outros dois. Kyle envolveu a cintura de Charlotte e os olhares dos dois ficaram cravados por um tempo indeterminado, assim como Brida e Math porém a menina logo se afastou e puxou a amiga consigo, mais a frente Daniel fazia um sinal para que todos se aproximassem, a expressão das meninas logo se igualou a dos outros, um grande rio passava a metros de seus pés.

– Eu não tinha visto esse rio no mapa. – Daniel se manifestou enquanto vasculhava novamente o mapa em busca de alguma falha no trajeto.

– Estamos na direção certa, esse rio não deve ter sido mapeado. – Nicholas declarou sua opinião enquanto se esticava para ver a distancia entre uma margem e outra.

– Até por que rios aparecem da noite para o dia não é? – Brida comentou sarcástica.

– Não acho que ele colocou dessa forma Brida. – Lucy a reprendeu sutilmente enquanto se virava novamente para Nicholas recebendo um sorriso do mesmo.

– Aparecendo da noite para o dia ou não, precisamos atravessa-lo para chegar a base. – Math se adiantou praticamente lendo os pensamentos de Daniel que apenas concordou com a cabeça.

– Mais isso pode ser perigoso, a gente não sabe a profundidade desse rio. – Charlotte declarou deixando claro o medo em seu tom de voz doce.

– Com medo princesa? Eu protejo você. – Kyle soltou o comentário malicioso e recebeu um olhar cortante de Charlotte e tapa leve sobre o peito de Brida.

– Por que não paramos logo com isso e atravessamos logo, já vai anoitecer. – disse Ana que se dirigia mais para a margem do rio seguida por todos.

Logo um a um adentrou a água que batia na cintura de quase todos, caminhavam com dificuldade por conta da inexperiência, Math era o ultimo, porém o único que percebeu uma movimentação na água a poucos metros do grupo.

– Saiam da água, agora. Saiam da água. – gritou enquanto voltava o mais rápido para a margem do rio, esticou a mão puxando Lucy e logo depois Brida para a borda, as duas agora gritavam com a mesma vontade para que todos abandonassem o rio, Daniel saiu junto com Ana, o resto do grupo que ainda estava na água se agitava enquanto tentava voltar a margem de origem quando o grito de Charlotte ecoou pelo espaço e a menina submergiu, aparecendo novamente metros a frente enquanto se debatia tentando soltar-se de algo, Nicholas e Kyle que ainda estavam na água tentavam puxar a menina para perto de si, Lucy então identificou o que arrastava a amiga e em um movimento rápido arremessou um rocha na água e atraiu a atenção da cobra gigante o bastante para os meninos saírem da água arrastando uma Charlotte sangrando e semiconsciente para a margem, logo se amontoaram em volta a menina, Brida colocou a cabeça da jovem sobre as suas pernas e olhava para Lucy assustada, essa por sua vez encarava o ferimento da amiga e só pensava em maneira de estancar o sangramento, se esticou então até a barra da camisa de Kyle que estava debruçado perto de Charlotte a encarando com uma preocupação genuína, rasgou um pedaço considerável da blusa do garoto e amarrou com força na perna direita da garota que soltou um grito alto de dor.

– Ela não vai conseguir andar muito bem e logo vai escurecer, é melhor encontrarmos um lugar para passar a noite e continuamos amanhã. – falou enquanto se levantava mais as mãos de Charlotte a puxaram para baixo.

– Obrigada Lucy. – a voz doce de Charlotte saiu mais como um sussurro e a mesma respirou fundo enquanto tentava se levantar, quando menos esperou dois braços fortes rodearam seu corpo e a ergueram para perto do peito, Kyle agora carregava a menina rumo a uma pequena clareira aonde os outros resolveram que acampariam. – Obrigado Kyle, por me tirar de lá.

– Eu disse que protegeria você princesa. – disse colocando-a entre a copa de uma grossa árvore e lhe lançando um sorriso sincero. – Agora descanse, você é pesada e não quero ter que ficar carregando-a para todos os lados.

O grupo agora estava sentado novamente em roda enquanto Charlotte descansava tranquilamente na copa da árvore.

– Ela ficará bem não é? – a voz de Brida despertou os outros fazendo com que todos olhassem em direção a menina loira que dormia tranquilamente.

– É claro que ela vai Bri, ela é forte. – Ana respondeu prontamente arrancando um sorriso da menina loira.

Logo alguns do grupo já se entregavam ao cansaço de um dia estressante, Ana e Brida se juntaram a Charlotte perto da árvore e cochilavam com as cabeças apoiadas uma no ombro da outra, Kyle, Math e Daniel dormiam metros afastados enquanto Lucy encarava pela primeira vez o céu noturno.

– É lindo não é? – a voz de Nicholas a despertou parcialmente de seus pensamentos.

– Desde muito pequena eu imaginava o céu por outros ângulos, vivemos tanto tempo lá em cima que olhar tudo agora por aqui é algo surreal não acha? – a sua voz saia diferente perto dele, não sabia explicar seu corpo reagia sozinho.

– Eu acho que entendo você. Eu nem te dei os parabéns por hoje cedo, pensou muito bem com o lance da pedra.

– Não podia deixa-la morrer não é mesmo? – seus olhos se encararam por vários minutos até que ela mesma desviasse.

– Você acha mesmo que ela vai ficar bem? – o tom de voz de Nicholas carregava uma duvida explicita.

– Como a Ana disse a loirinha ali é durona. – sorriu tentando lhe passar algum tipo de conforto. – Acho melhor a gente descansar, vamos precisar de forças para amanhã.

– Tudo bem, boa noite Lucy.

– Boa Noite Nicholas.

Após algum tempo depois de Nicholas se recostar na copa de uma árvore a Lucy também se entregou ao cansaço deitada sobre as estrelas imaginando como as coisas estariam em “casa”. Momentos depois um pesadelo despertou Ana que ofegante se afastou do grupo e caminhou até alguns passos até se deparar com um campo em neon, nunca se havia se deparado com algo tão bonito, estava a poucos centímetros de encostar em uma das flores quando passos a atraíram, em um movimento rápido acabou virando-se e batendo com tudo contra o peito de Daniel.

– Bonito, não? – assentiu bastante surpresa com a proximidade do rapaz. – Não conseguiu dormir?

– Eu bem que tentei, mais toda vez que fecho os olhos imagino um animal aparecendo e matando todos nós. - sua risada sem humor ecoou por alguns segundos, mas logo um silencio constrangedor se estabeleceu pelo local.

– Posso ficar ao seu lado se preferir, precisamos descansar e talvez assim você se sinta segura.

– Podemos tentar. – seu sorriso deixava claro o quanto a ideia a agradava, até mais do que queria admitir.

Juntos caminharam em direção ao grupo novamente, só que dessa vez Daniel encostou-se em um tronco tombado e Ana se apoiou em seu peito, conseguia ouvir os batimentos do menino levemente descompensados, porém o cansaço e o som da respiração agora tranquila de Daniel a envolveram fazendo com que mergulha-se em sua inconsciência absoluta.

O dia já amanhecia quando Brida abriu os olhos, levou alguns segundos até que se adaptasse a claridade, quando se sentou deparou-se a uma cena no mínimo inusitada, Charlotte dormia com a cabeça repousada em seu ombro e respirava tranquilamente deixando claro que demoraria mais algum tempo para acordar, metros a frente Lucy estava deitada no chão e também desfrutava de seu descanso, Nicholas estava dormindo a metros da mesma e fazia alguns sons esquisitos com a boca, mas o que mais chamou-lhe a atenção foi o fato de Daniel e Ana estarem dormindo abraçados e tranquilos perto de um tronco caído, Kyle resmungava algumas coisas enquanto se mexia porém Math já estava acordado e lhe encarava sorrindo, sibilou um “Vem comigo” para não acordar os outros. Brida se desvencilhou cuidadosamente de Charlotte fazendo com que a mesma voltasse a apoiar a cabeça sobre o tronco da árvore e se levantou seguido Math até o leito do rio.

– Tem certeza que vai fazer isso? – tentou não parecer tão apavorada com a situação.

– Calma gatinha, eu vou apenas pegar um pouco de água, deveria beber também. – falando isso abaixou-se e colocou as mãos em formato de concha, mergulhando-as logo depois na água, logo depois um pequeno volume de água se alojou entre as palmas de suas mãos e o mesmo bebeu o liquido com vontade, Brida resolveu imitá-lo só agora perceberá a cede que sentia, abaixou-se perto do garoto e imitou seus movimentos, por um descuido se desequilibrou caindo sentada a margem do rio, um silencio se instaurou até que o ar fosse rompido com o som das gargalhadas emitidas por ambos ecoaram pelo local, Math se aproximou perigosamente deixando seu corpo a centímetros da moça.

– Está tudo bem ai? – sua voz ainda tinha o som de brincadeira, mais percebeu a tensão que tomou conta do corpo da jovem que apenas se limitou a assentir sem quebrar o contato visual com o garoto, os rostos foram se aproximando porém a voz de Lucy chamando por eles os despertou fazendo com que se afastassem bruscamente, Brida levantou-se ofegante e cambaleou para longe do rapaz, ofegou por algum tempo, até que se abaixou, pegou uma casca de árvore e encheu de água.

– Vou levar para a Charlie. – dito isso se afastou como se nada tivesse acontecido. Math estava pronto para segui-la quando algo na mata o chamou atenção, podia jurar ter visto alguns vultos em meio as árvores, logo afastou os pensamentos alegante um leve momento de insanidade após o quase beijo e rumou pelo mesmo caminho de Brida.

A muitos metros de distancia do casal vários terrestres observavam a cena com curiosidade, aqueles forasteiros não deveriam chegar assim em suas terras, permaneceram imóveis quando o garoto virou em sua direção e quando observou o garoto caminhar para a clareira junto a garota sumiu do mesmo jeito que apareceu, deixando para trás nada além de um vazio.