Era uma tarde de primavera, o sol estava radiante. O céu, sem nuvens, estava lindo. É sempre agradável passar as tardes de domingo nesta praça. O chão de grama bem verdinha, com algumas árvores de médio porte espalhadas pela praça, bancos simples e confortáveis de cor branca se encontram em várias partes. Gosto de sentar em um dos bancos em que posso ficar de frente para uma linda e pequena fonte sem peixes. Nessa época do ano a praça fica mais linda, com cores fortes e várias flores espalhadas pelo local. A brisa estava suave. Esse lugar me trazia ótimas sensações. É tão bom ficar aqui e meditar, pensar na vida ou simplesmente olhar a fonte sem nenhum pensamento. É bom para relaxar, principalmente depois de uma longa semana de provas.

Depois de um tempo pensando, resolvi andar um pouco. Sei lá, andar pela cidade, talvez ir na casa de uma amiga. Já sei, vou ligar para Carol. Pego meu celular do bolso e vejo minha imagem refletida na tela, percebi que meu cabelo castanho e ondulado foi totalmente bagunçado pela brisa aparentemente suave. Tentei ajeitar passando os dedos, mas não melhorou muito, desisti. Desbloqueio a tela do celular e disco o número de minha amiga e espero que ela atenda. Já se passaram cinco toques e nada. Até que ela atende:

–Alô? - Ela fala do outro lado da linha.

–Kaka, tá em casa?- Digo esperançosa.

–Sim. Por quê? - Ela diz e percebo que seu tom de voz muda para um tom mais animado.

–Poderíamos sair! - Eu disse sorridente.

–Para onde? Que tal se fôssemos ao shopping? - Ela deu a ideia.

–Ótimo! Estou indo em direção a sua casa.

–OK! Vou me arrumar! - Ela disse desligando.

Amo ir ao shopping! É divertido. Gosto de provar roupas, sapatos, bolsas... É um universo diferente, onde eu posso ser quem eu quiser, basta escolher um acessório. Mas pena que é apenas por alguns instantes, não posso comprar tudo o que provo se não estaria falida.

Fui caminhando sem pressa até a casa da Carol. 1°) Ela demora muito para se arrumar, nisso nós combinamos; 2°) Não estava com a mínima pressa. O clima estava agradável. Era confortável caminhar por aquelas ruas. Não era muito longe, mas meus passos lentos aumentavam o caminho.

Ao chegar lá, bati na porta ao de costume e abri. Entrei e me deparei com a mãe da Carol.

–Oi tia! - Falei de forma doce. Conheço Carol e a sua família desde pequena, por isso tenho essa intimidade.

–Oi flor! A Kaka está lá em cima se arrumando. - Ela disse sorrindo.

–OK! Vou lá! - Disse subindo as escadas.

Ao subir me deparo com um corredor com cinco portas. E entro em uma delas onde encontro uma garota loira, de olhos azuis, corpo ideal colocando os sapatos. E percebo um quarto roxo com uma das paredes com um papel de parede com flores pretas e o fundo branco.

–Carol, não coloque saltos, porque estou disposta a passar o resto do dia "caminhando" pelo shopping. - Digo fazendo aspas com os dedos.

–Ah é mesmo! Me esqueci desse detalhe. Me passa as sapatilhas que estão no canto da parede.

–Aham! - Eu disse indo até as sapatilhas e depois as entrego a ela.

–Prontinho! - Ela exclama.

–Então vamos. - Disse somente.

Enquanto descemos as escadas encontro um garoto alto, branco bronzeado, cabelos castanhos e olhos azuis, o irmão da Kaka, Alex. Ele é irritante, implica comigo desde criança. Odeio-o. Ele passa por mim e bagunça meu cabelo:

–Oi baixinha! - Ele diz rindo.

Dou uma tapa na mão dele:

–Baixinha nada, sou maior que a sua mãe! - Digo um pouco baixo para que a tia Lucy não ouça. Ela não gosta de ser chamada de baixa.

–Quem não é? - Ele diz rindo.

–Ah! Vou dizer para a tia. - Digo me preparando para gritar.

Ele tapa a minha boca.

–Ah vai não! - Ele diz.

Mordo seus dedos e saio correndo para fora da casa rindo.

–Aih! - Ele grita e tenta me alcançar, mas eu já estava longe.

–Hahahahaha...! - Não consigo parar de rir.

Até que aparece um garoto uns dois centímetros maior que eu, cabelos pretos e olhos negros, ele não é muito musculoso, mas é lindo e é bem branquinho. É o Carlos. Tento me recompor e aceno pra ele com um sorriso amarelo no rosto. Ele retribuiu e virou a esquina. De repente, alguém me agarra por traz e me tira do chão. Alex!

–Me solta Alex! - Eu gritei tentando me soltar.

–A KATE AMA O CARLOS! A KATE AMA O CARLOS! - Ele começou a gritar me levando até a esquina.

Se a gente virasse a esquina o Carlos ia ver a terrível e constrangedora cena. Aaah Preciso de uma salvadora. E aí ela veio. A Carla chega por traz de Alex e puxa sua orelha com muita força, fazendo com que ele me solte e comece a gritar.

–Ah me solta maluca! - Ele dizia.

Voltei a rir enquanto observava a briga entre irmãos.

–Não tenho culpa se você é um idiota. - Carol dizia irritada.

–Idiota só se for você. - Alex dizia revidando.

–Ah nem vem. Você que fica por ai brincando com os sentimentos das garotas e expondo os da minha amiga. - Ela disse com os braços cruzados.

–Hey! Ele não estava expondo meus sentimentos, estava inventando eles. - Eu disse me defendendo. Gosto de Carlos, mas não gosto de admitir. Sinto-me vulnerável.

–Haha nem vem Kate. Eu vi você toda animadinha olhando para ele. E foi cômico. Haha! - Alex disse rindo.

–Ta com ciúmes? - Disse de forma irônica. Não aguento esse garoto.

–Quer que eu sinta?- Ele disse me olhando com um sorriso divertido nos lábios.

Pus as mãos na cintura, levantei uma das sobrancelhas e disse:

–Sério isso? - Eu disse virando as costas e andando em direção ao shopping totalmente irritada.

–Hey! Me espera!- Carol gritou enquanto corria.

Ah! Que dia, ou um pedaço do dia. O dia não acabou. Vamos ao shopping! Compras!