Meu Inimigo Meu Amor escrita por bahevanspotter


Capítulo 9
Capítulo 9 - Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o outro capítulo como prometido. Espero que gostem...



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Jacob POV


Estava em uma sala escura, eu quase não enxergava nada a não ser por alguns pontos de luz distribuídos — inclusive um acima de mim. Vi algumas pessoas surgirem nos focos de luz que reconheci como minha irmã, Renesmee, Connor e outro garoto que eu não reconhecia.
    — O que está acontecendo aqui? — Eu perguntei.
    — Nada... Aqui nunca acontece nada. — disse Renesmee — Mas estamos querendo mudar isso e temos um empecilho pra nossa felicidade.
    Não estava entendendo nada, e resolvi tentar mais uma vez.
    — O que está acontecendo, Jenn? Onde estamos?
    Jenny riu e me respondeu.
    — Jake, Jake... Perguntas tão tolas diante da sua situação.
    Quando ela terminou de falar senti tudo girar. Não conseguia ver muita coisa e percebi que os focos de luz em cima deles havia se tornado um só. Vi Connor abraçar minha irmã e logo em seguia o garoto que eu não sabia que era abraçar a Nessie.
    — O que está acontecendo?? Que empecilho é esse?
    Todos ele riram alto e todos — em especial Renesmee — me olharam com desprezo antes de responderem juntos.
    — Você!
    E o foco de luz sobre mim se apagou. Eu não enxergava nada, não sentia nada, e não conseguia falar, apenas ouvia.
    — Você é o empecilho pra nossa felicidade Black, você me envolve nesse joguinho e me faz ter duvidas sem fundamento, me tira da minha realidade, me separa do meu amor. — Renesmee disse e deu um beijo no garoto.
    — Você é o empecilho pra nossa felicidade Jacob, você me faz desperdiçar meu tempo com você, e ainda é um inútil. — disse Jennifer com ódio.
    — Você é o empecilho pra nossa felicidade Black — disseram Connor e o garoto juntos. — Você nos tira nossas garotas e as machuca.
    Todos se entreolharam.
    — E por isso esse é o seu fim! — disseram juntos.
   
    — Nããããão!!!
    Vi Jenny entrar afobada em meu quarto.
    — Jacob? O que houve?
    Percebi que havia sido tudo um pesadelo. Mas parecia tão real...
    — Jacob?
    Respirei fundo e respondi a Jenny.
    — Me desculpe Jenn, foi apenas um pesadelo. Maus...
    Ela revirou um pouco os olhos e se sentou ao meu lado me fazendo deitar em seu colo.
    — Calma, Jake. É só um pesadelo! Não é real! — ela disse. Me senti como uma criança, mas ainda assim fez-me sentir melhor. — Quer contar o pesadelo?
    Pensei e achei melhor dividir isso do que guardar, e então contei tudo o que eu lembrava sobre o sonho. Jenny fazia caras e bocas enquanto eu contava e no final soltou sua sentença.
    — Sabe que isso nunca aconteceria! Eu estarei sempre aqui pra você, e saiba que eu nunca deixaria o Connor ou qualquer um interferir assim na minha vida. E quanto a Renesmee é normal que você se sinta inseguro. Ambos estão em conflito com sigo mesmos e ainda não tem nada definido. — ela fez uma pausa e disse mais baixo, quase que pra si mesma. — Fora o fato de que eu tenho uma amiga e um irmão tão cabeças-duras e que não dão o braço a torcer que tenho pena do meu afilhado.
    Ri diante da situação e comentei.
    — Afilhado é?
    Jenny riu também e fez cara de como se estivesse explicando algo para um criança de 2 anos de idade.
    — Sim, o primeiro filho de vocês será meu afilhado é claro!
    Revirei os olhos e ri um pouquinho. Abracei minha irmã, agradecendo por ter-la por aqui.
    — Obrigada Jenn. Por tudo que tem feito por mim.
    Ela sorriu malandra — um sorriso típico dos Black.
    — Que isso mano! Mas pode deixar que depois eu cobro, ok?
    Riu e saiu andando, enquanto eu voltava a dormir, e dessa vez sem sonhar.


Renesmee POV

Tive uma noite conturbada. Dormia, acordava, e sempre acabava pensando ou sonhando com aquele beijo. Eu não podia negar que havia gostado — e muito — do beijo, mas era tudo tão confuso. Por que ele havia me beijado? Era a pergunta que mais rondava meus pensamentos. Por que eu havia permitido, correspondido e gostado? Também estava bem freqüente. Presa entre sonhos sem coerência e perguntas sem respostas passei minha noite.
    Ouço meu despertador tocar e dou um tapa nele ainda sonolenta.
    —  Filha! Hora da escola!
    Ouço minha mãe gritar ao longe mas ignoro, até que sinto alguém puxando minhas cobertas.
    — Renesmee! O que houve filha? Já está atrasada! Aprece-se.
    Sou obrigada a levantar e encarar a vida. CREDO! QUE EMO! Me troco e pego meu carro pra ir à escola. Chego na Forks High School e vejo que realmente estou atrasada pois no estacionamento há apenas alguns poucos alunos. Me dirijo com pressa a minha aula, até lembrar que a aula era... Inglês! E isso significava passar 50 exaustivos minutos sentada ao lado dele, numa aula chata. É a treva mesmo!
    Pensando em minhas responsabilidades fui até a sala. Respirei bem fundo e bati na porta. O professor veio abrir e todos na sala pararam para me ver, e eu corava furiosamente.
    — Desculpe-me o atraso professor. Posso entrar?
    Ele fez cara feia mas assentiu. Fui andando devagar até meu lugar e me sentei silenciosamente enquanto o professor voltava a dar a aula. Tento não pensar em onde estou e me desligo da aula até que vejo um bilhete sendo passado para mim.
Oi...
    Estava escrito. Corei novamente e olhei para o lado, já sabendo de quem era e vi ele tamborilando os dedos na mesa.   
Oi.
    Escrevi de volta e passei o bilhete sem olhá-lo. Segundos depois recebi a resposta.
Como você está?
    Ele parecia querer puxar assunto, e eu não sabia reagir. Achei melhor tentar parecer natural e não pensar no que aconteceu ontem.
Bem, e você como está?
    Devolvi  o bilhete, ansiosa e antes que pudesse pensar direito recebi a resposta.
Quer a sinceridade ou não?
    Merda! RENESMEE, TODA AÇÃO TEM SUA REAÇÃO! AGORA AGUENTE! Sim, era verdade. Eu tinha que encarar as coisas de frente agora.
Sinceridade.
    Devolvi o bilhete.
Não estou muito bem. Passei uma noite complicada — tive um pesadelo — e estou confuso. Agora seja sincera comigo...
    Corei. Olhei pra ele e vi que ele estava olhando pra mim, ele sustentou meu olhar mas eu abaixei meus olhos pro papel e comecei a escrever. De canto de olho vi ele sorrir a balançar a cabeça, fazendo seus cabelos, mesmo que curtos, bagunçarem.
Também tive uma noite complicada. Dormia e acordava mas sempre acabava presa nos mesmos pensamentos. Em resumo, dormi pouco e divaguei muito, apesar de ainda estar muito confusa.
    Enquanto ele lia minha resposta ousei olhar pra ele,e alguns flashes dos acontecimentos de ontem me vieram. Afastei esses pensamentos e me concentrei nele novamente. Vi que ele parecia surpreso com minha resposta, e para ser sincera eu também estava... Ele levantou seu rosto e indicou a mesa me fazendo ver que o bilhete já tinha resposta.
Posso saber que pensamentos são esses? ‘-’
(Por aqui é tudo tão fácil não é? Mas sabe que cedo ou tarde terá de falar comigo XD)
    Nem preciso dizer que corei, não é? NÃO! Resolvi ignorar a vergonha e respondi na cara de pau mesmo, porque como dizem “Ta no inferno, abraça o capeta!”
Não preciso te dizer, afinal você já sabe. Mas só pra te confirmar, fiquei pensando no dia de ontem, e em tudo que aconteceu.
(Sim, eu sei que terei que te encarar frente a frente, mas estou tentando adiar ao máximo esse momento XD)
    Estava cada vez mais me surpreendendo comigo mesma, e se olhasse de fora diria que eu estou louca, afinal eu estou trocando bilhetes com meu inimigo, sendo que eu beijei ele ontem e estou sendo mais cara de pau impossível. De tanta ironia se tornava cômica a situação.
    Vi ele rir de meu bilhete e respondê-lo o devolvendo pra mim.
Quem é você e o que fez com aquela patricinha mal-educada? Brincadeira! Brincadeira! Não estressa ruiva! Agora sério, só pra você saber também pensei muito nos acontecimentos de ontem.
(Se é assim, não vou responder seu próximo bilhete a não ser que olhe pra mim e me peça! Você está tímida demais... Anda, não aconteceu nada do que você deva se envergonhar)
    Corei mais uma vez — isso já estava se tornando habitual. Olhei pra folha como se não entendesse o que estava escrito. Abaixei meu rosto fazendo com que tudo que ele visse fosse meu cabelo e encostei a testa na mesa, tentando relaxar. Impossível, porque 5 segundos depois sinto alguém passar a mão em meus cabelos e dizer baixinho em meu ouvido.
    — Vamos Nessie... Sabe que pode confiar em mim. E como eu disse, não há nada do que se envergonhar, não precisa ficar tímida ou acanhada, pelo menos não comigo.
    Realmente não sabia mais o que pensar. Durante toda a minha vida Jacob havia sido meu inimigo, mas de uns tempos pra cá ficou tudo tão mais complicado. Eu me vi armando pra ele, e agora deixo ele me beijar e isso traz duvidas para minha cabeça... Toda essa confusão em minha mente não estava me fazendo bem, e de repente tudo que vi foi o escuro.

Jacob POV

Cheguei na escola, e já havia “esquecido” meu pesadelo. O dia estava normal, mais normal do que eu esperava e assim como o de costume em uma segunda-feira fui para minha primeira aula, inglês. Sentei-me e vi o lugar ao meu lado vazio me fazendo lembrar quem sentava ali. Algum tempo depois ela chegou e se sentou sem nem olhar pra mim. Fico pensando no que fazer. Sei que Renesmee não vai fazer nada e de preferência iria me ignorar mas eu não agüentaria isso então decidi tomar uma atitude e escrevi um bilhete pra ela.
Oi...
    Passei o bilhete e esperei a resposta enquanto batia os dedos na mesa, um sinal de impaciência mas também displicência.
Oi.
    Ela não parecia afim de papo mas tinha que tentar.
 Como você está?
    Escrevi novamente e passei o bilhete. Vi ela refletir sobre isso e me responder.
Bem, e você como está?
    Era mentira. Eu disse que ia acontecer, essa é a primeira defesa dela: fingir que não aconteceu nada. Para tentar resolver isso sem pressioná-la tanto  respondi deixando nas mãos dela se tocaríamos no assunto ou não.
Quer a sinceridade ou não?
    Esse bilhete não demorou a ter resposta e logo recebi a folha.
Sinceridade.
    Ótimo, pelo menos ela parecia aberta a falar sobre isso, o que já era um grande passo pra Renesmee. Escrevi minha resposta sendo absolutamente sincero e pedindo pra ela ser sincera comigo, e passei o bilhete e enquanto ela lia eu fitava-a.
Não estou muito bem. Passei uma noite complicada — tive um pesadelo — e estou confuso. Agora seja sincera comigo...
    Ela corou e olhou pra mim fixamente, eu não desviei o olhar e ela logo abaixou seu rosto pra folha escrevendo sua resposta, envergonhada. Ri um pouquinho e balancei a cabeça... Esse não era o comportamento padrão da Renesmee. Ficar corada por uma frase minha!? Ela releu o que havia escrito e me passou a folha.
Também tive uma noite complicada. Dormia e acordava mas sempre acabava presa nos mesmos pensamentos. Em resumo, dormi pouco e divaguei muito, apesar de ainda estar muito confusa.
    Fiquei surpreso novamente, ela parecia estar sendo verdadeira e estar colaborando, e não era o que eu esperava da Renesmee — apesar de eu preferir essa aqui. Vi de rabo de olho ela me olhar e logo percebi que apesar de ela estar receptiva, estava temerosa e também tímida comigo, e para resolver isso a provoquei um pouquinho em minha resposta. Passei o bilhete pra ela mas ela não notou — pois estava olhando pra mim — então tive que chamar a atenção dela. Olhei pra ela e indique o bilhete com a cabeça fazendo despertar e pegar o bilhete.
Posso saber que pensamentos são esses? ‘-’
(Por aqui é tudo tão fácil não é? Mas sabe que cedo ou tarde terá de falar comigo XD)
    Ela corou novamente mas vi ela sorrir levemente para o papel e alguns minutos depois eis que surge a resposta.
Não preciso te dizer, afinal você já sabe. Mas só pra te confirmar, fiquei pensando no dia de ontem, e em tudo que aconteceu.
(Sim, eu sei que terei que te encarar frente a frente, mas estou tentando adiar ao máximo esse momento .-.)
    Ri da resposta. Essa definitivamente não era a Renesmee que eu conhecia. Resolvi forçar um pouquinho mais, mas tentando manter o bom humor.
Quem é você e o que fez com aquela patricinha mal-educada? Brincadeira! Brincadeira! Não estressa ruiva! Agora sério, só pra você saber também pensei muito nos acontecimentos de ontem.
(Se é assim, não vou responder seu próximo bilhete a não ser que olhe pra mim e me peça! Você está tímida demais... Anda, não aconteceu nada do que você deva se envergonhar)
    Ela não respondeu e abaixou a cabeça encostando-a na mesa. Vi que eu não teria reação da parte dela, então eu tinha que continuar tentando, por isso me aproximei lentamente dela, passei a mão em seus cabelos e disse em seu ouvido.
    — Vamos Nessie... Sabe que pode confiar em mim. E como eu disse, não há nada do que se envergonhar, não precisa ficar tímida e acanhada, pelo menos não comigo.
    Ela não me respondeu e senti seu corpo amolecer e se eu não estivesse por perto para segura-la com certeza teria caído. Me desesperei, não queria que nada acontecesse com ela e tomei uma providência. Peguei ela no colo e me dirigi a porta depressa, e apenas gritei ao professor.
    — Ela desmaiou! Vou levá-la a enfermaria. — e me dirigi a enfermaria com ela no colo.
    Cheguei lá e coloquei ela na primeira maca que vi, e logo a enfermeira apareceu com um pano úmido com algo de cheiro forte e colocou perto do rosto de Renesmee fazendo-a acordar. Assim que abriu os olhos levou um susto ao constatar onde estava e com quem.
    — O que houve? — ela perguntou se dirigindo a enfermeira.
    — Você desmaiou em sala e o Jacob te trouxe pra cá. — a enfermeira sorriu — Agora preciso que preencha essa ficha e já está liberada, sim? Mas querida, faz alguma idéia do que causou seu desmaio?
    Eu sabia o que havia causado. Sorri torto e olhei pra ela a desafiando, que simultaneamente corou.
    — Não, senhora. — ela disse baixo fazendo a enfermeira arquear a sobrancelha e sorrir.
    — Bem, sendo assim acho que tudo bem. Mas preste atenção, não fique sem comer por muito tempo e evite emoções fortes. — a enfermeira olhou discretamente pra mim e Renesmee sorriu irônica.
    — Claro,claro. — ela respondeu pra enfermeira e depois sussurrou pra si mesma, esperando que ninguém ouvisse. — Como se fosse possível com ele por perto.
    Sorri abertamente e a enfermeira se virou e piscou pra mim, antes de falar com Nessie.
    — Então Renesmee, acha que já está bem pra voltar pra aula?
    Vi ela fazer uma expressão pensativa e sabia que estava concluindo que se voltássemos pra aula a situação voltaria, então respondeu fazendo cara de doente.
    — Sinceramente, não estou muito bem, não senhora.
    E um leve sorriso surgiu no rosto da enfermeira antes de se dirigir novamente a Renesmee.
    — Bom, então está bem querida, vou te dar uma dispensa para ir para casa, e... Jacob, acho melhor acompanhá-la para o caso de acontecer algo, então lhe darei uma dispensa também. Você se importa de acompanhá-la?
    Sorri abertamente JESUS JACOB, VOCÊ SÓ SABE SORRIR? ¬¬, e respondi.
    — Mas é claro que não.
    — Então ótimo, vou preparar as dispensas.
    E a enfermeira saiu deixando eu e Renesmee sozinhos. Um silêncio desagradável pairou e eu não sabia o que dizer para concertar isso. Felizmente a enfermeira voltou e nos entregou as dispensas de aula e seguimos para o estacionamento. Renesmee parecia ainda não saber exatamente como agir, e logo o silêncio pairou novamente. O carro dela e minha moto estavam — coincidentemente — parados um ao lado do outro e vi que ela seguia na direção do banco do motorista e eu protestei.
    — O que acha que está fazendo?
    Ela me olhou confusa, e um tanto quanto abalada, parecia não esperar que eu falasse com ela.
    — Ãn... Indo entrar no meu carro para ir pra casa?
Há ha.
     — Não mesmo! Você acaba de desmaiar e acha que eu vou deixar você voltar pra casa dirigindo, mas nem por um decreto.
    — E qual sua brilhante solução então? — ela perguntou perdendo um pouco da vergonha.
    Ela não vai gostar da resposta. OU NÃO...
    — Que tal... Vamos os dois no seu carro mas eu dirijo, e depois eu volto com a Jenny pra buscar a minha moto?
    Ela me olhou incrédula, e colocou as mãos na cintura.
    — Não venha bancar o preocupado pra cima de mim, ok? Eu sou capaz de dirigir até a minha casa tranquilamente. — ela disse.
    Parecia a antiga Renesmee, mas qualquer um que olhasse em seus olhos via que não eram aquelas palavras que ela queria dizer, e muito menos que era raiva que sentia no momento. Olhei incrédulo pra ela. Ela achava que eu só estava “bancando o preocupado”?? Ela não aprende não!?
    — Renesmee... — eu disse de forma suave — Eu não estou bancando o preocupado, eu ESTOU preocupado com você. Se você desmaiar no meio do caminho eu saberei que foi minha culpa, afinal eu deveria te levar e além disso não quero que nada aconteça com você.
    Era a mais pura verdade — apesar de eu ter ocultado o fato de que se ela desmaiasse de novo a culpa seria minha de qualquer jeito afinal ela estaria pensando em mim — mas ela não estava convencida e estava determinada a ir dirigindo sozinha. Riu de forma irritante COM QUEM SERÁ QUE ELA APRENDEU, NÃO É? e olhou para mim me desafiando.
    — Quero ver quem vai me impedir... — e saiu andando em direção à seu carro.
    Me apressei e antes dela entrar no carro eu fechei a porta e peguei as chaves de sua mão, deixando-a sem escolha.
    — Você escolhe Cullen — eu disse de forma a irritá-la — ou vai de carro e eu dirijo, ou vai a pé prestes a cair um temporal.
    Ela ponderou durante alguns minutos e olhou pra mim irritada.
    — Vamos então! — e saiu pisando firme em direção ao banco do passageiro.
    Ela se sentou emburrada no carro e eu estava tranqüilo, pelo menos ela havia parado de me ignorar. O caminho até a casa dela era curto, mas havia uma batida na estrada então pegamos um pouco de transito fazendo ela ficar mais irritada. Não havíamos trocado uma palavra durante o caminho e o silencio novamente me perturbava. Tínhamos que acabar com isso.
    — Renesmee?
    — Que é ex-infortúnio da minha vida? — ela respondeu com voz sonolenta.
    Sorri com o ex e ela corou ao perceber o que havia dito. Pigarreou e disse.
    — Quer dizer, fale Black.
    Revirei os olhos. Ela não aprende!
    — Vai mesmo voltar a essa formalidade, “Cullen”? Mesmo depois de tudo que tem acontecido?
    Ela me olhou em um misto de nervosismo e choque, e eu sabia o porque. Ela não achava que eu iria tocar nesse assunto tão diretamente, e muito menos usar isso para convencê-la. Vi seus olhos lacrimejarem um pouco mas ela ainda era uma garota forte e segurou as lágrimas e segundos depois se fez de desentendida.
    — Não tem acontecido nada que eu saiba Black, a não ser que você tenha alguma novidade.
    Essas palavras realmente me magoaram e comecei a me irritar e o meu comportamento antigo começava a me dominar, e eu lutava com isso afinal, eu queria que ela gostasse de mim e confiasse que não sou aquele babaca de antes.
    — Ótimo Renesmee, se a criança prefere fingir que não faz a mínima idéia do que eu estou falando, tudo bem. — parei por um instante e olhei em seus olhos e vi que estava assustada, enquanto nos meus olhos algumas lágrimas começavam a surgir — Mas espero que saiba o quanto essas palavras doem, porque pra mim não foi um simples beijo, e sim a prova de que eu mudei e sim, de que... — respirei fundo, não sabia se estava pronto pra admitir isso. Eu não admitia nem pra mim, que dirá pra ela, mas sabia que se eu não dissesse seria pior, então engoli meu orgulho e disse — De que eu sinto algo por você.
    Quando terminei a frase chegamos em sua casa. Vi que ela estava abalada com o que eu disse, e no fundo sei que peguei pesado demais, mas se eu não dissesse, se eu não forçasse eu não teria nada. Algumas lágrimas ainda caiam dos meus olhos e eu não conseguia entender a proporção de tudo. Mas bem em meu intimo eu sabia que a verdade era tão óbvia que era por isso que doía. Porque mesmo eu tendo dito que apenas sentia algo por ela, em meu intimo eu sabia a verdade, eu gostava muito dela, e a verdade dói.
    Com o mínimo de dignidade que me restava eu sai do carro e sequei minhas lágrimas.
    — Está entregue.
    Eu disse baixo e sem olhar pra ela, mas mesmo sem ver eu sabia o que encontraria se subisse minha vista. Culpa, arrependimento, duvidas...
    — Jacob eu... — não sabia o que viria depois, mas seja o que for não seria verdade e ainda que fosse eu provoquei isso, então a interrompi.
    — Não, não  diga nada. Eu não deveria ter feito isso, te colocado contra a parede desse jeito. Bom, tudo que eu disse ainda vale, e eu repito a minha frase: “Acho que agora é sua vez de crescer.” e espero que se você refletir sobre ela e sobre tudo o que está acontecendo, consiga ver que não é só uma brincadeira, e que no fundo você também se sente assim.
    — Jacob...
    — Não Nessie. Não estou te cobrando anda, estou apenas te fazendo pensar sobre isso, mas pense sobre o seguinte: eu demorei tempos pra admitir pra mim mesmo que “sentia algo por você” mas no fundo sempre soube, e era por isso afinal que doía e dói tanto suas palavras, então apenas reflita.
    Me aproximei hesitante dela, e ela não esboçou reação. Lhe dei um beijo casto e me afastei lentamente.
    — Até quando você possa me entender Nessie.
    — Até... — ela disse triste.
    Pensei em chamar um taxi para voltar para casa ou para escola mas achei besteira então fui andando a pé e logo uma chuva começou; minhas lágrimas se misturavam as gotas...

Renesmee POV

Vi uma luz branca e senti um cheiro forte e de súbito acordei. Não sabia onde estava, olhei em volta para me localizar, e vi Jacob e a enfermeira ao meu lado.
    — O que houve? — eu perguntei a enfermeira ignorando o ser ao meu lado.
    — Você desmaiou em sala e o Jacob te trouxe pra cá. — a enfermeira me respondeu e sorriu —Agora preciso que preencha essa ficha e já está liberada, sim? Mas querida, faz alguma idéia do que causou seu desmaio?
    Pensei por um momento. É claro que sabia... Vi que Jacob me olhava com um sorriso torto, me desafiando a contar a verdade, mas a vergonha foi maior e menti.
    — Não, senhora. — eu disse baixo e acho que a enfermeira percebeu que eu estava mentindo, mas não disse nada sobre isso.
    — Bem, sendo assim acho que tudo bem. Mas preste atenção, não fique sem comer por muito tempo e evite emoções fortes. — há ha! Emoções fortes? Não, imagina! Claro que eu vou conseguir ficar sem elas...! AHAM! Sorri sarcástica com meu pensamento e voltei minha atenção ao presente respondendo a enfermeira.
    — Claro, claro. — eu disse sarcástica e completei com a verdade mas em um sussurro. — Como se fosse possível com ele por perto.
    Revirei os olhos diante da óbvia constatação feita por mim e ouvi a enfermeira me chamando.
    — Então Renesmee, acha que já está bem pra voltar pra aula?
    Divaguei por um momento. Sabia que se voltasse teria que enfrentá-lo e dessa vez não teria escapatória então mais uma vez menti.
    — Sinceramente, não estou muito bem, não senhora.
    A enfermeira assentiu e me respondeu.
    — Bom, então está bem querida, vou te dar uma dispensa para ir para casa, e... Jacob, acho melhor acompanhá-la para o caso de acontecer algo, então lhe darei uma dispensa também. Você se importa de acompanhá-la?
    O QUEEE??? Credo, pelo amor de Deus é complô contra mim ou o que? Eu minto pra sair de uma enrascada e a enfermeira me coloca em outra. É foda mesmo!
    Vi Jacob sorrir — no maior estilo “eu tenho 32 dentes”— e responde-la.
    — Mas é claro que não.
     — Então ótimo, vou preparar as dispensas. — e a enfermeira saiu nos deixando sozinhos.
    Fiquei um pouco envergonhada, afinal era a primeira vez que ficávamos realmente sozinhos depois dos acontecimentos de ontem. O silêncio dominava a situação, até que a enfermeira trouxe nossas dispensas e fomos para o estacionamento. Me dirigi ao meu carro até que ouvi Jacob falar comigo, infelizmente.
    — O que acha que está fazendo?
    Me chateei um pouco. Não imaginei que ele teria vindo falar comigo depois do incidente de agora pouco, e corei. Respondi meio confusa a pergunta dele.
    — Ãn... Indo entrar no meu carro para ir pra casa?
    Eu respondi a única coisa lógica, porque afinal era isso mesmo que estava fazendo. Ele pareceu indignado e me respondeu.
    — Não mesmo! Você acaba de desmaiar e acha que eu vou deixar você voltar pra casa dirigindo, mas nem por um decreto.
    Ta, como se eu fosse mesmo acreditar nessa ceninha. Respondi a verdade, mandando pra China minha vergonha.
    — E qual sua brilhante solução então?
    Ele demorou alguns segundos, mas logo respondeu.
    — Que tal... Vamos os dois no seu carro mas eu dirijo, e depois eu volto com a Jenny pra buscar a minha moto?
    Ele tentava me fazer acreditar que estava mesmo preocupado comigo, mas é claro que não acredite. Olhei-o incrédula e disse.
    — Não venha bancar o preocupado pra cima de mim, ok? Eu sou capaz de dirigir até a minha casa tranquilamente.
    No fundo, eu queria acreditar nas palavras dele, mas parecia bom demais para ser a verdade. Ele pareceu chateado com o que eu disse e me respondeu.
    — Renesmee... Eu não estou bancando o preocupado, eu ESTOU preocupado com você. Se você desmaiar no meio do caminho eu saberei que foi minha culpa, afinal eu deveria te levar e além disso não quero que nada aconteça com você.
    Haha, querido, seria sua culpa de qualquer jeito. Resolvi arriscar a sorte e o provoquei. Ri irônica e respondi.
    — Quero ver quem vai me impedir...
    Mas antes que eu pudesse raciocinar e fazer algo ele já tinha me impedido de abrir a porta do carro, tinha pegado a minha chave e sorriu irritantemente pra mim também.
    — Você escolhe Cullen: Ou vai de carro e eu dirijo, ou vai a pé prestes a cair um temporal.
    Filho da mãe! Eu não tinha escolha a não ser ir de carro, estava mesmo para começar um temporal. E além de tudo o caminho era curto. Meio a contra-gosto respondi.
    — Vamos então! — e fui em direção ao banco do passageiro.
    O caminho era realmente curto, mas havia tido um acidente na estrada e por isso estava demorando um pouco mais. Estávamos em um silêncio mortal e eu acabei encostando minha testa na janela fria e adormecendo por alguns instantes, até que Jacob me chama.
    — Renesmee?
    — Que é ex-infortúnio da minha vida? — Ainda meio sonolenta respondi, mas logo me toquei do que falei e corrigi. — Quer dizer, fale Black.
    — Vai mesmo voltar a essa formalidade, “Cullen”? Mesmo depois de tudo que tem acontecido? — Ele me perguntou e eu percebi que deixaria minhas barreiras caírem se continuássemos assim, e eu não podia deixar isso acontecer, certo...?
    — Não tem acontecido nada que eu saiba Black, a não ser que você tenha alguma novidade.
     Sabia que havia sido dura. Mas eu tinha que ser assim, não era certo e não era verdadeiro, além do que eu não ganharia nada, seria apenas mais uma na lista do Black. Olhei pra ele e vi que ele tinha ficado magoado com minhas palavras.
    — Ótimo Renesmee, se a criança prefere fingir que não faz a mínima idéia do que eu estou falando, tudo bem. — fiquei um pouco assustada com o tom de voz meio agressivo e meio chateado que ele usava e sabia que ele estava certo. Ele olhou pra mim e eu vi que ele chorava. — Mas espero que saiba o quanto essas palavras doem, porque pra mim não foi um simples beijo, e sim a prova de que eu mudei e sim, de que... — Ele ficou em silêncio, parecia em conflito. Eu sabia mais ou menos o que ele iria dizer mas estava apreensiva. — De que eu sinto algo por você.
    Era mentira! Ele estava só me usando como deve ter feito com muitas outras em Los Angeles. Não vou me deixar abater por isso. Ainda assim, uma centelha de dúvida ficou em minha cabeça e pior, em meu coração.
    Chegamos em minha casa. Ele ainda chorava e quando desceu do carro pude ver isso.
    — Está entregue. — ele disse sem olhar pra mim.
    Estava confusa. Não sabia se tudo aquilo era verdade, e ao mesmo tempo que temia que fosse, queria que fosse. Sabia que o tinha magoado e queria consertar as coisas de algum jeito.
    — Jacob eu...
    Eu tentei me desculpar, mas ele me interrompeu.
    — Não, não  diga nada. Eu não deveria ter feito isso, te colocado contra a parede desse jeito. Bom, tudo que eu disse ainda vale, e eu repito a minha frase: “Acho que agora é sua vez de crescer.” e espero que se você refletir sobre ela e sobre tudo o que está acontecendo, consiga ver que não é só uma brincadeira, e que no fundo você também se sente assim.
    Eu me culpava cada vez mais por tudo isso, mas não queria dizer falsas verdades, e para amenizar a minha culpa e a dor dele tentei me desculpar outra vez.
    — Jacob... — mais uma vez ele não me deixa terminar, e me interrompe.
    — Não Nessie. Não estou te cobrando anda, estou apenas te fazendo pensar sobre isso, mas pense sobre o seguinte: eu demorei tempos pra admitir pra mim mesmo que “sentia algo por você” mas no fundo sempre soube, e era por isso afinal que doía e dói tanto suas palavras, então apenas reflita.
    Eu não respondi nada e ele lentamente se aproximou de mim. Encostou seus lábios nos meus, apenas roçando e se afastou.
    — Até quando você possa me entender Nessie.
    — Até... — eu respondi melancólica.
    Não queria ficar mal com ele, mas não queria sentir nada. Aquela duvida, aquela insegurança estavam me matando, mas eu não podia fazer nada. Tinha de estar em paz comigo mesma para ai sim estar em paz com todos.
    Entrei em casa e fui direto ao meu quarto. Me deitei e tentei dormir, mas a todo momento meus pensamentos estavam conturbados demais para isso até que desmaie de sono.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviwes please. Preciso saber se estão gostando...
Bjinhos :*
Alie Brandon