Meu Inimigo Meu Amor escrita por bahevanspotter


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

nha, desculpa gente =x eu tenho estado muito ocupada, acabei parando de escrever. mas juro que aos poucos vou tentar atualizar aqui. e ouçam as músicas do cap: Na Sua Estante - Pitty e Se - Djavan



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/61260/chapter/10

Renesmee POV

            Acordei assustada novamente; acordei de um pesadelo:

           

            Eu estava em um aeroporto e via Jacob embarcando em um avião. Eu gritei seu nome e ele não me respondeu. Corri até ele e ele parecia me ignorar. Segurei seu rosto em minhas mãos e ele estava inexpressivo.

            — Jacob! Olhe para mim! Por que está indo embora?

            — Tem certeza que não sabe Renesmee? — a mágoa em sua voz era evidente.

            — Jacob... Fique. Por favor.

            Ele não esboçou reação alguma mas passou a me olhar.

            — Então diga a verdade pra mim. Diga o que sente. Me dê um motivo pra ficar Renesmee. Eu ainda estou aqui, mas não posso ficar aqui pra sempre.

            Ele me pediu e uma lágrima escorreu de meus olhos. Eu o estava perdendo. Eu sabia do que ele falava, mas não conseguia dizer nada, e ele tomou meu silêncio como uma rejeição.

            — Tudo bem, eu entendo. Só saiba de uma coisa: Eu estive aqui pra você, “eu estava aqui o tempo só você não viu...” Agora, só não me peça pra voltar. Sua chance e seu tempo passaram.  

            E ele embarcou no avião sozinho, me deixando com lágrimas no olhos.

Quando percebi, estava com algumas lágrimas nos olhos na realidade. Ignorando o sonho olhei para meu criado-mudo. 12:24am. Não dava pra ficar sem dormir por isso virei para o lado e tentei adormecer, mas antes que pudesse realmente dormir ouço um barulho na minha janela. Vou até lá, abro a janela e vejo três garotos em meu jardim. Um deles - o do centro - se adiantou um pouco e olhou pra mim.

            — Eu tinha que fazer isso, Renesmee. Espero que entenda minha mensagem.

            Vi um dos garotos puxar um violão, e o outro uma guitarra. Um primeiro acorde soou, e logo outro e a música começou. A princípio não a reconheci, mas quando a letra começou, entendi.

Te vejo errando e isso não é pecado,

Exceto quando faz outra pessoa sangrar

Te vejo sonhando e isso dá medo

Perdido num mundo que não dá pra entrar

Você está saindo da minha vida

E parece que vai demorar

Se não souber voltar ao menos mande notícias

Cê acha que eu sou louca

Mas tudo vai se encaixar

            A dor em seus olhos era visível. Eu sabia que aquelas palavras não era apenas uma música, era minha, a dele, a nossa realidade, e isso mexia comigo. Ele respirou fundo, tomando coragem pra cantar e continuou.

Tô aproveitando cada segundo

Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

            Ele cantou o refrão e cada palavra ali era verdadeira e me tocavam, principalmente considerando meu sonho. Eu sabia que essa era minha chance, e que só faltava a minha decisão. Muitos pensamentos passavam em minha mente e ele continuava a cantar.

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem

Dessa vez eu já vesti minha armadura

E mesmo que nada funcione

Eu estarei de pé, de queixo erguido

Depois você me vê vermelha e acha graça

Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo

Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres e outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver

Só por hoje não vou tomar minha dose de você

Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se

curam

E essa abstinência uma hora vai passar...

            A música acabou e eu me vi em um dilema. Antes que pudesse me dar conta Jacob havia subido até minha janela e estava apoiado no para-peito. Vi que ele estava puxando alguma coisa, que depois reconheci como um violão. Ele sorriu de leve pra mim, fazendo meu coração disparar e  indicou meu quarto.

            — Posso entrar?

            Eu deliberei. Sabia o que sentia, mas tinha medo. Medo de me entregar e depois me decepcionar, medo de amar, medo de ser amada, medo de deixar ele ultrapassar as barreiras que eu crie entre nós, e sabia que se deixasse ele entrar aqui, não haveria volta. Algumas lágrimas teimavam em cair e ele continuava a olhar pra mim esperando a resposta. Resolvi pela primeira vez deixar rolar, em vez de parar. Sai da janela e sentei em minha cama, fazendo sinal que sim. Ele colocou o violão pra dentro, e depois pulou a janela. Caminhou lentamente até mim e se sentou ao meu lado. Eu não tinha coragem de encará-lo, e estava olhando pra baixo, até que senti seus dedos em meu rosto. Olhei pra cima e vi em seu olhar ternura, compreensão, e uma confiança em si mesmo que eu almejava ter.

            — Como você está? — ele me perguntou e eu ri com escárnio.

            — Como acha que eu estou?

            Ele não esboçou reação, não ficou magoado, nem nada, apenas continuou seu carinho em mim.

            — Eu gostaria de tocar mais uma música, posso?

            — Sim.

Você disse que não sabe se não

Mas também não tem certeza que sim

Quer saber?

Quando é assim

Deixa vir do coração

Você sabe que eu só penso em você

Você diz que vive pensando em mim

Pode ser

Se é assim

Você tem que largar a mão do não

Soltar essa louca, arder de paixão

Não há como doer pra decidir

Só dizer sim ou não

Mas você adora um se...

            A música dizia tudo. Era como se tivesse sido feita para nós. Eu estava realmente com medo, e muito, mas uma hora ou outra na vida temos de arriscar. Ele continuou tocando a música e minha decisão ia se formando.

Eu levo a sério, mas você disfarça

Você me diz à beça e eu nessa de horror

E me remete ao frio que vem lá do sul

Insiste em zero a zero e eu quero um a um

Sei lá o que te dá que não quer meu calor

São Jorge por favor me empresta o dragão

Mais fácil aprender japonês em braile

Do que você decidir se dá ou não

            Ele tocou o último acorde. Eu segurava o choro o quanto podia, tentava controlar minhas emoções, mas se havia algo que tinha aprendido, é que no coração não mandamos. Eu sabia o que meu coração queria, mas minha razão ainda dizia não veementemente!

            Jacob colocou o violão de lado e olhou pra. Viu minhas lágrimas, viu meu estado, viu que estava sendo difícil. Antes que eu pudesse protestar ele me puxou para seu colo, me fazendo encostar a cabeça em seu peito e me fazia carinho, tranqüilizando-me.

             — Eu sei que é confuso Nessie, mas não tenha medo de se apaixonar... — ele sussurrou em meu ouvido se aproximando cada vez mais. — Não agora que nós dois já fizemos isso.

            Eu fiquei em choque. Travei minha musculatura, prendi a respiração, parei de piscar. Ouvir a verdade nua e crua mais uma vez podia fazer tanto muito bem, quanto muito mal. Eu não esperava isso dele, não esperava que fosse levar tudo tão a sério, e definitivamente me surpreendia a cada momento. Me levantei e ele seguiu o movimento como se estivesse ligado a mim. Estava ficando cada vez mais difícil resistir aos meus desejos, e Jacob cada vez mais me dava provas de que eu podia me entregar a esse sentimento e a ele em si.

            Olhei em seus olhos mais uma vez e vi como antes, apenas amor, carinho, compreensão e coisas assim, e isso fez algo liberar em mim. Me aproximei dele deixando clara minha intenção, e ele me afastou levemente.

            — Nessie, dessa vez quem não vai agüentar jogos sou eu. — ele respirou fundo e desviou o olhar, voltando logo em seguida. — Eu estou apaixonado por você, e sei que você também está apaixonada por mim. — corei e fiz menção a abaixar meu rosto mas ele me impediu. — Então, por favor, uma vez, não brinque comigo, e nem com você, apenas sinta. Não pense se é certo, não pense se é o melhor, não se preocupe, apenas sinta isso.

            Ele pegou minha mão e levou ao seu coração, me mostrando o que ele sentia, e eu vi o duplo sentido da frase. Ele queria me mostrar o que ele sentia, e queria que eu sentisse em vez de pensar. Sua outra mão estava em meus cabelos me tranqüilizando.

            — Por favor, só sinta.

            E me beijou. Apenas deixou seus lábios contra os meus, esperando uma reação minha. Minha mente me dizia para parar aquilo e racionalizar, mas sabia que me arrependeria e resolvi seguir meu coração. Correspondi o beijo movendo meus lábios nos dele. Passei minha língua levemente em seus lábios e ele aprofundou o beijo me levando ao céu e ao inferno com o mínimo toque. Enlacei seu pescoço e ele colocou uma das mãos em meu rosto e a outra em minha cintura.

             O beijo ficava cada vez mais forte, e eu já estava suspensa por ele contra a parede, e se não parássemos iríamos fazer alguma besteira. O ar começou a ficar escasso e lentamente paramos o beijo — mas sem afastar nossos corpos um milímetro. As duvidas de antes começaram a rondar minha mente, mas bastou me concentrar nele que elas logo saíram da minha cabeça, pois eu sabia, e principalmente sentia que estava no lugar certo, agora.

            Abracei-o, apoiando meu rosto na curvatura de seu pescoço e fechei meus olhos, enquanto sentia suas mãos em minhas costas me aconchegando. Ele me puxou para a cama, e um déjà vu me levou de volta ao nosso beijo em seu quarto, mas diferentemente daquela cena, desta vez me deixei levar e deitei na cama trazendo ele comigo. Parecíamos um casal de namorados que se amava muito, mas nem amigos direito éramos, e de novo a insegurança apareceu, fazendo eu me retrair levemente e ele olhar pra mim.                               

            — O que foi agora? — ele me perguntou, mas não parecia com raiva, apenas um pouquinho casado do drama. Resolvi mentir.

            — Nada, Jacob. — disse, e dei um selinho nele.

            — Aham! Nessie, já te disse que você não sabe mentir?

            Franzi o cenho.

            — Não.

            — Pois estou dizendo agora. Você não sabe mentir, ainda mais pra mim. Então me diga o que se passa nessa sua cabecinha.

            Sorri discreta, deliberando. Resolvi confiar e contar meus medos, porque só assim poderia superá-los.

            — É que... Bem, nós estamos aqui, tudo muito lindo, mas... Nem amigos somos direito, e eu fiquei meio... Insegura.

            A reação dele me surpreendeu: Primeiro ele me olhou como se não entendesse, depois riu alegre e olhou para mim, sorrindo, e colocou as mãos em meu rosto.

            — Nessie, Nessie, preciso mesmo pedir formalmente? Não foi suficiente toda essa serenata, a declaração, e nossos beijos? — ele disse ainda sorrindo, feliz.

            Ruborizei diante da afirmação. Era mesmo ridículo eu esperar um pedido oficial ou algo do tipo, mas eu realmente não sabia como estávamos. Diante do meu silêncio ele prossegui.

            — Bom, pelo visto não, então... Nessie, minha querida, quer namorar comigo?

            Eu ainda estava muito constrangida e sorri de leve. Eu queria namorar, eu sabia que gostava dele sim, então deixando de lado meus medos, inseguranças, e tudo mais, fiz que sim com a cabeça, para tira-lo da expectativa e depois comecei a falar o que estava preso em mim.

            — Jacob... Há muito tempo eu te considerava meu inimigo, armava pra você, e achava que você seria a última pessoa pela qual eu me apaixonaria. Nós começamos a nos provocar e eu reagia de uma forma reativamente estranha, e quando mencionei isso à sua irmã, ela me perguntou: “Será que você não está apaixonada por ele?”, e eu reagi da pior maneira possível, quase matei sua irmã por isso, e ela mesmo não sabendo naquela época, estava certa. Alguma coisa em mim começava a mudar. Mas de tanto eu temer que aquela frase dela se tornasse realidade, eu acabei procurando isso pra mim, incitando isso em você. As provocações continuaram, e o sentimento — que era ainda desconhecido para mim — crescia sem eu nem perceber, até que chegou um ponto em que você viu que as coisas tinham mudado, e aceitou plenamente, mas eu continuei uma criança mimada. E só agora eu percebo o quanto eu sofri, reprimindo isso, o quanto eu te magoei, mas acho que se não fosse por tudo isso, eu não teria tanta certeza do que sinto. Porque ao longo desses anos, nós construímos uma relação. Era uma relação de brigas... Era. Mas era também ao que me fazia prestar atenção em você, que me fez ver você crescer, e mudar, que me fazia dedicar atenção a você, mesmo que no início com intenções que Jesus não aprova. Então agora eu olho, e vejo o que passamos e claro, tenho vergonha de algumas coisas que fiz, de alguns micos que paguei, mas não me arrependo de nada. Pois só assim eu abri meus olhos, e vi que quem eu precisava estava bem perto de mim.

            Terminei meu discurso e me senti aliviada, mas também fraca. Fraca por ter deixado escapar tudo que escondi esses anos, e principalmente com os acontecimentos recentes, fraca por estar exposta e entregue a alguém e não reagir, eu me sentia amuada, tola, mas não queria mudar essa situação, e ai me sentia mais tola. Uma lágrima teimou em cair e mesmo eu me recompondo em seguida, não passou despercebida por ele, que se aproximou hesitante.

            — Cofie em mim. Por favor. Uma relação não se baseia só em carinho, precisa de confiança, respeito... E nesse momento eu preciso que você se entregue um pouco, e que confie em mim.

            Eu queria dizer que confiava, que estava entregue, mas não era verdade. Eu ainda travava uma batalha interior entre a razão e o coração, o certo e o que eu queria.

            — Eu sou muito dramática, não? Você devia gostar de alguém melhor.

            — Não há ninguém nesse mundo melhor que você. Pelo menos não pra mim.

            Fiquei melhor com a frase e resolvi tentar confiar nele, e pra isso teria que me abrir, e me acostumar a me doar um pouco.

            — Jake, eu vou tentar, está bem? Pra mim é... Complicado me entregar, e você deve ter percebido isso, mas eu vou tentar, eu prometo.

            Sorri de leve, ainda constrangida. Ele me abraçou por trás e disse ao pé do ouvido.

             — Tudo bem, minha linda. Mas agora, eu quero outra coisa sua...

            Arrepios subiam pela minha coluna, eriçando todos os meus pelos. Me virei para Jacob e enlacei seu pescoço, me içando para beijá-lo. Como estava sempre sendo conosco, era um beijo forte, cheio de paixão e luxúria. Ele sugou meu lábio inferior dando uma mordidinha me fazendo ficar mais arrepiada, e eu em resposta arranhei sua nuca, fazendo-o se arrepiar também. Ele seguiu com uma trilha de beijos pelo meu pescoço, hora sugando, hora mordendo, até chegar ao meu ouvido, onde mordeu o lóbulo e assoprou de leve, me fazendo jogar minha cabeça para trás de prazer, como que pedindo mais.

            — Você gosta, não é, Nessie? — ele disse malicioso, mas logo após se afastou um pouquinho. — Mas acho melhor pararmos por aqui... — completou me olhando.

            Voltou a beijar meus lábios, dessa vez com mais calma, atenção, e carinho. Senti suas mãos em meu rosto, acariciando-o e eu relaxei completamente, soltando meu peso e fazendo nós dois cairmos na cama. Continuamos nos beijando até tarde da noite, e a última coisa de que me lembro, é de Jacob me aconchegando em seu colo e sussurrar.

            — Boa noite, minha Nessie. Sonhe comigo! — quase pude ouvir o sorriso que eu sabia que havia se formado em seu rosto, e após uma pausa, disse ainda mais baixo. — Eu te amo.

Jacob POV

            Era de madrugada, mas estava sem sono. Estava com minha decisão tomada: Eu daria um ultimato em Renesmee.

            Chamei meus amigos, peguei meu violão e segui para a casa dela. Cheguei lá pouco depois da meia-noite, e enquanto eles se preparavam, eu tentava chamar a atenção dela — no maior estilo Romeu e Julieta. Eles já estavam prontos, e ela apareceu na janela.

            — Eu tinha que fazer isso, Renesmee. Espero que entenda minha mensagem. — eu disse, e começamos a tocar.

            Eu havia escolhido a música “Na Sua Estante” da Pitty, porque ela definia bem nossa situação. Os acordes da introdução acabaram e eu comecei a cantar.

Te vejo errando e isso não é pecado,

Exceto quando faz outra pessoa sangrar

Te vejo sonhando e isso dá medo

Perdido num mundo que não dá pra entrar

Você está saindo da minha vida

E parece que vai demorar

Se não souber voltar ao menos mande notícias

Cê acha que eu sou louca

Mas tudo vai se encaixar

            Eu cantava cada frase com sentimento. A música mostrava exatamente como eu me sentia, e apesar de machucar, eu precisava que ela entendesse e aceitasse. Continuei cantando cada verso profundamente. Meu olhar não se desviava dela, e eu nem ousaria tal coisa nesse momento. O refrão começava e eu respirei fundo, e cantei-o mostrando a ela o que queria.

Tô aproveitando cada segundo

Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

            A música continuava e eu não sabia quanto tempo mais iria conseguir. Enquanto ainda tinha coragem continuei a cantar. Eu precisava ter a certeza de que fiz tudo o que podia.

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem

Dessa vez eu já vesti minha armadura

E mesmo que nada funcione

Eu estarei de pé, de queixo erguido

Depois você me vê vermelha e acha graça

Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo

Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres e outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver

Só por hoje não vou tomar minha dose de você

Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se

curam

E essa abstinência uma hora vai passar...

            Cantei o último verso, e quando os últimos acordes pairavam no ar, eu aproveitei e coloquei em pratica uma idéia que havia acabado de ter. Aproveitando meu momento Romeu/Príncipe da Rapunzel, dei um jeito de chegar a janela dela, peguei meu violão, e olhei para Renesmee, que devolveu meu olhar, assustada. Sorri galanteador para ela e indiquei seu quarto.

            — Posso entrar?

            Perguntei mas ela não me respondeu a princípio. Já estava ficando complicado me segurar pendurado na janela, quando ela assentiu e se afastou, sentando na cama. Vi que ela chorava, e isso me desarmou e desesperou, mas me mantive firme e fui até ela. Deixei meu violão apoiado na parede e me sentei ao seu lado, trazendo-a mais para perto de mim. Coloquei minhas mãos em seu rosto, em uma tentativa de confortá-la, e ela finalmente me olhou.

            — Como você está? — eu perguntei, e ela riu levemente sarcástica.

            — Como acha que eu estou? — ela me respondeu de má vontade.

            Eu entendia essa reação dela. Ela queria se proteger. E era exatamente nessa barreira que ela cria pra se proteger que mora meu problema. Eu sabia que tinha que ser sutil, então resolvi tocar logo a outra música. Peguei o violão e perguntei.

            — Eu gostaria de tocar mais uma música, posso?

            — Sim.

            Dessa vez eu tocaria “Se” do Djavan. Era a música perfeita! Ainda mais perfeita que “Na Sua Estante”, pra esse momento. Comecei a tocar a música, lentamente até começar...

Você disse que não sabe se não

Mas também não tem certeza que sim

Quer saber?

Quando é assim

Deixa vir do coração

Você sabe que eu só penso em você

Você diz que vive pensando em mim

Pode ser

Se é assim

Você tem que largar a mão do não

Soltar essa louca, arder de paixão

Não há como doer pra decidir

Só dizer sim ou não

Mas você adora um “se”...

            Estávamos mesmo na situação que a música descrevia, e por ela ser uma baladinha romântica, completava o momento.

            Vi que Renesmee parecia — finalmente — entender o que eu dizia e sentia, e isso me fez tocar e cantar com mais vontade.

Eu levo a sério, mas você disfarça

Você me diz à beça e eu nessa de horror

E me remete ao frio que vem lá do sul

Insiste em zero a zero e eu quero um a um

Sei lá o que te dá que não quer meu calor

São Jorge por favor me empresta o dragão

Mais fácil aprender japonês em braile

Do que você decidir se dá ou não

            Repeti a música, assim como no original, e quando, mais uma vez, os últimos acordes preenchiam o lugar vi que ela estava emocionada. As lágrimas ainda estavam lá, e por impulso, larguei o violão e puxei ela para o meu colo. Eu a acalentava e tentava mostrar que ela podia confiar em mim e contar comigo.

            Não estava mais me controlando: Ela tão perto de mim, mas ao mesmo tempo tão longe do que eu gostaria... Eu via a compreensão nela, e eu sabia que cedo ou tarde ela veria como se sentia, mas não sabia se podia esperar mais, então disse o que eu sentia:

             — Eu sei que é confuso Nessie, mas não tenha medo de se apaixonar... — eu sussurrei, me aproximando — Não agora, que nós dois já fizemos isso.

            A reação dela não foi das melhores. Ela ficou tensa, rígida e se afastou de mim, me repeliu. Se levantou e eu segui seu movimento, com medo de perde-la. Ela nada disse, e a espera era angustiante. Renesmee buscou meu olhar e pareceu se acalmar com o que viu em mim, pareceu acreditar em tudo o que eu dizia, e diante disso se aproximou hesitante, mas demonstrando seu intuito. Eu a afastei alguns centímetros e disse sério para ela.

            — Nessie, dessa vez quem não vai agüentar jogos sou eu. — eu sabia que tinha que continuar a ser completamente sincero, então respirei fundo e continuei. — Eu estou apaixonado por você, e sei que você também está apaixonada por mim. — vi ela corar diante da afirmação e fazer menção de abaixar a cabeça mas eu a impedi e mantive seu olhar preso ao meu. — Então, por favor, uma vez, não brinque comigo, e nem com você, apenas sinta. Não pense se é certo, não pense se é o melhor, não se preocupe, apenas sinta isso.

            Puxei sua mão até meu coração, mostrando o quanto estava acelerado. Eu havia colocado um duplo-sentido oculto naquela frase, eu queria mostrar a ela como eu estava, como me sentia, e queria que ela se sentisse assim também, e acho que ela entendeu. Levei uma de minhas mãos aos seus cabelos, fazendo carinho nela.

            — Por favor, só sinta. — E a beijei. Apenas deixei meus lábios sobre os dela, esperando por uma reação. Nessie continuava temerosa, hesitante, e racionalizava demais, mas, para minha felicidade, ela relaxou e acatou meu pedido: só sentir.

            Aprofundamos o beijo e ele era o puro reflexo de como nós nos sentíamos. Estávamos em chamas. Coloquei uma mão em sua cintura, possessivamente, e a outra levei ao seu rosto, onde a puxava mais para mim, mas também a acariciava. Tentando trazê-la para mais e mais perto de mim, quase nos fundindo, eu a suspendi e a prensei contra a parede. Meu desejo agora tomava conta de mim e as atitudes racionais foram deixadas para trás - pelo menos de minha parte. Porém aos poucos o ar se acabou e tivemos que parar para respirar. Eu vi a confusão em seus olhos, mas assim que seu olhar se cruzou verdadeiramente com o meu seu corpo relaxou e ela se apoiou em mim.

            Buscando uma posição mais confortável a puxei para a cama, e dessa vez ela veio, confiando em mim. Nos deitamos e eu me deixava levar por meus impulsos; eu estava feliz ali. De repente senti ela se encolher e se afastar de mim, e eu mais uma vez sabia o porque. Renesmee era uma garota confusa e não compreendia o que sentia, mas aceitando. Desde o começo eu tinha certeza de que se eu a queria teria de ter paciência e calma, mas esse “chove e não molha” estava começando a me dar nos nervos. Mesmo assim, controlei o máximo que pude a minha voz e olhei para ela.

            — O que foi agora?

            — Nada, Jacob. — ela me disse, mas eu sabia que era a mais pura mentira. Sua voz havia saído mais aguda que o normal, e ela não manteve contato visual - quebrou o contato me beijando, tentando mostrar que estava tudo bem.

            — Aham! Nessie, já te disse que você não sabe mentir?

            Ela enrugou a testa e eu sorri torto.

            — Não. 

            — Pois estou dizendo agora. Você não sabe mentir, ainda mais pra mim. Então me diga o que se passa nessa sua cabecinha.

            Ela pareceu pensar se deveria me contar ou não, e mais uma vez a angustia me tomava. Por fim ela mordeu o lábio e começou a falar.

            — É que... Bem, nós estamos aqui, tudo muito lindo, mas... Nem amigos somos direito, e eu fiquei meio... Insegura.

            Eu ouvi errado, ou é impressão? Meu Deus, e o prêmio de insegurança do ano vai para Renesmee Carlie Cullen! Não é possível que ela não tenha entendido, ou entendeu e está se fazendo de boba. Eu ri das possibilidades e do absurdo que era aquela frase dela. “Nem amigos”... Ai ai... Nessie me olhava estranhamente e eu peguei sua face em minhas mãos mantendo seu olhar no meu.

            — Nessie, Nessie, preciso mesmo pedir formalmente? Não foi suficiente toda essa serenata, a declaração, e nossos beijos? — eu perguntei divertido.

            Vi ela corar e não pude evitar um sorrisinho nascer. Ela não me respondia e eu sabia que isso queria dizer que não, não era suficiente, ela precisava deixar tudo preto no branco, tudo claro. Sorri de leve, e prossegui.

            — Bom, pelo visto não, então... Nessie, minha querida, quer namorar comigo?

            Vi ela corar mais e sorrir, para depois acenar positivamente e respirar fundo, começando a falar.

            — Jacob... Há muito tempo eu te considerava meu inimigo, armava pra você, e achava que você seria a última pessoa pela qual eu me apaixonaria. Nós começamos a nos provocar e eu reagia de uma forma reativamente estranha, e quando mencionei isso à sua irmã, ela me perguntou: “Será que você não está apaixonada por ele?”, e eu reagi da pior maneira possível, quase matei sua irmã por isso, e ela mesmo não sabendo naquela época, estava certa. Alguma coisa em mim começava a mudar. Mas de tanto eu temer que aquela frase dela se tornasse realidade, eu acabei procurando isso pra mim, incitando isso em você. As provocações continuaram, e o sentimento — que era ainda desconhecido — crescia sem eu nem perceber, até que chegou um ponto em que você viu que as coisas tinham mudado, e aceitou plenamente, mas eu continuei uma criança mimada. E só agora eu percebo o quanto eu sofri, reprimindo isso, o quanto eu te magoei, mas acho que se não fosse por tudo isso, eu não teria tanta certeza do que sinto. Porque ao longo desses anos, nós construímos uma relação. Era uma relação de brigas... Era. Mas era também ao que me fazia prestar atenção em você, que me fez ver você crescer, e mudar, que me fazia dedicar pensamentos, tempo, atenção a você, mesmo que no início com intenções que Jesus não aprova. Então agora eu olho, e vejo o que passamos e claro, tenho vergonha de algumas coisas que fiz, de alguns micos que paguei, mas não me arrependo de nada. Pois só assim eu abri meus olhos, e vi que quem eu precisava estava bem perto de mim.

            Ela terminou como começou: de repente. Em sua expressão eu via que ela não estava bem, e quando algumas lágrimas escaparam de seus olhos eu tive minha confirmação. Resolvi tentar uma última vez, então me aproximei dela e disse:

            — Cofie em mim. Por favor. Uma relação não se baseia só em carinho, precisa de confiança, respeito... E nesse momento eu preciso que você se entregue um pouco, e que confie em mim.

            Ela não me respondeu, e a princípio fiquei com medo de não ter conseguido, mas após algum tempo ela disse meio irritada – coisa que eu julguei ser consigo mesma:

— Eu sou muito dramática, não? Você devia gostar de alguém melhor.

            — Não há ninguém nesse mundo melhor que você. Pelo menos não pra mim – eu disse sendo sincero.

            Com minhas palavras, Renesmee parecia ter finalmente entendido o que eu venho tentando lhe dizer, e então um fio de esperança pareceu surgir.

            — Jake, eu vou tentar, está bem? Pra mim é... Complicado me entregar, e você deve ter percebido isso, mas eu vou tentar, eu prometo.

            Ela estava extremamente vermelha, e eu resolvi quebrar a tensão do melhor modo que pude imaginar. Abracei-a por trás e sussurrei:

            — Tudo bem, minha linda. Mas agora, eu quero outra coisa sua...

            Renesmee entendeu o que eu quis dizer e se virou, me beijando. Eu retribui apaixonado, passando a segurança que ela precisava no momento e dando o prazer necessário para relaxá-la. Tirei meus lábios dos dela, e segui com eles, provocando-a por seu rosto, pescoço, até chegar a seu ouvido.

            — Você gosta, não é, Nessie? — perguntei, sacana, mas antes que continuasse vi que estaríamos indo longe demais, então completei — Mas acho melhor pararmos por aqui... 

            Com medo de que ela entendesse errado ou que pensasse que eu estava rejeitando-a, voltei a beijá-la mas dessa vez sem nada além de amor e carinho por trás daquele gesto. De alguma forma acabamos caindo na cama, e ficamos por lá, trocando carícias e beijos, até que Nessie demonstrou que estava prestes a cair de sono. Arrumei-a em meu colo, e fiquei brincando com seus cabelos, e velando seu sono. Quando a vi fechar seus olhos e suspirar para dormir, disse em um tom que era apenas audível:

            — Boa noite, minha Nessie. Sonhe comigo! — dei um pequeno riso com a posse e abaixando ainda mais o tom de voz, sussurrei o que eu queria ter-lhe dito hoje, mas não pude — Eu te amo.

            E então fechei meus olhos, e apesar de saber que provavelmente teria problemas de manhã, era bom estar ali.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e que perdoem por não ter postado esse tempo todo. beijos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu Inimigo Meu Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.