E se... escrita por Virgo


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Vocês me perdoem, mas eu vou dar um espaçamento de tempo considerável entre as sagas porque, francamente, não sei o que Titio Kurumada tinha na cabeça, só que seres humanos (mesmo munidos com o cosmo de Athena e sendo um bicho com um metabolismo e força assustadoramente monstruosos) não se recuperam de um coma induzido com 64% dos ossos quebrados e possíveis sequelas, além de grandes chances de ficar paraplégicos pelo resto da vida, em UMA SEMANA!!
Tenham uma boa leitura :)



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Meses se passaram desde o ocorrido e a vida seguiu com o passar desses meses. Feridas cicatrizaram e a dor acabou se transformando em força.

A cidade que agora existia na ilha borbulhava com tantas pessoas e animais. As pessoas acabaram apelidando a cidade de Rainha da Morte, não era muito original e nem bonito, no entanto, era bem mais fácil de lembrar.

Os Cavaleiros de Bronze não deram mais nenhum tipo de trabalho para o moreno e os Cavaleiros Negros, agora sua vida estava totalmente voltada para sua família e o gerenciamento político e econômico da ilha.

¬ Senhor. – chamou Cisne Negro. – Chegou uma carta do Santuário para o senhor, o mensageiro acabou de partir.

¬ Obrigado Kalle. – já sentia mais confortável em chamar seus guerreiros por seus verdadeiros nomes. – E o olho?

¬ Bem melhor. – respondeu tocando o tampão. – Mas ainda lateja um pouquinho de noite.

¬ Vou pedir pra Esmeralda fazer algo para que passe nesse caso.– pegou a carta que lhe era estendida.

¬ Obrigado. – deu um pequeno sorriso e saio.

A cada linha lida da carta sua expressão se torcia mais e mais. Como assim estava sendo convocado para ir ao Santuário? Era um Cavaleiro e tinha a noção de que podia ser convocado, mas não entendia o motivo, não tinha o porquê de lhe convocarem.

Se fosse algum problema referente às transações comerciais, certamente teriam enviado outro tipo de carta. Se fosse uma ameaça externa, eles já estariam sabendo antes mesmo do Santuário. Se fosse qualquer coisa, eles teriam feito tudo o que era possível e imaginável menos lhe convocarem.

¬ Esmeralda vai ficar louca comigo. – suspirou já imaginando o que a menor lhe diria.

¬ O que tem eu?

Levou um susto com a chegada inesperada da virginiana, mas não conseguia deixar de sorrir ao mirar-lhe. Ela estava com 6/7 meses de gravidez e se mostrava tão saudável quanto uma mulher podia ser naquela fase da gestação, o moreno não podia estar mais feliz.

¬ Ikki. – o chamou com um sorriso e se aproximando de sua mesa. – O que tem eu?

¬ O que tá fazendo aqui? – abraçou sua cintura e deitou a cabeça em sua barriga.

¬ É feio responder perguntas com outras perguntas, Cavaleiro. – volveu com um sorriso carinhoso. – Mas respondendo-lhe, o bebê estava com saudades. Não podia deixa-lo na agonia de ver o pai. Agora, o que tem eu?

O leonino soltou um longo suspiro, ela não ia gostar nada daquela noticia. Muitos diriam que era apenas uma convocação, que não tinha nada demais, porém, convocações geralmente ocorrem quando se tem uma missão perigosa em vista, missões estas que naturalmente podiam acarretar a morte. Era uma matemática simples, mas que muitas pessoas se esqueciam de fazer.

¬ O Santuário me convocou. – indicou a carta sobre a mesa. – Diz que é importante e que o Grande Mestre deseja me encontrar o mais rápido possível.

¬ O que o Santuário poderia querer com você? – seu tom era um tanto choroso, a preocupação e medo anexo ao tom de voz chegava a ser palpável. – Não quero vê-lo retornar carregado novamente. Eu não quero nem imaginar o pior. – escondeu o rosto com as mãos.

¬ Ei... – se levantou e a abraçou. – Eu vou ficar bem. É só uma convocação, não deve ser algo tão grave. – beijou sua cabeça. – Logo estarei de volta para vocês dois. É só uma conversa.

¬ Eu vou com você. – ditou se controlando para não chorar mais. – E não vai adiantar discutir, eu vou com você.

¬ Nani?! – se afastou atônito. – Iie!

¬ Eu vou Sim! – disse tão séria que o fez vacilar.

¬ Esmeralda nã-...

¬ Eu vou com você e ponto final. – ditou firme.

Depois de alguns dias desceram até o porto e zarparam com o vento a favor, deixando a ilha sob os cuidados dos Cavaleiros Negros. Chegaram ao mar aberto e prosseguiram mantendo uma boa velocidade. O navio rangia, a vela estava inchada e retesada.

¬ Como você me convenceu a te trazer? – reclamava o moreno mirando a menor sentada sobre alguns cordames com a mão no ventre.

¬ Eu disse que ia vir de qualquer jeito. – respondeu dando de ombros.

Suspirou. De que adiantava discutir agora que estavam no grande vazio do oceano?

Navegaram com o vento a favor e após três dias de viagem, antes do anoitecer, deitaram âncora num pequeno porto natural.

¬ Aquele é o Cavaleiro de Virgem, senhor. – disse o timoneiro indicando um homem que lhe era bastante familiar ladeado por dois soldados rasos. – Devem estar aqui para recebê-lo.

¬ Não importa o que aconteça, fiquem atentos. – desconfiava de muita hospitalidade.

O leonino pulou do barco, ajudou a menor a descer da embarcação e seguiu com ela ao encontro do Cavaleiro de Ouro, caminhando primeiro nas pedras e depois na areia. Sempre mantendo seu anjo seguro atrás de si.

¬ Shaka de Virgem. O Cavaleiro mais próximo de Deus, divino do céu ao inferno, do inferno ao céu. – o cumprimentou com um aceno, ao menos o mínimo respeito e conhecimento era obrigado a demonstrar. – Sou Ikki de Fênix, o Cavaleiro Diabo da Ilha da Rainha da Morte, líder dos Cavaleiros Negros e Wanáx aclamado. Vim ao seu encontro, pois me convocaram.

¬ Mas que jeito de falar é esse? – respondeu. – Parece um velho chefe do cerimonial. Bom, pelo menos não exibe mais a mesma petulância exacerbada.

E você continua o mesmo arrogante desagradável e enjoado. Aquelas palavrinhas coçavam sua garganta. Tinha certeza de que se ele fosse um pouquinho mais humilde, seria uma pessoa muito melhor.

¬ E sei exatamente o porquê de vires aqui. – completou. – No entanto, já está tarde e alguns dos outros Cavaleiros que também foram convocados ainda não chegaram, aproveite este tempo para descansar. Tenho certeza de que depois de uma viagem longa como a sua tudo o que deseja agora é uma boa cama.

¬ Está correto em seu pensamento. – afirmou tão educado quanto era possível, ainda era um Bronze e seu anjo estava logo atrás de si. – Mas, se não for incomodo, poderia mostrar ou dizer onde podemos nos estabelecer por esta noite?

O loiro pareceu olhar ao seu redor e logo em seguida voltou-se novamente para si. Perguntava-se como ele enxergava algo sem mesmo abrir os olhos.

¬ Seus homens podem descansar nos Alojamentos. – respondeu. – Vocês, por outro lado, é algo a se discutir ainda.

Deu algumas ordens para os soldados que o acompanhavam e estes logos se aproximaram da formosa trirreme de madeira e aço. Tinham sido instruídos a ajudar os homens e depois guiá-los até onde pudessem descansar.

¬ Venham comigo. – chamou o Cavaleiro de Ouro. – Qual seu nome e signo, minha jovem?

Sentiu a loira encolher-se um pouco atrás de si e segurar sua mão com mais firmeza. Não sabia dizer ao certo o que ela tinha, mas não a culpava por estar assim, ele mesmo estava um pouco receoso por estar naquele lugar.

¬ Esmeralda. – respondeu depois de algum tempo. – E nasci sob a constelação de Virgem.

O mais velho inclinou a cabeça levemente para trás, parecia um pouco feliz por saber daquilo, talvez mais compassivo. Continuou a andar com os dois logo atrás de si.

¬ Suponho que sejam casados. – comentou com o leonino. – Afinal a jovem aguarda um filho seu e está sempre ao seu lado, uma prova disso é o fato de tê-lo acompanhado até aqui.

¬ Infelizmente não temos nada semelhante a um juiz de paz em nossa ilha. – respondeu. – Mas me considero casado, feliz e abençoado. Agora, porque diz isso?

¬ Aqui no Santuário os homens e as mulheres não possuem muito tempo para se relacionar, por isso é um tanto anormal encontrar parceiros casados. – explicou. – Geralmente, quando estes aparecem, procuramos mantê-los unidos. Mas agora não sei ao certo o que fazer com vocês, afinal não são unidos perante os deuses.

Já percebeu que se um dia sentassem para conversar como pessoas normais, certamente sairiam no braço devido às opiniões divergentes.

Sentiu a mais nova apertar sua mão, não queriam ficar longe um do outro.

¬ Onegai. – pediu. – Deixe-nos ficar juntos. Não vai causar problema ou diferença. Sei que deve prezar e muito as regras, mas ela está grávida e nenhum de nós veio aqui antes, por isso peço que me permita ficar com a minha família.

O dourado parou e virou-se para os dois, parecia pensar seriamente sobre o que o moreno havia falado. Por fim ele soltou um leve suspiro, quase imperceptível e seguiu seu trajeto, dessa vez em direção a grande escadaria que levava as Doze Casas.

¬ Não posso simplesmente alojá-los nas moradias destinadas aos poucos casados que existem entre os Cavaleiros, mas concordo que também não posso simplesmente separá-los. – respondeu sem nem mesmo olhar para trás. – Não costumo fazer isso por ninguém, porém, os hospedarei em minha Casa está noite.

Chegaram a Primeira Casa e só foram barrados no meio do Salão de Áries. Seu dono saio de trás de uma das pilastras e se aproximou apenas alguns passos, olhado-os curioso. Era um homem bonito, suas feições eram bastante delicadas para as de um guerreiro, mas seu cosmo não negava sua força.

¬ Cavaleiro de Áries. Guardião da Primeira Casa. – disse o virginiano. – Peço com humildade que permita minha passagem e a de meus convidados por esta Casa agraciada pela luz de Athena.

O outro dourado nada disse, apenas acenou para que o outro continuasse com seu caminho e os acompanhou com o olhar até a saída da grandiosa construção. Algo no olhar dele incomodava um pouco o leonino.

O mesmo se repetiu da Segunda, Quarta e Quinta Casa (aparentemente a Terceira Casa estava vazia há 16 anos), só os olhares daqueles homens que eram diferentes. Somente na Sexta Casa, a Casa de Virgem, foi onde encontraram algum descanso.

¬ Cavaleiro de Virgem. – chamou a menor com um pequeno sorriso nos lábios. – Agradeço por nos oferecer abrigo esta noite. És de fato um homem santo como dizem. – e retirou-se para descansar.

Na manhã seguinte o maior acordou por conta dos primeiros raios da manhã e foi se arrumar devidamente, afinal encontraria o Grande Mestre logo mais e também não suportava mais ficar simplesmente mofando na cama oferecida.

Acabou que viu estar correto em levantar naquele horário. Estava terminando de tomar uma caneca de café oferecida pelo dourado quando o mensageiro chegara.

¬ Ikki de Fênix. – chamou-lhe. – O Grande Mestre solicita a sua presença neste exato momento.

¬ Obrigado. Já estou indo. – foi tudo o que se limitou a responder.

O mensageiro partiu o deixando sozinho para terminar seu gole de café. Foi até o quarto onde passara a noite, vestindo sua armadura e mirando a menor, ainda adormecida, com carinho.

Tirou uma mecha de cabelo que caia por seu rosto e estalou um beijo ali, fazendo-a se mexer um pouco sem acordar. Logo desceu sobre o corpo da menor e estalou um beijo em sua barriga também.

¬ Aishiteru. – sussurrou já ereto e se retirou logo em seguida.

Enquanto subia as escadarias percebia que passava sem ser barrado pelas Casas. Duas estavam vazias, podia sentir que os Cavaleiros de Libra e Sagitário não estavam em nenhum lugar do Santuário, mas nas demais Casas os seus guardiões nem se quer se manifestaram. Simplesmente deixaram-lhe passar, talvez fossem ordens do Grande Mestre.

Enfim. Após alguns minutos encontrava-se no Salão do Mestre, um salão em nada diferente dos outros, tendo seu tamanho como a única coisa especial em si, além de um trono e um tapete, é claro. De resto era tudo igual, até mesmo o posicionamento das tochas e luminárias. Concluiu assim que os gregos não eram muito criativos no que dizia respeito a suas plantas arquitetônicas e decorações. Ou as dúzias de guerras que já devem ter atingido aqueles salões foram tão destrutivas que seus restauradores simplesmente desistiram de manter sua beleza original. Plausível.

¬ Cavaleiros. – a voz grave do Mestre soou pelo salão.

Pouco depois ele estava junto aos outros Cavaleiros convocados, um ou outro Bronze como ele, mas sua maioria era de Prata. Todos alinhados e ajoelhados perante o trono agora ocupado pela figura altiva do Patriarca.

¬ Os chamei aqui por razão a qual preferia ignorar. – expressou-se o Mestre. – No entanto, está razão tem se mostrado muito mais incomoda e perigosa do que pensei a principio. Um grupo de Cavaleiros tem se rebelado contra o Santuário e tem afirmado que estão com a verdadeira deusa Athena.

Ninguém ali falava nada, só que podia sentir a indignação dos demais através de seus cosmos. Estavam furiosos com tamanha afronta.

¬ Não podemos tolerar estes rebeldes. – afirmou o Mestre. – Por isso eu os convoquei. Quero que encontrem e matem todos os rebeldes, isso incluiu a falsa Athena a quem eles defendem. Quero suas cabeças e suas armaduras. Entenderam?

Todos se levantaram e bateram a mão do peito, como se fizessem um juramento.

¬ Pallas Atena, Deusa da Guerra e Sabedoria. Ilumine nosso caminho na batalha. Não permita que eu desonre meus antepassados. Não me permita falhar nesta empreitada. – responderam em uníssono. – Considere feito, Grande Mestre.

¬ Que Athena os abençoe em vossa jornada. – declarou o Patriarca.

¬ Sumimassen. – era a primeira vez que manifestava. – Grande Mestre. Quem seriam esses rebeldes? – sem nomes ficava mais difícil.

¬ Obrigado por lembrar Fênix. – respondeu. – Os nomes dos traidores e suas armaduras são: Seiya de Pegasus. Hyoga de Cisne. Shun de Andrômeda. Shiryu de Dragão. E a rebelde Saori Kido. – sentia como se tivessem acertado um soco na boca de seu estômago. – Isso é tudo. Estão dispensados.

Chegou a sair do local junto com os demais Cavaleiros, no entanto, acabou parando no meio do caminho para tentar esconder sua expressão e aquietar seu cosmo, os maiores indicadores de sua aflição. Encontrava-se entre a cruz e a espada. Afinal, o amor de irmão nunca acaba.

Irmãos podem brigar, discutir, falar mal, se bater, mas não existem formas de um irmão deixar de amar o outro irmão.

¬ O que vocês fizeram seus idiotas? – rosnou para o vento.


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Notas finais do capítulo

Mais um daqueles caps. que exemplificam a minha dúvida eterna no que diz respeito a Saint Seiya. Pra onde o Ikki vai e o que que ele faz quando os outros quatro tão quase em fase terminal?
Obs. O Ikki é tipo rei na ilha, mas como eu achei que esse titulo era muito eu decidi usar a variante grega de rei - Wánax, que na verdade significa "digno de liderar". Mais chique não?
Espero que tenham gostado ;)

Bjs. L :3



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