Encare-me escrita por Lena V


Capítulo 26
26- Eu disse que te amo e juro que ainda amo


Notas iniciais do capítulo

Escrevi esse capítulo umas três vezes, mas logo que eu terminava eu apagava tudo por não ter gostado. Enfim esse foi o motivo da demora.



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Inacia desligou o telefone e eu entrei em casa. Avistei Camila na sala comendo alguma coisa.

—Não sei o que é isso mas é bom ter sobrado pra mim – Disse me jogando ao seu lado.

—Pega!– Me passou a tigela e a colher que estava usando.

—Miojo?! - Protestei olhando para a tigela

—Que foi?! É de galinha! - Se defendeu.

—Comeu meu miojo favorito? - Disse um pouco irritada

—Não… Eu estou dividindo com você o seu miojo favorito.

—Pode ficar Mila. Vou assaltar a geladeira mesmo.

Fui até a cozinha, preparei um lanche para mim e em seguida subi para o quarto.

“Boa noite” recebi uma mensagem de Camila. Ela estava na minha casa, no andar de baixo, mas insistia em mandar mensagens em vez de subir as escadas.

—Boa noite dona preguiça! - Gritei do quarto para Camila

—Custa me mandar uma mensagem de boa noite? - Gritou da sala

—Sim! 50 centavos pra ser exata! - Rebati

—Boa noite, mão de vaca! - Respondeu e se calou

Escutei arranhões na porta e logo corri para abrir para safira que provavelmente havia desistido de dormir com Camila.

Safira estava toda molhada, e eu não sabia o porque. A peguei no colo e senti um cheiro forte. Era perfume. Não qualquer perfume, era um dos perfumes de Roberta que eu ainda mantinha em casa.

—Droga Safira… - Disse balançando a cabeça em negação – Você esta cheirando a Roberta… - Disse aproximando meu rosto de safira – Vamos te secar princesa.

Coloquei safira na pia do banheiro, então liguei o secador. Achei que ela se assustaria com o barulho, mas ela estava adorando e até reclamou quando desliguei o aparelho.

—Ótimo, agora você vai ser Safira Marquês com esse cheiro – A peguei no colo e a coloquei em minha cama.

—Jessi! - Gritou Camila – Telefone!

Corri para a sala e peguei o telefone.

—Alô? - Atendi já subindo as escadas

—Como esta a minha sobrinha favorita?

—Eu sou sua única sobrinha Lanna! E quem sofreu acidente foi você, não eu – Fiz uma pausa – Como você esta?

—To ótima! - Estou com saudades... de você, da Mila, e da Beta… principalmente da Beta. - Ela parou de falar esperando eu me manifestar mas vendo que eu permaneci em silencio ela continuou a falar – Eai como esta a Roberta com o problema?

—Que problema? - Perguntei confusa e logo me lembrei que Lanna sabia algo que eu não sabia em relação a Roberta.

—A casa! Ela não te contou?

—Não, ela não me contou… O que tem a casa? - A única coisa que eu sabia sobre a casa era que o ex marido dela estava lá apenas de toalha

—Preferia que ela te contasse, mas como não estou em condições de ira até ai para dar apoio… Acho melhor te contar.

—Desembucha!

—O ex dela tomou a casa.

—O que?! - Estava chocada.

—A casa era dele, então ela teve que sair, algo relacionado aos documentos e o acordo do casamento sei lá. - Me senti péssima por ter achado que eles estivessem juntos novamente.

—E onde ela esta? - Perguntei curiosa já que não a encontrei hoje em lugar nenhum e comecei a ficar preocupada.

—Num hotel. Não sei qual, mas ela é grandinha Jess, sabe se cuidar. Só quero que amanhã quando ver ela na escola peça para ela me ligar!

—Claro. - Respondi sem animo

—Querida, o forno esta gritando meu nome… preciso desligar. - Informou – Boa noite Jessy

—Boa noite tia – Desliguei o telefone

Passei horas pensando em onde estaria Roberta, se estaria bem, se estava precisando de mim ou de qualquer outro alguém. Essa preocupação não me deixava dormir, eu estava com um péssimo pressentimento que me deixava mais preocupada do que eu já estava. Se ela ao menos atendesse uma das mil ligações dizendo que esta bem, eu já ficaria satisfeita.

Olhei para o relogio e já havia passado das 23hs

—Preciso dormir – Disse olhando para Safira que já estava dormindo a algumas horas.

Apaguei as luzes e me deitei. Virei de um lado para o outro tentando achar uma posição para dormir. Mas o único lugar que me senti mais aconchegada foi bem próxima a Safira que estava com cheiro de Roberta.

I know I don't want this (Eu sei que eu não quero isso)
Oh I swear I don't want this ( Ah, eu juro que não quero isso)
There's a reason not to want this but I forgot (Tem um motivo pra eu não querer isso, mas eu esqueci)

Finalmente o sono havia chegado, mas alguém resolveu tocar a campainha me fazendo levantar.

—As 23:40? - Resmunguei descendo as escadas – É bom alguém ter morrido...

—Quem é? - Apareceu Camila com cara de sono no corredor – Aposto que é a Thatty bêbada querendo um lugar pra dormir – Disse voltando para o quarto

Abri a porta e dei de cara com uma senhora que eu nunca havia visto antes.

—Você deve ser a Jesseca… - Disse a mulher que aparentava ter uns 50 anos de idade.

—Sou… Eu… Posso ajudar? - Perguntei confusa talvez por conta do sono.

—Eu quero primeiramente me desculpar por causa do horário – Disse a mulher educadamente – Eu sou a Regina – Fez uma pausa, parecia que ela estava esperando que eu a reconhecesse – Regina Marquês – Completou

Meu queixo caiu, finalmente soube quem era ela.

—Mãe da Roberta… - Disse sem pensar direito

—Isso… - Ela parecia não saber o que dizer, e eu também não sabia, não esperava conhecer a mãe de Roberta. Principalmente depois do nosso termino encorajado por ela – Eu… - Voltou a falar – A Roberta, ela… Esta doente… Ela… Vem gritado seu nome enquanto dorme – Disse de uma vez – Não sei exatamente o que você tinha com a minha filha, mas ela precisa de você agora.

Eu fiquei sem fala, apenas estendi a mão, peguei um casaco de Camila que estava atrás da porta e entrei no carro com a mulher.

—Vocês andam se falando? - Perguntou Regina tentando puxar assunto enquanto dirigia

—Não muito depois que terminamos

—Eu sinto muito… - Ela parecia estar sendo sincera mas isso não muda o fato de que ela encorajou o termino – Eu nunca imaginei que Roberta sofreria tanto com isso… nunca quis machucá-la, só pensei que isso seria o melhor para ela. - Confessou enquanto parava o carro em frente ao hospital.

Ela me levou até o quarto em que estava Roberta,

—É aqui – Ele abriu a porta me deixando entrar e logo a fechou ficando para fora.

—Ruby? - Chamei mas logo percebi que ela estava dormindo.

Ela se mexia de um lado para o outro, parecia estar tendo um pesadelo.

Me aproximei da cama e deitei ao seu lado a abraçando.

In the terminal she sleeps on my shoulder (No terminal, ela dorme no meu ombro )
Hair falling forward, mouth all askew (O cabelo caindo sobre o rosto, a boca toda torta )

 

Ainda dormindo, ela se virou para mim e me abraçou como não fazia a algum tempo. Não é como se estivéssemos juntas novamente, mas eu adorava tê-la em meus braços.

 

And she dreams through the noise (E ela sonha entre o barulho)
Her weight against me (Seu peso contra mim)
Face pressed into the corduroy grooves (O rosto pressionado contra os vincos do veludo catelê)

Maybe it means nothing but I'm afraid to move (Talvez isso não signifique nada, mas eu estou com medo de me mexer)

 

Ela dormia tranquilamente agora, sua temperatura começou abaixar significando que a febre estava indo embora. Eu acariciava seu rosto suavemente enquanto ela dormia sob mim, Regina entrou no quarto silenciosamente e começou a me observar fazendo carinho em Roberta sem que eu percebesse

—Estou me sentindo uma idiota – Disse me assustando e só então eu percebi que ela estava no quarto – Você a ama não é?!

I said I love you, and I swear I still do

Eu disse que te amo e juro que ainda amo

—Muito… - Confessei olhando para Roberta dormindo

—Eu me torno uma péssima mãe por ter privado ela de todo esse amor? - Ela parecia chateada, talvez com a consciência pesada

—Você é uma ótima mãe por ter feito o que achou que fosse o melhor para ela.

—Mas isso não foi o melhor para ela, foi o melhor para mim – Confessou – Se não fosse por mim ela não estaria nessa cama de hospital.

—Ela tem consciência do que faz dona Regina, não pode levar toda a culpa sozinha…

—Eu queria a felicidade dela, mas ela já tinha… eu tirei isso dela…

—Não tirou. Eu estou aqui não é mesmo?!

—Você é uma boa garota Jessica, ficarei tranquila se souber que cuidara da minha garotinha.

—Cuidarei – Disse com um sorriso fraco

Regina dormiu na poltrona e eu peguei no sono ali mesmo, com roberta em meu colo.

Na manhã seguinte Regina saiu para nos comprar café e eu fiquei sozinha com Roberta.

Ela se movimentava lentamente, despertando-se.

—Jess… - Disse ela com a voz sonolenta ao abrir os olhos

Eu acariciei seu rosto em resposta, ela apenas sorriu e continuou a me olhar de uma forma suave.

 

But she's looking at me, straight to center (Mas ela está olhando pra mim, bem para o meu centro)
No room at all for any other though (Não deixa espaço pra nenhum outro pensamento)

 

—Espero que goste de pão de queijo – Disse Regina entrando no quarto

—Ela ama pão de queijo – Disse Roberta se virando para a mãe.

—Você acordou… como se sente? Pão de queijinho – Brincou Regina me fazendo corar

—Acreditaria se eu falasse que estou ótima?

—Não só acreditaria como ainda agradeceria a Jessica...


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Notas finais do capítulo

Musicas:
Recessional - Vienna Teng
How You Remind Me - Nickelback

O que acham da mãe da Roberta e da influencia/culpa que ela tem sobre o termino das duas?



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