O Retorno De Um Estranho escrita por Senhorita Ruffo


Capítulo 11
Dúvidas Persistentes


Notas iniciais do capítulo

Desejo-lhes uma boa leitura...



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Capítulo anterior: Ela abriu a boca para recebê-lo, desejosa. Suas mãos ora estavam nos cabelos dele, ora voltavam para as costas. Suas línguas enroscaram-se procurando sentir o gosto um do outro, e um calor enorme percorreu o corpo de Maria, incendiando-lhe e fazendo-a despertar por completo. Era como se reavivasse. Foi um beijo intenso, carregado de desejo, desespero e teria avançado ainda mais, não fosse alguém que acabava de entrar na alcova, e os observava, aos beijos.

– Que significa isso, Maria?

Era Barreto, que retornando ao quarto, pega os dois no flagra.
Estevão se separa de Maria rapidamente e ela geme, sentindo dor.
– Você está bem? - pergunta Estevão, preocupado.
–Sim, sim. Não foi nada. - ajeitando-se na cama.
– Perguntei o que significa isso, Maria. - insistiu Barreto, intrigado por Maria estar beijando alguém que não era o noivo.
– Depois te explico isso. - respondeu Maria, sem nenhuma vontade. Estava curtindo o beijo e Barreto atrapalhou o momento.
– Norberto (primeiro nome de Barreto), quero que conheça Estevão San Romãn, meu... Eh... Amigo.
– Prazer. - Estevão estende-lhe a mão e Norberto a aperta, encarando-o desconfiado.
– Tenente Barreto ao seu dispor.
– E então Barreto, conte-me o que aconteceu depois que vim ao hospital. - Norberto havia saído pois recebera uma chamada de um dos seus colegas envolvido na operação mais cedo.
– Dois sujeitos resistiram e foram mortos, um deles foi o que atirou em você. Ele era esquizofrênico, segundo a familia, e isso explica por que atirou do nada. Os outros dois foram presos, um com ferimentos leves. Foi emcaminhado pra um hospital público e depois irá para o xilindró. Demétrio assumirá o controle de seu posto em sua ausência.
– Porque ele?
– Se ofereceu.
Maria bufou. Demétrio não parecia um homem de confiança, apesar de chefiá-lo. Mas o que podia fazer agora?
– Quem sabe da próxima a senhorita não usa o colete. - alfinetou Norberto.
– Vou deixá-los sozinhos, depois eu volto.
– Não vai embora, por favor. - disse ela com doçura, segurando em sua mão para detê-lo.
– Não vou embora, ficarei aguardando no corredor. Deixarei os dois sozinhos para conversarem, depois eu venho de novo. - apertou a mão dela e saiu.
– Muito bem, Maria. Agora que estamos sozinhos me esclareça o que eu presenciei aqui.
– Bom... Eh... - Maria se embaralhava nas palavras. Como responderia?
– Como o conheceu? - Norberto queria facilitar a explicação dela.
– Na minha festa de noivado com Geraldo. Ele é melhor amigo de Estevão.
– Não me diga! - com olhos arregalados. - Então vocês...
– Não, não dormimos juntos. - espantada pela velocidade dos pensamentos do amigo.
– Nossa! Ainda bem que não aconteceu.
– Quase aconteceu. - confessou.
– Me explique direito, por favor.

Maria contou da aproximação inesperada de Estevão, dos beijos que deram e da declaração dele há pouco.
– Pensa muito nele?
– A maioria do tempo. - admitiu, ruborecendo.
– Então você o ama. - concluiu o astuto policial.
– Para lhe ser sincera não o sei.
– E como você se sente em relação a Geraldo?
– Ele é legal, me trata muito bem e faz questão de dizer que me ama todos os dias.
– Mas... - repetindo um porém que não foi pronunciado por ela, mas que estava ali, no fim da frase.
– Mas acontece que não o amo e você sabe disso. Mas com ele eu tenho a certeza que sou realmente querida, me propôs uma relação firme com a qual sempre almejei, enquanto a Estevão eu sinto uma forte atração, mas ele não me disse com todas as palavras que me ama. Me sinto uma qualquer beijando Estevão enquanto tenho um compromisso com o melhor amigo dele, mas não consigo deixar de lado o desejo que me consome quando estou a sós com Estevão. Por favor, me aconselhe! - pediu, desesperada.
– Não tenho muito a dizer, apenas te advirto uma coisa: Um homem quando ama demais e descobre que está sendo enganado, pode chegar a ser um grande problema, tome por exemplo os casos que nos chegam aos montes na delegacia. Melhor escolher entre um deles enquanto tem alternativa, pois poderá iludir Estevão e o que é pior, machucar a si mesma! Pense nisso...

>> Carlos saía da faculdade com alguns amigos quando foi abordado por uma mulher de cabelos claros cacheados, olhos de um azul intenso, vestindo uma calça jeans e uma blusa que destacava o decote.
– Oi gatinho.- disse ela, sensual.

– Oi. - respondeu com entusiasmo. Ela era o prêmio pelo qual havia sido detido. - O que faz aqui?
– Te esperava. Gostaria de falar a sós com você, lindo.
– Rapaziada, podem dar licença? - dirigindo-se aos amigos.
Eles saem olhando para trás, fofocando.
– O que quer falar? - quando estavam sozinhos.
– Soube que foi preso por minha causa. - acariciando os ombros dele.
Quarta
– Que é isso gatinha. Não foi nada.
– Mas foi por minha causa... Você foi muito corajoso. Merece uma recompensa. - olhando-o, atrevida.
– Posso saber como? - entrando no jogo dela.
Ela não respondeu, apenas o puxou pela mão e o levou em direçao ao seu carro. Meia hora depois estavam no apartamento dela, entregando-se à luxúria.

Depois do meticuloso ato sexual, ambos na cama exaustos, Fabiola cerca Carlos com perguntas pessoais:
– Não sabia que estudava...
– Comecei há uns dias.
– Hum... Porque o interesse pelo estudo agora? Digo, me disseram que você andava em boates, festinhas... - Não queria aparentar que sabia de mais.
– Quero ajudar meu primo.
– É um tal de Estevão San Romãn, né? - fingindo que não sabia.
– Sim, esse mesmo.
– Circula por aí que daqui a alguns dias é seu aniversário.
– Sim, minha mãe está organizando tudo.
– Aposto que a esposa dele está envolvida na organização. - Jogando verde.
Carlos riu.
– Estevão, esposa? É mais fácil um burro aprender a falar. Estevão só tem casinhos em bares, nada sério.
Fabíola se contorcia de raiva por dentro. Ela era um desses "casinhos" de Estevão. Mas essa situação mudaria muito em breve!
– E porque não?
– Sei lá, nunca conversei com ele sobre isso. Mas ouvi algumas conversas a respeito de um casamento que deu errado.
"Estranho", pensou intrigada. "Estevão nunca foi casado..."
– Talvez eu tenha escutado errado, já que nunca soube de esposa nenhuma, ou quem sabe ele já foi casado no passado. Mas vamos esquecer Estevão e voltar ao que estavamos fazendo.
Voltou a beijá-la no corpo e ela, fazendo uma careta de impaciência, mas intrigada com essa nova informação...
"Se ele foi casado ou não, tenho que descobrir!"

**********
– E então, doutor, qual o estado dela? Maria está melhor?
– Você é algum parente?
– Não, um amigo. - respondeu Estevão.
– Bom, por pouco o tiro não a perfura mais. Causou um ferimento superficial e é necessário repouso para uma rápida recuperação.
– Quanto tempo até que ela possa retornar suas atividades?
– Acredito que dentro de um mês. Talvez hoje mesmo ela tenha alta.
– Ah que bom. - suspirou de alívio.
– Daqui a duas horas quando eu a medicar novamente, se ela reagir bem, poderá levá-la para casa.
– Muito obrigada, doutor.
Afastaram-se. Estevão andava de um lado a outro no corredor do hospital, ansioso para ver Maria de novo, quando seu celular toca.
Era a tia. Havia esquecido de falar com ela.
– Oi tia.
– Aonde você está? Que história era aquela de 'hospital'?
– A noiva de Geraldo se acidentou.
– Algo grave?
– Não, não... Hoje mesmo terá alta
– E porque você correu desesperado para o hospital?
– Para prestar ajuda, ora!
– Está certo, meu bem. Me liga quando estiver vindo pra casa.
Alba desligou, angustiada.
Nada estava certo. Alba possuía um sexto sentido infalível para perceber que algo estava fora de lugar. "Será que a mulher por quem Estevão estava interessado era a tal noiva de Geraldo? Dúvidas foram geradas no consciente da velha senhora.

**********

Fabíola acabara de abrir a porta de seu apartamento para a amiga entrar.
– Até que enfim! - reclamou Elisa, entrando na sala e se acomodando no sofá.
– Estava tomando banho. - justificou-se pela demora.
– Pra que me chamou?
– Estive com Carlos a tarde toda. Saiu ainda há pouco.
– Conseguiu algo proveitoso?
– Sempre consigo o que quero. - diz orgulhosa, acendendo um cigarro. - Eu insisti para que ele me convidasse para a festa de Estevão, semana que vem.
– Sobre qual pretexto?
– Não precisei usar pretextos, só o meu corpo. Óbvio que ele me levará. Até marcou para nos encontrar amanhã.
– E ele é bom de cama? - quis saber a outra.
– Não tanto quanto o primo. - andando à bancada de bebidas. - Quer algo pra beber?
– Traz uma cerveja.
Enquanto Fabiola servia as duas, formulava um plano caso a 'amante' de Estevão, como ela dizia, estivesse lá.
– Precisarei de você, Elisa.
– Sempre! - diz a outra, bufando, enquanto vira a latinha de cerveja na boca. - O que é dessa vez?
– Quero que esteja preparada quando eu te chamar para a festa.
– E como eu entrarei lá?
– Não se preocupe, darei um jeito.
– Ainda não entendo. Pra que vai me querer lá?
– Ah, Elisa, você pergunta demais! - irritando-se. - Tudo no seu tempo. Mas repetindo:esteja preparada!

>>– Já pode levá-la para casa, Sr. San Romãn. - disse o médico. - Não esqueça de tomar os medicamentos para a rápida cicatrização do ferimento, Maria.
– Onde está seu amigo Norberto? - perguntou Estevão.
– Ele foi para casa. Sua esposa o aguardava. - Estevão também pensou que Barreto estava apaixonado por Maria, mas depois de saber que o mesmo tinha esposa, aliviou-se.
O médico dá mais algumas instruções à Maria e se retira do quarto.
– Vamos, Maria. Eu a levo.
– Obrigada, Estevão, mas posso ir sozinha. O tiro foi no ombro, não nas pernas.
– Porque todo esse sarcasmo? Acaso eu fiz algo errado?
– Não, não fez. - disse ela.
Na verdade, ela estava com medo, dividida. Não devia dar chances à Estevão, se ainda estava comprometida com Geraldo. Mas ao mesmo tempo, não sabia o que fazer. Tinha noção de que estava sozinha no quarto do hospital, com ele, e resistia ao máximo ao impulso de ela mesma não se atirar em seus braços.
– Desculpa, Estevão. Não devia ter sido grossa com você.
– Não... Não tem problema. - "Será que ela não vai tocar no assunto do que aconteceu ontem?" Perguntou-se.
– Vai me levar ainda? - perguntou, mais calma.
– Claro que sim. - e pegou a bolsa dela que estava em cima de uma mesinha, no canto esquerdo do quarto. Barreto tinha providenciado algumas roupas e objetos de higiene, caso ela ficasse internada mais tempo. - Vamos.
Estenedeu o braço a ele e Maria se apoiou. Parecia um casal quando saíram da unidade médica,. A todo instante, Estevão perguntava se ela estava sentindo dor, e ela sentiu-se confortável com sua preocupação.
Seguiram no carro quietos. Óbvio que Maria não havia esquecido do que quase acontecera entre eles, e agora que estavam no carro, indo para a casa dela, seus pensamentos só se voltavam para a noite passada.
Mordeu os lábios. Queria falar sobre isso, mas Estevão parecia não se lembrar de nada, ou pelo menos esquecer do que se passou. Mal sabia ela, que ele estava na mesma situação.
No meio do caminho, Geraldo ligou... Pela quarta vez!
Estevão revelou que Maria teve alta e Geraldo resolveu ir atrás dela, no apartamento, para passar a noite prestando auxílio.
Aquela proposta irritou a Estevão. Por mais que gostasse do amigo, pensara no que ele havia tentado fazer com Maria, quando ela quase fora sua, e se incomodou com a possibilidade de ele tentar de novo.

– O que ele disse? - perguntou Maria, vendo que e Estevão colocava o celular próximo ao volante.
– Ele vai ficar com você. - Disse, mal-humorado.
– E isso te incomoda? - claro que ela sabia a resposta, mas esperava ouvir dos próprios lábios dele.
– Ele é seu noivo, não? Porque me incomodaria? - visivelmente enciumado.
Maria ficou quieta. No seu íntimo, sabia que ainda seria motivo de discórdia dos dois amigos, mas ainda que tentasse encontrar uma solução adequada, não conseguia.
Se escolhesse Estevão, o que se passaria com Geraldo? Tinha medo que o amor dele se transformasse em ódio, mas não podia facilmente dispensar Estevão, ela o queria, o desejava. Ela não podia dizer que não sentia nada, era visível sua mudança de atitude, insegurança quando estava ao lado dele, mas será que ele era realmente o homem de sua vida??

*******

– Está entregue. - disse Estevão, quando chegaram em frente ao edifício onde Maria morava.
– Não vai subir? - convidando-o.
– Geraldo ficará com você.
– Mas me leva até lá, enquanto ele não vem...
Estevão não demonstrou resistência ao pedido dela. Acompanhou Maria até seu apartamento, lassando pela portaria e levantando suspeitas de Elvis, o porteiro, um tanto quanto fofoqueiro.

– Já te trouxe. Vou indo agora.
– Não, Estevão, fique. É que eu... - Iria falar que ouvira a confissão dele no hospital, mas foi impedida por Geraldo, que chegava pelo elevador.
– Ah, Maria. Ainda bem que está de novo em casa. - correndo para beija-la.
Nem se deu conta, mas Estevão saiu, rapidamente do hall de entrada, tomando as escadas e decidido a encontrar refúgio na bebida.
Maria ficou triste. Foi conduzida por Geraldo para entrar no apartamento, e lá ficaram conversando, até que ela ficou com sono e resolveu ir dormir, indicando a Geraldo o quarto de hóspedes, caso ele resolvesse passar a noite na casa dela.

Chegando em casa, sua tia o esperava na sala. Iria dirigir a palavra a ele, mas um movimento com a mão a impediu. Estevão queria ficar sozinho.
Dirigiu-se a sala de conversa e se trancou. Procurou um litro de conhaque e o virou na boca, enquanto chorava, maldizendo a própria sorte.

– O que está acontecendo com meu filho? - sussurrou Alba, enquanto se dirigia a cozinha para tomar um de seus remédios...

Continua...


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Notas finais do capítulo

Comentem, favoritem, recomendem. Muitos beijos e até o próximo!



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