PV EDWARD

— Já vai ver Bella filho?

— Sim.

— Diga que mandei um abraço para ela, e que nossa família irá visitá-la no fim de semana.

Já fazia dois meses que eu e minha família visita Bella com certa frequência e no último mês eu ia todo dia vê-la com o aval do senhor Richard, ele percebeu o quanto fazíamos bem a ela, principalmente eu.

— Eu direi mãe. – dou um beijo na bochecha dela e sai indo até meu carro, correndo eu chegaria mais rápido, mas tinha um disfarce humano a manter. Não fazia nem três horas que eu havia deixado Bella, que não sabia que eu velava seu sono todas as noites novamente e eu já estava com saudades dela.

— Com licença, o senhor Richard falou que eu podia subir. – digo após bater na porta do quarto de Bella e a enfermeira abrir.

— Claro, entre. – disse a senhora Clearwater, parecendo aliviada em me ver, vi na mente dela que não estava tendo sucesso em fazer Bella comer de novo. Apesar de termos conversado várias vezes com Bella garantindo que sua comida era preparada por pessoas de confiança e que jamais deixariam nenhum estranho que no caso era o homem mal que só Bella via colocar alguma coisa na comida dela, mas mesmo assim de vez em quando ela ainda se negava a comer quando estava em suas crises.

— Ei nada de birra hoje hein dona Bella. – soou brincalhão tentando uma nova estratégia para fazê-la comer, do que vim com toda aquela conversa de novo quando a vi empurrar a bandeja para longe.

— Não sou criança para fazer birra Edward. – Bella fala fazendo um biquinho adorável.

— Não sei não, com essa manha toda para tomar café da manhã me faz duvidar.

Bella semicerrou os olhos para mim, parecendo brava e se pôs logo a tomar seu café da manhã.

— Você tem tanto jeito com ela. – fala a enfermeira num tom baixo para que Bella não ouvisse.

— Obrigado. – digo no mesmo tom.

Quando Bella terminou de tomar seu café foi até a janela, e seu olhar ficou desfocado, se desligando da realidade novamente. As crises duravam menos tempo agora, mas ela ficava oscilando bastante entre o real e o imaginário durante elas.

— Me permite me dizer algo pessoal?

— Claro senhora Clearwater.

— Sei que tem sua vida, mas você faz um bem enorme para Bella. Promete não abandona-la? Ao menos até ela ficar bem.

— Eu jamais vou deixa-la.

— Está apaixonado por Bella? – me perguntou querendo confirmar suas suspeitas.

— Completamente.

Obrigada Deus por pôr esse anjo na vida dela.— pensou Sue, em forma de prece.

Eu já havia percebido que Sue gostava muito de Bella.

— Não será fácil meu jovem, mas Bella é especial vale a pena o esforço.

— Acredite eu sei.

— Veja se consegue fazê-la sair deste quarto também, quem sabe uma caminhada pelo jardim isso vai fazer bem a ela.

— Farei isso.

— Vou levar essa bandeja para a cozinha. – diz Sue se retirando do quarto.

Aproximei-me de Bella e a chamei várias vezes até enfim conseguir ter sua atenção.

— Você tem um lindo jardim. – comentei simplesmente olhando pela janela puxando assunto para conseguir meu intento de levá-la até lá.

— Era da minha mamãe, ela tentou me ensinar a cuidar dele, mas não tenho jeito para isso, depois que ela se foi, contratei um jardineiro para cuidar dele, bem que ele se esforça, mas não fica do mesmo jeito de quando mamãe cuidava, ele era mais bonito.

— Tenho certeza que sim, mas ainda assim é bonito.

— É sim.

— Podemos ir até lá e você me explica toda essa variedade de flores?

— Claro.

Estendi minha mão a Bella que olhou hesitante, mas aceitou. Eu nunca forçava um contato, sempre lhe dava a escolha.

Desci as escadas de mãos dadas com ela e vi Richard conversando sobre Bella com Sue, a conversa era profissional, mas a maneira que eles se inclinavam inconscientemente em direção ao outro me dizia que em breve esses dois ficariam juntos. Mesmo eles sendo viúvos e ainda amando seus companheiros de certa forma, a vida solitária não era boa, ninguém foi feito para ficar só, era natural depois de um tempo procurar outro alguém para compartilhar a vida em se tratando de humanos. Mas o que os impedem mesmo de se quer cogitar a ficar juntos era o fato de Sue ser mãe de Leah e Richard pai de Jacob e pelo o que já percebi eles torcem para que os filhos voltem a ficar juntos. E sendo bem antiquados, e sendo sogro e sogra dos filhos eles não acham correto terem um relacionamento amoroso, mas mesmo assim eu ainda acho que Richard e Sue vão ficar juntos no final das contas.

— Te mostro depois vamos entrar. – diz Bella quando já estávamos nas escadas da entrada da casa.

— Porque não agora?

— Ele está ali. – Bella aponta com medo evidente em sua voz.

— Ele não vai te fazer mal.- finjo que enxergo esse homem, já percebemos que se a contrariássemos dizendo que esse homem não existe durante a crise só a deixava pior, o melhor nessa situação era “embarcar” na alucinação dela, isso fazia ao menos com que ela não nos afastasse dela. E quanto às alucinações a medicação com o tempo faria com que naturalmente elas acabassem.

— Vai sim Edward. – Bella me puxa pela mão para que entrássemos, mas me mantive no lugar – Vamos entrar, por favor, ele pode fazer mal a você também.

— Ele não vai, sou mais forte que ele e vou te proteger dele também.

— Mesmo?

— Eu prometo. Confia em mim?

— Eu confio.

— Sua confiança é tudo o que eu preciso no momento Bella.

  E para minha felicidade ficar ainda maior, ela me abraçou. Passei meus braços ao seu redor de forma acolhedora e protetora, sentindo-a relaxar ali em meu abraço, mesmo na “presença do homem mal”, o que deixou claro que Bella realmente confia em mim.

Quando instantes depois vi um táxi se aproximando da entrada da casa.

— Posso saber quem é este cara com quem você está se agarrando dona Bella?- disse o homem que desceu do carro falando meio que sério e meio que divertido com a situação.

— Jacob? – Bella fala se separando rapidamente de mim e olhando para ele.

— Jack! - Bella soa feliz correndo para ele que só deu tempo de largar a mala no chão e a recebê-la em seus braços.

— Oi! Pequena. Estava com saudade.

— Eu também. – diz Bella o abraçando com força.

— Vejo que está bem.

— Sabe que não Jack. - Bella se afasta dele bruscamente.

— Ei, pequena vai ficar tudo bem.

— Eu nunca ficarei bem.

— Bella, vamos conversar. – pediu Jacob quando ela saiu correndo para dentro de casa.

— Deixa comigo. –digo indo atrás de Bella sem dar tempo de ele questionar nada.

— Filho você nem me avisou que já estava voltando para casa. – Richard fala indo até Jacob.

— Quis fazer uma surpresa pai. Mas preciso ver Bella ela...

— Deixe isso com ele filho, ele sabe lidar com ela melhor do que ninguém.

— Quem ele é?

— Edward Cullen, lembra que eu te falei dos Cullen?

— Eu lembro.

Desliguei-me da conversa deles, pois Bella era o que importava no momento.

— Bella, espera! – pedi quando a vi subir as escadas rapidamente, mas ela não parou, e eu a segui.

— Vai embora e não venha me ver nunca mais Edward. – diz Bella começando a fechar a porta do quarto, mas eu a impedi.

— Por que está me pedindo isso? – fico confuso. Ela estava irritada com Jacob. Então porque era eu que ela não queria ver mais?

— Porque você não tem que cuidar de mim.

— Bella...

— Eu me dei conta disso agora. É perda de tempo o que está fazendo, vá viver sua vida Edward, para de se preocupar com uma pessoa que mal conhece e que não tem jeito.

Segurei-me para não contar a verdade e dizer que eu já a conhecia e o que ela significa para mim. Mas para isso eu teria de revelar minha verdadeira natureza e Bella não esta em condição psicológica de saber sobre isso ainda.

— Não diga que não tem jeito, você vem respondendo bem ao tratamento.

— A medicação não vai me curar disso, pode ser que daqui um tempo ela possa a vir a camuflar um pouco os sintomas, mas esquizofrênica é algo que sempre vou ser. E já basta o trabalho que dou ao tio Richard e ao Jack por conta dessa doença eu não quero dar trabalho a mais ninguém.

— Isso não é trabalho algum Bella, gosto de cuidar de você.

— Por favor, Edward não perca mais de seu tempo comigo, ele é precioso, não gaste com algo que não vale a pena, apenas vá e não volte mais.

Ah! Minha Bella se você soubesse que tenho tempo ilimitado e que você é a pessoa que mais me importa no mundo.

— Não me peça isso. Eu jamais conseguirei ir para longe de você.

Novamente, acrescentei mentalmente.

E Bella me olhou confusa com a intensidade de minhas palavras, mas mesmo assim ainda insistiu mais uma vez que eu deixasse de vê-la.

— Não me peça o que eu não conseguirei fazer Bella. Eu não quero ficar longe de você. – soou firme, para ver se Bella percebia que me afastar dela não é uma opção. Eu havia voltado para ela para nunca mais sair de sua vida.

— Edward...

— Se é por sua doença apenas que me quer longe de você para mim isso não é um motivo válido, eu não vou me afastar de você por causa disso, eu realmente quero cuidar e ficar perto de você.

Bella não falou mais nada, mas algo em seu olhar me dizia que ela voltaria a insistir nisso em algum outro momento.