PV EDWARD

— Oi! – diz Bella sorridente ao abrir a porta, nem parecia aquela Bella que vimos na primeira vez. Se eu mesmo não tivesse presenciado um surto dela eu nunca diria que Bella sofria de esquizofrenia.

— O senhor deve ser o novo administrador do hospital prazer em conhecê-lo eu sou Isabella Swan. – Bella estende sua mão a Carlisle.

Para ela era como se não tivesse o visto antes, Bella nem ao menos registrou a presença dele, minha e da mamãe aquele dia por estar em surto.

— O prazer é meu. - diz papai segurando a mão dela como se fosse a primeira vez que se viam para não deixa-la constrangida com a situação.

— Tio Richard me falou que se candidatou ao emprego porque o hospital faz filantropia, fico muito feliz em saber disso, isso era um sonho dos meus pais que passou a ser o meu também, então faça de tudo para manter isso, sei que para isso precisamos atender pelos convênios e particular, mas se isso não for suficiente o senhor pode reduzir meus lucros eu não preciso de todo aquele dinheiro mesmo, mas, por favor, faça tudo o que for necessário para que a filantropia não acabe no hospital.

Nossa a Bella é incrível! Ela não se importa com o dinheiro que o hospital rende a ela e sim em ajudar os outros do que a si mesmo. Li os pensamentos de minha família e todos estavam maravilhados com ela assim como eu.

— Eu já analisei bem as contas do hospital e ele está muito bem financeiramente senhorita Swan, acredito que não será necessário mexer em seus lucros. O hospital tem uma clientela particular regular, sendo assim a parte filantrópica do hospital está garantida.

— Verdade, quem paga pelos serviços o faz sem reclamar, pois sabem que cobramos apenas o justo e que uma pequena parcela de cada pagamento deles vai para a filantropia, eles gostam de saber que além de terem um ótimo atendimento ainda ajudam para que outras pessoas que não possam pagar tenha o mesmo direito também.

— Já percebi isso nesse pouco tempo que estou trabalhando lá.

— Sei que é arriscado bancar metade das consultas, exames e tratamentos com recursos próprios, mas eu sinceramente espero sempre contar com a clientela pagante. Tem tantas pessoas que vem de outras cidades distantes em busca de tratamento aqui porque não poderem arcar com eles nas cidades onde moram, espero que sempre que todos aqueles que não possam pagar ao procurar o hospital possa ser atendidos.

— Você tem sensibilidade, mas ao mesmo tempo é centrada, qualidades necessárias para manter aquilo funcionando bem. Quando chegar o momento, você fará uma ótima administração do seu hospital.

— Esse era o plano Senhor Cullen.

— Não é mais?

Bella apenas desviou o olhar de Carlisle, mordendo o lábio inferior em sinal de nervosismo, deixando claro que isso era algo que não queria compartilhar. Ao voltar seu olhar para papai foi que nos percebeu atrás dele, e as bochechas dela coraram.

—  Oh! Meu Deus, que vergonha eu nem cumprimentei sua família senhor Cullen, e nem ao menos pedi que entrassem ainda. Desculpem-me.

— Está tudo bem querida e me chame apenas de Carlisle.

— Se me chamarem apenas de Bella.

—  Combinado.

— Me desculpem mesmo é que falar do hospital sempre me deixa empolgada, mas isso não justifica minha gafe.

— Realmente está tudo bem Bella. Então me deixe apresentar minha família, essa minha esposa Esme.

— Prazer. – diz Bella estendendo a mão, mas mamãe preferiu abraça-la e Bella prontamente retribuiu o abraço me causando uma inveja, por não poder fazer o mesmo, eu sabia que ela não seria tão receptiva a um abraço masculino de um “desconhecido” já que certamente não se lembra de mim, como foi com a mamãe.

— E meus filhos Alice que é casada com Jasper, Emmet casado com Rosalie, e Edward. – Carlisle indica cada um de nós.

— Prazer em conhecer todos vocês também.

— O prazer é nosso. – Alice fala sem conseguir conter a animação por enfim conhecê-la.

— Já esteve em Forks antes?- me pergunta Bella.

— Não.

— Estranho... Você me é familiar. –diz Bella me olhando atenciosamente, mas em seguida sacudiu a cabeça como se espantasse seus pensamentos. Não pude evitar um pequeno sorriso, ela inconscientemente se lembrava de mim, isso era bom, iria facilitar um pouco para que eu me aproximasse dela novamente.

— Por favor, entrem e sentem-se.

E nos acomodamos rapidamente.

— Achei que ia pedi para eles entrarem só na próxima visita Bella. – Richard soa brincalhão ao descer as escadas. Ele estava ali o tempo todo e bem impressionado por Bella ter ficado tão à vontade conosco, porque ela sempre ficava com o pé atrás quando conhecia pessoas novas depois que a doença se manifestou.

— Eu já me desculpei por isso tio. – e Bella cora novamente. Eu acho adorável a forma que ela cora.
        —  Tem uma bela família Carlisle.

— Obrigado senhor Smith.

— Uma família grande isso dever ser bom. - Bella fala com uma pontada de tristeza em sua voz, certamente se lembrando dos pais que não tinha mais. Mas logo saberá que essa grande família também já é sua minha Bella.

— Você tem a mim e o Jack, e sabe que essa pequena família irá aumentar. Eu tenho certeza que Jack uma hora irá se entender com Leah quando eles retornarem a Forks de forma definitiva ao concluírem seus cursos e você encontrará logo sua metade também Bella.

A metade dela, Bella já havia encontrado, só falta ela perceber isso.

— Se me minha outra metade existe tio, é melhor que nem me encontre.

— Por quê? – fez Richard a pergunta que eu queria fazer.

— Porque sou uma metade estragada tio.

— Bella...

— Por favor, tio, não comece com essa conversa de novo.

— Tudo bem, mas quando o encontrar não conseguirá dizer não a ele. É impossível fugir do amor Bella.

— Me deem licença. – pediu Bella saindo em direção às escadas e indo até seu quarto.

— Eu não sei mais o que faço, Bella parece não querer ver que mesmo com a doença, seguindo o tratamento a risca, ela daqui um tempo poderá voltar a ter uma vida normal, como fazer sua faculdade de administração, dirigir o hospital, ter amigos, um relacionamento amoroso. - desabafou Richard.

— Nos permitiria ajuda-la também? - perguntei.

— Fariam isso mesmo?

— Com toda certeza que sim. – falo em nome de todos.

— Bella já ganhou você, não é? – diz Richard sendo perspicaz.

Desde que nasceu eu quis dizer.

— E se eu disser que sim?

— Se provar que a merece terá meu apoio incondicional.

— Combinado. – e estendo minha mão e ele a pegou selando o acordo.

Voltamos para casa após conversar um pouco mais com Richard, já que Bella não desceu mais de seu quarto.

— Aê Edward já tem o apoio do “sogro”.

— Ainda não Emmet digamos que estou sob avaliação.

— Richard verá que você é o melhor para Bella filho.

— Eu espero que sim mãe.

— Bella nem parece doente.

— Mas infelizmente está, as crises vão e voltam Alice.

— Mas elas podem sumir totalmente pai?

— Ela tomando a medicação regularmente, sim, isso fica sob controle, já que o diagnóstico dela foi bem precoce. Como deu para perceber hoje Bella já tem consciência de seu problema, o que é bom isso indica que o tratamento está fazendo efeito.

— Mas é uma pena que Bella esteja vendo isso de uma forma negativa, ela abriu mão dos amigos, de estudar, de ter um relacionamento. – diz Jasper.

— Temos de fazê-la ver que não tem de abrir mão de nada. De que ela pode sim seguir com sua vida normalmente.– diz mamãe.

— E se eu e a Alice a chamássemos para sair, fazê-la sair daquela casa um pouco, mostrar que ela pode ter amigos, poderíamos começar por ai.

— Infelizmente ainda é cedo demais Rose, Bella não aceitará. – Alice fala prevendo por meu de seu dom de ver o futuro.

— O que mais pode ver Alice?

— Sabe que só vejo decisões Edward, então ainda não sei de seu futuro com Bella, já que é uma decisão que cabe aos dois e como Bella ainda nem está ciente disso, desculpe maninho, mas não tem como lhe adiantar nada.

— Tudo bem Alice eu compreendo. Mas assim que você ver qualquer coisa...

— Você vai saber não te esconderei nada. – me garantiu Alice.

— Bom então o melhor a ser feito é nos aproximar de Bella aos poucos durante as visitas e quando ela tiver mais confiança em nós, vocês podem ajuda-la a sair de casa, eu posso estimula-la a ir ao hospital, quem sabe assim ela não se anima a cursar administração.

— É uma boa ideia pai, Richard ficou surpreso por Bella reagir tão bem a nós. Por isso aceitou nossa ajuda prontamente, ele tem esperanças de que possamos mesmo ajuda-la.

— E nós vamos, principalmente você Edward, Bella se lembra de você mesmo que inconscientemente.

— Verdade pai, se eu consegui ter a confiança dela quando criança, eu conseguirei ter de novo agora.

— Com certeza filho.

— Pode ir tranquilo. – respondeu Alice já antecipando minha decisão de ir ver Bella.

— Aonde vai filho?

— Bella já está dormido pai.

— Você não perdeu essa mania?

— Não. – digo sorrindo. Inexplicavelmente eu amava vê-la dormir.

— Não deixa que Bella o perceba que faz isso de novo. Não dá para saber como ela reagirá ao saber que você “invade” o quarto dela dessa vez.

— Não deixarei. Vou indo.

Entrei pela janela e vi que Bella estava um pouco agitada em seu sono. Ajoelhei-me ao lado de sua cama e tirei alguns fios de cabelo que estavam em seu rosto. Comecei a cantarolar a música de ninar que fiz para ela quando criança torcendo para que ainda funcionasse e aos poucos foi relaxando e agora dormia serenamente.

— Edward. –Bella sussurrou em meio ao seu sono. Deixando-me extasiado, por de alguma maneira ela saber que eu estava ali.

— Eu estou aqui minha Bella e dessa vez é para sempre.