Dilemma escrita por Han Eun Seom


Capítulo 30
Aniversário


Notas iniciais do capítulo

Já deu para perceber que eu e agenda não funciona bem, certo? Pois é, acontece que eu estava ansiosa para continuar e resolvi postar logo :3

A felicidade reina -por enquanto- nesta cara fic~

Gente alguns capítulos mais para frente ficaram com mais de 2.000 palavras como esse e eu realmente espero que isso não os incomode >.<

Bom... Aproveitem!



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A semana passou num piscar de olhos e quando eu vi faltava três dias para o meu aniversário. Claro que irei resumir o que aconteceu desde segunda por que apesar de ter sido rápida, a semana foi bem “produtiva”.

Segunda-feira. Eu lavei o cabelo de manhã cedo, passei mais cedo na casa de Sara e fui para a escola escutando durante o caminho inteiro os planos que estava fazendo para quando Nicolas voltasse para a casa. Disse-me também que as coisas iam melhor dali por diante e queria começar da estaca zero, além de que vai esperar o tempo que for, mas precisava conversar com Nicolas sobre tudo o que aconteceu anos atrás.

As aulas em si passaram tranquilas e as perguntas sobre a vida de Sara ainda eram feitas, mas graças à minha atitude no começo de tudo isso, elas eram poucas. Fui para a sala do meu grupo logo entrando e sendo recebida com sorrisos pela professora. Ela queria que eu fosse a representante e a “coordenadora” de artes do trabalho junto com o teatro. Claro que eu recusei prontamente e isso fez Nuno soltar um riso irônico. Madu pareceu desapontada, mas deixou para lá e Osvaldo ficou responsável por isso.

O resto do dia foi normal, mostrei para Nuno alguns dos meus treinos e ele disse que eu estava me esforçando pra caramba.

– Você é um bom professor também.

Isso pareceu o desconcertar e eu fingi que não vi as bochechas levemente vermelhas dele. Ele disse que se eu deveria me cadastrar logo no site de arte já que eu estava tão estressada. Suspirei e assim que cheguei a casa fiz uma conta já entrando em alguns grupos. Recebi dois favoritos em um treino lá que tirei uma foto muito ruim e fiquei feliz pra caralho.

Terça-feira. Nicolas saiu do hospital e nós da escola mais cedo. Os médicos recomendaram repouso, mas assim que chegamos a casa dela, pegamos o Xbox para jogar algo – sentados – e passamos boa parte da tarde lá até que Sara e eu nos lembramos de um trabalho que não tínhamos feito.

Física nem deveria ter trabalho na minha mais sincera opinião, mas era preciso fazer e olha que boa noticia, Nicolas era muito bom com os números. Acho que nunca senti aqueles dois mais próximo um do outro e quando terminamos assistimos algumas séries usando o Xbox e o aplicativo da Netflix na TV.

– Alguma novidade que eu deva saber? – Ele chegou para mim em um momento em que Sara levantou do sofá.

– O que você quer dizer?

– Você sabe o que eu quero dizer, Roxy. – Suspirou e me olhou de um jeito inquieto. – Alguma coisa entre meus pais e a Sara está muito errada e você sabe disso.

– Acho que você deveria se preocupar em se recuperar o mais rápido possível, Nicolas.

– Falo sério, Roxy. Você neste momento é a única pessoa que posso falar isso.

Isso me deixou bastante incomodada, mas não é como se eu estivesse mentindo para ele. Ele também não era estúpido o suficiente para simplesmente se deixar ser enganado. Os pais de Sara combinaram que seria melhor não falar nada para ele agora, esperar um tempo era a melhor opção.

– Eu não vou mentir para você Nicolas. Sim, tem uma merda rolando entre eles, mas não sou eu que tenho que falar aqui... – Vendo o olhar frustrado no rosto dele eu suspirei. – Você acabou de sair de um coma idiota, é claro que não vão falar nada agora... Dê um tempo a eles.

– Mas você sabe o que é, certo?

– Sei.

– Se fosse algo muito pesado você me contaria, não é? Quero dizer... Se eles estão assim por minha causa, você falaria?

– Nicolas. – Olhei em seus olhos e percebi que havia uma pontinha de medo lá. – Você foi um imbecil e um cuzão sim, mas isso faz mais de um mês. Eles não estão bravos com você ou o caralho a quatro... Aproveita esta chance para começar do zero.

– Você não me respondeu.

– Sim, eu falaria.

Algo em mim se revirou por que eu estava meio que mentindo, mas vendo o sorriso de canto dele eu decidi que aquilo era o melhor. Não jantei lá, mas fui para casa bem tarde já e por incrível que pareça fui dormir ainda mais tarde conversando com ele sobre o quanto eu e Sara detestávamos física.

Descobri então que ele não só era bom naquilo como também gostava. “Os números não mentem, sabe? Não é como as palavras que podem ter mais de mil significados. É preto no branco.” Questionei então o quanto ele gostava de músicas. “Não é isso. Música se trata de uma interpretação pessoal... É diferente de quando alguém fala algo para você.” Aquilo não fez muito sentido para mim, mas deixei quieto.

Quarta-feira. Quando passei na casa de Sara para irmos para a escola, Nicolas ainda estava dormindo e eu me lembrei das vezes que me respondeu durante a madrugada e de como tinha mentido sobre estar dormindo... Parecia tão distante agora. Estamos em Abril e tudo o que havia acontecido no começo do ano parecia não ter mais significado. Enfim, foi dia de clube e a professora simplesmente disse que nós receberíamos os roteiros da peça de teatro para que pudéssemos começar a trabalhar em um cenário.

Senti meu coração parar por um momento e acho que Nuno ficou um pouco desconfortável com aquilo... Isso significa que nós – os alunos – estaríamos encarregados do cenário inteiro. Madu disse que este ano nos “deixaria livre”, claro que isso somente apavorou todo mundo. A chance de cagar o trabalho inteiro era enorme. Mas antes do pânico nos consumir, Osvaldo pegou as rédeas da situação.

– Calma gente. – Seu tom de voz era animado para falar a verdade. – Por que não nos dividimos em grupos... Cada um cuida de uma cena em específico.

Como tinha entrado mais pessoas na sala, os grupos ficaram grandes e não foi tão ruim formá-los. Eram várias cenas diferentes e algumas coisas nós teríamos que alugar. Nuno ficou de pesquisar os sites e móveis enquanto eu ajudava duas garotas a pesquisar os figurinos. Nunca imaginei que desse tanto trabalho estudar nessa escola, mas... Admito que esteja sendo divertido.

Quinta-feira. Que bela maravilha de trabalho fizemos para receber seis, mas apesar de Sara ter ficado chateada, um seis com o professor de física estava muito bom. Fomos para a sua casa e Nicolas riu da forma que Sara contou a reclamação do professor por que ninguém conseguiu tirar mais do que sete naquela bagaça.

– Eu posso ajudá-las... – Ele disse e tossiu um pouco. Sara tinha me contado que ele havia pegado um resfriado, mas que não era nada sério.

Flávia nos chamou para jantar e Nicolas subiu para o quarto dele logo em seguida. Olhei meio preocupada para Sara e ela deu de ombros. Eu queria subir e ver se estava tudo bem, mas ia ser bem suspeito se eu fizesse isso, então apenas me concentrei na bola de sorvete que eu tinha em minha frente.

Ainda tinha um clima estranho entre eles e eu me senti um pouco incomodada com aquilo. Sara respondia as perguntas de Beto com monossílabos e mal abria a boca para falar com a mãe. Flávia tinha um olhar chateado no rosto, mas... Sinceramente? Eles procuraram por aquilo. O que me incomodava era Sara também se sentir mal com aquilo. Ela queria conversar com Nicolas sobre o que aconteceu, mas eu realmente achava que não era a melhor hora.

Quando eu ia voltar para casa ela segurou meu pulso e eu vi em seus olhos que ela ia falar com ele.

– Agora não é a hora, Sara.

– Então quando vai ser, Rexy? Eu não aguento mais!

– Não agora.

Ela suspirou pesadamente e eu me questionei. Minha cabeça dizia que Nicolas era uma bomba relógio quando se tratava disso, mas meu coração também queria saber mais. Naquela noite eu fui para casa e quem recebeu a mensagem de madrugada fui eu. Apenas um oi às três horas da manhã dele.

Quando perguntei se estava tudo bem, ele pediu desculpas e disse que sim. Eu não sou burra e era claro que tinha sonhado com alguma merda ou não estava conseguindo dormir. Mandei dois links do youtube para ele de duas bandas diferentes que conheci há umas semanas e ficamos um tempo falando sobre a letra, até entrarmos novamente no assunto de palavras e números. Nem percebi que eram seis da manhã quando nos despedimos.

Sexta-feira. O dia foi muito puxado por que eu estava morrendo de sono e sem a mínima vontade de ficar decidindo que cor de vestido ficaria melhor na tal da Ravena com duas meninas que eu não conseguia manter uma conversa por mais de dez minutos. Nuno estava com Osvaldo decidindo sei lá o que enquanto isso, mas olhava para a nossa mesa de vez em quando fazendo cara de “que porre” para mim.

Depois da aula ele me falou enquanto guardávamos os materiais que trabalhar com Osvaldo era cansativo no ano passado e continua sendo cansativo esse ano.

– O cara quer tudo perfeito - reclamou e eu dei de ombros. – Sério, não tem como trocarmos de lugar?

– Você realmente acha que ficar vendo vestidos e roupas de época é melhor? – Revirei os olhos e ele suspirou.

– Eu vim para esse grupo por que além de gostar de desenhar eu queria paz. Agora estamos envolvidos com quase a escola inteira.

Ele tinha razão, mas apesar de todo o trabalho eu confesso que não estava tão péssimo assim.

– Acho que no final pode ser divertido – disse e ele suspirou novamente.

– Eu não quero diversão.

– Quer sim. – Sorri para ele e dei um soco leve em seu braço.

Para a minha surpresa, ele deu um sorrisinho de canto e riu quando Sara apareceu toda animada na sala dizendo que Nicolas estava vindo buscar nós duas. Despedi-me de Nuno a seguindo aos tropeços. Sério, se eu gostasse de atividades físicas, eu não estaria neste grupo e Sara parece que tinha se esquecido disso.

Esperamos lá fora e logo ele apareceu dirigindo o carro de Beto. Fiquei meio receosa com aquilo, mas os dois estavam felizes demais para que eu reclamasse do esforço físico que ele estava fazendo. Pegamos a avenida e paramos numa confeitaria grande. Comemos um pedaço de bolo cada um e nenhum dos dois ficou surpreso quando eu pedi chá para a moça e ela disse que não tinha.

– Eu preciso ir morar em algum lugar onde vendam chá. – Suspirei e Nicolas deu um sorriso de lado.

– Adoro a Inglaterra.

Não perguntei se ele tinha ido para lá enquanto morava na França por que algo me dizia que isso traria consequências irreversíveis. Mudei de assunto rápido e Beto brigou com a gente quando voltamos dizendo que estava muito tarde, mas nenhum de nós o ouviu.

Que moral ele tem?

E assim a semana acabou e segunda-feira de manhã era finalmente meu aniversário. Sou o tipo de pessoa mais desligada com isso e eu nem lembrei que naquela manhã eu completava quinze anos. A verdade é que depois de passar o ano passado inteiro tentando fazer minha mãe desistir de uma festa gigante, eu meio que deixei este assunto de lado, mas logo que sai do banheiro já vestida para a escola meu pai me puxou para um abraço apertado.

– Mas o que...?

– Feliz aniversário! – Minha mãe surgiu gritando de algum lugar e meu pai me afastou com as mãos em meus ombros. – Quinze aninhos!

Eu não pude evitar o rolar de olhos seguido por um sorrisinho. Todo ano era assim, eles sempre muito animados sobre mais um ano de vida completado. O engraçado é que meu pai também se esquecia do próprio aniversário e minha mãe às vezes sumia querendo evitar a qualquer custo a típica musiquinha.

– Obrigada. – Sorri para os dois e minha mãe me abraçou novamente. Ela passou a mão em meus cabelos e eu pude sentir seus pensamentos. – Sim, mãe, eles precisam de um corte.

– Pode deixar que cuidarei disso. – Suas mãos examinaram mais meu cabelo e ela pegou minha mão me puxando em direção a cozinha. – Vem! Temos que fazer algo!

– Mãe, eu tenho escola... – Quase ri da cara de decepção que ela fez. – Mas me conte seus planos.

Nisso a campainha toca e meu pai sai para atender a porta. Estava muito cedo para ser algum vizinho e minhas suspeitas foram logo confirmadas ao escutar a voz de Sara. Ela praticamente se jogou em cima de mim quando me viu e eu vi, por cima de seus ombros, Nicolas com as mãos dentro dos bolsos da calça jeans trocando algumas palavras com meu pai.

– Tire esse uniforme agora, Rexy! – Quando arqueei minha sobrancelha e Nicolas riu, ela suspirou pesadamente. – Não é para ficar... Nua. Apenas vai se trocar!

Nicolas soltou uma gargalhada e as bochechas pálidas de Sara coraram um pouco. Notei que o azul de seu cabelo estava retocado e tinha algumas mexas roxas, pensei que ela tivesse passado a noite fazendo isso, mas nenhum motivo me veio a mente. Ela não passaria horas pintando o cabelo só por causa do meu aniversário.

Antes que eu pudesse voltar para o meu quarto, ela me deu uma grande sacola amarela.

– Coloca isso.

Nicolas olhou para mim e assentiu levemente, me encorajando a colocar o que quer que estivesse ali dentro. Fui para o quarto implorando para que não fosse um vestido e suspirei com alívio quando tirei a primeira peça de roupa, logo depois surtando ao ver que era a camiseta colecionável de uma das bandas que eu mais gosto.

Tirando alguns papéis de embrulho da sacola, descobri uma calça jeans clara skinny com bolsos de verdade na frente e também, bem ao fundo, uma caixa que imaginei ser de sapato.

Quando a retirei e abri sorri com o que vi. Era uma bota de cano curto e de tecido preto com um salto baixinho. Fechei a porta do meu quarto e me troquei no tempo mais curto que consegui.

Abri a porta do meu armário onde tinha um espelho grande e a franja que estava cobrindo um pouco meus olhos emoldurando meu rosto inteiro me fez crer que talvez que tivesse algo escondido dentro de mim. A camiseta era baby look e tinha ficado certa na minha cintura além de acabar dois dedos da onde a calça começava.

Cobri a bota com a barra da calça a dobrando um pouquinho e sorri para o espelho ao ver o resultado final.

Senti vontade de prender meu cabelo, mas não o fiz. Por algum motivo, com cuidado eu afastei a franja para o lado e meu coração pareceu afundar em meu peito como se estivesse dizendo que aquilo sim estava certo.

Sai do quarto e Sara sorriu abertamente. Minha mãe bateu palma e meu pai fez um joinha com a mão.

– Eu disse que ia ficar bom. – Nicolas sorriu um pouco orgulhoso e Sara deu um soco de leve em seu ombros. Os dois trocaram sorrisos e eu me senti feliz por ver que as coisas estavam bem, mas tive que controlar a risada ao notar uma leve inclinação do nariz dele. Parece que meus socos tinham mesmo sido bem fortes. – Mas, então... Podemos começar a programação?

– Programação? – Perguntei estranhando o sorriso maroto no rosto de Sara.

– Não achou que íamos deixar você escapar apenas com roupas bonitas, achou?


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Notas finais do capítulo

Algumas perguntas para vocês:

1) Vocês acham que Nuno merece ser feliz?
2) Vocês se importam com capítulos "maiores"?
3) O que acham de capítulos duas vezes por semana?

Yay! É isso acho... Espero que tenham gostado



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