Dilemma escrita por Han Eun Seom


Capítulo 28
Finalmente


Notas iniciais do capítulo

Antes que eu gaste mil palavras somente descrevendo meu surto quando vi que tinha recebido MAIS UMA recomendação, eu quero agradecer de todo o meu coração pelo apoio pessoal.
Dilemma nunca teria chegado ao capítulo 28 (!!!) sem vocês!



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Sara ainda estava em meus braços quando eu acordei. Por algum motivo aquilo me deu uma sensação de alívio indescritível. Peguei meu celular com cuidado e o virei para baixo para que a luz não fosse ao rosto dela. Eram seis horas da manhã.

Suspirei e olhei para a caixa no chão pensando no rosto pálido e cheio de fios dele no hospital. Aquilo não estava certo. Mesmo que tudo isso tivesse acontecido, ele tinha mudado por conta própria não foi? O jeito irônico e idiota com o qual ele chegou aqui e provocou tudo aquilo era dele ainda, não era?

Pensei no cheque que Érica me mandou. Eu não podia ir para lá estas férias, eu não podia deixar Sara aqui e simplesmente ir para lá. Com isso, toquei o pingente com meus dedos. Ele estava frio, havia algo naquilo que eu não podia entender. Aquele bilhete... Eu realmente sou tudo aquilo?

Érica é uma ótima pessoa, mas talvez exagere demais em tudo. Eu queria sorrir ao pensar no jeito em que estava feliz por ter um gato, mas nada agora me deixava com a mínima vontade de sorrir. De estar feliz.

Como diabos tudo ficou daquele jeito?! Era simplesmente inacreditável a forma que eles esconderam de todo mundo o que aconteceu! Ou será que meus pais sabiam? Eles teriam falado se soubessem disso, não é possível que participaram disso junto dos pais de Sara.

Só de pensar que eles mentiram sobre isso me revira o estomago. Achei que não existissem mentiras entre nós, mas isso é impossível pelo visto.

Quando eu fiquei cansada de remoer todos os fatos estranhos, o fato de que até meus pais pudessem estar envolvidos nisso e também sobre o que era a discussão que Nicolas teve com Beto antes de sair correndo eu sai da cama com cuidado para não acordar Sara.

Hoje estava frio e uma luz cinza estava entrando pelas frestas da janela. Que perfeito. Caminhei até a janela e a abri um pouquinho para que eu pudesse ver lá fora.

O céu estava completamente cinza, tinha uma leve névoa que fazia as casas ao redor parecerem mais pálidas do que o normal. “Não é por que está um pouco nublada que não há um sol escondido ai dentro”, certo? Essa frase na hora em que minha mãe disse pareceu tão inspirador, mas agora soava idiota.

Não consegui conter e suspirei alto. Senti o vento gelado bater em meu rosto e afastei minha franja sem sucesso, ela continuava caindo na minha testa. Desistindo, eu deixei a janela um pouco aberta e me sentei no chão vendo sob aquela luz fraca outros textos da impressa, relatórios de polícia e até mesmo de um médico.

Todos eles diziam a mesma coisa. Nicolas presenciou um assassinato e foi sequestrado para que se mantivesse calado. Provavelmente planejavam o matar, mas ele conseguiu fugir no cativeiro que era numa das extremidades da cidade e andou até achar um carro de patrulha.

Isso parecia tão absurdo. O relatório médico dizia que havia apenas levado socos e chutes, nenhum outro tipo de agressão havia sido cometida com ele. Meu estomago revirou com o pensamento de que tipo de outra agressão eles poderiam ter feito com Nicolas.

No depoimento dele, estava escrito que ele estava muito abalado e em choque, mas que relatou tudo com lucidez, mesmo que com dificuldade. Parece que ele conhecia as duas garotas, Rebeca e Mariana, e as duas sempre voltavam para casa juntas. Eram inseparáveis.

Olhei para Sara dormindo na cama e me levantei puxando o coberto para cobrir os ombros dela. Olhei para o rosto dela e parecia tão calmo. Não sei por que, mas minha mão foi lentamente e tocou a bochecha pálida dela. Sua pele estava fria e meus olhos arderam um pouco ao pensar que algum dia eu poderia perdê-la, não importa a forma só de pensar que estivesse realmente perto de nunca mais tê-la ao meu lado...

Suspirei e percebi que eu ainda tinha um papel na minha mão. Olhei para ele e era um recorte de jornal que tinha fotos das duas amigas.

Meu coração apertou e minha mente nos colocou ali. Aquilo mexeu comigo mais do que o necessário e eu pensei que talvez eu devesse parar. Ler aquelas coisas, ver aquelas imagens não estavam me ajudam em absolutamente nada.

Guardei o papel dentro da caixa e sai do quarto sem fazer barulho.

A casa estava com aquela atmosfera silenciosa e gelada que eu raramente presenciei, já que sempre costumo acordar depois dos pais dela. Desci as escadas sem me importar com o barulho dos meus passos e fui direto para a cozinha que estava – como o esperado – vazia. Eu lembrei que tinha trazido uma caixinha de chá e comecei a procurá-la.

Estava dentro de um gabinete e logo achei uma xícara para tomá-lo. Sentei-me sentindo o cheiro dele quando ficou pronto e logo comecei a beber. Parecia me aquecer por dentro enquanto o colar pendia em meu pescoço gelado.

Ah, esse colar, o peguei e observei seu pingente e lembrei-me do bilhete de novo, ela foi bem poética. Imagino se alguém a ajudou escrever aquilo. Eu queria falar com ela e contar tudo o que estava acontecendo, mas por algum motivo algo me impedia de abrir o aplicativo do Skype e começar uma conversa.

Lembrei-me também de que logo seria meu aniversário. Menos de duas semanas eu faria quinze anos. Parece tão ridículo pensar nisso agora com tanta merda acontecendo, mas não tem como adiar uma data. Com tudo isso é melhor nem citar este fato, Sara provavelmente iria ficar confusa sobre o que fazer com tanto drama rolando e meu aniversário chegando.

Ela sempre tentava fazer algo especial para o meu aniversário. Uma festa surpresa, um passeio em algum parque temático, presentes ou qualquer coisa que lhe viesse à mente. Dei um pequeno sorri contra a xícara ao lembrar todas as coisas que Sara já fez por mim.

Meu coração estava calmo e eu não sei se era por causa do chá ou das lembranças de nossas brincadeiras. Senti meus olhos arderem de leve e me chamei de idiota. Eu estava chorando por motivo nenhum. O que estava acontecendo comigo?

A risada de Sara veio a minha mente e eu senti falta de escutá-la. Desde que tudo havia começado, Sara sorria e tentava parecer animada, mas não tinha rido como antes. Suspirando coloquei a xícara vazia dentro da pia e subi as escadas novamente. Entrei no quarto e Sara continuava na mesma posição, dormindo como pedra. Sentei-me na cama com cuidado e me deitei por cima do cobertor mesmo. O rosto dela estava virado para mim e sua respiração era quente e ritmada.

Com meus dedos eu afastei uma mecha azul que caía sobre seus olhos.

– O que eu faria sem você, Sara?

Minha voz saiu num sussurro e eu não imaginei que isso pudesse a acordar.

– O que faria sem você, Rexy. – Ela abriu os olhos lentamente e eu percebi que nem dormindo ela estava. Minhas bochechas esquentaram na hora e ela continuou a falar. – Por que acordou tão cedo?

Dei de ombros e ela puxou de leve o cobertor para que eu entrasse nele. Foi isso o que eu fiz, me levantei e deitei novamente desta vez debaixo do cobertor, nossas pernas se tocaram e ela estava bem mais quente do que eu. Aquilo fez meu corpo se arrepiar e eu me encolher. Vendo isso, Sara somente se aproximou mais de mim e abraçou minha cintura.

Eu sorri de leve e me deitei virada para cima para que Sara apoiasse sua cabeça em meu ombro. Ficamos um tempo daquele jeito, a cabeça dela no meu ombro, minha mão acariciando seus cabelos levemente, seu braço em torno de mim e sua perna enroscada na minha.

Ela suspirou pesadamente e balançou a cabeça negativamente. Eu virei meu rosto para ver o que aconteceu e ela virou o dela para cima nos deixando a menos de centímetros uma da outra.

– Rexy... Eu... – ela tinha lágrimas nos olhos e eu arqueei as sobrancelhas a incentivando a falar. – Não, esquece.

Sara simplesmente virou seu rosto pra baixo e se aproximou mais de mim. Eu passei meus braços por seus ombros, abraçando seu corpo quente.

– Ei, você pode falar qualquer coisa para mim... Você sabe disso, não sabe?

– Claro, não precisa se preocupar, não é nada – ela deu uma risadinha, mas eu não estava convencida com aquilo.

Senti sua respiração pesar e imaginei se ela estava voltando a dormir. Com isso minha mente começou a fazer caminhos que eu realmente preferia não comentar. O corpo dela estava colado demais ao meu, seu calor estava literalmente me aquecendo e sentir sua respiração bater ritmicamente nos meus seios não estava fazendo nada para ajudar nisso.

Prendi minha respiração ao perceber o que eu estava começando a imaginar e meu coração acelerou. Caralho Roxy, o que você está fazendo?! Ela é sua amiga, porra! Fechei os olhos com força e tentei desviar meus pensamentos para qualquer outro lugar.

Com o tempo eu dormi junto dela, mas logo fomos acordadas pela luz forte que começou a entrar pela janela. Xinguei-me um bocado por ter deixado a janela aberta, mas não tinha mais volta. Já eram nove horas da manhã e dava para escutar Flávia na cozinha.

Levantamo-nos meio a contra gosto e colocamos roupas mais quentes por cima do pijama antes de descermos. Assim que chegamos à cozinha, Flávia tentava evitar nosso olhar, mas logo notou que aquilo era meio inútil. Ela suspirou e pediu para que nos sentássemos que Beto já estava descendo.

Quando ele chegou, a conversa que se seguiu foi infinitamente mais calma do que a anterior. Eles nos falaram tudo o que já sabíamos e mais uma vez afirmaram que sabiam que foram irresponsáveis, que não sabiam o que estava fazendo e que não sabiam como contar isso para nós.

– Meus pais sabiam?

– Sim. – Ela suspirou e eu não falei mais nada.

Eu não conseguia não sentir um pouco de raiva por eles terem guardado isso de nós durante tanto tempo. O pior é que eu não tinha nenhuma lembrança da época sobre este período.

– Como vocês conseguiram nos enganar quando ele... Quando ele foi sequestrado? – A voz de Sara era baixa e eu percebi que ela estava muito mais abalada do que com raiva agora.

– Nós dissemos para vocês que ele tinha ido para a casa de uns amigos e vocês nem perceberam... Nicolas sempre passava a maior parte do tempo no quarto dele. Vocês já não tinham muito contato com ele.

A partir daí eu parei de escutar e me lembrei de como quando eu tive aquele pesadelo ele não me demorou a me responder e de como, pouco antes do acidente, ele me mandou aquela mensagem dizendo que ficava acordado até tarde todo dia. Percebi que talvez houvesse um motivo real para que ele ficasse acordado até tarde e não só aquela coisa que de ficar navegando na internet a madrugada inteira. Era algo diferente.

Eu queria ter insistido mais no assunto ao invés de ter somente ido dormir.

Olhei para Sara e nada indicava que ela ia começar a chorar e pensei que talvez ela estivesse cansada demais para isso ou somente tinha assimilado as coisas melhor. A conversa agora estava em como Nicolas tinha se rebelado e parado de responder aos emails que mandavam para eles e Sara não entendia o porquê daquilo na época.

– Por isso que ele evitava falar comigo? Vocês tem noção de como ele se sentiu quando percebeu que a irmã dele nem fazia ideia de que ele tinha sumido por três dias?! – Sua mão fechou em um punho e antes que pudesse fazer qualquer coisa o telefone tocou.

Era o celular de Beto e ele franziu a testa quando atendeu. Trocou algumas palavras com quem quer que fosse e seus olhos se arregalaram. Ele olhou para Flávia e eu percebi que ele estava quase chorando, agradeceu a moça no telefone e disse que estaria indo na hora.

– Querido? O que aconteceu? – Sua voz era preocupada, mas Beto tinha um sorriso no rosto.

– Nicolas acordou.


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Notas finais do capítulo

ENTÃO

Eu demorei esse tempo todo por que bem... Escola + Física = Praticamente Morta para mim, mas demorei uma semana! Espero que não estejam tão bravos... Agora...
Como eu estou feliz para caralhooo com as duas recomendações que recebi (eu já tinha dito que nem imaginava que ia receber uma, pensem como eu me senti quando vi mais uma aqui!!!) eu queria escrever um especial!!!
Digam suas ideias!
Pode ser qualquer coisa... Como, por exemplo, um capítulo falando como os pais de Roxy se conheceram, uma viagem que as duas fizeram juntas, um capítulo falando sobre o Nuno ou até mesmo o Nicolas (se bem que pretendendo incluir mais sobre ele...)
Enfim! Deixem seus raios de luz também conhecidos por ideias nos reviews :DD
...
...
*SUPER GRITINHO*



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